sábado, 8 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16577: Vídeos da guerra (13): Documentário "Cartas da Guerra - Making of" (, produção O Som e a Fúria, 2016) passou na RTP2, dia 14 de setembro de 2016, e pode ser visto "on line"




Três fotogramas do documentário "Cartas da Guerra - Making Of" (Com a devida vénia..., à produtora e à RTP2)


CARTAS DA GUERRA - MAKING OF  > RTP2, dia 14 de Setembro, às 21h. Está disponível aqui (para quem o quiser ver e rever):

http://www.rtp.pt/play/p2791/cartas-de-guerra-making-of


Sinopse:

O processo por detrás das câmaras. Como Ivo Ferreira  construiu esta obra dramática, segundo um argumento seu e de Edgar Medina que se inspira em "D´Este Viver Aqui Neste Papel Descripto: Cartas da Guerra", uma compilação de cartas que António Lobo Antunes (na altura um jovem alferes destacado para Angola) escreveu à mulher.



Ano de 1971. António (Miguel Nunes), de 28 anos, é incorporado no exército português para servir como médico numa das piores zonas da Guerra Colonial, no Leste de Angola. Longe de Maria José (Margarida Vila-Nova), a mulher amada que se viu obrigado a deixar, ele vai matando as saudades através de longas cartas que durante dois anos lhe escreve. Através delas, o espectador vai conhecendo o homem solitário por detrás do soldado, as suas angústias, desejos e esperanças. Com o passar do tempo, António apaixona-se por África e toma posições políticas?


1. “Cartas da Guerra – Making Of”,  da produtora O Som e a Fúria,  revela-nos aquilo que habitualmente não se vê no ecrã, quando vamos ao cinema ver um filme: os bastidores, os atores "sem maquilhagem", os exteriores,  a construção de cenários, os técnicos,  os intervalos das filamgens, as entrevistas com diferentes elementas das equipas, o processo por detrás das câmaras da realização, enfim, o filme do filme.

Neste caso trata-se de um filme ("making of") sobre o filme português "Cartas da Guerra",  do realizador Ivo M. Ferreira, com argumento do próprio e de Edgar Medina. Inspira-se  em "D’ Este Viver Aqui Neste Papel Descripto: Cartas da Guerra", uma compilação de cartas que António Lobos Antunes escreveu à sua mulher em Luanda, Huambo, Moxico e Malanje ( e que as filhas do casal Maria José e Joana Lobo Antunes publicaram depois da morte da mãe, mas com o consentimento desta em vida e naturalmente do pai), bem como nos primeiros romances do autor ("Os Cus de Judas", "Memória de Elefante").,,,

O filme é protagonizado por Margarida Vila-Nova e por Miguel Nunes, e passado no ano de 1971,  no leste de Angola. António (Miguel Nunes), de 28 anos, alferes miliciano médico, é mobilizado para a guerra do ultramar/guerra colonial. Longe de Maria José (Margarida Vila-Nova), a mulher que ele ama, que espera um/a filho/a dele e que se vê obrigado a deixar, em Lisboa, vai matando o tempo e as saudades através do único meio de que de que dispõe: a carta, o aerograma...  Lisboa fica a muitos milhares de quilómetros de distância...

Para além de uma poderosa história de amor,  vamos descobrindo um homem, que é militar e é médico (, licenciado em 1969),   com as suas angústias, os seus desejos e as suas esperanças,  e que se vai transformando na maneira como vê a guerra, a camaradagem, a solidão, a vida, a África e o mundo. Ver aqui o trailer do filme.

2. Título Original: Cartas da Guerra – Making Of (26' 05'')

"Cartas da Guerra",  de Ivo M. Ferreira, estreado comercialmente entre nós, em 1 de setembro passado,  é o filme português candidato à nomeação para Óscar de melhor filme estrangeiro e para Goya de melhor filme Ibero-Americano, de acordo com a Academia Portuguesa de Cinema.  Esta também na lista dos 50 filmes, de trinta e tal países, selecinados pela Academia Europeia de Cinema para o prémio do melhor filme europeu.

O filme está em exibição nos cinemas e deve em breve chegar aos 15 mil espectadores.

"Cartas da Guerra" teve estreia mundial no Festival de Cinema de Berlim de 2016 e já foi apresentado nos festivais de Sidney, Hong Kong, Thessaloniki, entre outros.

O filme já tem estreia comercial assegurada para França, Espanha, Bélgica, Holanda e Brasil, entre finais de 2016 e 2017.

O filme contou com apoios portugueses (por ex., o exército, além do dinheiro dos contribuintes..,) e de Angola (em particular, das Forças Armadas Angolanas, bem como das populações e  do ex-governador do Cuando Cubango, gen Francisco Higino Lopes Carneiro,  e um dos homens fortes do MPLA, recentemente nomeado para governador da província de Luanda). O Cuando Cubango é conhecido como as "terras do fim do mundo"...

O projeto do filme remonat a 2009. A rodagem em Angola teve também as suas peripécias e contratempos. O “décor” principal,  o aquartelamento de Chiúme, foi construído de raiz, com a paricipação ativa da população local.  O filme conta com um mão cheia de jovens atores e técnicos talentosos, portugueses e angolanos. O realizador diz explicitamenet que não quis fazer um "filme convencional" de guerra. É mais uma história de amor em tempo e espaço de guerra.

A opinião dos antigos combatentes que já viram o filme está longe de ser consensual. No nosso  blogue já aqui opinaram alguns dos nossos camaradas.

Já na altura, a publicação das cartas  e posteriores declarações de A, Lobo Antunes também levantaram polémica. Mas o filme não é do escritor António Lobo, é de um jovem e talentoso realizador Ivo M. Ferreira que quis assumir o risco de fazer um filme a partir de material literário (cartas, aerogramas, e não um conto, uma novela ou um romance...) que não é o mais moldável... Pode-se perguntar se os autores do argumento conseguiram ou não libertar-se do formato imposto pelo escritor ? Conseguiram ou não escrever um bom guião ?

