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sexta-feira, 1 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23132: Manuscrito(s) (Luís Graça) (209): O (futuro) museu nacional da guerra colonial...


Típico grafito dos "bunkers" da Guiné... Imagem (e legenda): LG (2019)


1. O museu nacional da guerra colonial

por Luís Graça

Um dia até as pombas da paz do Picasso repousarão
no museu da guerra,
em relicários, de aço,
mais as moscas, regressadas dos campos de batalha,
das  bolanhas, das chanas, das savanas, das florestas-galeria
de além-mar em África.
As moscas, e os mosquitos,  espetados em alfinetes lá ficarão  
nos respetivos mo(n)struários.

No museu nacional  da guerra colonial 
só haverá mo(n)struários.

Agora elevadas à categoria de artefacto cultural,
as moscas, exangues. cobertas de terra verde-rubra,
mais a merda das moscas, liofilizada,
como os grelos e o bacalhau que comias na noite de Natal.

No Norte do teu pais,  onde há gente decente, 
diz-se: "Com a sua licença, a merda".

Um dia ouviste o senhor comandante do teu batalhão,
veterano da guerra da Guiné
e especialista em águas minerais,
dizer, enquanto beberricava o seu uísque com água de Perrier,
"Chiça!, sempre mais vale uma mosca na sopa
do que um míssil na messe de oficiais".

A tua não foi uma guerra tamanha, foi tacanha,
de baixa intensidade, 
escreveu o escriba do jornal
agora promovido a historiador oficial.

Eh!, pá, não viste mísseis hipersónicos a cruzar o Geba ou o Corubal,
o Cacheu, o Mansoa,o rio Grande de Buba, o Cumbijã, o Cacine,
mas milhões de insetos caíam-te na sopa.

Salgada, a sopa, da água da bolanha, fria, 
desconsolada, a saber a ferro, 
boa para  a anemia.

A responder-lhe, ao veterano,
seria com a célebre frase de um general prussiano
(um general das guerras napoleónicas,
ainda por cima prussiano,
sempre é mais ovoestrelado
do que um tenente coronel do exército colonial):
"A guerra não é mais do que a continuação da política de Estado
por outros meios".
Fim de citação, ponto final,
... e siga a Marinha até ao Terreiro do Paço.

Dizia-se que era o mais longe onde se podia ir,
para não haver derrapagens no orçamento militar.

De megafone em punho,  à laia de baioneta,
ouvirás o guia-mor do museu,
herói, deficiente, maneta, 
o olhar baço, o peito ainda ardente,
a falar-te da arte e da ciência da guerra.
E da importância que era devida aos detalhes de barba do combatente 
mesmo nos felizes e alegres dias da paz.

Lá estava o aviso exposto na tua camarata:
"Mais vale perder um minuto na vida,
do que a vida num minuto".

Nunca chegaste a perceber
por que razão é que o soldado tinha que ser tosquiado,
como o cordeiro da Páscoa.
Dizia o cronista-mor do reino,
que fez a cobertura mediática do desastre de Alcácer Quibir,
que era para ir ao encontro da deusa da morte, 
devidamente ataviado.

Rebobinando o filme da história desta guerra 
(e afinal de todas as guerras),
vê-se que  faltou sempre a visão do todo
ao marechal de campo,
visão que só podia ser major do que a soma dos detalhes.

A única filosofia de vida que tu, soldado, ouviste na tropa,
for ao teu tenente de instrução de especialidade,
era simples e prática, e não rimava com liberdade:
que a merda era o adubo... da vida, blá-blá;
que era fazendo merda, que tu aprendias, blá-blá.

E sobretudo nunca te devias esquecer
que era com a merda dos grandes, cá,
que os pequenos se afogavam, lá.

À quinta feira (seria ?, que importa o dia!),
depois da feira do gado bovino,
fazia-te, a ti e à malta do pelotão, rastejar na bosta,
enquanto ele namorava com a sopeira do capitão,
debaixo da janela, bem aparadas as patilhas
e perfumadas as virilhas.

