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segunda-feira, 24 de junho de 2019

Guiné 61/74 - P19916: Notas de leitura (1190): "Memórias de África, Angola e Guiné", pelo General José de Figueiredo Valente; Âncora Editora, 2016 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 5 de Dezembro de 2016:

Queridos amigos,
O que é verdadeiramente impressivo na singeleza dos relatos do General José de Figueiredo Valente é a compreensão do outro, o sentido do cuidado, o saber tirar partido de um episódio burlesco, contá-lo a preceito e remetê-lo para as dádivas da cultura. São relatos serenos, não escondendo a saudade pelo feitiço africano e o seu espírito de missão junto das populações.
Convido o leitor para uma leitura muito atenta do que ele nos diz sobre o Grupo Especial de Milícias Balantas e aos acontecimentos que levaram à morte heróica do Capitão João Bacar Djaló.

Um abraço do
Mário


No Quínara, 1970-1972, pelo General José de Figueiredo Valente

Beja Santos

Em mais um volume de Programa Fim do Império, a Âncora Editora publicou recentemente "Memórias de África, Angola e Guiné", pelo general José de Figueiredo Valente. Algo nos toca nos seus dados biográficos. Cumpriu duas missões em Angola e comandou um Batalhão na Guiné; entre outros desempenhos relevantes esteve à frente do Comando da Zona Militar da Madeira e foi Director do Colégio Militar. Após a sua comissão na Guiné, acolheu no seio familiar dois irmãos Balantas e educou o filho de um chefe Fula, hoje Capitão do Regimento de Comandos. Durante cerca de 10 anos, foi voluntário junto de duas instituições, uma de cegos e outra de pacientes de paralisia cerebral.

As suas memórias timbram por isso mesmo: pelo sentido da compaixão, uma intensa vontade em compreender e lançar as pontes para o diálogo entre as culturas, a ponderação e flexibilidade na liderança, o sentido da reflexão nas encruzilhadas do destino, uma rara capacidade de aceitação.

Primeiro em Angola entre 1962 e 1964, no BART 2346, em Uíge, viagem um tanto tormentosa no Niassa. A descoberta de África, aquelas formigas devoradoras e construtoras, invasoras como a marabunta, mas também as cobras e as gazelas. Aponta certos ridículos do mando, inebria-se com as paisagens angolanas, com a beleza do Cuango, ironiza com o espírito de certos oficiais farristas, capazes de se desenvencilhar com a burocracia dos relatórios; recorda com saudade Ambrizete, era aqui que estava instalado o Comando de Agrupamento, tinha a responsabilidade uma enorme região com 30 mil quilómetros quadrados, a atividade operacional era orientada com prioridade para o interior da região e para o Norte, junto ao rio Zaire. Registou mais descobertas como as tartarugas que vinham aqui nidificar, bem como os caranguejos que, numa derradeira viagem, atravessavam as ruas da povoação para se dirigirem para o interior, a fim de alcançarem umas lagoas, lagoas essas onde pousavam centenas de flamingos. Recorda perdas e situações embaraçosas como uma médica a quem levou um mulatinho doente tê-lo criticado pelo mau estado da criança, pensava que se tratava do pai.

E assim chegamos a Quínara, é agora Segundo Comandante do BART 2924, a partir de Dezembro de 1970. Apanha problemas graúdos, o de apaziguar uma situação de grande tensão entre elementos da população civil e a milícia de Tite. As jovens mulheres Balantas que tinham sido vendidas a maridos velhos sentiam forte atração por aquela rapaziada que lhes falava mais ao coração, ele teve que presidir a “julgamentos” de casos delicados de velhos maridos que exigiam ressarcimento pelas suas jovens mulheres que os repudiavam. Quínara significava atividade constante como a guerrilha omnipresente: Nova Sintra, S. João, Tite e Fulacunda. Mas não resiste a tirar partido do sal da vida desde roubos de galinhas a pratos de morteiro engolidos pelos canais feitos pelas formigas. Formou milícias, um grupo especial de milícias só com Balantas, que foram organizados, fardados e equipados com armamento capturado à guerrilha. Há a guerra e a contingência de diferentes acidentes. Foi o caso de um incêndio no destacamento do Enxudé, que servia essencialmente de testa-de-ponte da guarnição militar de Tite e era igualmente o eixo de ligação fluvial com Bissau e Jabadá. Aqui permanecia uma guarnição de 25 homens. Em dia e hora em que se iria iniciar um espetáculo em Tite chega uma mensagem de que no Enxudé se tinha declarado um incêndio. Coisas que quem viveu a guerra sabe não ser fantasia:
“As causas do incêndio foram descritas desta forma: um dos rapazes da tabanca que ali trabalhava tinha ido ao recinto dos bidões de combustível para atestar um candeeiro Petromax. Por casas desconhecidas mas talvez por ter querido fazê-lo sem apagar o candeeiro, ao procurar enchê-lo derramou combustível que entretanto se incendiou, ardendo à volta dos bidões dando origem ao incêndio com risco de fazer explodir os bidões. Cansados e sujos lá regressaram a Tite e não puderam assistir ao espetáculo do “Conjunto Musical do QG”…