Uma das várias cenas tocantes do filme (e visível no documentário sobre o "making of") é a relação "que se estabelece com a pequena actriz de cinco anos e o seu avô, da comunidade nómada Khoisan, que iria representar o papel de Tchihinga, a menina que Lobo Antunes salva, após uma operação militar, e apresenta à mulher Maria José numa das suas cartas. “Ontem trouxe uma miúda da mata. Os pais digamos que partiram para um mundo melhor. É de raça kamessekele, tem cerca de 3/4 anos e chama-se Tchihinga. Fiquei com ela. É muito bonita (…). Devo dizer que já gosto muito dela”, (António Lobo Antunes, Chiúme, 30.11.71). Este era um momento importante na narrativa do filme. “Tchihinga é uma história a que António Lobo Antunes volta frequentemente, nas crónicas, de vez em quando lá vem a personagem”, diz o realizador (cit por Cláudia Aranda - O filme das cartas do fim do mundo, Pontop Final, (Macau), 7 de agosto de 2015).

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Guiné 63/74 - P16576: O cruzeiro das nossas vidas (24): Ainda o regresso a casa, no inesquecível paquete Uíge, da Companhia Colonial de Navegação, em março de 1971 (Adelaide Barata Carrêlo, filha do ten SGE José Maria Barata, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)



N/M Uige > Viagem Bissau-Lisboa > Março de 1971 >  O ten SGE José Maria Barata  mais a esposa dona Floripes da Palma Teixeira Barata... A família (que incluía os 3 filhos menores, Rui, de 8 anos e as gémeas Sofia e Adelaide, de 7) viajou em 1ª classe. O ten Barata regressou mais cedo, nesta data, pro razões de saúde.


 Viagem Bissau-Lisboa >  Novembro de 1969 > O ten SGE José Maria Barata, do lado direito ao centro,  num grupo de alferes milicianos da CCS/BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71). O BCAÇ 2893 partiu de Lisboa, moblizaqdo pelo BCAÇ 10, em 25/11/1969 e regressaria à metrópole, depois de cumprida sua missão, em 25/9/1971.

Esteve sempre em Nova Lamego.´Foi seu comandante o ten cor inf Fernando Carneiro de Magalhães. Companhias de quadrícula: CCAÇ 26167, 2618 e 2619..

O nosso camarada Constantino Neves, identificou os oficiais desta foto; ao lado do ten Barata, junto à janela de oculos escuros está o alferes mec auto José dos Santos Rosado de Oliveira (1), à frente deste (1), também de óculos, está o alferes de transmissões, caboverdiano, Antónop Augusto Gonçalves (2); de frente ao ten Barata, está o alferes João dos Santos Serra Lavadinho (3). Dos outros dois ele não se recorda dos nomes mas diz que eram do Batalhão ("basta ver o emblema do batalhão num deles").


Ver  a lista dos passageiros da 1ª classe embarcados em Bissau e com destino a Lisboa (, abaixo reproduzida): eram 46, entre militares (35) e civis (11), na maioria familiares (mulheres e crianças). Há 3 famílias a bordo, com crianças: as famílias Barata, Vidal Saraiva e Brandão. Estas duas últimas eram de médicos milicianos, em serviço seguramente no HM 241.  O alf mil médico Vidal Saraiva  (1936-2105) esteve com alguns de nós em Bambadinca, em 1970, ao tempo do BART 2917,  e já foi aqui homenageado no nosso blogue.

A única família que "vinha do mato" (Nova Lamego), era a família Barata, um caso raro, excecional. (Os Barata tiveram todos o "batismo de fogo", em 15/11/1970, em Nova Lamego; é possível que o ten José Maria Barata tenha decidido antecipar o regresso da família, face ao agravamento da situação militar no leste da Guiné, e em particular na região do Gabu).

Nota curiosa... nesta viagem do N/M Uíge, que partiu de Bissau em 2/3/1971,  vieram também, de regresso a casa, pelo menos dois camaradas nossos,  o César Dias (em classe turística) (ex-fur mil sapador da CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71) e o Manuel [Carline] Resende [Ferreira]  (em 1ª classe) (ex-alf mil da CCaç 2585 / BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71).

Como alguém disse, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!


Fotos: © Adelaide Barata Carrêlo (2016) Todos os direitos reservados. [Edição e  legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Adelaide Barata, aos 7 anos
1. A nossa amiga Adelaide Barata Carrêlo mandou-nos, a 19 de setembro último, mais umas recordações do tempo em que esteve, aos 7 anos,  na Guiné, mais exatamente em Nova Lamego, com o pai, a mãe e os irmãos, tendo regressado no N/M Uíge,  em 2 de  março de 1971.

 Amigo Luís,

Mais uma recordação do nosso regresso da Guiné.  

Na ida para o leste da Guiné, em 1970, sei que apanhámos um avião, bastante barulhento, de Bissau para Nova Lamego, e o regresso foi da mesma forma [, talvez um Dakota]. 

Quando regressámos a Lisboa foi naquele paquete inesquecível UIGE- Companhia Colonial de Navegação" (*)

Beijinhos
Adelaide











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Guiné 63/74 - P16575: Convívios (772): 27º convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Hotel Riviera, Junqueiro, Carcavelos, Cascais, 22 de setembro de 2016 (Texto e fotos de Manuel Resende)


Foto nº 1 > Elisabete Silva, esposa do Francisco Silva


Foto nº 2 > Maria Vitória, esposa do António Granho


Foto nº 3 >  António Belo


Foto nº 4 > Fernando José Estrela Soares


Foto nº 5 > Hipólito Barros


Foto nº 6 >  José Inácio Leão Varela



Foto nº 7 >  Grupo (da esquerda para a direita): Hipólito Barros, Marcelino da Mata, António Gil, José Diniz Souza e Faro, António Belo, Fernando José Estrela Soares e José António Chaves.


Foto nº 8 >  Grupo (da esquerda para a direita): Juvenal Amado, Jorge Rosales, Armando Pires e Mário Fitas


27.º Convívio da Magnífica Tabanca da Linha > Cascais  > Carcavelos > Junqueiro > Hotel Riviera > 22 de setembro de 2016 

Fotos (e legendas) : © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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1. Mensagem do nosso camarada Manuel Resende (ex-Alf Mil Art da CCAÇ 2585/BCAÇ 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71):

Assunto - 27.º Convívio da Magnífica Tabanca da Linha

Realizou-se na passado dia 22 de setembro de 2016, 5.ª feira (como é da tradição) o XXVII Convívio da Magnífica Tabanca da Linha, acompanhado de almoço, no Hotel Riviera  em Junqueiro-Carcavelos, concelho de Cascais,

Estiveram presentes 53 convivas, dos quais seis são caras novas, a que damos hoje o devido destaque. Duas senhoras vieram pela primeira vez, a Elisabete, esposa do nosso Magnífico Francisco Justino Silva [médico] [foto n.º 1]  e a Maria Vitória [,foto n.º 2], esposa do nosso também Magnífico António Granho.