É por isso que  ainda hoje não gostas... de xarém,
as papas de milho com conquilhas,
muito menos à moda de Tavira.

Na tropa-do-um-dois-três-e-troca-o-passo,
do vira do Minho a Timor,
nunca soubeste onde ficava o Norte.
Nem nunca soubeste pôr ao pescoço o baraço
para te enforcares no pau da bandeira.
Ou saltar o galho com garbo
ou fazer um manguito de bravata,
nem fazer o nó à gravata,
nem onde pôr a mão esquerda,
nem o ombro arma,
a arma no ombro
ou o ombro na arma
e muito menos, porra!,  ajustar o amuleto da sorte, 
ao peito.
Pior: não sabias sequer a letra do hino,
de cor e salteado
 nem tão pouco fazer o pino.

...Mas nem por isso te chumbaram, desgraçado,
que a pátria te chamava  e tinha pressa.

Depois um dia, no meio da guerra,
quiseram mandar-te para a psiquiatria,
o que era estranho, porque o Erre-Dê-Éme
em todo o seu articulado,
não previa a figura do inimputável
nem a do cacimbado
ou do apanhado do clima
"Deem-lhe um valium dez,
metem-no numa camisa de forças",
gritou o comandante das tropas em parada
ao médico, amável,
ao enfermeiro, calado que nem um rato,
ao maqueiro, rapaz cortês,
e merda para todos os três.

"Sempre era mais cómodo e barato
do que embrulhá-lo em papel selado!"

Deficiente das forças armadas,
prometeram-te depois um mundo melhor,
protésico e radioativo, 
com escudo de proteção,
sem armas de arremesso,
seguro contra todos os riscos e outras tretas:
só não te disseram o preço.

"Não, muito obrigado,
mais vale andar neste mundo em muletas
que do no outro em carretas".

Procuravas, além disso, uma mão...
Sim, a direita, com cinco dedos,
disposta a ajudar o teu pobre braço.
Esquerdo, sinistro, decepado.
 
Davam-se alvíssaras 
a quem salvasse o império,
tu deste o braço.

Morrer eras quando tu chegavas um beco sem saída
e não tinhas um kit de salvação.
Morrer em Nhabijões,
em Madina do Boé,
em Gandembel,
em Mampatá,
na Ponta do Inglês,
em Gadamael
ou em Missirá
... ou no Pilão, numa cena canalha,
tanto te fazia.
A morte não tinha SPM como os aerogramas da Cilinha,
e só morria quem não tem estrelinha,
que a sorte protegia os audazes
e quem morria, morria de vez,
e queria mortalha.

O mesmo era dizer: 
que o deixassem finalmente em paz!


A vida com a morte se (a)pagava.
Havia sempre moscas 
à espera do teu cadáver, prometido e adiado,
E jagudis, e formigas bagabaga, e um dia aziago,
E um primeiro sorja da CCS que te punha os pontos nos ii.
E um capelão que te fechava os olhos,
com extrema unção e a devida compaixão, divina,
e missa simples, sem cantorias nem  sermão.
E um coveiro que te pregava as tábuas do caixão.
E como a viagem era longa até casa,
ias hermeticamente fechadom
não fosse o diabo tecê-las!

"Não perturbem, do defunto, o sono eterno!",
podia ser o teu epitáfio.

A prática, diziam-te, levava à perfeição,
exceto no jogo da roleta russa
que jogavas nas picadas da Guiné,
a G3 contra a Kalash,
a pica contra o fornilho,
o pé contra a mina APê, 
o coiro, encardido, contra o Erre-Pê-Gê Sete,
russo ou chinês, do internacionalismo proletário!
Por isso tu vivias cada dia,
como se aquele fosse o único que te restasse
no calendário de parede, no teu abrigo,
grafitado com gajas nuas.
E muitos traços, em conjuntos de sete,
marcando a eternidade de uma semana.