José de Figueiredo Valente conheceu o Capitão João Bacar Djaló, que comandou a 1.ª Companhia de Comandos Africanos, que foi atribuída em reforço ao seu batalhão para ali realizar o seu treino operacional. Relata a morte do Capitão João Bacar Djaló que ocorreu em circunstância que puseram em evidência a sua coragem e dedicação. E assim relata:
“Após o início da ação de fogo IN, o Capitão João Bacar retirou a cavilha de segurança de uma das granadas de mão que transportava e preparava-se para a lançar quando um dos seus homens caiu ferido. Procurou trazê-lo para o abrigo de um morro de bagabaga e nesse esforço e talvez devido a uma explosão mais próxima, soltou a granada descavilhada que ao explodir iria atingir os seus homens. Para os proteger, procurou ainda agarrá-la para a lançar para longe quando a sua explosão o matou".

O grupo especial de milícias deu-lhe imprevistos trabalhos; estava organizado em dez equipas de cinco homens, devidamente comandadas, o que permitia uma grande flexibilidade no seu emprego tático. As missões atribuídas ao grupo incluíam a realização de diversas ações contra objetivos identificados ou a montagem de emboscadas nos itinerários de acesso. Foi exatamente numa dessas emboscadas que na manhã do dia seguinte foi procurado por um soldado intérprete Beafada dizendo que estavam lá fora uma rapariga e a sua tia para apresentar queixa, a bajuda tinha sido violada naquela noite por vários elementos da milícia, que ela afirmava terem sido dez, dos quais poderia até identificar os dois primeiros. É uma descrição extraordinária, o oficial faz interrogatório em privado ao primeiro que havia sido apontado pela bajuda, a negação é perentória. O comandante do grupo pede autorização para interrogar o homem e recorre a uma grossa palmatória de madeira, ao fim de muita palmatoada o acusado admitiu que fora ele o primeiro, o primeiro indiciou o segundo e assim sucessivamente. Houve que fazer uma sessão pública a que compareceu o chefe Beafada noivo da bajuda.

O último relato refere-se a um soldado maqueiro, José da Purificação dos Santos, o Zequinha. O Zequinha era irmão do palhaço Quinito e o Zequinha possuía uma certa veia artística como o irmão, com a sua viola e as suas canções era um franco animador. Mas era instável e muito suscetível, com manifestações agressivas. Quando ia a Bissau para a consulta médica de psiquiatria, desaparecia, e este procedimento irresponsável repetiu-se. Conversando com o Zequinha, apurou tratar-se de filho de pai incógnito e de uma artista de circo mais prostituta que artista, vivera uma infância errante, desregrada e sem padrões morais. Pendiam sobre o Zequinha dois autos por deserção e um auto de insubordinação, Figueiredo Valente procurou remediar e atenuar a gravidade das consequências. Apanhou uma pena de prisão muito limitada e regressou à Metrópole. Voltaram a encontrar-se, esporadicamente. Em 1986, já Diretor do Colégio Militar, é procurado, o Zequinha estava muito doente e internado no Hospital de Santa Maria, queria vê-lo. Estava já numa fase terminal, com um cancro nos pulmões. “A sua alegria em me ver e o conforto que a minha presença e as minhas palavras lhe deram nos últimos dias da sua vida evidenciaram a sua gratidão pelo que eu por ele fizera. E num dia em que de novo fui visitar, soube que já ali não estava. Partira mais uma vez, já não como vagabundo errante, mas para num lugar onde permaneceria finalmente em paz”.
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de junho de 2019 > Guiné 61/74 - P19907: Notas de leitura (1189): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (11) (Mário Beja Santos)

sábado, 9 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18066: Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capºs 13 (Não quero morrer( e 14 (As praxes dos 'Capicuas', CART 2772)


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BART 6520/72 (1972/74) >  O autor, ao volante de um Unimog 411 (o famoso "burrinho"), à entrada da vila de Fulacunda




Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BART 6520/72 (1972/74) >  O autor, no seu  quarto, n acama, a ler "O Século Ilustrado"...

