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domingo, 16 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26500: As nossas geografias emocionais (44): A Fulacunda do meu tempo (José Claudino da Silva, "Dino", ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART /BART 6520 / 72, Fulacunda, 1972/74) - Parte III



Foto nº 13A e 13... Vista parcial da tabanca e do aquartelamento (ao fundo, à direita)



Foto nº 15 e 15A... De costas,  à ponta da mesa, o nosso "Dino"


Foto nº 3... Ào fundo da mesa, o "Dino"



Foto nº 6 e 6A...A cozinha e o depósito de água


Foto nº 16A ... O fotógrafo e o modelo


Foto nº 23A... O "Dino" junto à horta.



Foto nº 24A e 24B... Junto a um bagabaga


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª C/BART 6520/72, 1972/74) > s/d > Fotos do álbum do José Claudino da Silva. Legendagem do editor, sujeita a revisão.


Fotos: © José Claudino da Silva (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]



1.  Continuação da publicação de fotos de Fulacunda, terceiro lote de um  conjunto de 36 fotos extraídas de "slides", tirados pelo fotógrafo da companhia. Enviadas pelo José Claudino da Silva, em 18 de janeiro passado. Sem legendas. A numeração é arbitrária.

O José Claudino da Silva ("Dino", para os amigos) tem cerca de 6 dezenas de referências no nosso blogue para o qual entrou em 10/10/2017. Natural de Penafiel, viveu 50 anos em Amarante, vive atualmente na Lixa, Felgueiras. 

Foi 1º cabo cond auto, 3ª C/BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74. Tem trÊs livros publicados. Tem página no Facebook.


(Seleção, edição e legendagem das fotos: LG)


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Nota do editor:

Último poste da série > 12 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26486: As nossas geografias emocionais (43): A Fulacunda do meu tempo (José Claudino da Silva, "Dino", ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART /BART 6520 / 72, Fulacunda, 1972/74) - Parte II

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26486: As nossas geografias emocionais (43): A Fulacunda do meu tempo (José Claudino da Silva, "Dino", ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART /BART 6520 / 72, Fulacunda, 1972/74) - Parte II


Foto nº 18A > Fulacunda > Obus 10, 5 (2 º Pel Art,  em 10/4/1974; em 1/7/1973, havia o 31º Pel Art, obs 14cm; em 1/7/72, ao tempo da CART 2772, não havia artilharia)


Foto nº  19 > Fulacunda > Foz do rio Fulacunda > Morteiro médio 81


Foto nº 17A > Fulacunda >  Obus 10,5 

Foto nº 20A > Fulacunda : Metralhadora pesada não identificada. (Seria uma arma, de fabrico soviético, apreendidfa ao PAIGC ?).

Foto nº 21 > Metralhadora pesada Browning  (e também antiaérea) 12,7

Foto nº 31A  > Fulacunda > Jipe, com o "Dino" ao volante

Foto nº 22A > Fulacunda >  Foz do rio Fulacunda  (ficava a 2 km do aquartelamento)>  O Dino


Foto nº 35A >  Fulacunda > Foz do rio Fulacunda > Partida de embarcaçáo (civil)


Foto nº 35 > Fulacunda > Foz do rio Fulacunda > Partida de embarcaçáo (civil), 
na maré-alta


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª C/BART 6520/72, 1972/74) > s/d > Fotos do álbum do José Claudino da Silva. Legendagem do editor, sujeita a revisão.


Fotos: © José Claudino da Silva (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]



1. Mais um lote de  fotos de Fulacunda, parte de um conjunto de 36 fotos extraídas de "slides", tirados pelo fotógrafo da companhia. Enviadas pelo José Claudino da Silva, em 18 de janeiro passado. Sem legendas.


O José Claudino da Silva ("Dino", para os amigos) tem cerca de 6 dezenas de referências no nosso blogue para o qual entrou em 10/10/2017. Natural de Penafiel, vive atualmente na Lixa, Felgueiras. Foi 1º cabo cond auto, 3ª C/BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74.

