Matosinhos > Restaurante Casa Teresa > 9 de Abril de 2008 > Reunião habitual, às 4ªs feiras, da Tertúlia de Matosinhos, a que compareceram desta vez os seguintes camaradas da Guiné, da esquerda para a direita: de pé, A. Marques Lopes, João Rocha, Eduardo Reis, José Teixeira, Armindo; na primeira fila, Jorge Félix, Xico Allen e Silvério Lobo... À entrada da Casa Teresa, o António Pimentel.1. Apresentação da Tabanca de MatosinhosA
Minitertúlia de Matosinhos nasceu há já algum tempo. Agora vai ter o seu nome oficializado, parece que de acordo com os seus principais mentores, como
Tabanca de Matosinhos. Acredito que o Luís se sinta honrado por ter uma congénere no Norte, perfeitamente autónoma, com fins diferentes, mas irmã no espírito de camaradagem, convívio e troca de ideias entre camaradas que fizeram a sua guerra na Guiné (*).
Na verdade o início deste simpático e bem disposto grupo começou com os camaradas do Blogue do Luís, senão todos, pelo menos alguns. Discute-se a Guiné, onde estiveste, quando foste, qual a tua Companhia, quem era o teu Comandante e por aí fora.
Muito importante, fala-se da Guiné-Bissau de agora. Alguns dos elementos do grupo já a visitaram mais que uma vez, porque sentem e vivem a necessidade daquela gente, a quem a liberdade merecida não trouxe ainda o bem-estar e o mínimo de condições para uma vida condigna. Têm lá verdadeiros amigos, não só entre antigos camaradas de armas, mas também, pasme-se, entre antigos combatentes do PAIGC, que não negam a sua estima ao inimigo de ontem que hoje consideram irmãos.
As
reuniões de trabalho começaram na
Casa Teresa e nelas podem participar todos os ex-combatentes da Guiné (e não só) de todos os pontos de Portugal. Começa-se a pôr um problema logístico, pois a capacidade da Casa fica pelas costuras às quartas-feiras. A realidade é esta, o Contigente é grande e o Refeitório começa a ficar pequeno.
Na
Casa Teresa, nas mesas do lado, já ninguém estranha que estes avozinhos falem alto e se
portem mal, qual grupo de adolescentes. E não são? Pergunto eu. Afinal, ali não se recua ao tempo de uma adolescência mal vivida, interrompida por uma guerra que os (nos) marcou para sempre?
Lá que é bonito de se ver, é.
Diz a propósito o Zé Teixeira, o nosso Enfermeiro de Mampatá:
Alguém nos batizou de Mini-tertúlia de Matosinhos. Não sei quem foi, nem interessa. De Matosinhos herdou o nome por ser o lugar da concentração.
Creio não errar ao afirmar que os fundadores são o Xico Allen, de Gaia, e o Santos, da Póvoa de Varzim, que de vez em quando se encontravam para conversar e iam à Casa Teresa.
Em 2005 apareci eu, após a nossa ida (os três à Guiné) e adoptámos o principio de nos encontrarmos às quarta-feiras para almoçar e conviver. Depois chegou o Marques Lopes, o Álvaro... hoje estávamos 14, mas já contei 25 convivas.
Pretende ser um ponto de encontro de todos os camaradas que passaram pela Guiné, de qualquer ponto do País, que nos queira honrar com a sua presença. E se aparecer alguém que não tenha passado pela Guiné, é bem vindo, como já conteceu recentemente com um coronel que fez a sua guerra em Moçambique e ficou encantado com a fraternidade que o grupo expira.Feita esta introdução e porque a Tabanca de Matosinhos (TM) tem um historial
operacinal já muito considerável, comecemos, não pelo princípio como seria lógico, mas pelo fim, ou seja, um assalto no dia 10 de Setembro à casa do camarada Delfim Santos, em Rio Mau, Vila Verde, Braga, terra de muitos
perigos, onde é precisa a maior atenção para evitar os efeitos secundários do
Verde.
Carlos Vinhal
2. Assalto à Casa do Delfim SantosTexto e fotos do José Teixeira
A Tabanca de Matosinhos fez um assalto à casa do Delfim Santos.
O camarada Delfim Santos, um dos fundadores da Tabanca, há uns meses que deixou de aparecer.
Era urgente verificar o que se passava, pelo que foi decidido fazer um assalto à sua linda e bem tratada quinta que possui no Ângulo 40, em Rio Mau, Vila Verde, Braga. O coronel na reforma, Marques Lopes, assumiu o comando das operações organizando devidamente os participantes no assalto.