Fotos (e legendas): © José Claudino da Silva (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da pré-publicação do próximo livro (na versão manuscrita, "Em Nome da Pátria") do nosso camarada José Claudino Silva:

Nascido em Penafiel, em 1950, criado pela avó materna, reside hoje em Amarante. Está reformado como bate-chapas. Tem o 12º ano de escolaridade. Foi um "homem que se fez a si próprio", sendo já autor, com dois livros publicados (um de poesia e outro de ficção). Tem página no Facebook. É membro nº 756 da nossa Tabanca Grande .


Sinopse:

(i) foi à inspeção em 27 de junho de 1970, e começou a fazer a recruta, no dia 3 de janeiro de 1972, no CICA 1 [Centro de Instrução de Condutores Auto-rodas], no Porto, junto ao palácio de Cristal;

(ii) escreveu a sua primeira carta em 4 de janeiro de 1972, na recruta, no Porto; foi guia ocasional, para os camaradas que vinham de fora e queriam conhecer a cidade, da Via Norte à Rua Escura.

(iii) passou pelo Regimento de Cavalaria 6, depois da recruta; promovido a 1º cabo condutor autorrodas, será colocado em Penafiel, e daqui é mobilizado para a Guiné, fazendo parte da 3ª CART / BART 6250 (Fulacunda, 1972/74);

(iv) chegada à Bissalanca, em 26/6/1972, a bordo de um Boeing dos TAM - Transportes Aéreos Militares; faz a IAO no quartel do Cumeré;

(v) no dia 2 de julho de 1972, domingo, tem licença para ir visitar Bissau,

(vi) fica mais uns tempos em Bissau para um tirar um curso de especialista em Berliet;

(vii) um mês depois, parte para Bolama onde se junta aos seus camaradas companhia; partida em duas LDM parea Fulacunda; são "praxados" pelos 'velhinhos', os 'Capicuas", da CART 2772.

2. Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capºs 13 (Não quero morrer)  e 14 (Os  'capicuas')

[O autor faz questão de não corrigir as transcrições das cartas e aerogramas que começou a escrever na tropa e depois no CTIG à sua futura esposa. Esses excertos vêm a negrito. O livro, que tinha originalmente como título "Em Nome da Pátria", passa a chamar-se "Ai, Dino, o que te fizeram!", frase dita pela avó materna do autor, quando o viu fardado pela primeira vez. Foi ela, de resto, que o criou. ]



13º Capítulo > NÃO QUERO MORRER


Pouco a pouco, estava a adaptar-me ao clima tropical, mas também ao clima emocional. Exactamente um mês após aterrar em Bissau, parti para Bolama, onde fui juntar-me aos meus camaradas da 3ª Companhia. Como calculara, tinha imensa correspondência. Passei algumas horas a ler e responder a todos os que me tinham escrito.

Quero desde já dizer-vos o seguinte: A distância, por incrível que possa parecer, tem o condão de aproximar as pessoas que se amam, e afastar aquelas cujos sentimentos não são tão genuínos. Todos os que, como eu, estiveram, ou estão ausentes, se o amor ou a amizade não tem raízes profundas, num curto espaço de tempo acabam por ser engolidos pelo esquecimento. No que eu escrevia era notório que a minha sensibilidade estava a mudar. Talvez eu estivesse a transformar-me.

No dia 29 de Julho escrevia:

“Estou neste momento a bordo duma lancha LDM, com destino a Fulacunda, local aonde vou cumprir a comissão, estivemos a ouvir o discurso do filho da puta do comandante e em seguida recebemos o armamento que é o seguinte. Uma espingarda G3, uma faca de mato, 100 munições (5 carregadores), um cinto, um cantil, um bornal, uma marmita. Depois tive de vestir a farda camuflada, foi a primeira vez que o fiz. Vou tirar fotografias com ela.”


Já sei em que me estava a transformar, numa Máquina de Guerra... mas também ainda tinha um pouco a sensação de estar num filme. Uma coisa afirmava na mesma carta. “Não quero morrer!”

Perdi algo de mim, em cada dia que passei naquele pedaço do continente africano. Não foram precisos muitos dias para começar a perceber que alguma coisa estava errada, mas ainda não sabia o que era.

Viajámos durante quatro horas pelo canal ou rio Fulacunda, fortemente armados, em duas lanchas com cerca de 70 soldados em cada e ainda hoje sinto um aperto enorme no peito ao lembrar a minha chegada ao local onde iria permanecer dois anos. Nós fôramos condenados a viver num campo de concentração.

Não sei se para impedir a entrada ou a saída, a vila de Fulacunda estava rodeada de arame farpado.