(Seleção, edição e legendagem das fotos: LG)

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terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - 26484: História de vida (54): José Claudino da Silva (ex-1º cabo cond auto, 3ª C/BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74): de "puto de Senradelas" (Penafiel) a "bate-chapas" (Amarante), de criador do Bosque os Avós (Serra do Marão) a homem de letras...





"E QUANDO SOMOS NÓS QUE FALHAMOS?
Em dezembro de 1972 escrevi 116 postais, aerogramas e cartas para a namorada, familiares e amigos. Recebi 20,
Em dezembro de 1973 escrevi 61. Recebi 21.
Em dezembro de 2024 não escrevi a ninguém.
Recebi 1 da minha neta.
Tudo que escrevi antes, perdeu o valor.






José Claudino da Silva - Página do Facebok, 9 de janeiro de 2025: "Em 2005 acabei o restauro deste carro. Logo a seguir fui despedido. Quando faço algo de jeito..."



José Claudino da Silva

(i) Nasceu no lugar das Figuras, Marecos,  Penafiel,  em 19 de maio de 1950.

(ii) Assume, com frontalidade, que é filho de Mabilde da Silva, e  "de pai incógnito" (como se dizia na época e infelizmente se continua a dizer, nos dias de hoje: que o digam mais de 150 mil portugueses!).

(iii) Foi criado e educado pelos seus avós maternos, José da Silva e Emília da Silva Queirós, tendo ficado apenas ao cuidado da avó, quando o avô faleceu em 1953, quando tinha então 3 anos de idade; a partir daí a família vivia do magro rendimento que a avó conseguia, vendendo peixe pelos lugares da aldeia e de outras aldeias vizinhas.
 
(iv) Ingressou na escola primária de Marecos, aos 7 anos de idade, tendo completado os estudos primários aos 11 anos (1957-1961); guarda uma grata recordação, do seu professor, o sr. Cunha.

(v) Fez a comunhão solene na igreja Matriz de Penafiel.

(vi) Começou a trabalhar ainda aos 11 anos na construção civil, onde esteve três anos; posteriormente, enveredou pela profissão de "chapeiro" (ou "bate-chapas", como se diz no Sul, tendo começado na Garagem Central de Penafiel, profissão essa que manteve, durante 50 anos,  até se reformar (em 2012).

(vii) É através dos ensinamentos do professor Cunha, do padre Albano e principalmente do filho do patrão (e depois gerente da Garagem Central de Penafiel), que começou a ter gosto pela leitura, tendo-se inscrito, para o efeitio, na biblioteca itinerante  da Fundação Calouste Gulbenkian, que visitava regulamente Penafiel; passou a ser  o leitor nº 390, e a ter  acesso gratuito aos livros que não podia comprar.

(viii) Em meados da década de 60 participa nas atividades do recreatório paroquial de Penafiel, numa organização ligada à igreja; passa a interessar-se por música e faz parte de alguns eventos, juntamente com alguns cantores amadores de Penafiel.

(ix) Descobre a poesia através de um amigo, que indo para a tropa faz um poema dedicado ao exército de mães, que veem os filhos partir para a guerra colonial.

(x)  Foi à inspeção em 27 de junho de 1970, e começou a fazer a recruta, no dia 3 de janeiro de 1972, no CICA 1 [Centro de Instrução de Condutores Auto-rodas], no Porto, junto ao palácio de Cristal,

(xi) Escreveu a sua primeira carta em 4 de janeiro de 1972, na recruta, no Porto; foi guia ocasional, para os camaradas que vinham de fora e queriam conhecer a cidade, dos percursos de "turismo sexual"... da Via Norte à Rua Escura;