Os piras são, nem mais nem menos, o António Belo [foto n.º 3] , o Fernando José Estrela Soares [foto n.º 4], o Hipólito Barros [foto n.º 5]  , todos do grupo do Diniz Faro, José António Chaves, António Gil e António Souto Mouro, isto é, tudo de armas bem pesadas, que se conheceram em Cacine / Cameconde.  e por fim o  José Inácio Leão Varela [foto nº 6].

Junto duas fotos de grupo, a do grupo apadrinhado pelo Marcelino da Mata [foto n.º 7] e a última, a dos "pesos pesados" da Tabanca Grande, com destaque para o nosso comandante Jorge Rosales, que ontem fez anos [,foto nº 8].

É com satisfação que vemos o nosso grupo da Tabanca da Linha crescer, pois em cada convívio deste ano têm aparecido caras novas, já nem falando do de julho, em que os piras foram uma dúzia.

O próximo será em novembro de 2016. Já com férias terminadas, decerto haverá mais convivas. Assim esperamos.

Manuel Resende

Nota - As fotos de 1 a 6, bem como a 8, são retiradas da minha reportagem, a 7 é do Diniz Faro, retirada de um comentário do Facebook A Magnífica Tabanca da Linha [, grupo fechado, com 84 membros].
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sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16574: Notas de leitura (887): "Memórias boas da minha guerra", de José Ferreira, Chiado Editora, 2016: um exímio contador de histórias, onde geralmente não faltam os ingredientes que nos fazem, a nós, seres humanos (e portugueses), sermos como somos, humanos (e portugueses)...


Guiné > Região de Tombali > Catió > CART 1689/BART 1913 (, Catió, Cabedu, GandembelCanquelifá, 1967/69) > No "relax" de uma canoa...

Foto (e legenda) : © José Ferreira da Silva (2011). Todos os direitos reservados


1. Não tenho a pretensão de ser um descobridor de talentos literários... Mas a verdade é que o nosso blogue tem sido um verdadeiro seminário de vocações literárias...

Ao José Ferreira da Silva já lhe tinha posto o olho em cima desde que entrou na Tabanca Grande e começou a escrever no nosso blogue, há seis anos, em 8/6/2010...  Neste espaço de tempo, foi alimentando, com maior ou menor regularidade, uma curiosa série a que ele próprio chamou "Memórias boas da minha guerra"... Há quem só tenha "memórias más", o Silva da CART 1689 também terá as suas, mas no cômputo final, são as boas que vêm ao de cima ou são aquelas que ele faz questão de partilhar connosco... Há uma série paralela, também do José Ferreira da Silva, a que ele chamou "Outras memórias da minha guerra". No nosso blogue, ele conta já com 7 dezenas de referências.

Finalmente, o Silva coligiu estes (e eventualmente outros) textos e publicou-os em livro. Não conhecemos ainda o índice do livro, mas ficamos mais ricos e sobretudo felizes se,  de algum modo, também temos,  enquanto leitores, eu e mais alguns dos seus fãs,  uma pequena quota parte de responsabilidade nessa decisão, bem ponderada, de passar a papel as "memórias boas da (sua) guerra"... O título pode ser irónico ou provocatório já que a CART 1689 esteve longe de ter ido passar férias à então "província portuguesa da Guiné".

É sabido que não é fácil publicar em papel, no nosso país, e sobretudo o primeiro livro. E ainda para mais quando o estreante é um "jovem... idoso".  Mas o livro,  aliás o 1.º volume, aqui está,  com o mesmíssimo título da série original,  pronto a ser lançado, em sessão solene....  no mesmíssimo sítio, no antigo RAP 2,  no antigo Mosteiro da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, onde tudo começou (leia-se: donde foi mobilizado o pessoal do BART 1913)...

Vai ser na próxima sexta-feira, 14 de outubro de 2016, pelas 16h30,  e a despesa da conversa está cargo do nosso camarada,  o dr. Alberto Branquinho, ex-alf mil da CART 1689, "Os Ciganos", e também ele contista de talento com obra publicada. Apesar do amável convite pessoal do Zé Ferreira, não poderei estar presente, mas espero que o nosso coeditor Carlos Vinhal possa lá dar um salto e representar os camaradas do blogue que vivem fora da área do Grande Porto.


Capa do livro, que tem a chancela da Chiado Editora, Lisboa


José Ferreira, autor de "Memórias Boas da Minha Guerra", 1.º volume, Lisboa, Chiado Editora (2016). Natural de Fiães, Aveiro, vive em Crestuma, Porto. Faz parte do Bando do Café Progresso, tertúlia de antigos combatentes, que das Caldas da Rainha foram parar à Guiné. Além de membro da Tabanca Grande, é também frequentador da Tabanca Pequena de Matosinhos, e da Tabanca dos Melros (Gondomar).


2. Alguns comentários do nosso editor L.G. a alguns postes da série "Memórias Boas da Minha Guerra", com incentivos ao longo do tempo a este promissor escritor,  nosso amigo, camarada e grã-tabanqueiro... Vejam-se estas notas também como um pequeno contributo para se perceber melhor o "making of" e o conteúdo do livro (que ainda não conhecemos na sua versão definitiva) (**):


(...) O Zé Ferreira tem-nos aqui contado históricas pícaras, verosímeis, reais ou fictícias, não interessa. Costuma-se avisar o leitor de ficção,  de que "qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência"...

Os textos do Zé Ferreira são ficção literária, não são crónicas ou memórias, pelo que os nomes aqui evocados, em princípio, não são de camaradas nossos, de carne e osso... E, se o forem, não me parecem que possam ser facilmente identificados....

Em todo o caso, vou pedir ao Zé Ferreira para nos dar a garantia de que este texto não viola um das nossas regras básicas, que é o direito de cada um de nós, que ainda estamos vivos, à "reserva da intimidade", ao sigilo, e até ao esquecimento... (...)