Ah! E os órgãos de Estaline, não te esqueças,
dos órgãos, mesmo que hoje já estejam embalsamados
lá no mausoléu.
 
Cada dia era o primeiro,
o único, o original, o irrepetivel,
no jogo da vida e da morte!
E antes de rezar as matinas,
as mãos erguidas ao céu,
fazias o teste do dedo grande do pé esquerdo,
o do joanete,
o dos calos,
o das bolhas,
o da unha encravada,
o das matacanhas,
o das pisadelas,
o mais azarento,
o rebenta-minas!

Lembras-te, ó Marquês, sem acento circunflexo ?!

Não sabias se o pintor de Guernica
(ou Gernika, que o topónimo era basco
),
gostaria de ter conhecido Adão e Eva no Paraíso, em pelota,
pobres amantes.
Ou a Terra Prometida quando era rica,
e era sempre primavera, nunca inverno,
e nela corria então o leite e o mel,
mais o ouro,  o petróleo e os diamantes.

Afinal, todos os pintores preferem fazer batota,
querendo entrar no céu
e pintando o inferno.


Não, afinal, nunca chegaste  a conhecer, em vida,  
nenhum museu da paz, 
apenas o desta guerra, ao vivo e a cores,
e que não tinha cenários de opereta:
as balas eram de puro aço ,
e as bombas não eram treta.
Também sempre detestastes  as pombas 
que te cagavam a varanda e a janela,
e muito menos eras fã do Picasso.

Camarada: que a terra da tua Pátria, ao menos, te tenha sido  leve!
Sit tibi terra levis!, 
como já diziam os soldados romanos
que te colonizaram.
 

3 out 2012 (*). Revisto, 21 de março de 2022, dia mundial da poesia (**)



Guernica, de Picasso, 1937. Óleo sobre tela, 349 cm × 776 cm. Museu Rainha Sofia, Madrid, Espanha... Imagem do domínio público: Cortesia da Wikipedia.]


2. Comentário do nosso editor:

Já há, no nosso país, um Museu da Guerra Colonial, que eu por acaso ainda não visitei. Fica em Vila Nova de Famalicão, terra de alguns dos nossos grã-tabanqueiros, como a Rosa Serra ou o Joaquim Costa.

Mas é uma museu municipal... Nasceu, segundo se lê no sítio, no ano de 1999, através de uma parceria entre o município de Vila Nova de Famalicão, a ADFA (Associação dos Deficientes das Forças Armadas) e a AlfaCoop (Externato Infante D. Henrique de Ruilhe). Teve por base um projeto pedagógico intitulado "Guerra Colonial, uma história por contar"-

Oferece ao visitante uma exposição permanente que pretende retratar o itinerário do combatente português na Guerra Colonial (1961-1974), atrvés de áreas temáticas como: O Embarque; O Dia-a-Dia; As Operações Militares; Os Nativos; A Ação Social e Psicológica; A Religiosidade; Os Horrores da Guerra; A Morte; A Correspondência e as Madrinhas de Guerra.

Pormenor importante: todo o acervo museológico foi cedido ou doado por antigos combatentes ou seus familiares, por delegações da ADFA e pelos vários ramos das Forças Armadas Portuguesas.

Mas, segundo (in)confidências de círculos próximos da senhora ministra da defesa nacional, este museu pode vir a ser "nacionalizado", e passando a ser apenas um polo regional de um projeto museológico muito mais vasto e ambicioso, de âmbito nacional, com várias parcerias: museu do exército, museu da marinha, museu do ar (FAP), arquivo histórico-militar, academia militar, universidades... O projecto integrar-se-ia nas Comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril.

Questão delicada e que divide os potenciais promotores é a sua designação: Museu Nacional da Guerra do Ultramar, Museu Nacional da Guerra de África ou Museu Nacional da Guerra Colonial ?