(xii) Passou pelo Regimento de Cavalaria 6, depois da recruta; promovido a 1.º cabo condutor autorrodas, será colocado em Penafiel, e daqui é mobilizado para a Guiné, fazendo parte da 3.ª CART / BART 6250 (Fulacunda, 1972/74),

(xiii) Chegada à Bissalanca, em 26/6/1972, a bordo de um Boeing dos TAM - Transportes Aéreos Militares; faz a IAO no quartel do Cumeré; o dia 2 de julho de 1972, domingo, tem licença para ir visitar Bissau, e fica lá mais uns tempos para um tirar um curso de especialista em Berliet,

(xiv) Um mês depois, parte para Bolama onde se junta aos seus camaradas da companhia; partida em duas LDM para Fulacunda; são "praxados" pelos 'velhinhos' (ou vê-cê-cês), os 'Capicuas", da CART 2772;

(xv) Faz a primeira coluna auto até à foz do Rio Fulacunda, onde de 15 em 15 dias a companhia era abastecida por LDM ou LDP; escreve e lê as cartas e os aerogramas de muitos dos seus camaradas analfabetos.

(xvi) É "promovido" pelo 1.º sargento a cabo dos reabastecimentos, o que lhe dá alguns pequenos privilégio como o de aprender a datilografar... e a "ter jipe"; a 'herança' dos 'velhinhos' da CART 2772, "Os Capicuas", que deixam Fulacunda; o Dino partilha um quarto de 3 x 2 m, com mais 3 camaradas, "Os Mórmones de Fulacunda";

(xvii) "Dino", o "cabo de reabastecimentos", o "dono da loja", tem que aprender a lidar com as "diferenças de estatuto", resultantes da hierarquia militar: todos eram clientes da "loja", e todos eram iguais, mas uns mais iguais do que outros, por causa das "divisas"... e dos "galões"...

(xviii) Faz contas à vida e ao "patacão", de modo a poder casar-se logo que passe à peluda; e ao fim de três meses, está a escrever 30/40 cartas e aerogramas por mês; inicialmente eram 80/100; e descobre o sentido (e a importância) da camaradagem em tempo de guerra.

(xix) Como "responsável" pelo reabastecimento não quer que falte a cerveja ao pessoal: em outubro de 1972, o consumo (quinzenal) era já de 6 mil garrafas; ouve dizer, pela primeira vez, na rádio clandestina, que "éramos todos colonialistas" e que "o governo português era fascista"; sente-se chocado.


O "puto de Senradelas"
na foz do rio Fulacunda, região de Quínata,
Guiné (c. 1972/73

(xx) Fica revoltado por o seu camarada responsável pela cantina, e como ele 1.º cabo condutor auto, ter apanhado 10 dias de detenção por uma questão de "lana caprina": é o primeiro castigo no mato; por outro lado, apanha o paludismo, perde 7 quilos, tem 41 graus de febre, conhece a solidariedade dos camaradas e está grato à competência e desvelo do pessoal de saúde da companhia.

(xxi) Em 8/11/1972 festejava-se o Ramadão em Fulacunda e no resto do mundo muçulmano; entretanto, a companhia apanha a primeira arma ao IN, uma PPSH, a famosa "costureirinha" (o seu matraquear fazia lembrar uma máquina de costura).

(xxii) Coomeça a colaborar no jornal da unidade, os "Serrotes" (dirigido pelo alf mil Jorge Pinto, nosso grã-tabanqueiro), e é incentivado a prosseguir os seus estudos; surgem as primeiras dúvidas sobre o amor da sua Mely [Maria Amélia],
com quem faz, no entanto, as pazes antes do Natal; confidencia-nos, através das cartas à Melym as pequenas besteiras que ele e os seus amigos (como o Zé Leal de Vila das Aves) vão fazendo,

(xxiii) Chega ao fim o ano de 1972; mas antes disso houve a festa do Natal; como responsável pelos reabastecimentos, a sua preocupação é ter bebidas frescas, em quantidade, para a malta que regressa do mato, mas o "patacão", ontem como hoje, era sempre pouco.