PS - Silva, a história, tendo ou não um fundo autobiográfico,é verosímil, e encaixa-se perfeitamente na tua "idiossincrasia" nortenha... Só uma pequena sugestão: numa próxima versão, revista e melhorada, põe o Diogo a militar na JAC - Juventude Agrária Católica, e não na JOC - Juventude Operária Católica... Quanto ao desfecho (surpreendente...), acho que fizeste bem em "desencontrar" o Diogo e a freira... Afinal, a vida é isso mesmo, feita de amores e desamores... (E não há amores como os primeiros!)... E depois, como diz o fradesco, misógino (ou apenas pícaro ?) provérbio popular, "Freiras e frieiras é coçá-las e deixá-las" (...)



(...) De há muito que o nosso camarada José Ferreira da Silva está "sinalizado", no nosso blogue, como um dos nossos "penas de ouro"... Ele é um exímio contador de histórias, aonde geralmente não faltam os ingredientes que nos fazem, a nós, seres humanos (e portugueses), sermos como somos, humanos (e portugueses)...

Infelizmente, não tenho nenhum convívio com ele, conversámos os dois, a sós, um pouco mais longamente, certa vez em que eu fui à Tabanca de Matosinhos. Confirmei a impressão que já tinha dele, da leitura dos seus escritos (e já serão mais do que meia centena!), de ser um "homem de vida", como se diz no norte, e um apaixonado pela vida, mas também um grande observador do "zoo" humano, e um grande escultor de corpos e almas... Tem um notável sentido do picaresco, do burlesco, e as suas histórias não nos deixam indiferentes, tocam-nos, justamente pela sua humanidade... É um homem afável, um bom camarada e tem um grande talento literário... Acho que as suas histórias merecem o prémio de um livro!...



(...) É um gosto e um privilégio ler as tuas "short stories", pequenos contos onde cabe sempre uma parte das nossas vidas, de quando éramos jovens e filhos devotados da Nação... Podias não ser um ás a jogar xadrez, mas é um mestre na difícil arte do conto... Tens que fazer uma antologia, para publicar em livro, das tuas melhores "memórias boas da minha guerra"...

Saúdo o teu reaparecimento, quando o tempo, pelos lados da orla marítima atlântica, já dá os primeiros sinais do fim do verão, e do "dolce far niente". Como dizemos os "mouros" de Lisboa, "Santo António já se acabou / O São Pedro está-se acabar / São João, São João / Dá cá um balão para eu brincar"...

Quem, naquela bela idade, não queria um balão para brincar, no São João  do Porto ou na praia de Espinho ou nas suas belas dunas ? Enfim, tudo isto faz parte da educação sentimental e erótica da nossa geração. (...) 



(...) Mais uma história "nua e crua" do nosso querido e talentoso Ferreira da Silva ?!...

Sem dúvida, mas não somos "meninos de coro", nem "virgens púdicas"... O "pícaro", o picaresco, faz parte da(s) nossa(s) vida(s)... Tal como este "cromo" do Florita... faz parte do "zoo humano" deste nosso querido país...

Não fazemos juízos de valor sobre o comportamento dos nossos camaradas, antes, durante e depois da guerra... É uma das nossas regras. O único limite é o do "bom senso e bom gosto"... Enfim, é uma história com "moral"... Faz-nos sorrir e pensar, a mim pelo menos fez-me sorrir e pensar...




(...) Portugal era muito diferente, nos anos 60, do país que conhecemos hoje... (Como era diferente, mas eu não tenho saudades!)... Era diferente, para o melhor e para o pior...

Era (e continua a ser) feito por grandes mulheres como a Deolinda...

[Esta é] u
mas das mais belas histórias de amor em tempo de guerra que eu já li!... Ganda Zé Ferreira!... Que bela prenda de Natal!... Não sei como retribuir-te!! (...)


3. Lista dos 10 primeiros postes da série Memórias Boas da Minha Guerra (José Ferreira da Silva) (com reprodução do primeiro parágrafo)... É também uma pequena homenagem do nosso blogue ao autor, e um incentivo aos nossos leitores, nomeadamente do Grande Porto, para comparecerem na sessão de lançamento do seu livro(*):



(...) Chamava-se António Martins mas gostava que o tratassem por Tony e de preferência ainda, por Tony Quin. A verdade é que, além de ter alguma semelhança física com este actor, ele evidenciava-se a imitar "Zorba, O Grego", a dançar.

Deu nas vistas logo que chegou a Gaia, ao RASP, para a formação do BART 1913. Tinha aspecto bem cuidado, vestia muito bem, caminhava muito direitinho e executava gestos moderados e muito seguros. Enfim, naqueles anos sessenta, fugia um pouco àquela bandalheira reinante. Salientou-se, ainda, porque entre aquela maralha toda do norte, ele falava um pouco diferente. Exibia muito aqueles galicismos próprios duma capital pretensiosa e seguidora de outras modas, tidas como mais avançadas. Levou um tempito a recuperar. Quando dizia que queria ir ao “rês–tô-ran”, lá tínhamos que lhe explicar que em Portugal não havia disso, mas sim Restaurantes, Tascos, Tasquinhas, Tabernas e Adegas. Falava em “friu”, ”riu”, “uma ganda t’são na .picha”, etc, etc., mas, rapidamente, verificou que ser português não é o mesmo que ser lisboeta e para ser aceite plenamente como português, teria que se corrigir. (...)





(...) O António Piteira, natural de Bencatel, próximo de Borba, era uma força da natureza. Conheci-o em Vendas Novas, durante o Curso de Artilharia. Irrequieto e provocador, vivia sempre em competição, parecendo querer afirmar-se em tudo. Dizia-se que nas Caldas da Rainha, estando doente, não aceitou o resultado da prova de potência. Foi repeti-la, para baixar mais de 30 segundos. Como era bom jogador de futebol, foi aproveitado para jogar como ponta de lança no Estrelas de Vendas Novas. Ainda como jogador do Lusitano de Évora, foi treinar ao Sporting e, segundo ele, como não lhe passavam a bola, abandonou o treino chamando-lhes Filhos da… (....)


(...) Viviam-se dias calmos naquela “estância termal” de Canquelifá, no nordeste da Guiné, no final da comissão. O trabalho limitava-se a serviços de manutenção e a alguns pequenos patrulhamentos, a nível de Pelotão.

A população nativa cuidava pacatamente do seu gado, enquanto alguns deles vigiavam o “inimigo”, em cima de palanques feitos de troncos de árvores, colocados no meio do mancarral. De lá gritavam impropérios em idiomas locais, afugentando o “inimigo” – bandos de periquitos – ao mesmo tempo que lhes atiravam pedras, evitando que comessem os amendoins. (...)