Interessante parece ser a ideia, do ministério da defesa nacional, de tentar salvar e recuperar as páginas e os blogues mantidos por antigos combatentes na Internet. Mas tudo isto ainda está no segredo dos deuses (ou das deusas)...
_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 3 deoutubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10475: Blogpoesia (306): S. T. T. L., Sit tibi terra levis!... Que a terra da tua Pátria, ao menos, te seja leve!.. (Luís Graça)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12675: Direito à indignação (9): A (des)propósito do livro "Guerra Colonial: uma história por contar"...que esteve na origem da criação do Museu da Guerra Colonial, em Vila Nova de Famalicão (Beja Santos / Carlos Vinhal / José Manuel M. Dinis / José Martins / A. Eduardo Ferreira / Fernando Gouveia / António J. Pereira da Costa / Alberto Branquinho / C. Martins)



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Guiné-Bissau > região de Quínara > Empada > 19 Abril de 200 6 > 15º dia da viagem Porto-Bissau >   Visita a uma escola de ensino básico > Fotos do álbum dio Hugo Costa, filho do  Albano Costa, dois dos nossos grã-tabanqueiros. É caso para perguntar:  (i) o que contam os guineenses (pais e professores) aos seus filhos,  netos e bisnetos  sobre a história da "guerra de libertação" ?, e (ii) e nós, pais, encarregados de educação e professores, aqui em Portugal, o que contamos aos nossos  filhos, netos e bisnetos sobre o que foi a "guerra do ultramar/guerra colonial" ?

Fotos: © Hugo Costa (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legenda: L.G.]


1. Comentários ao poste P12669 (*),  e a (des)propósito do livrinho "Guerra Colonial: uma história por contar"...


(i) Carlos Esteves Vinhal:

Fiz algumas pesquisas na internete, inclusive na página dos Especialistas da BA12, encontrando apenas leves referências a um ataque à Base Aérea em 19 de Fevereiro de 1968. Não encontrei registos de vítimas, o que não quer dizer que não houvesse, mas por não serem do Exército não fazem parte Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África, editada pelo Estado-Maior.

Que eu tenha conhecimento, houve mais dois ataques a Bissau, um em 9 de Junho de 1971 e outro em Março de 1972.

Agradece-se toda e qualquer colaboração para completo esclarecimento do ataque a Bissalanca, ocorrido em 19 de Fevereiro de 1968. Quantos mortos e de que Arma.

Carlos Vinhal, co-editor

(ii) José Manuel Matos Dinis

Aqui temos um bom exemplo de irresponsabilidade. Um determinado presidente de uma Câmara Municipal decide patrocinar um folheto informativo sobre "estórias" da guerra colonial, para memória colectiva dos feitos portugueses. 

Um professor, sabe-se lá com que formação, recolhe os testemunhos que os pais dos alunos lhe apresentaram, sem cuidar de confirmar os relatos, e os pais das crianças, quais heróis de bancada, vão de se candidatar à admiração pública com relatos que dificilmente traduzem realidades (com excepção do acidente com a granada), ou são mentirosos na dimensão relatada (como o do ataque à base IN, já que o do relato da entrega da mensagem noutra base aérea revela alguma baralhação).

Isto é do piorio que pode acontecer a uma sociedade, e questiono, se os relatos foram para traumatizar as criancinhas? as mães e mulheres de antigos combatentes? ou para suavizar a imagem de um alucinado, ou prepotente autarca? Sobre o professor, nossa senhora, deve entrar rapidamente em retiro espiritual pelo mal que ajuda a causar à Nação.

Abraços fraternos, JD

(iii) José Marcelino Martins

Muito provavelmente, este "autor" inspirou-se nas histórias que o Correio da Manhã deu ou dá à estampa (em pelo menos deixei de ler), na revista domingueira.

Não sei se ainda continua a publicar. Eu deixei de ler porque tinha de, no caso da Guiné, corrigir muitas das "verdades adquiridas" e publicadas.