Neste capítulo, quero dizer-lhes que só relatarei o que na época escrevi. Não vou consultar absolutamente nada sobre Fulacunda ou a Guiné-Bissau, na internet, ou outro dispositivo de informação actual. Sensações ou emoções serão as que senti. Não me preocupa a geografia ou até se errar em discrições que faço de locais. Nos meus escritos, acredito ter alguns erros objectivos, mas, no fundo, o que pretendo é que sintam o que eu senti, se para tal tiver capacidade de o traduzir em palavras. A minha guerra, com certeza absoluta, é diferente de todos no íntimo e igual no tempo. A descrição que fiz sobre a vila de Fulacunda perdeu-se algures, apenas possuo as fotos.



14º Capítulo > OS CAPICUAS


A alegria estampada em cada rosto dos soldados que fomos render era tal que creio nunca mais na minha vida vi semblantes tão felizes.

Na sua recepção aos novos, cada elemento, de cada especialidade, transmitiu ao seu substituto todos os pequenos bens que foi usando durante a sua própria comissão e que não podiam, ou não queriam trazer consigo. De mecânico para mecânico, condutor para condutor, enfermeiro para enfermeiro, atirador para atirador, e por aí adiante, desde pequenas hortas, a ventoinhas ou rádios, livros ou discos. Informando-nos quais as mulheres locais que melhor lavavam a roupa e até às funções que desempenhavam dentro do quartel, dando-nos inclusive alguns conselhos, de como devíamos proceder em caso de ataques do inimigo.

Aqueles homens tostados pelo calor dos trópicos e endurecidos pelo sofrimento de estarem numa guerra longe de quem mais amavam,  fizeram-nos a melhor praxe que alguma vez algum caloiro teve, ou terá. Com a solidariedade de quem sobreviveu, fomos praxados para melhor enfrentar a morte.

A companhia que substituímos também foi um número, o 2772. Ficaram conhecidos como “Os Capicuas” [, CART 2772]. Em meu nome e em nome de todos os elementos da 3ª Companhia do BART 6520, a eterna gratidão. Após 45 anos, ainda me lembro de vocês. Se o cabo condutor que substituí ler este texto, a foto que junto é da sua cama. Peço desculpa por colocar a imagem da santa debaixo da mezinha de cabeceira. Embora, naquela altura, ainda possuísse alguma fé no divino, penso que era mais importante ter a G3 mais à mão do que os santos.

E comecei a deixar crescer o bigode. Estava a ficar um homenzinho. Penso que, na realidade e até hoje, nunca consegui. Também nunca fui verdadeiramente uma criança.

Quando foram distribuídas as tarefas, fiquei com a missão de zelar pelo depósito da cantina do bar de sargentos e bar de oficiais. A partir de agora, tudo que os meus camaradas precisassem, desde tabaco a bebidas, eu era o responsável para que nada lhes faltasse. Comecei a beber cerveja. Em breve, seria vinho, whisky, gin e por aí adiante. O menino da avó tinha ficado na Metrópole. O Claudino desaparecera mesmo, e ali, para simplificar, passei a ser o 118.



Guião do BART 2924 (Tite, 19670/72) a que pertencia a CART 2773, que foi substituída pela 3ª CART / BART 6220/72. Por este batalhãio também o nosso grã-tabanqueiro, o médico Amaral Bernardo, entre janeiro e julho de 1972.


Foto  (e legenda): © Amaral Bernardo (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]inua)

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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P15058: Notas de leitura (752): “O Guardião”, por Fernando Antunes, Edição de Setembro de 2011 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 16 de Setembro de 2014:

Queridos amigos,
Fernando Antunes assina um relato minucioso do que viveu no BART 2924, que operou na região de Quínara. Destaca-se a admiração profunda que nutre pelo segundo comandante da unidade e mais tarde primeiro comandante, hoje general José Figueiredo Valente. Fica-se hesitante se é melhor confiar no seu relato ou na história do BART 2924. Tendo sido sargento de informações e operações teve acesso a toda a documentação da guerra, daí poder ser essencial estudar a evolução deste setor da região Sul a partir destas duas fontes. É um cronista animado e confiante. Daí perceber-se o seu orgulho ao publicar na contracapa o louvor que lhe foi conferido por Spínola, em Setembro de 1972.

Um abraço do
Mário


O Guardião, por Fernando Antunes

Beja Santos

Logo na dedicatória se fica a perceber o tremendo vínculo de admiração que une o autor desta narrativa a quem o comandou no BART 2924, sediado em Tite: “Ao general José Fernando Valles de Figueiredo Valente, um homem íntegro, ao qual pudemos confiar, de boa-fé, a nossa vida, foi meu comandante na Guiné, o Guardião”. Edição de Setembro de 2011.

