Mostrar mensagens com a etiqueta Omã. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Omã. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18961: Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu) - Parte XXXVIII: Salalah, sultanato de Omã, onde a electricidade, a água, o ensino e a saúde são gratuitos...


Foto nº 1 


Foto nº 2


Foto nº 3

Salalah, sultanato de Omã, dezembro de 2016


Fotos (e legendas): © António Graça de Abreu (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Continuação da publicação das crónicas da "viagem à volta ao mundo em 100 dias" [3 meses e oito dias], do nosso camarada António Graça de Abreu.  

Escritor, poeta, sinólogo, ex-alf mil SGE, CAOP 1 (Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), membro sénior da nossa Tabanca Grande, e ativo colaborador do nosso blogue com cerca de 220 referências, é casado com a médica chinesa Hai Yuan, natural de Xangai, e tem dois filhos, João e Pedro. Vive no concelho de Cascais.

[Foto à esquerda: Hai Yuan e António Graça de Abreu]



2. Sinopse da série "Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias" (*)


(i) neste cruzeiro à volta do mundo, o nosso camarada e a sua esposa partiram do porto de Barcelona em 1 de setembro de 2016; [não sabemos quanto despenderam, mas o "barco do amor" deve-lhes cobrado uma nota preta: c. 40 mil euros, no mínimo, estimamos nós];

(ii) três semanas depois de o navio italiano "Costa Luminosa", com quase três centenas de metros de comprimento, sair do Mediterrâneo e atravessar o Atlântico, estava no Pacífico, e mais concretamente no Oceano Pacífico, na Costa Rica (21/9/2016) e na Guatemala (24/9/2017), e depois no México (26/9/2017);

(iii) na II etapa da "viagem de volta ao mundo em 100 dias", com um mês de cruzeiro (a primeira parte terá sido "a menos interessante", diz-nos o escritor), o "Costa Luminosa" chega aos EUA, à costa da Califórnia: San Diego e San Pedro (30/9/2016), Long Beach (1/10/2016), Los Angeles (30/9/2016) e São Francisco (3/4/10/2017); no dia 9, está em Honolulu, Hawai, território norte-americano; navega agora em pleno Oceano Pacífico, a caminho da Polinésia, onde há algumas das mais belas ilhas do mundo;

(iv) um mês e meio do início do cruzeiro, em Barcelona, o "Costa Luminosa" atraca no porto de Pago Pago, capital da Samoa Americana, ilha de Tutuila, Polinésia, em 15/10/2016;

(v) seguem-se depois as ilhas Tonga; visita a Auckland, Nova Zelândia, em 20/10/2016; volta pela Austrália: Sidney, a capital, e as Montanhas Azuis (24-26 de outubro de 2016);

(vi) o navio "Costa Luminosa" chega, pela manhã de 29/10/2016, à cidade de Melbourne, Austrália; visita à Austrália Ocidental, enquanto o navio segue depois para Singapura; o Graça de Abreu e a esposa alugam um carro e percorrem grande parte da costa seguindo depois em 8 de novembro, de avião para Singapura, e voltando a "apanhar" o seu barco do amor...

(vii) de 8 a 10 de novembro. o casal está de visita a Singapura, seguindo depois o cruzeiro para Kuala Lumpur, Malásia (11 de novembro); Phuket, Tailândia (12-13 de novembro); Colombo, capital do Sri Lanka ou Ceilão ou Trapobana (segundo os "Lusíadas", de Luís de Camões. I, 1), em 15-16 de novembro. de 2016;

(viii) na III (e última) parte da viagem, Graça de Abreu e a esposa estão, a 17 de novembro de 2016, em Cochim, na Índia, e descobrem a cada passo vestígios da presença portuguesa; a 18, estão em Goa, seguindo depois para Bombaím (20 e 21 de novembro de 2016);

(ix) com 2 meses e 20 dias, depois da Índia, os nossos viajantes estão Dubai, Emiratos Árabes Unidos, passando por Muscat, e  Salah, dois sultanatos de Omã, em datas que já não podemos precisar (, as fotos deixam de ter data e hora...),  de qualquer modo já estamos em finais de novembro/ princípios de em dezembro de 2016; 

(x) tempo ainda para visitar Petra, na Jordânia, e atravessar os 170 km do canal do Suez (Egito), antes de o "Costa Luminosa" entrar no Mediterrâneo; a viagem irá terminar em Civitavecchia, porto de Roma.  