(...) Desde o CSM, em Vendas Novas, que conheço o Miranda e, também é desde essa altura, que fizemos amizade. Aconteceu que nos reencontrámos na mesma Companhia, que veio a ser a CART 1689.

A sua maneira de ser, franca e aberta, torna o relacionamento cativante. Depois… bem, depois, quando está com um “grãozinho na asa”, irradia alegria e felicidade por todos os lados. Especialmente por isso, não havia festa sem a participação do amarantino Miranda.

No entanto, não abdica da maneira como vê o mundo. Não há quem o demova das suas teimosias e, normalmente, passa grande parte do tempo envolvido em debates polémicos. Digamos que também é “cego” nas suas convicções. Escreveu um livro contra a construção da Barragem do Torrão, no Rio Tâmega e é um lutador acérrimo contra o poder (incompetente ou não) através do seu jornal. (...)



(...) Chamava-se Joaquim Freitas, mas era mais conhecido por Felgueiras, por ser natural dessa terra. Foi dos melhores militares que conheci. Além de manejar bem a arma G3 e a Metralhadora, era um mimo na utilização da Bazuca. Incutia muita confiança nos companheiros, porque respondia ao inimigo sempre da melhor forma. Apontava invariavelmente para o ponto de onde vinha o ataque. Esteve sempre nos principais confrontos, sem se esquivar. Se era destemido (estou a lembrar-me de quando se lançou a salvar o Banharia, com uma granada de fumos activada no seu bolso), ele era ainda o primeiro a ajudar os colegas em dificuldades, chegando a transportá-los às costas. (...)



(...)  – Moniz, levanta-te que já é tarde. – dizia-lhe eu, enquanto me penteava frente a um minúsculo espelho pendurado ao lado de uma pequena janela do nosso quarto.
Dali se via o largo da parada bem como a esplanada da “messe”, que era um prolongamento aberto do bar e da cozinha. Por detrás, era o quarto do 1.º Sargento e, ao lado, havia mais dois quartos, perfazendo no total seis divisórias. (...)



(...) A nossa Cart 1689 - Os Ciganos - era uma Companhia de Intervenção. E como tal, passou a maior parte do tempo de serviço em Operações Militares ao longo da Guiné. Em muitas dessas operações atacávamos acampamentos e muitas vezes trazíamos cabritos e galinhas, usando de “truques especiais” para que uns não fizessem “mé-mé” e outras não cacarejassem. Numa operação, lá para os lados de Gubia (Empada), o Furriel Enfermeiro Faria, mais conhecido por Berguinhas ou por Pastilhas ou, ainda, por Doutor ( assim chamado na zona de Canquelifá, devido às “curas milagrosas” que conseguia), trouxe, ao colo, uma cabra ainda muito nova.  Tratava a cabra como se fosse um filho. Lavava-a amiúde, medicava-a e a comida nunca lhe faltava. Além disso, deu-lhe tanto carinho que se tornaram inseparáveis. Era a sua Princesa. (..,.)



(...) O furriel Farinha sonhava em voz alta. E, durante o sono, contava pormenores da sua própria vida, mesmo os mais íntimos. E, quando acordava, não se lembrava de nada. Quando alguém lhe falava do que ouvira, como é lógico, não gostava nada. Penso que, até, se medicava para o evitar.

Tinha regressado de férias, passadas na sua própria terra, lá para os arredores de Guimarães. Quando voltou para Catió, ao fim de poucos dias, já era sabido como passara o tempo de férias. Claro que ouvíamos só partes, mas ficávamos com a noção do resto. Assim, como a que segue: (...)



(...) Cufar é no sul da Guiné, perto do rio Tombali, e fica a uns 12Km de Catió. Apesar de se encontrar assim perto, estava isolado e a ligação entre Cufar e Catió, fazia-se só em colunas militares, com periodicidade mais ou menos mensal, para seu abastecimento.

De vez em quando servia de base de operações, sempre com muita tropa, por ser zona perigosa. Só para montarmos a segurança às colunas, nuns 8 km, até ao cruzamento de Camaiupa, gastava-se um dia, desde o amanhecer até ao anoitecer. Os que lá estavam aquartelados eram poucos para as necessidades operacionais e de defesa (não passavam de uns 170 homens, incluídos os africanos da milícia) e a sua actividade limitava-se praticamente ao movimento diário no espaço do aquartelamento e à defesa de violentos ataques nocturnos. Sempre que por lá passávamos, era festa e bebedeira certa. (...)




(...) MEMÓRIAS BOAS DA MINHA GUERRA (1): BIFE À DUNANE

Para a CART 1689, a ida para as “Termas” de Canquelifá foi, ao contrário do resto da comissão, um período de quatro meses de quase repouso. Constava que “eles” iam mexer com a zona, mas isso só veio a acontecer depois de termos regressado. Já não havia combates por ali há cerca de um ano, o que era uma situação anormal e… agradável.

Entre Canquelifá e Piche havia um destacamento em Dunane. Era um posto segurança avançado, que funcionava a nível de pelotão, reforçado pelos milícias locais, que viviam lá com os familiares. Os patrulhamentos eram pequenos e os serviços eram poucos e bem distribuídos. Além disso, comia-se muito melhor, porque havia fartura de carne. Daí ser chamado “Hotel Dunane”. (...)

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Notas do editor

(*) Vd. poste de 6 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16567: Agenda cultural (498): Lançamento do 1.º Volume de "Memórias Boas da Minha Guerra", da autoria do nosso camarada José Ferreira da Silva, dia 14 de Outubro de 2016, pelas 16h30, no Salão Nobre do Mosteiro da Serra do Pilar, na Rua Rodrigues de Freitas, Vila Nova de Gaia, com apresentação do Dr. Alberto Branquinho

(**) 7 de outubro de  2016 > Guiné 63/74 - P16572: Notas de leitura (886): “Paz e Guerra, Memórias da Guiné", pelo Coronel António Melo de Carvalho, edição de autor, 2015 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P16573: Álbum fotográfico de Adelaide Barata Carrêlo, a filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71): um regresso emocionado - Parte XI: Buba-Fulacunda, 24/10/2015: Parque Natural das Lagoas de Cufada


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3

Guiné-Bissau > Região de Quínara > Parque Natural das Lagoas de Cufada  (PNLC) > 24 de outubro de 2015 > Vd.  a localização do parque no Google Map. No tempo da guerra colonial, era um dos "santuários" do PAIGC...  Foi criado em 2000... É constituído pelas lagoas de Biorna, Bedasse e a própria Cufada.