Partem em 23 de Setembro de 1970, Fernando Antunes é furriel, irá desempenhar as funções de Sargento das Operações, junto do Comando do Batalhão. Nos dados curriculares que apresenta, depreende-se que é mobilizado por motivos políticos, diz que estudou na Escola 12 do Bairro Alto, onde encontrou Domenico Conte, com quem estudou até ao 7.º ano. E adianta: “Separados, por um evento político em Coimbra, os estudantes fazem uma partida ao presidente Américo Tomás e todos os estudantes são chamados para o serviço militar obrigatório. Vai parar à guerra da Guiné. Ao 2.º ano do ISE acaba os seus estudos académicos”. Chegados em 28 de Setembro a Bissau são despachados por LDG para Bolama, é a primeira unidade que vai fazer a instrução de aperfeiçoamento operacional na antiga capital da Guiné. As instalações que o aguardam estão completamente degradadas, um edifício da Casa Gouveia, assim descrito: no rés-do-chão tem quatro casernas que por certo pertenciam às cavalariças; uma cozinha sem sistema de água ou esgotos, ali se fazia o rancho para todos; os duches são doze torneiras de água instaladas no pátio; os quartos improvisados têm beliches com três e quatro andares; a retrete é uma vala de quatro metros; o primeiro andar tem um varandim, uma sala e dois quartos onde se instalaram os três elementos do comando; a instalação elétrica é quase inexistente; não há equipamento de frio para conservar os alimentos. Bolama é uma cidade morta, a sua atividade económica está circunscrita ao arroz. Logo na primeira noite eclode uma intoxicação alimentar, o 2.º Comandante logo lidera a operação, o médico da unidade é rotulado de “uma dor de alma”, são os médicos Piu Abreu e Sá e Melo quem aguentam a borrasca. O Comando tem três oficiais superiores, o Primeiro Comandante que neste relato fica praticamente na sombra é dado como “um homem franzino e debilitado pelo vício sôfrego do tabaco”. Há evidentemente o Major Valente, que é tratado com todos os encómios e o Major Malaquias, assim descrito: “É um homem alto e forte, com uma presença serena, e quando aborda qualquer assunto fá-lo com ponderação e sabedoria e tem uma cultura acima da média”.

Feito o IAO, o BART 2924 vai para Quínara, a Frente de Luta do Quínara, para o PAIGC. O terreno operacional que lhes cabe é descrito minuciosamente: há a espinha dorsal de S. João-Nova Sintra-Fulacunda, que divide o norte do sul do setor; a norte situam-se os quartéis de Tite e de Jabadá; para sul sai o caminho que serve o aquartelamento a Nova Sintra. Utilizam-se dois itinerários, a picada de Tite-Enxudé e a de Nova Sintra-S. João, que é aberta quando o quartel de Nova Sintra recebe reabastecimentos por via fluvial. Uma pequena picada liga o centro de Jabadá à margem do rio Geba. Quínara foi inicialmente chão Beafada, ao tempo a etnia Balanta representava mais de 50% da população. O PAIGC é junto dos Balantas que encontra maior apoio. Fernando Antunes escreve a orgânica do PAIGC na região Sul, dispositivo militar e civil. São os quatros civis do PAIGC que dão instrução ideológica. O setor teria dez escolas do PAIGC. Refere a diretiva emanada de Spínola “Razão Confiante”, aplicação dos princípios constantes do programa “Por uma Guiné melhor” e a diretiva “Grande Razão” orientada para o reordenamento da zona de Bissássema. Ficamos a saber quais as tarefas da unidade e o dispositivo colocado em Tite, Bissássema, Enxudé, Nova Sintra, Fulacunda e Jabadá: mais de 800 militares, incluindo 200 efetivos dos pelotões de milícias. Segundo o autor, as instalações de Tite, Fulacunda e Jabadá eram aceitáveis, as de Nova Sintra degradantes e deficientes. Regista o estado psicológico a que chegara a unidade que foram render, o BCAÇ 2867, destaca vários oficiais que foram evacuados por doença do foro neuropsiquiátrico.