3. Viagem de volta ao mundo em 100 dias > Salalah, sultanato de Omã [s/d,  dezembro de 2016] (pp. 20-22], da terceira e última Parte]




Salalah, sultanato de Omã 




Viveu Job cento e quarenta anos e viu os seus filhos, e os filhos dos seus filhos até à quarta geração, e morreu velho e cheio de dias. 


Antigo Testamento, Livro de Job, cap. 42, vers. 16 


Mais mil quilómetros de estrada marítima e chegamos a Salalah, no sudeste do sultanato de Omã, a dez léguas do Yémen, hoje assolado pela guerra e pela fome. Há paz do lado de Omã, as velhas terras de Dhofar, habitadas outrora pela formosa e antiquíssima rainha de Sabá. Hoje, para lá das fronteiras de Omã, é só metralha, miséria e morte. 

Iniciamos a viagem de descoberta da região de Salalah, com o autocarro a avançar desde o porto, pejado de contentores e de tubagens, estas para a exportação do gás natural. Tudo fica para trás e começamos a subir por uma cadeia de montanhas secas e inóspitas, rodeadas, lá em baixo, por avassaladores desertos [Foto nº1]. Nos declives dos montes há alguns pinheiros verdes, raros nestes lugares semi-desérticos. Não entendo exactamente para onde nos levam, tanta curva, tanto monte, por isso pergunto ao simpático guia local: “Qual é o destino?” 

Simples, vamos visitar o túmulo do profeta Job, esse mesmo, o do Livro de Job, no Velho Testamento, o “da paciência de Job”, expressão que tantas vezes utilizamos ao longo das nossas vidas. Job é considerado profeta também por muçulmanos e judeus. Descendente de Noé, terá vivido há uns três mil anos atrás e, no Corão, Maomé faz quatro referências à sua pessoa. Job, tal como Abraão, Moisés e David, é uma das figuras bíblicas que também encaixam no islão primitivo, tradicional, muito anterior a Maomé.

No alto da montanha, num lugar com uma vista majestosa, uma capela branca, de cúpula redonda, guarda o que serão os ossos do velho Job, hoje -- se é mesmo verdade que a tumba é autêntica! --, apenas restos de poeira e pó. Descalço os sapatos para entrar e estou diante de um simples túmulo jazente coberto por um pano de cetim verde e amarelo. Uma leve reverência a este pobre Job e ali fico, a embeber-me nos traços da memória de um profeta do nosso Antigo Testamento. Cá fora, ao lado da capela, levanta-se uma pequena mesquita fechada ao culto, mas o que mais me impressiona é a nascente de água, uma fonte jorrando num estranho lugar, no alto de uma montanha circundada por desertos. Há um pequeno jardim com lírios vermelhos e buganvílias floridas. O túmulo de Job levita na magia dos espaços. [Foto nº 2]

Descemos para o mar. Cá em baixo, na aridez extrema de terras de areia e cascalho pedregoso, não há uma árvore, é quase só desolação, desdobrada na secura da paisagem, no delapidar impiedoso do calor caído do céu, violento, esmagador, estendendo-se pela passagem dos séculos.

A estrada acompanha a orla marítima, bordeja a extensa praia de Mughsail, algo semelhante à nossa na ilha de Porto Santo. Temos uns trinta graus de temperatura mas não há um simples mortal na areia ou a mergulhar na ondulação serena do Oceano Índico. As gentes de Omã não serão muito dadas aos prazeres da praia e, quanto a bronzear o corpinho, estamos entendidos. Haverá mulheres muçulmanas lindas de morrer, no entanto, por respeito com o rigor do Islão, ao sair de casa cobrem quase todo o corpo. 