(xxiv) Dá a notícia à namorada da morte de Amílcar Cabral (que foi em 20 de janeiro de 1973 na Guiné-Conacri e não... no Senegal); passa a haver cinema em Fulacunda; manda uma encomenda postal de 6,5 kg à namorada; em 24 de fevereiro de 1973, dois dias antes do Festival da Canção da RTP, a companhia faz uma operação de 16 horas, capturando três homens e duas Kalashnikov, na tabanca de Farnan.

(xxv) É-lhe diagnosticada uma úlcera no estômago que, só muito mais tarde, será devidamente tratada; e escreve sobre a população local, tendo dificuldade em distinguir os balantas dos biafadas; em 20/3/1973, escreve à namorada sobre o Fanado feminino, mas mistura este ritual de passagem com a religião muçulmana, o que é incorreto; de resto, a festa do fanado era um mistério, para a grande maioria dos "tugas" e na época as autoridades portuguesas não se metiam neste domínio da esfera privada; só hoje a Mutilação Genital Feminina passou a a ser uma "prática cultural" criminalizada.

(xxvi) Depois das primeiras aeronaves abatidas pelos Strela (em março/abril de 1973), o autor começa a constatar que as avionetas com o correio começam a ser mais espaçadas; o primeiro ferido em combate, um furriel que levou um tiro nas costas, e que foi helievacuado, em 13 de abril de 1973, o que prova que a nossa aviação continuou a voar depois de 25 de março de 1973, em que foi abatido o primeiro Fiat G-91 por um Strela, pilotadio pelo nosso grão-tabanqueiro Miguel Pessoa, hoje cor piçav ref.

(xxvii) Vai haver uma estrada alcatroada de Fulacunda a Gampará; e Fulacunda passa a ter artilharia  (obus 14); 

(xxviii) O "Dino"  faz 23 anos em 19 de maio de 1973; a 21, sai para Bissau, para ir de férias à Metrópole; um grupo de 10 camaradas alugam uma avioneta, civil, que fica por um conto e oitocentos escudos [equivalente hoje a 443 €].

(xxix) Num das suas cartas ou aerogramas, faz considerações sobre o clima, as chuvas; em 19/5/1973; vem de férias à Metrópole, com regresso marcado para o início de julho de 1973: regista com agrado o facto de o pai, biológico, ter trazido a sua tia e a sua avó ao aeroporto de Pedras Rubras para se despedirem dele.

(xxx) Vê, pela primeira vez, enfermeiras, brancas, paraquedistas; apercebe-se igualmente da guerra psicológica; queixa-se de a namorada não receber o correio; manda um texto para o jornal "O Século" que decide fazer circular pelo quartel e onde apela a uma maior união do pessoal da companhia, com críticas implícitas ao capitão Serrote por quem não morre de amores: na sequência disso, sente-se "perseguido" pelo seu comandante...

(xxxi) Vai de baixa médica para Bissau, mas não tem lugar no HM 241; passa o Natal de 73 e o Ano Novo de 1974 nos Adidos; conhece a "boite" Chez Toi onde vê atuar alguns elementos do grupo musical Pop Five Music Incoporated, a cumprir o serviço militar na Guiné;

(xxxii) Grande ataque, em 7/1/1974, ao quartel e tabanca de Fulacunda com canhões s/r, resultando danos materiais, feridos entre os militares e a população e a morte de uma criança.

(xxxiii) Faltam 5 meses para acabar a comissão... e há mais uma "crise" nas relações com a namorada;

(xxxiv) Em fevereiro de 1974, comunca à namorada que tem, já algum tempo, um pequeno negócio: venda de  uísque, tapetes, tabacos de marcas que não há na cantina, isqueiros Ronson, etc.

(xxxv) Neste período escreveu centenas de cartas, aerogramas e postais pra familiares, namorada e amigos; ele estima em mais de 800; possui a maioria delas pois pediu que as guardassem, e prometeu que  jamais as iria reler.
 