Logo em 1 de Janeiro de 1971 tem lugar o reconhecimento do local onde iria ser implantada a tabanca reordenada de Bissássema. Em Fevereiro chega a 1.ª Companhia de Comandos Africana, comandada por João Bacar Djaló, as refregas vão ter lugar, o PAIGC mostra-se agressivo, começam as flagelações. O autor ajuda fazer nascer o jornal de caserna “A voz do Quínara”. Em Março, realiza-se a operação “Desejada Oportunidade”, haverá acampamentos destruídos, o IN retira temporariamente, emboscará os comandos africanos em Jufá, tabanca de controlo IN, os comandos perdem a cabeça e descarregam sobre a população. A ação psicossocial começa a dar frutos, em todo o setor, muitos civis apresentam-se. Em Maio, realiza-se um encontro preparatório do “II Congresso dos Povos da Guiné”, nesse mês Tite é atacada. Escreve: “O IN teve a ousada estratégica de, utilizando de longe a artilharia, manter os guerrilheiros, os apontadores de RPG bastante perto do aquartelamento, perto do arame-farpado, sujeitando ao perigo de morte as centenas de guerrilheiros, a hipotéticos erros da sua artilharia, o que demonstra um destemor nunca manifestado até hoje”. É mencionado o potencial de guerra que cabe aos efetivos do PAIGC capitaneados por Nino Vieira. Os meses passam, foi criada a rádio Tite com emissões diárias de uma hora, com música pop da atualidade.

Fernando Antunes destaca uma conversa que teve com um dos participantes da Operação Mar Verde, o comando africano acha que valeu a pena pela libertação dos camaradas prisioneiros, o resto foi uma total desilusão pelo insucesso. Estamos em Outubro de 1971, o Comandante Valente planeou ações de surpresa, e uma delas, a ação “Novidade” resulta a captura do presidente de comité conhecido por Pascoal Có, mais tarde abatido quando tentava fugir. O Comandante Valente é promovido a Tenente-Coronel, agora é o Comandante efetivo da unidade. São inauguradas as escolas de Enxudé e Bissássema. Em Dezembro de 1971 é constituído o grupo especial de milícias, todos da etnia Balanta. Há mais população a regressar. A estrada alcatroada Tite-Bissássema, a despeito das minas do IN, apronta-se. Pela primeira vez, em Março de 1972, Jabadá sofre um ataque diurno. Para surpresa do leitor que procura seguir atentamente este relato de quem se documentou com a história da unidade, fica-se a saber que o PAIGC se vai reunindo com a população sujeita a duplo controlo, intimida-a a não fornecer informações às tropas portuguesas. A estrada asfaltada é inaugurada em Abril. Nasce a cooperativa agropecuária em Bissássema. O Ministro da Defesa comparece à inauguração da estrada asfaltada Tite-Enxudé. O grupo especial de milícias tem os seus roncos, destaca-se a captura do comandante Tamba Bazooca. E em Agosto chegou a hora da despedida. Findou aqui o relato. A admiração pelo guardião é irrestrita, o pai adotivo e o irmão mais velho e todos no BART 2924.
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Nota do editor

Último poste da série de 28 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P15048: Notas de leitura (751): “Nhoma, uma trajetória de luta”, por Bnur-Batër (Respício Nuno e Eduíno Sanca), Edições Corubal, Guiné-Bissau, 2013 (2) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12082: Os nossos médicos (71): Guiões, brasões e crachás das unidades em que prestou serviço o alf mil méd Amaral Bernardo: BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72) e BART 2924 (Tite, 1970/72)














Guiões, brasões e crachás das unidades (batalhões) e subunidades (companhias) por onde passou o alf mil médico Amaral Bernardo, nosso prezado camarada da Tabanca Grande, que esteve no TO da Guiné nos anos de 1970/72.


1. Este material já nos tinha sido enviado por email de 30 de março de 2011. Por lapso, só agora descobrimos o seu paradeiro: estava numa das nossas caixas de correio, pouco usadas... Pedimos desculpa ao autor e aos leitores.

O Amaral Bernardo esteve ao serviço de dois batalhões: BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72) e BART 2924 (Tite, 1970/72), como de resto se infere dos louvores que lhe foram atribuídos:









Fotos: © Amaral Bernardo (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]

domingo, 14 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3622: Brasões, guiões ou crachás (6): BART 2917 e 2924, BCAÇ 507 e 512, CCAV 1484, Pel Caç Nat 52 e Pel Mort 4574 (José Martins)

BATALHÃO DE ARTILHARIA N.º 2917

BART 2917 - Guiné 1970/72 - Divisa: P'la Guiné e suas gentes

Mobilizado no Regimento de Artilharia Pesada n.º 2 – Vila Nova de Gaia

Embarque em 17Mai70
Desembarque em 25Mai70

Regresso em 24Mar72

Divisa – P´la Guiné e suas gentes

Segue para Bambadinca em 29Mai70 assumindo a responsabilidade do Sector L1, que abrangia os subsectores de Xime, Xitole, Mansabá e Bambadinca. A sua actividade desenvolveu-se na coordenação e realização patrulhamentos, emboscadas e segurança de itinerários, assim como protecção de trabalhos de reordenamento dos aldeamentos. Implementou e organizou o funcionamento do Centro de Instrução de Milícias. Deslocou-se para Bissau a fim de aguardar embarque em 15Mar72.