Atravessamos uma pequena aldeia de pescadores, com casas modernas, na arquitectura árabe, bem traçadas e implantadas no terreno. Dizem-me que foram mandadas construir e oferecidas pelo sultão Qaboos, o poderoso e omnipresente senhor de Omã, há mais de quarenta anos. 

Nestas terras, o petróleo corre em abundância, a electricidade e a água – escassa, muita dela proveniente de complexos de dessalinização da água do mar  –, são gratuitas, assim como o ensino e a saúde. Os cidadãos do sultanato também não pagam impostos o que, de resto, creio acontecer em outros territórios árabes. O dinheiro do ouro negro vai chegando para quase tudo embora, nos últimos anos, muitos destes países tenham perdido milhões e milhões com a descida do preço do petróleo. 

O extremo poente da praia de Mughsail termina num promontório que se eleva abrupto no horizonte. Na plataforma rochosa, em baixo, uma espécie de curiosos géisers marinhos lançam água do mar, comprimida pelas rochas, a uns vinte metros de altura. Mas é a vastidão azul do oceano, da quase infindável praia, a leste, e, do outro lado, o imenso maciço de pedra avermelhada entrando pelas águas que impressiona este pobre turista lusitano que, até há poucos meses atrás, desconhecia por completo a existência de uma cidade chamada Salalah, e para quem o sultanato de Omã era uma miragem fantasiosa, perdido algures em desertos do fim do mundo. Continuo a ignorar quase tudo sobre o coração desta terra, mas o lugar já não me é estranho.

A pequena urbe de Salalah  – bem alinhada e cuidada, com rotundas verdejantes e floridas, dado beneficiarem de constantes regas  –, tem edifícios baixos ao modo tradicional árabe, algum comércio, uns tantos mercados, um estádio de futebol, as sempre presentes mesquitas. Junto ao mar, com outra enorme praia vazia, o destaque vai para o palácio Al Husn, onde nasceu o sultão Qaboos e hoje uma das suas residências de Verão. Paragem para caminhar pelas ruas ajardinadas em volta do palácio, tirar fotografias e depois, no mercado em frente, comprar um lote de especiarias, algumas tão estranhas que nem sei exactamente o que são, mas que irei experimentar nos meus apaladados cozinhados em Portugal, a minha terra distante que me começa a fazer falta.[Foto nº 3]

(Continua)
_____________

Nota do editor:

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18801: Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu) - Parte XXXVII: Mascate, sultanato de Omã, onde a água pode ser mais cara do que o petróleo...




Muscat (ou Mascate, sultanato de Omã ) > A grande mesquita, mandada construir pelo sultão Qaboos bin Said Al Said (n. 1940)



Fotos (e legendas): © António Graça de Abreu(2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação das crónicas da "viagem à volta ao mundo em 100 dias" [3 meses e oito dias], do nosso camarada António Graça de Abreu.

Escritor, poeta, sinólogo, ex-alf mil SGE, CAOP 1 [Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74], membro sénior da nossa Tabanca Grande, e ativo colaborador do nosso blogue com cerca de 220 referências, é casado com a médica chinesa Hai Yuan, natural de Xangai, e tem dois filhos, João e
Pedro. Vive no concelho de Cascais. Deu recentemente, em 20 de junho passado,  uma longa entrevista (c. meia hora) ao canal Sporting TV, programa Conversas na Lua, sobre a sua história de vida, a sua obra literária e a sua "relação especial" com a China e a cultura chinesa. Vd. aqui o vídeo em You Tube > Sporting Clube de Portugal.