Conto apenas um caso: o General Spinola deslocou-se, em heli, a um aquartelamento no interior para, no dia seguinre a uma operação, condecorar com a Medalha da Cruz de Guerra, um militar que se havia notabilizado na operação do dia anterior.

Este episódio passou-se em 1967 quando o ComChefe ainda não tinha sido nomeado para a Guiné, o que aonteceu em Abril ou Maio 1968.

(iv)  António Eduardo Ferreira:

Se não fosse esta estória existir numa biblioteca onde seria suposto encontrar informação fidedigna, dava vontade de rir...
-Junto ao Senegal, num quartel general, um pelotão da nossa tropa despachou milhares de inimigos.


(v)  Fernando Gouveia:


Continuam a dar crédito a irresponsáveis da escrita.
Nessas datas não houve ataques a Bissalanca e muito menos à "minha" Bafata.

 (vi) António J. Pereira da Costa:

Olá, Camaradas:

Agora é que é caso para dizer "milhares de mortos" feitos por um só pelotão... F***-se! Caganda vitória!
Desculpem, mas passei-me dos carretos.
Um Ab.
 
(vii) Alberto Branquinho:


Póis é!!!

Há heróis do caraças!!
Que seja pelas alminhas do purgatório!
Muitas destas e... está feita HISTÓRIA!


(viii) C. Martins

Quando os gajos do IN souberam que eu tinha chegado à Guiné... ficaram todos "borrados".

Uma vez com um só tiro de obus "limpei" 4000 "turras", 30 gazelas,50 macacos, 3 rinocerontes e uma vaca que andava a monte, julgo que sofria de melancolia.

Levei uma "porrada" por tal feito... e fui avisado para não repetir a gracinha porque assim não só acabava com a guerra em três tempos como dizimava a fauna autóctone.

O que escrevi merece a mesma credibilidade da "história por contar"..

O mundo está cheio de "mentirosos compulsivos" e imbecis que infelizmente existem entre ex-combatentes ou pseudo-combatentes e normalmente são estes que dão esta triste imagem. Lamentável. (**)

 ______________

Notas do editor:

(*)  Vd., poste de 3 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12669: Notas de leitura (559): "Guerra Colonial - Uma História por contar", edição da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Externato Infante D. Henrique (Mário Beja Santos)

(...) Queridos amigos, é de todos sabido que o silêncio ou indiferença perante uma patranha de contornos revoltantes é manifestação de cobardia ou de espírito acomodatício a quem conhece o fundo e a forma da realidade infamada. O assunto que vos ponho à reflexão é de como agir e denunciar uma declaração ignóbil, daquelas que serve de rastilho para olhar com preconceito o que foi a vida de um combatente em África.
A indignação, por si só, não leva a ponto nenhum. O que talvez fosse útil debater é como agir perante uma barbaridade como aquela que aqui vos conto. (...)

(**) Ver postes anteriores da série:

24 de outubro de  2009 >  Guiné 63/74 - P5149: Direito à indignação (8): Fomos forçados como presidiários a cumprir pena no degredo (Jorge Teixeira/Portojo)

(...) Tropa, quer dizer Forças Armadas Portuguesas. E cada vez me repugna mais dizer ou escrever estas palavras "Forças Armadas Portuguesas". (...)


(...) Coincidindo com o mês de pagamento do Acréscimo Vitalício de Pensão, bem como do Suplemento Especial de Pensão, a todos os antigos combatentes que estiveram em condições especiais de dificuldade ou perigo, a quase totalidade dos combatentes mobilizados para a Guiné, verificou ser afectada em parte daqueles pagamentos. Mas não só, outros combatentes estão privados de qualquer daquelas verbas. (...)

18 de outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5129: Direito à indignação (6): As míseras migalhas que os comensais da mesa estatal deixam cair (Jorge Picado)

(...) Sobre o tema corrente das míseras migalhas que os comensais da mesa estatal deixam cair, a uns pobres diabos que teimam em não deixar este mundo, o que muito aliviaria as suas (desses comensais subentenda-se) consciências, resultantes dessa obra prima que foi a excelsa Lei n.º 9/2002, eis algumas considerações que resolvi exprimir tendo por base o meu caso. (...)