Tem como subunidades orgânicas as CArt 1714, 1715 e 1716, que se mantiveram sempre na área do seu sector.

Imagem: Benjamim Durães/ultramar.terraweb
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BATALHÃO DE ARTILHARIA N.º 2924

BART 2924 - Guiné 1970/72 - Divisa: Porfiamos o Céu, a Terra e as Ondas, Atroando

Mobilizado no Grupo de Artilharia Contra Aeronaves n.º 2 – Torres Novas

Embarque em 23Set70
Desembarque em 29Set70

Regresso em 21Set72

Divisa – Porfiamos o Céu, a Terra e as Ondas atroando

Entre 05 e 31Out70 realizou no Centro de Instrução Militar, em Bolama, a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional, em conjunto com as suas companhias orgânicas. Segue em 28Nov70 para o sector de Tite, para treino operacional e assume o Sector S1 em 15Dez70, que incluía os subsectores de Nova Sintra, Jabadá, Fulacunda e Tite. A área de Ganjauará é retirada a este sector em 24Nov71. Desenvolveu intensa actividade efectuando e coordenando patrulhamentos, emboscadas, reconhecimentos ofensivos e reacção a flagelações de aquartelamentos e povoações em autodefesa. Coordenou e orientou o reordenamento de aldeamentos e trabalhos de asfaltagem, na sua área de acção. Foi rendido em 20Ago72, seguindo para Bissau a aguardar embarque.

Tem como subunidades orgânicas, que estiveram sempre integradas no seu sector, as CArt 2771, 2772 e 2773.

Imagem: José Sobral/ultramar.terraweb
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BATALHÃO DE CAÇADORES N.º 507

BCAÇ 507 - Guiné 1963/65

Mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 2 - Abrantes

Embarque em 14Jul63
Desembarque em 20Jul63

Regresso em 29Abr65

Divisa –

Constituído apenas por Comando e CCS (Companhia de Comando e Serviços), não dispondo, portanto de subunidades orgânicas, recebeu os elementos de recompletamento, que ainda não tinham terminado a sua comissão de serviço, e que estavam integrados no BCAÇ 239, a que sucedeu. Em20Jul63 assume a responsabilidade do sector B, com sede em Bula, enquadrando as companhias instaladas em Teixeira Pinto, Mansoa, S. Domingos e Farim. O sector foi aumentado com os subsectores de Mansabá e Ingoré (28Jul63) e Bissorã (01Ago63). Em 01Set63 a sua zona de acção foi reduzida dos subsectores de Mansoa, Farim, Mansabá e Bissorã, e aumentado dos subsectores de Binar (08Mai64) e Có (02Mar65). Desenvolveu a sua actividade operacional em patrulhamentos, reconhecimentos, batidas e emboscadas, com o objectivo de travar o alastramento da subsversão na zona Oeste, assim como a segurança e protecção das populações. Em 28Abr65, deixou a sector de Bula, já designado sector O1, seguindo para Bissau para aguardar embarque.

Imagem: Carlos Coutinho/ultramar.terraweb
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BATALHÃO DE CAÇADORES N.º 512

BCAÇ 512 - Guiné 1963/65 - Divisa: Honra e Glória

Mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 7 - Leiria

Embarque em 17Jul63
Desembarque em 22Jul63

Regresso em 12Ago65

Divisa – Honra e Glória

Constituído apenas por Comando e CCS (Companhia de Comando e Serviços), não dispondo, portanto de subunidades orgânicas. A fim de instalar e organizar a sua zona de acção, segue para Mansoa em 20Ago63. Em 01Set63, assume a responsabilidade do recém criado sector C, englobando nele as companhias que se encontravam instaladas em Mansoa, Mansabá, Bissorã e Farim, assim como os seus destacamentos. Foram acrescentados os subsectores de Enxalé (08Dez63) e Bigene (23Dez63). O sector é reduzido, por entrada em sector de outros batalhões, sendo retirados os subsectores de Farim e Bigene (23Mai64) e Mansabá e Bissorã (31Mai64). Desenvolveu a sua actividade em especial nas zonas de Óio-Morés, Biambifoi e Enxalé, efectuando patrulhamentos, reconhecimentos, batidas, emboscadas e golpes de mão, nomeadamente sobre as linhas de infiltração inimigas. Em 22Jul64 a sua zona de acção foi integrado no sector atribuído ao BArt 645 e foi deslocada para Bissau, onde assumiu a segurança do aquartelamento do Centro de Instrução de Comandos, em Brá. A 29Dez64, desloca-se para Nova Lamego, para proceder à instalação do novo sector L3, cuja responsabilidade assume em 11Jan65, tendo sido criados os subsectores de Canquelifá (25Fev65), Bajocunda (11Mar65), Madina do Boé e Buruntuma (23Mai65), tendo recorrido a subunidades de intervenção às ordens do Comando Chefe. Neste sector organizou operações para travar a penetração de forças inimigas e travar relacionamento com as populações. A 01Jun65 foi para Bissau a fim de aguardar embarque de regresso.