Hai Yuan e António Graça de Abreu

2. Sinopse da série "Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias" (*)

(i) neste cruzeiro à volta do mundo, o nosso camarada e a sua esposa partiram do porto de Barcelona em 1 de setembro de 2016; [não sabemos quanto despenderam, mas o "barco do amor" deve-lhes cobrado uma nota preta: c. 40 mil euros, no mínimo, estimamos nós];

(ii) três semanas depois de o navio italiano "Costa Luminosa", com quase três centenas de metros de comprimento, sair do Mediterrâneo e atravessar o Atlântico, estava no Pacífico, e mais concretamente no Oceano Pacífico, na Costa Rica (21/9/2016) e na Guatemala (24/9/2017), e depois no México (26/9/2017);

(iii) na II etapa da "viagem de volta ao mundo em 100 dias", com um mês de cruzeiro (a primeira parte terá sido "a menos interessante", diz-nos o escritor), o "Costa Luminosa" chega aos EUA, à costa da Califórnia: San Diego e San Pedro (30/9/2016), Long Beach (1/10/2016), Los Angeles (30/9/2016) e São Francisco (3/4/10/2017); no dia 9, está em Honolulu, Hawai, território norte-americano; navega agora em pleno Oceano Pacífico, a caminho da Polinésia, onde há algumas das mais belas ilhas do mundo;

(iv) um mês e meio do início do cruzeiro, em Barcelona, o "Costa Luminosa" atraca no porto de Pago Pago, capital da Samoa Americana, ilha de Tutuila, Polinésia, em 15/10/2016;

(v) seguem-se depois as ilhas Tonga; visita a Auckland, Nova Zelândia, em 20/10/2016;

(vi) volta pela Austrália: Sidney, a capital, e as Montanhas Azuis (24-26 de outubro de 2016);

(vii) o navio "Costa Luminosa" chega, pela manhã de 29/10/2016, à cidade de Melbourne, Austrália; visita à Austrália Ocidental, enquanto o navio segue depois para Singapura; o Graça de Abreu e a esposa alugam um carro e percorrem grande parte da costa seguindo depois em 8 de novembro, de avião para Singapura, e voltando a "apanhar" o seu barco do amor...

(viii) de 8 a 10 de novembro. o casal está de visita a Singapura, seguindo depois o cruzeiro para Kuala Lumpur, Malásia (11 de novembro);  Phuket, Tailândia (12-13 de novembro); Colombo, capital do Sri Lanka ou Ceilão ou Trapobana (segundo os "Lusíadas", de Luís de Camões. I, 1), em 15-16 de novembro. de 2016;

(ix) na III (e última) parte da viagem, Graça de Abreu e a esposa estão, a 17 de novembro de 2016, em Cochim, na Índia, e descobrem a cada passo vestígios da presença portuguesa; a 18, estão em Goa, seguindo depois para Bombaím (20 e 21 de novembro de 2016);

(x) com 2 meses e 20 dias, depois da Índia, os nossos viajantes estão Dubai, Emiratos Árabes Unidos, passando Muscat, o sultanato de Omã, em data que já não podemos precisar, de qualquer modo já estamos em finais de novembro ou já  princípios de em dezembro de 2016; a viagem vai terminar em Roma.


Viagem de volta ao mundo em 100 dias > Muscat, sultanato de Omã [s/d, finais de novembro de 2016] (pp. 17-19], da terceira e última Parte]


O António, tendo atrás o forte de Muttrah
Muscat, sultanato de Omã

Desde o mar, vários fortes, tipo castelo, plantados em montes escalavrados, pontilham o horizonte quase circular da baía de Muscat. Foram construídos em finais do século XVI pelos inevitáveis portugueses, aquela gente aventureira e doida de quem herdei o sangue e que um dia resolveu ir lavrar o mar, e deixar na vastidão do mundo um padrão, uma cruz, um pendão soluçante.

O forte de Muttrah, assim como os outros próximos, de nome Al Marani e Al Jalali (São João) - estes dois agora encaixados nos espaços de um dos palácios do sultão de Omã -, estão impecavelmente restaurados e conservados. Todos fechados ao público, o forte de Muttrah funciona ainda hoje como instalação militar e, no alto, é bem visível uma bateria de modernos canhões apontados à entrada da baía.