16 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5115: Direito à indignação (5): O CEP foi transformado em SEP... e os ex-combatentes da Guiné recebem cada vez menos (Júlio Ferreira)

(...) Conforme a nova lei, aprovada em Janeiro último, o Complemento Especial de Pensão (CEP), previsto na Lei 9/2002 de 11 de Fevereiro, foi transformado pela Lei 3/2009 de 13 de Janeiro, em Suplemento Especial de Pensão (SEP). Ou seja mudaram o nome, para nos escamotearem mais alguns Euros. (...)

15 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5108: Direito à Indignação (4): Abaixo de cão, isto é uma vergonha (Fernando Chapouto)

(...) Pessoalmente, considero que todos fomos Heróis, pois, da melhor ou da pior maneira, conseguimos ultrapassar os sacrifícios que nos foram impostos, por vezes em condições adversas inimagináveis. Acima de tudo sobrevivemos, apesar de muitos de nós ainda hoje sofrerem de subsequentes terríveis mazelas. (...)

13 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5103: Direito à Indignação (3): Abaixo de cão, isto é uma vergonha (Eduardo Campos)

(...) Estou chocado, mas não surpreendido, pois nós, os ex-Combatentes, sempre fomos tratados abaixo de cão pelos governantes deste país. Estou reformado à 4 anos e o primeiro valor que recebi do Suplemento Especial de Pensão - Antigos Combatentes foi de 168,00 €, em 2008 a quantia subiu uns Euros para 176,49 € (ver carta em anexo) e em 2009 (carta também em anexo) desceu para uns míseros 150,00 €. (...)

10 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5093: Direito à indignação (2): Quem se preocupa com a situação dos antigos combatentes? (Liga dos Combatentes / Magalhães Ribeiro)

(...) Camaradas, é com o título em epígrafe, que a revista “Combatente”, Edição 349 de Setembro de 2009, propriedade da Liga de Combatentes, em completa página 5, revela uma carta que foi endereçada a todos os partidos políticos nacionais. (...)

7 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5072: Direito à indignação (1): Abaixo de cão, isto é uma vergonha! (Mário Pinto)

(...) Acabo de receber uma carta da Segurança Social, que me informa sobre o suplemento especial de pensão, que mereço como ex-Combatente desta Lusa Pátria. Fiquei estupefacto pelo modo de cálculo para a sua atribuição, dado que o mesmo me corta, e creio que a todos os Camaradas em geral, em relação ao ano anterior, cerca de 50% do valor recebido. Isto é uma injustiça indigna e revoltante de todo o tamanho, que nos é prestada pelos nossos (des)governantes em relação a nós - Veteranos de Guerra. (...)

terça-feira, 21 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11606: Agenda cultural (274): Fafe e a guerra colonial: exposição "Guerra colonial, uma história por contar", que decorreu de 5 a 19 de abril de 2013 - Parte II (Jaime Bonifácio Marques da Silva)














1. A exposição itinerante “Guerra Colonial, uma história por contar” do Museu da  Guerra Colonial, de Vila Nova de Famalicão,  foi destinada ao público em geral e aos professores e alunos da região, em particular.

O Museu da Guerra Colonial, cujos antecedentes remontam ao ano letivo de 1989/90, e a um projeto pedagógico-didático levado a cabo por proprofessores e alunos do concelho de Vila Nova de Famalição, está sediado em Ribeirão, Vila Nova de Famalicão.  Resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, a Associação dos  Deficientes das Forças Armadas (ADFA) e o Externato Infante D. Henrique, em Ruilhe, Braga. È seu diretor científico o prof José Manuel Lages, um estudioso apaixonado da guerra colonial, minhoto de Viana do Castelo, mas que todavia não foi combatente. (Presumo que seja hoje homem na casa dos 59/60 anos).