O PNLC fica situado na parte leste da Região de Quínara,  mais concretamente a leste e sudoeste do sector de Fulacunda e a noroeste do sector de Buba. A sua superfície total é estimada em 89 000 ha (890 km²) (, sendo maior portanto que nosso Parque Nacional da Peneda-Gerês, que tem 702,9 km²).

"Ele [, o PNLC,] alberga a maior lagoa de água doce do país, o que constitui um meio muito favorável a sobrevivência naquela área, tanto da fauna como da flora, servindo de fonte de abastecimento de lençóis freáticos da zona, assim com da nutrição para a diversidade biológica existente. Razão pela qual, periodicamente recebe um grande número de aves aquáticas, tanto autóctones com migradoras, algumas com estatutos de animais protegidos de importância internacional. Esta zona é também importante para a fauna selvagem, sobretudo na época seca, na qual é rica em antílopes, com presenças de hipopótamos, crocodilos e manatins (pis-bus), principalmente na época das chuvas." (Fonte: IBAP > PNLC: vd aqui magníficas fotos aéreas.)

Fotos: © Adelaide Barata Carrêlo (2016) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Continuação da publicação do álbum fotográfico e das notas de viagem de Adelaide Barata Carrelo, à Guiné-Bissau, em outubro-novembro de 2015 (**), quarenta anos depois de ter estado com a família em Nova Lamego.Mensagem com data  de 27 de setembro p.p.:


"A cada dia
Ela é mais dela
E menos o que esperam dela"

Zack Magiezi



Foi assim que começámos o dia 24 de outubro de 2015. Fomos visitar o Parque Natural das Lagoas de Cufada. Contudo, chegámos próximo, a água que caiu na noite anterior não nos permitiu avançar. Os guardas do parque vieram ter connosco e aconselharam-nos a não avançar mais.

Ainda tivemos tempo para saborear a paisagem e tirar algumas fotos [vd. acima].

Depois seguimos para Fulacunda. Local inóspito onde a Guiné é mais dela, o tempo parou e as crianças quase não existem. Os mais velhos falam dos portugueses de outros tempos.

Beijinho

Adelaide Barata

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(...) A viagem continua de Buba até Bafatá por estradas de terra molhada pelas chuvas que caem sem pejo, escondendo o alcatrão de outrora [fotos nºs 3 e 4].

Tudo começou quando o meu filho nos disse que tinha sido selecionado para trabalhar na TESE em Bafatá. Foi como um relembrar daquilo que nunca vi mas sabia que não poderia ser muito diferente de Nova Lamego há quarenta e quatro anos atrás. Muito estranho este sentimento, não tive medo de o deixar partir. Claro que em condições diferentes de quem partiu para lá durante a Guerra. (...)

Guiné 63/74 - P16572: Notas de leitura (887): “Paz e Guerra, Memórias da Guiné", pelo Coronel António Melo de Carvalho, edição de autor, 2015 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 16 de Setembro de 2015:

Queridos amigos,

Logo pelo título se percebe para onde pendem os maiores afetos do autor: para a obra deixada em Bissum Naga, veem-se aquelas imagens e sente-se que houve um formidável espírito de corpo a refazer no quartel e a tornar a vida das populações daquela porção do Chão Manjaco muito mais digna.
Relato pessoal e coletivo, dá-se voz a um apreciável grupo de intervenientes na discreta saga em que estiveram envolvidos, patrulhando, reconstruindo e formando. Dir-me-ão que estamos a falar de pequenos trabalhos, não terá havido ali obra militar de tomo. Mas concordo com o que sobre eles escreveu o então Tenente-Coronel Polidoro Monteiro, falando do extraordinário relevo da sua ação junto das populações a quem foi dado muito apoio e assistência. Foi uma unidade de escol e é bom lembrarmos aqui o que de tão bom aconteceu em Bissum Naga.

Um abraço do
Mário


Paz e guerra, memórias da Guiné, por António Melo de Carvalho

Beja Santos

O Coronel António Melo de Carvalho foi Comandante da CCAÇ 2465, tendo cumprido a sua comissão entre 1969 e 1970, primeiro na proteção dos trabalhos de reconstrução e asfaltagem da estrada Bula-Có-Pelundo e depois, no destacamento de Bissum (Naga), cabendo-lhe nesta porção do Chão Manjaco enfrentar a guerrilha, recuperar elementos da população, tendo reconstruído e reordenado a tabanca de Bissum.
Em “Paz e Guerra, Memórias da Guiné", edição de autor, 2015, Melo de Carvalho conta como foi. [É nosso grã-tabanqueiro, nº 688, desde 26/5/2015].

Os trabalhos no troço de Có para Pelundo não eram um petisco. Um elemento da Companhia faz a descrição:  ´

“Os soldados dormiam em abrigos semienterrados. Uma lona servia de teto a esses abrigos. Os habituais colchões de espuma deram lugar, desde o primeiro dia, a colchões pneumáticos. A mala de cada soldado estava arrumada no chão junto ao dito colchão pneumático. A maioria delas, porém também brindou os soldados com uma surpresa. De mala só tinha a parte visível. O fundo tinha desaparecido. No projeto da instalação improvisada do pessoal não se contou com a voracidade das formigas da Guiné”.

Melo de Carvalho vive em meados de Abril uma experiência trágica. Andava na companhia do Alferes [Manuel Maria] Pires da CCAÇ 2312 a verificar a estrutura de segurança à capinação e obras da estrada quando, no corta mato, rebentou ali bem perto dele uma engenho explosivo:  

“Meio cambaleante, levantei-me, movimentei as pernas para me certificar de que ainda lá estavam. E então lembrei-me que não vinha só. Olho para trás à procura do Alferes Pires. Apesar da visão ainda meio turva, o quadro que se me deparava deixou-me atordoado. Na cratera da mina jazia uma figura de contornos imprecisos, imóvel e silenciosa, enrodilhada em poeira cinzenta. Era o Alferes Pires. Um dos pés tinha desaparecido. O que restava da perna, a seguir ao joelho, era uma banana meia descascada. A brancura da tíbia e perónio furava entre as massas musculares, toscamente arregaçadas em escuras tiras. Quase cobriam o joelho. Não se distinguiam olhos, nariz ou boca”.