(xxxvi) Regressa  à vida civil em 26 de setembro de 1974.

(xxxvii) Casa-se, na  igreja paroquial de Figueiró, Amarante, no dia 6 de setembro de 1975,  com Maria Amélia Moreira Mendes; o casal tem hoje dois filhos do sexo masculino e uma neta.

(xxxviii) Ganha, entretanto, o primeiro prémio dum concurso televisivo da SIC (Paródia Nacional, 1997)

(xxxix) Em maio de 2005, estando  desempregado, aproveita para tirar um curso de utilização de computadores; volta a trabalhar em 2006 na mesma profissão, mas agora na reconstrução de automóveis clássicos, para a empresa Solitay Drivers.

(xl) No ano lectivo 89/90 fez o 6º ano no agrupamento de escolas Dr. Leonardo Coimbra na Lixa (curso nocturno); em  2005 concluiu o 9º ano de escolaridade através do CNO (Centro de Novas Oportunidades) na Associação Comercial de Amarante; e em 2009 completa o 12º ano, novamente através do CNO na escola secundária de Amarante, ano em que voltou a ficar desempregado.

(xli) Em 2007 publica o seu primeiro livro (poesia); depois um livro de ficção (o romance “Desertor 6520”, 2013) e, mais recentemente um livro de memórias ("O puto de Senradelas", 2023).

(xlii) Já escreveu dezenas de poemas, crónicas e artigos de opinião para o jornais da região; os primeiros textos que escreveu resumiam-se a algumas cartas e quadras que destruiu quando ele próprio ingressou na vida militar a 3 de janeiro de 1972; 
 
(xliii) Trabalhou e viveu em Amarante, residindo hoje na Lixa, Felgueiras, onde foi vizinho do nosso grã-tabanqueiro, o padre Mário da Lixa (1937-2022), ex-capelão em Mansoa (1967/68), com quem, de resto, colaborou  em iniciativas culturais, no Barracão da Cultura.

(xliv) Teve a iniciativa da criação, por volta de 2018,  do Bosque dos Avós na Serra do Marão (Aboadela, Amarante).

(xlv) Foi o autor da exposição fotodocumental "A Vida de Um Soldado",  Casa da Cultura Leonardo Coimbra (Lixa, Felgueiras, 29/11 - 31/12/ 2024),

(xlvi) Tem página no Facebook (desde setembro de 2017).

(xlvii)  É membro n.º 756 da nossa Tabanca Grande (desde 
 

Fontes consultadas:





 (Recolha, revisão / fixação de texto: LG)
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Nota do editor:

Último poste da série > 14 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26387: História de vida (53): Mário Gaspar ex-fur mil art, MA, CART 1659, "Zorba" (Gadamael e Ganturé, 1967/68), lapidador de diamantes reformado... mas começou por ser um "rapaz de Alhandra"

Guiné 61/74 - P26483: As nossas geografias emocionais (42): A Fulacunda do meu tempo (José Claudino da Silva, "Dino", ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART /BART 6520 / 72, Fulacunda, 1972/74) - Parte I

 

Foto nº 25A > O José Claudino da Silva, 1º cabo condutor auto,  â entrada da vila de Fulacunda, ao volante de um Unimog 411





Foto nº 9 e 9A > Fulacunda > Aquartelalmento > A "brigada da limpeza"


Foto nº 8B > Fulacunda > Parte do aquartelamento


Foto nº 4 > Fulacunda > Vista parcial da parada, foto tirada do fortim ou do depósito de água.



Foto nº 4A > Fulacunda > Pau da bandeira, parte da parada e edifício do comando e secretaria



Foto nº  7 > Fulacunda > Parte do aquartelamento... Vista do alto do fortim ou 
do depósito de água.