Neste poste mostramos, em imagens, as 12 secções (ou paineis temáticos), sob as quais estava organizada esta exposição, da responsabildiade científica do Museu da Guerra Colonial e em cujo sítio oficial se lê:

"O Museu está organizado segundo temas que assentam naquilo a que chamamos 'o itinerário do combatente na guerra colonial' e tem um perfil pedagógico de informação histórica e cultural para as gerações do pós guerra e para o público em geral com a intenção de preencher uma lacuna sobre este período recente da História de Portugal."
_____________

Nota do editor:

(*) Últuimo poste da série > 21 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11605: Agenda cultural (273): Fafe e a guerra colonial: exposição "Guerra colonial, uma história por contar", que decorreu de 5 a 19 de abril de 2013 - Parte I (Jaime Bonifácio Marques da Silva)

Guiné 63/74 - P11605: Agenda cultural (273): Fafe e a guerra colonial: exposição "Guerra colonial, uma história por contar", que decorreu de 5 a 19 de abril de 2013 - Parte I (Jaime Bonifácio Marques da Silva)




Reprodução do folheto 

Transcrição da última parte do folheto


GUERRA COLONIAL, UMA HISTÒRIA POR CONTAR 

Treze anos de guerra… uma geração de jovens que 
viveram, sofreram e deram as suas vidas na convicção 
de defender a pátria perante um inimigo que pretendia 
retirar-nos as “províncias de além-mar”ccomo parte 
integrante do território português. 

Treze anos que são as sementes para que fosse 
possível “abril e a sua revolução" e seja uma página 
recente da nossa história contemporânea que urge 
presevrvar, manter e divulgar. 

O projeto “Guerra colonial, uma história por contar” é 
o resultado de uma parceria entre a Câmara Municipal 
de Vila Nova de Famalicão, a Associação dos 
Deficientes das Forças Armadas (ADFA) e o Externato 
Infante D. Henrique / Alfacoop de Ruilhe em Braga [que] 
decidiram abrir o “baú da guerra”. 

A ousadia de mexer nas memórias da guerra, umas 
vezes intencionalmente esquecidas, outras 
compulsivamente recalcadas, cedo começou a dar frutos. 
O espaço onde cresceu tornou-se pequeno e a “guerra 
colonial, uma história por contar” concretizou-se numa 
verdadeira “pedagogia da paz”. 

Para que o “baú da guerra” não se voltasse a fechar, 
encerrando com ele memórias, sentimentos e 
testemunhos de uma página recente da nossa história, 
os promotores deste projeto criaram este museu que 
permitirá dar a conhecer o itinerário do combatente 
português, preservar as memórias desta guerra e 
divulgar a todos, especialmete os jovens, o contexto 
da guerra colonial portuguesa de 1960 a 1974.

O diretor científico do Museu da Guerra Colonial 

Dr. José Manuel Lages


1. O meu amigo e conterrâneo Jaime Bonifácio Marques da Silva, natural do Seixal, licenciado em ciências do desporto, professor de educação física reformado, antigo vereador da cultura da Câmara Municipal de Fafe, ex-alf mil paraquedista, BCP 21 (Angola, 1970/72), grande dinamizador de iniciativas ligadas à preservação da memória dos antigos combatentes da guerra colonial (nomeadamente em Fafe e na Lourinhã), mandou-me o folheto informativo da exposição que se realizou em Fafe, no passado mês de abril de 2013, e que marcou o início de um conjunto de iniciativas que aquele município nortenho está a levar a cabo, no âmbito das comemorações dos 50 anos da guerra colonial (*).

A exposição itinerante “Guerra Colonial, uma história por contar”, da responsabilidade do Museu da  Guerra Colonial, de Vila Nova de Famalicão,  foi destinada ao público em geral e aos professores e alunos da região, em particular.