Muscat [, em português, Mascate]foi conquistada por Afonso de Albuquerque em 1507 e desde então funcionou como um lugar estratégico para os portugueses nas rotas entre a Índia, o Golfo Pérsico e o Mar Vermelho. Hoje, este sultanato de Omã, três vezes maior do que Portugal, conta com 4,5 milhões de habitantes, metade dos quais são imigrantes, muitos deles sazonais.

A maior parte do território estende-se por inóspitos desertos aparentemente esquecidos. Mas é aí, sob milhões de toneladas de areia, que descansam imensas jazidas de petróleo e gás natural, o ouro vermelho escuro e os hidrocarbonetos incolores que enchem de dólares os cofres do sultanato. 

O sultão Qaboos bin Said Al Said está no poder desde 1970, é senhor de uma enorme fortuna, tem já setenta e seis anos de idade, mas aparece em fotografias espalhadas por tudo quanto é sítio aparentando uns quarenta [, foto à direita]. Possui três palácios na Europa, em Marbella, Espanha, na Inglaterra e na Alemanha. 

No porto de Muttrah, Muscat, em frente ao nosso Costa, estão ancorados três grandes iates que lhe pertencem e dizem-me que tem mais dois navios para se passear, atracados noutros portos de Omã. Conta também com sete palácios no sultanato, onde reside alternadamente, saltitando de um para outro. Ninguém costuma saber exactamente em que palácio se encontra o sultão que, só de longe em longe, se dá à vista de quem quer que seja, mas que me dizem ser um benemérito para o seu povo, estimado pela maioria dos omanis, os cidadãos do sultanato. 

Nos quarenta e sete anos de poder do sultão Qaboos, o território de Omã mudou muito. No passado, eram conhecido como entreposto de escravos, terra de pescadores e plataforma de venda de armas brancas, sobretudo adagas, punhais e cimitarras de variados tamanhos, e de eficácia garantida, comprovada. A descoberta do petróleo em 1964 veio alterar, por completo, o estatuto e as realidades de Omã. O actual sultão - quando jovem educado em Inglaterra e na Alemanha -, tem acompanhado inteligentemente o crescimento da região, retirando daí os benefícios a que acha ter direito e, com tantos dólares a inundarem-lhe os palácios e os iates, melhora também as condições de vida da população.

Muscat, que cresceu, a partir de Muttrah neste espaço da baía, vive do turismo e dos pequenos negócios. Recomendo a ida ao souk, o mercado e zona comercial, não muito diferente dos souks de outros países árabes, onde se vende de tudo, de ouro a babuchas, de especiarias às adagas, de perfumes aos estilizados vestidos de seda, mais toneladas de quinquilharia, a preços baratos. E como são vaidosas algumas mulheres muçulmanas! Sob o niqab negro, a túnica que lhes cobre todo o corpo, excepto a fresta dos olhos, usam roupa de costureiros franceses, à venda também neste souk, garante-me o guia local.

Por detrás da baía e dos montes de pedra acastanhada, que delimitam Muttrah, a sul e a oeste, abre-se a grande Muscat com quase um milhão de habitantes. Partimos em busca da maior mesquita do sultanato de Omã, a uns quinze quilómetros de distância. Trata-se de um conjunto arquitectónico recentemente concluído, com uma torre e quatro minaretes, pouco capaz de encher o olho ao turista em viagem mas que será, por certo, um excelente lugar para os muçulmanos rezarem a Maomé e pedirem as generosas bênçãos de Alá. 

Atravessamos a zona dos ministérios e vastos complexos habitacionais, mais uma zona de stands de automóveis, Porsches, BMWs, Bentleys, Rolls-Royce. O dinheiro do petróleo, e dos subsequentes negócios, dá para dez mil extravagâncias. Mais adiante, deparamo-nos com uma instalação enorme onde se procede à dessalinização da água do ar. Enormes depósitos guardam a, agora, água doce. A propósito, dizem-me que em Muscat chove em média cinco dias por ano, apenas em Dezembro e Janeiro, por isso a água, fundamental para todas as vidas, pode ser mais cara do que o petróleo.

(Continua)