Foto nº 7A > Fulacunda > Capela


Foto nº 7B > Fulacunda > Caserna



Foto nº 5 >  Fulacunda > Exterior do aquartelamento


Foto nº  11   > Fulacunda > Aquartelamento > Casernas


Foto nº 11A > Fulacunda > Aquartelamento > Casernas, vista do alto do fortim do depósito de água.


Foto nº 8 >Fulacunda > Aquartelamento > Parada, vista do alto do fortim ou do depósito de água.


Foto nº 2 > Fulacunda > Exterior  do aquartelamento


Foto nº 12   > Fulacunda, Fortim > O Dino, de sentinela.

 ("O meu amigo fotógrafo andou comigo a tirar 'slides'. Ainda não sei bem o que é isso mas parece que são fotos de ver projectadas num lençol", escreveu ele em carta para a namorada).


Foto nº 10 > Fulacunda > Aquartelamento > Pau da bandeira, parada e caixote do lixo. Vê-se que é um quartel de construção recente, com aspeto impecável e recolha de lixo regular.


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª C/BART 6520/72, 1972/74)  >  s/d >  Fotos do álbum do José Claudino da Silva. Legendagem do editor, sujeita a revisão.


Fotos: © José Claudino da Silva  (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]



José Claudino da Silva,
 "chapeiro" em Amarante,
 agora escritor; é também o criador
do Bosque dos Avós,  na serra do Marão.

1. Fotos de Fulacunda: seleção de um lote de 36 fotos extraídas de "slides", tirados pelo fotógrafo da companhia. Enviadas pelo José Claudino da Silva, em 18 de janeiro passado. Sem legendas.


O José Claudino da Silva ("Dino", para os amigos) tem cerca de 6 dezenas de referências no nosso blogue para o qual entrou em 10/10/2017

(i) natural de Penafiel, começou a trabalhar aos 11 anos de idade, na construção civil;

(ii) residente em Amarante;

(iii) bate-chapas, reformado;

(iv) ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART /BART 6520 / 72, Fulacunda, 1972/74; 

(v) "self made man" ou "homem que se fez a si próprio", concluiu em  2009 o 12º ano   através das programa das "Novas Oportunidades";

(vi) escritor, é autor de três livros, um de poesia (2007) e outro de ficção (2016), e mais recentemente um outro, de memórias  da infância e adolescência ("O *uto de Senradelas",  2023);

(vii) membro nº 756 da nossa Tabanca Grande;  

(viii) é autor da novável série "Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva".


(Seleção, edição e legendagem das fotos: LG)
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sábado, 21 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26299: No 25 de Abril eu estava em... (35): Fulacunda, região de Quínara, chão biafada (José Claudino da Silva, ex-1º cabo cond auto, 3ª C/BART 6520/72, 1972/74): "entre a euforia e o receio"



Penafiel > Biblioteca Municipal > 15 de dezembro de 2023  > Apresentaçáo do último livro de José Claudino da Silva, "O Puto de Senradelas" (*).  O autor é natural de Penafiel, mas vive em Amarante. Assume publicamente que é filho de pai incógnito, e que foi criado com a avó, que vendia peixe, porta a porta, para sobreviver
... A mãe morreria cedo, em 1 de junho de 1974, estava ele  ainda no TO da Guiné.

"A minha mãe não teve meios de me criar e entregou-me à minha avó. Isso nunca impediu de a respeitar; orgulho-me da minha mãe. Sem ela, eu não estaria aqui. Só passei uma festa com a minha mãe: Foi o último Natal, antes de assentar praça. Ainda bem que o fiz!" (...)

Foto:  Cortesia dos Amigos da Biblioteca de Penafiel (com a devida vénia...) (Edição e legendagem:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, 2023)



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BART 6520/72 (1972/74) > 1973 > O José Claudino da Silva junto a cartaz de parede com os dizeres: "Páscoa Feliz, Os Serrotes, Fulacunda". "Serrotes", além de ser o nome de guerra da companhia, era também o título do "jornal de caserna", dirigido pelo alf mil Jorge Pinto, também nosso grão-tabanqueiro.