Num próximo poste mostraremos, em imagens, as 12 secções(ou paineis temáticos), sob as quais estava organizada esta exposição, de inegável valia didática e pedagógica. Outras iniciativas estão já na forja como me informou o meu amigo Jaime:

"Quanto a Fafe: O coronel [Matos Gomes] esteve cá e fizemos a primeira exposição.  Depois das eleições autárquicas voltamos ao tema com a realização de um curso de História Local dedicado à Guerra Colonial Vou enviar-te o desdobrável da exposição (...)". (**)

Em resposta transmite-lhe a minha opinião e convidei-o, mais uma vez, a integrar a nossa Tabanca Grande:

(...)"É um excelente exemplo do que se pode fazer, em muitas das nossas terras, para que a guerra colonial não seja rapidamente esquecida por nós e completamente ignorada pelas novas gerações, O poste vai em teu nome (e está na altura de aceitares o meu convite para integrares, de pleno direito, a nossa Tabanca Grande: já fizeste mais pela Guiné e pelo nosso dever de memória do que muitos dos que lá estiveram e que estão aqui inscritos...)".

Recorde-se a notável e original exposição que o Jaime organizou, em 2009,  na sua terra natal, Seixal, Lourinhã, evocativa da participação de todos os seixalenses (cerca de 4 dezenas) na guerra colonial, entre 1961 e 1974. (LG)

quarta-feira, 20 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11284: Convite (11): Museu da Guerra Colonial, a visitar em Ribeirão, Vila Nova de Famalicão (António Teixeira)



1. Mensagem do nosso camarada António Teixeira (ex-Alf Mil da CCAÇ 3459/BCAÇ 3863 - Teixeira Pinto, e CCAÇ 6 - Bedanda; 1971/73) com data de 15 de Março, dando-nos a conhecer o Museu da Guerra Colonial situado em Ribeirão - Vila Nova de Famalicão:

Caro Carlos Vinhal
Com pedido de publicação
Grande abraço,
Antonio Henrique Teixeira




MGC - Museu da Guerra Colonial

No ùltimo encontro de Bedandenses do Norte que realizamos perto de Famalicão, tivemos a grata surpresa de sermos presenteados por um dos anfitriões, o ex-Fur. Miliciano José Augusto Carvalho, a este espaço fantástico que dá pelo nome de "Museu da Guerra Colonial".

Trata-se de um espaço que continua em constante transformação e que evoca através de diversos temas o que foi a presença portuguesa na chamada guerra de Africa. E tudo isto graças à carolice e boa vontade de uns poucos, que como nós, calcaram aquele chão.

Para além do material já exposto, este Museu tem também mantido um papel fundamental na divulgação daquilo que foi a nossa presença em Àfrica, sobretudo junto das gerações mais novas, que frequentemente em grupos escolares o visitam.

O Museu fica bem perto de Famalicão, na estrada que une esta cidade à Trofa, num local que se chama "Lago Discount", em Ribeirão. Logo à entrada, a presença imponente de uma "Panhard", como podem ver na foto abaixo, que em breve terá a companhia de um "Alouette" (O lugar já lá está reservado).

Quero aqui manifestar o meu reconhecimento a estes verdadeiros "entusiastas", que praticamente sem apoio algum, e sobretudo sem apoio oficial, tanto têm lutado para manter este espaço vivo e em constante evolução. Bem hajam.

Não quero colocar o nome aqui seja de quem for, pois corria o risco de me esquecer de alguém, o que seria uma grande injustiça. Fica no entanto o apelo para todos frequentam este blogue que quando passarem por aquelas bandas, façam uma visita porque garanto-vos que vão apreciar.

Junto algumas fotos do local.

Um grande abraço a todos
António Henrique Teixeira

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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 23 DE AGOSTO DE 2011 > Guiné 63/74 - P8700: Convite (10): Os ex-combatentes, as alcunhas e as suas origens, no Programa da Manhã da TVI, dia 25 de Agosto de 2011