A preparação para o “ataque”, vendo-se na imagem o Zé Manel, o Barroso, o Lobo, o Machado, o Guimarães, o Xico Allen e o Artur Ribeiro (periquito nestas andanças, que expressa um certo ar de preocupação)Consultado o visado, aí vamos nós no dia previsto, 10 de Setembro de 2008, estrada fora.
Catorze (14) camaradas, alguns já conhecedores do local, pelo que não foi preciso
picar a estrada nem usar o GPS, seguem caminho armados de um forte apetite. Para transporte, o Barroso teve a amabilidade de trazer o seu
salta pocinhas de nove lugares. Mais duas viaturas conduzidas pelo Xico e pelo Carvalho. Este último para azar próprio viu-se em palpos de aranha para nos encontrar, correndo o risco de se perder e não participar na operação, pelo que teve de ser
apanhado à mão quase a chegar ao destino.
Já no local, o Marques Lopes prepara a estratégia, sob o olhar atento do Delfim Santos, do Silvério Lobo e do Artur Ribeiro, agora um pouco mais confiante.Esperavam-nos o Delfim Santos e a sua esposa, Maria Idalina, que nos receberam principescamente.
Uma visão da espectacular quintinha que a família Santos possui em Rio Mau, Vila VerdeDepois de afectuosos cumprimentos, o que permitiu dispensarem-se as G3ertrudes, uma visita às espectaculares instalações, um passar de olhos à bem tratada quinta e ao ambiente envolvente que é no mínimo cativante, fomos ao assalto da bela sardinha que a Maria Idalina, muito discretamente, já tinha preparado. Seguiu-se um franguinho
pica no chão apetitoso e, para atestar, uma feijoada.
Um aspecto do repasto, sob o olhar atento do anfitriãoO Zé Manel, como sempre o tem feito desde a sua entrada na Tabanca, trouxe
o vinho da Régua, para não destoar com a qualidade do petisco. No entanto faça-se justiça ao excelente verdinho que o Santos cultiva e tinha disponibilizado.
De nada valeu a insistência do Santos e da esposa:
– Comam! Comam! Há ali mais comida.
Pareciam leões esfomeados. O que nos safou, foram os digestivos finais, que iam pondo alguns de nós, KO.
Um pouco exaustos de tanto sacrifício, ainda nos apareceu um bolo especial, para acompanhar com um espumante de alto gabarito.Deu para desenferrujar um pouco a língua, até porque nos fez companhia um camarada novo nestas lides, oriundo dos
Catedráticos de Empada e posteriormente da CCAÇ 18, de Aldeia Formosa – O Artur Ribeiro.
Em amena cavaqueira, vendo-se o Artur Ribeiro a explicar-nos como se processou a desmobilização dos seus soldados africanos da CCaç 18, de Aldeia Formosa, em 1974. Segundo ele, todos os soldados de origem guineense, integrados no Exército Português, foram convidados a virem para Portugal, ou aceitarem a desmobilização e receberem 90 contos contra a entrega da G3. Todos os seus homens preferiram ficar nas suas terras com a família e receber os 90 contos. Ele deixou-lhes a G3 (contra as ordens que tinha) bem como as munições que quiseram, mais um conselho: 'Desapareçam por uns tempos para o Senegal'.Os participantes, com os anfitriões, ficando de fora apenas o fotógrafo e autor desta noticia – o Zé Teixeira. Na fila de trás: Artur Ribeiro, Pimentel, Barrosos, Machado, Guimarães, Pires, Custóias, D. Idalina e o Santos. Sentados: O Marques Lopes, João Rocha, Xico Allen, Lobo, Carvalho e Zé Manel.A conversa ia longa, tal como a tarde ia alta, e, porque o casal que tão bem nos recebeu, ainda tinha de preparar o jantar para comemorar os primeiro aniversário da sua filhota Marília, a quem desejamos as maiores felicidades, foi decido levantar a emboscada e partirmos de regresso ao Porto.
Bem hajam, Delfim e Idalina. Prometemos voltar.
Para a semana há mais... na
Casa Teresa (enquanto lá coubermos)
José Teixeira, editor da Tabanca de Matosinho.
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Nota de CV:
(*) Vd. poste de 5 de Dezembro de 2007>
Guiné 63/74 - P2329: O Hino de Gandembel cantado ao vivo na já famosa Casa Teresa, em Matosinhos, sede da delegação Norte da Tabanca Grande