Foto: © José Claudino da Silva (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Na sua série "Ai, Dino, o que te fizeram!" (**)...,  o nosso grão-tabanqueiro José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74), não tem uma referência explícita ao dia 25 de Abril. A última carta, para a namorada [Amélia, sua futura esposa] , de que ele publicou uns excertos, era de março de 1974. Ora no dia 25 de Abril ele  ainda estava em Fulacunda, 

(...) Estou muito perto de terminar esta partilha confidencial de emoções que guardei, sem nunca ter intenção de divulgar. Entre o drama e a comédia, tentei dar-vos uma visão dum soldado que escreveu apenas por amor, num tempo de guerra.

A partir de março de 74, e talvez por influência da mãe e do irmão, a Amélia deixou de guardar o correio que lhe enviava. Embora eu continuasse a escrever, já não o fazia tão assiduamente.

No meu mapa, não está marcado que tenha escrito, por exemplo, no dia 25 de Abril de 1974. Sei que festejei esse acontecimento em Fulacunda mas não me lembro como foi.

Ora, como é lógico, e partindo do princípio que me norteou, não quero citar nada que não possa provar. Contudo, mesmo assim, ainda consegui reaver alguma correspondência sem grande relevância, exceto a última que escrevi. Esta última carta tem 12 páginas que perfazem um total aproximado de 2700 palavras. (...) (*)



2, Excertos  de uma entrevista, que deu há 8 meses, ao "Amarante Magzine", edição de 24 de abril de 2024 (e aqui reproduzidos com a devida vénia):


Claudino Silva: no 25 de Abril senti euforia, mas também receio




(,,,) José Claudino da Silva nasceu em Penafiel em 1950. Serviu nas forças armadas portuguesas entre 1972 e 1974, em Fulacunda, na então Guiné Portuguesa. 

Chapeiro automóvel de profissão, entretanto passado à reforma, é conhecido e reconhecido em Amarante pela fundação do Bosque dos Avós, um projeto de reflorestação lançado em 2018, em terrenos dos Baldios de Aboadela, na Serra do Marão. É autor de vários livros, nomeadamente “O puto de Senradelas – Um Percurso ao Acaso”, apresentado em Amarante em janeiro deste ano.

Numa manhã que despontava com a promessa de mudança, o 1º cabo condutor José Claudino da Silva acordou com uma notícia que lhe despertou um turbilhão de emoções. A 25 de abril de 1974, enquanto o mundo ainda dormia, uma revolta militar eclodia em Lisboa, ecoando até ao coração da então Guiné Portuguesa, onde se encontrava ao serviço da 3ª Companhia do Batalhão 6520 de 1972.

“Confesso que senti uma grande euforia, de que tudo acabara para mim, mas não sem uma sombra de receio”, afirmou a Amarante Magazine. 

Aos 74 anos, este antigo chapeiro automóvel de Penafiel recorda-se bem daquele dia, numa altura em que enfrentava represálias por ter expressado críticas às chefias militares numa publicação interna, editada em finais de 1973.

O medo de retaliação por mostrar contentamento com a revolta era palpável, recorda. “Outras tentativas de revolta, anteriores ao 25 de abril de 1974, fracassaram. E naquela altura estava a ser castigado pelas minhas palavras“, frisa.

Aquele já era um tempo de abalar convicções para o jovem cabo que, no início da sua carreira, se considerava um “militarista”, crente nas razões que o levaram a Fulacunda, bem no interior da Guiné. “Fui para lá convencido que ia defender Portugal”, recorda. (...)


Após o assassinato de Amílcar Cabral, em 20 de janeiro de 1973, e oito meses mais tarde, com a declaração unilateral da independêrncia, em 24 de setembro, o nosso "Dino" começa a ter dúvidas, conforme confessa ao jornalista: 
 
 (...) “Houve uma altura em que comecei a questionar a legitimidade da nossa presença na Guiné, quando vivíamos cercados por arame farpado, num país reconhecido e independente”.