O Alferes Pires cicia agonizante. Foi evacuado para Lisboa dois dias depois do rebentamento, aí expirou, a causa da morte teria sido uma pneumonia dupla. [Manuel Maria Pires, natural de Mirandela, é dado como morto em combnate em 18/4/1969]

Melo de Carvalho deriva por muitas memórias da sua preparação militar, procura interpretar o contexto político da guerra colonial e retoma à vida da CCAÇ 2465, aos meses de Có-Pelundo e depois apresenta-nos Bissum Naga, a Companhia estava integrada no setor do BCAÇ 2861, com sede em Bissorã.

“Em termos operacionais era como se fosse uma ilha, pois não tinha quaisquer ligações terrestres, quer com o comando do BCAÇ 286, quer com quaisquer outras unidades, devido ao domínio que o INE tinha sobre as áreas circundantes. O reabastecimento mensal era feito por lanchas dos fuzileiros, através do rio Cacheu". 

Enumeram-se patrulhamentos, operações, flagelações, estas muito mal sucedidas para as gentes de guerrilha: 

“De realçar que nunca aconteceu qualquer baixa na Companhia durante as flagelações ao aquartelamento. Não será de estranhar porque nunca conseguiram meter qualquer granada de morteiro dentro do perímetro do quartel. Aliás, foi esta a única arma utilizada em todas as flagelações”.

E depois ficamos a compreender como era o quartel de Bissum, um quadrado com cerca de 100 metros de lado, em que todas as instalações tinham cerca de dois terços de altura abaixo da quota da parada. Seguem-se diferentes depoimentos de intervenientes nas patrulhas, batidas e operações.

É tocante o episódio da evacuação de um militar altamente perturbado, o Mário, e depois o hoje General Nico descreve as peripécias de ter viajado num Dornier com um transviado da cabeça, sentindo-se ameaçado atirou o avião para cima e para baixo até chegar a Bissalanca para reduzir a fúria do Mário que porventura já estava esquizofrénico e que virá a ter um fim trágico.

Para além dos tiros, a relação desta Companhia com a população de Bissum Naga foi extraordinária, lê-se e veem-se as imagens, foi obra, a formação escolar da população, os apoios de toda a ordem, desde o apoio médico até ajudar um vitelo a nascer. Estão ali os dados fundamentais de uma vida quotidiana: a alimentação, a horta, o pão a saber a chouriço, a alfaiataria, as benfeitorias no quartel, o heliporto, a formação dos milícias do Pelotão de Milícias 284, tudo descrito com elevo discreto, até se chegar aos louvores e aos convívios. Aqui fica mais a história de uma Companhia que combateu e fomentou a paz e que ainda hoje tem orgulho em ter contribuído para construir um Bissum melhor.


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Nota do editor

Último poste da série de 6 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16566: Notas de leitura (886): Um"cheirinho" do livro do Paulo Salgado, "Guiné: crónicas de guerra e de amor", a ser lançado 5ª feira, dia 20, na A25A, em Lisboa

Guiné 63/74 - P16571: Blogoterapia (281): o nosso blogue, um excecional serviço público ao dispor de todas as gerações, nacionais ou além fronteiras, onde se escreve e faz ciência histórica (Jorge Araújo)



Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873  (Xime e Mansambo, 1972/1974); doutorado pela Universidade de León (Espanha) (2009),  em Ciências da Actividade Física e do Desporto; professor universitário, no ISMAT (Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes),
Portimão, Grupo Lusófona.



1. Mensagem do nosso grã-tabanqueiro Jorge Araújo, com data de 5 de outubro de 2016 às 22:37

Caro Luís,

Boa noite.

Depois da comemoração de uma efeméride com cento e seis anos [, o 5 de outubro de 1910], eis a minha resposta ao teu contacto do final da tarde.

Não tens que agradecer a minha participação [no blogue], pois ela inscreve-se no quadro de partilha e de aprofundamento de conhecimentos, enquanto for possível, neste caso os relacionados com as nossas vivências no conflito da Guiné que, quis o destino, nele estivessemos envolvidos como actores principais... com cenários impregnados de emoções e outras tantas tensões que ainda hoje guardamos no baú das nossas memórias.

A minha persistência, que valorizas no comentário, é um gesto menor quando comparada com a tua, a de manter vivo o espaço plural que dá sentido à existência do nosso blogue, que considero um excepcional serviço público ao dispor de todas as gerações, nacionais ou além fronteiras. onde se escreve e faz ciência histórica.

No entanto, ambas as persistências são um elemento fundante da natureza humana, enquanto processo e projecto de vida, pois são a parte visivel da intencionalidade operante de cada um de nós, ou seja,, parte da intenção à acção., onde acontece superação e transcendência, de que é exemplo paradigmático a actividade física e o desporto (motricidade humana).

Porque um conflito, seja qual for o fundamento da divergência que o justificou, tem, no mínimo, dois poderes com interesses antagónicos, como é o caso em apreço. Assim, o meu propósito foi e continuará a ser o de continuar a dar conta dos factos históricos de cada um dos lados do conflito, transformando-os em factos comuns... pois a verdade é o todo...

Desculpar-me-ás, mas apetece-me citar Karl Popper (1902-1994) para enquadrar/sintetizar o que acima redigi:

 "Penso que só há um caminho para a ciência ou para a filosofia: encontrar um problema, ver a sua beleza e apaixonar-se por ele; casar e viver feliz com ele até que a morte vos separe - a não ser que encontrem um outro problema ainda mais fascinante, ou, evidentemente, a não ser que obtenham solução" (...)

É isso que iremos continuar a fazer.

Um abraço,, e até breve.

Jorge Araújo
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Nota do editor:

Último poste da série > 14 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16388: Blogoterapia (280): Amizades e Memórias que o tempo vai esfumando (Francisco Baptista, ex-Alf Mil da CCAÇ 2616 e CART 2732)

Guiné 63/74 - P16570: Blogpoesia (473): Peregrinação (Augusto Mota, camarada da diáspora no Brasil; ex-1º cabo, Grupo Material e Segurança Cripo , Bissau, QG, CTIG, 1963/66)

1. Mensagem de Augusto Mota, com data de 12 de setembro último:

[foto à direita: ex-1º cabo, Grupo Material e Segurança Cripto (Bissau, QG, CTIG, 1963/66)]

Caríssimo Luís,

Acabei de ler nosso último contato. Temos algumas retificações:

DESTERRO DE ENTRE RIOS - É em Minas Gerais (MG) e não em Mato Grosso. "MG" é a sigla. Em consequência a foto do lago ou represa tem o mesmo erro. A foto 2, em Carmópolis (também em mg), idem.