Imagem: Carlos Coutinho/ultramar.terraweb
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COMPANHIA DE CAVALARIA N.º 1484

CCAV 1484 - Guiné 1965/67 - Divisa: Vontade e Audácia

Mobilizada no Regimento de Cavalaria n.º 7 - Lisboa

Embarque 20/Out/65
Desembarque em Bissau em 26/Out/65

Regresso em 02/Ago/67

Comandante: Cap Cav Rui Manuel Soares Pessoa e Amorim

Companhia independente ficou instalada em Nhacra, onde rendeu a CArt 565, ficando adida ao BArt 1857, aquartelado em Santa Luzia - Bissau.

Fez treino operacional em Mansoa durante o mês de Nov/65, que culminou com uma operação na área de Cobonge.

O efectivo da Companhia tomou o seguinte dispositivo:

Em Nhacra: Comando da Companhia, 2 GComb e 1 Pel da Comp Mil 10 em reforço

Em Safim: 1 GComb reforçado com 2 Pel da Comp Mil 10, com 1 Secção destacada em Ensalmá e outra em João Landim.

Em 08Jun66 a CCav 1484 foi rendida em Nhacra pela CCaç 797 e seguiu para Catió, onde ficou em intervenção ao Sector, adida ao BCaç 1858 e, após a rendição deste, ao BArt 1913.

Durante o período de permanência em Catió deu cobertura, em Cufar, à rendição da CCaç 763 pela CCaç 1621 e, no Cachil (Como) à rendição da CCaç 728 pela CCaç 1587.

De 12Jun66 a 28Jun67 efectuou 40 operações no Sector, sofreu 2 mortos e 22 feridos em combate, registando ainda 1 morto por acidente.

Em 20Jul67 segue para Bissau, embarcando no Uíge em 26Jul67 e chegado a Lisboa em 02Ago67.

(Imagens e texto de Benito Neves)
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PELOTÃO DE CAÇADORES NATIVOS N.º 52

PEL CAÇ NAT 52 - Guiné 1966/74 - Divisa: Matar ou Morrer / Os Gaviões

Mobilizado no Comando Territorial Independente da Guiné

Criado em Setembro de 1966

Desactivado em Agosto de 1974

Divisa – Matar ou Morrer / Os Gaviões

Colocado inicialmente em Porto Gole, foi transferido, sucessivamente, para Enxalé (Mai69), Missirá (Jun69), Bambadinca (Set69), Fá Mandinga (Jul71), Fá Mandinga (Abr72), Ponte do Rio Udunduma (Jul72) e Mato de Cão (Out72), onde se manteve até ser extinto.

Pequena unidade da guarnição normal.
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PELOTÃO DE MORTEIROS N.º 4574/72

PEL MORT 4574/72 - Guiné 1972/74

Mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 15 - Tomar

Embarque em Jul/72

Regresso Após Abr74

Foi colocado junto do Batalhão instalado no sector L3 em Nova Lamego, destacando forças a nível de Secção ou Esquadra para as subunidades instaladas naquela área de acção.
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Notas de CV:

Vd. postes anteriores da série de:

10 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3429: Brasões, guiões ou crachás (1): CCAÇ 2797, Pel Caç Nat 51 e Pel Caç Nat 67, Cufar, 1970/72 (Luís de Sousa)

14 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3453: Brasões, guiões ou crachás (2): CCAV 678, 1964/66 (Manuel Bastos)

22 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3501: Brasões, guiões ou crachás (3): CAOP 1: BCAÇ 2885; CART 2732 e CCAÇ 5 (Jorge Picado/Carlos Vinhal/José Martins)

1 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3551: Brasões, Guiões ou Crachás (4): CCAÇ 728; CCAÇ 2617; CCAÇ 3566; PEL CAÇ NAT 63; CCAV 677 e CCAÇ 2402 (José Martins)

7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3580: Brasões, guiões ou crachás (5): BCAÇ 2893, CART 730 e 23339, CCAÇ 726, 1426, 2406, 2636, 2701 e 3477 (José Martins)