Em 11 de junho de 1974, Claudino da Silva regressou antecipadamenet a Portugal por motivo da morte da sua mãe. Já chegaria tarde para o enterreno: ela tinha morrido no dia 1 (*): 

  (...) “Deixei a minha G3 num canto da cantina [ na altura ele era o cantineiro] e trouxe comigo apenas o essencial: a farda, fotografias, algum dinheiro e as cartas da minha namorada. (...)  Só quando chego a Lisboa é que finalmente percebo que [a guerra] acabou para mim, que já não havia volta a dar”.

Na entrevista dada ao semanário Amarante Magazine, confidenciou que , durante a sua comissão de dois anos, escreveu perto de um milhar de cartas, na sua grande maioria para  a namorada, mas também para a família e amigos. Essa correspondência foi por ele listada e organizada.  Esses e outros escritos (em parte já publicados no nosso blogue), a par do seu álbum de 160 fotografias,  poderão estar na base de um futuro livro com as suas memórias da tropa e da guerra.(***)
 
(...) "Tudo isto é um legado para a minha neta, para que fique a saber quem era o avô e o que ele passou. (...)  Ao longo destes 50 anos, vivi tantas vicissitudes. Nasci e cresci numa condição humilde, mas sempre em evolução. E ainda continuo a evoluir, graças ao 25 de abril de 1974”. (****)

(Seleção, revisão / fixação de texto, negritos e itálicos, parênteses retos:  LG) 

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26293: Agenda cultural (875): "A Vida de Um Soldado", Casa da Cultura Leonardo Coimbra, Lixa,, de 29/11 a 31/12/2024, Exposição de José Claudino da Silva, "Dino" ( ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)


Cartaz da Exposição fotodocumental do nosso camarada e grão-tabanqueiro, José Claudino da Silva [é autor da série "Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) ", de que se publicaram mais de 70 postes; é membro da Tabanca Grande desde 18/10/2017; tem mais 55 referências no blogue; nascido em Penafiel, em 1950; reside em Amarante; tem livros publicados e página no Facebook ]
















"A Vida de Um Soldado", Casa da Cultura Leonardo Coimbra, Lixa,, de 29/11 a 31/12/2024, Algumas imagens da Exposição do José Claudino da Silva, "Dino", que ainda pode ser vista até ao fim do ano.


Fotos (e legenda): © José Claudino da Silva (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso "Dino",com com data de 19/12/2024, 12:45

"Olá. Tenho patente até ao fim do ano uma exposição de fotos,  cartas,  postais e vários documentos sobre a guerra colonial, na Casa da Cultura da Lixa, Felgueiras.

"Poucos a visitam. Porém, a guerra vista por um soldado é completamente diferente da que vê um general."

2. Comentário do editor LG:

Parabéns, Dino. Uma amiga comum, aí da Lixa,  já me tinha falado da tua exposição, Vou aí ao Norte pelo Natal mas não vou poder dar aí um salto à Lixa. Um feliz Natal para ti e os teus. Fica feita a "prova de vida". Fico a aguardar a tua prometida seleção das tuas 160 fotos, as que puderes e quiseres partilhar, no blogue, com os teus camaradas da Guiné. Um alfabravo fraterno,  Luís Graça.

3. Sobre a Casa da Cultura Leonardo Coimbra (Rua 25 de Abril, Vila Cova de Lixa, Felgueiras | telef 255 490 922

"Casa onde nasceu o ilustre felgueirense Leonardo Coimbra (1883-1936), um dos maiores vultos da filosofia portuguesa. Poderá conhecer a sua obra e visitar a exposição permanente a ele dedicada.

"Aqui funciona uma extensão da Biblioteca Municipal de Felgueiras."