Aproveito para mandar algo "escrito" de minha lavra [Peregrinação, datada de 2005].

Tchau, amigo!

PS [28/9/2016] - Passei pelo blog e reparei que a correção (Minas Gerais e não Mato Grosso), não consta. Imaginando tratar-se de algum desvio de meu e-mail, aqui estou reencaminhando o mesmo.



PEREGRINAÇÃO

refrigerado...
condicionado,
mergulho no bafo
possessivo do sol...
martírios,
Praça dos Martírios.
-jesus está chegando!
-ehehehehehe!
crendices, crendices...
a esteira sebosa do pedinte
é sofisticação.

rua do Sol...
João Pessoa,
Augusta...
rua das árvores...
comércio...
rua do Comércio
empréstimo
dinheiro
empréstimo
Boa Vista...
bancas... carroças...

-patrão
-freguês
-mestre
-negão!
... perdido no tempo
rasgando o espaço...
humanoide repetitivo,
reciclando fantasmas.
-eita, miséria!!!

Casarões, casinhas,
Remendos, galpões...
IN-I-DEN-TI-DA-DES!
a massa agitada,
miasmas, parasitas,
enfermidades.

navego absorto
em busca da linha
seccionada.
-que dia é hoje?...

CD... amendoim...
pastel chinês...
sapateiro...
buraco... buraco
buzinas...
muitas buzinas...
e o trem pastando
entre barracas:
-Te!... teeeeee!
e o trem posando
sobre os trecos 
da feira do troca-troca:
-Te!... teeeeee!

costuro o trânsito:
paro aqui, sigo acolá,
subo e desço calçadas
por entre odores
de noites e matinas.
-tem mulher pelada?...

calor, suor,
filme pirata
pirata
lotação
santa amélia
água de coco
vozes...
muitas vozes
de mundos inexplicáveis.

-não tenho
-não tenho
-não tenho
-que horas moço?
máculas citadinas...

João da moenda,
Bio cachaça,
Rita canavial,
caldo de cana,
cheiro de usina...
Bia... Bia garçonete.
Canetinha vocifera.
Maria... Maria
do esgar constante.
Madalena brava
qual sabor amargo da desilusão...
hematoma, mioma...
os óculos escuros na cara de madame
são janelas fechadas
para o mundo.

caramba,
esqueci a passagem de volta
ao ventre de Mãe!...
-Mar!... quero ver o mar alto,
alto mar.
sua infinitude.
sorver lhe a imensidão,
cortar e pesar o silêncio
em suas catacumbas
onde jaz a civilização:
plásticos,
dejetos,
minérios letais,
esqueletos das naves
dos meus ancestrais.

zoada! zoada!...
investir social
excluir excluídos
zoada... zoada...
para todos
para todos...

olha! Lá vai a ave preta
de bico dourado...
-oi menino, cadê teu pai?
-gaaaalo!... gaaaaalo!...
gritaria correria
um guri voando...
menina aponta 10 dedos da mão
para titio.
a mímica da vida.
DES-PA-TER-NI-DA-DES!
Sinimbu...
sem terra,
sem vergonha,
sem teto
curtindo ao sol
para todos...
paira no ar Salgadinho.
... Deodoro
Pirulito
vale... vale transporte
lotação
filme pornô
quinquilharias...

-quantas léguas!...
a destra ocupada,
a sinistra cansada.
na frente, a galáxia em que
gravito.
verdades, mentiras, imaginações,
mas meu horizonte ninguém vê.
factível ou não,
como é fácil moldar a fantasia!...
nada de novo
no reino de morfeu.

augusto mota

Maceió/2005
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Glossário:

AVE PRETA DE BICO DOURADO = Tucano. Símbolo de partido político
GALO = time de futebol
GURI = Criança
PIRULITO = Pequena Praça em Maceió
SALGADINHO = Canal levando dejetos para o Mar
SINIMBU = Praça, em Maceió, onde normalmente se fazem acampamentos de “Sem Terra” preparados para protestos.
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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16548: Blogpoesia (472): "Segundo dia de Outubro"; "Me sinto um não pintor que quer escrever" e "Marés vivas", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 63/74 - P16569: As Nossas Madrinhas de Guerra (7): O Reencontro, no passado dia 21 de Setembro, com a sua Madrinha de Guerra Maria Isabel Gonçalves, a viver em França (Manuel Luís R. Sousa, ex-Soldado At Inf do BCAÇ 4512)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Luís R. Sousa, Sargento-Ajudante da GNR na situação de Reforma, (ex-Soldado da 2.ª CCAÇ / BCAÇ 4512/72, Jumbembem, 1972/74), com data de 28 de Setembro de 2016:

Amigo Carlos:
É sobejamente conhecido para ti, e para outros companheiros, a história da minha misteriosa e desconhecida madrinha de guerra, publicada no post 8310 da nossa "Tabanca Grande", e no site do nosso companheiro Carlos Silva, e não só, além de fazer parte do enredo do meu livro PRECE DE UM COMBATENTE, que bem conheces.
Como já também te deves ter apercebido, através do facebook, recentemente tive a felicidade de ter reencontrado essa minha ex-madrinha de guerra. Sobre as circunstâncias desse mesmo reencontro, envio-te em anexo um texto e a fotografia de um aerograma editado por mim, para, se bem o entenderes, publicares no blogue para conhecimento de toda a tertúlia.

Nota: o aerograma foi retirado do site do Museu do Papel.

Um abraço
Manuel Sousa

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O REENCONTRO

No Poste Guiné 63/74 - P8310: As Nossas Madrinhas de Guerra (5): Avé-Maria do Soldado (Manuel Sousa) deste blogue, acerca de uma das minhas madrinhas de guerra, escrevia assim:

“Recentemente, ao fazer arrumações no sótão cá de casa, encontrei numa bolsa dessa mesma e já carcomida mala, uma pequena carteira em plástico, ressequida pelo tempo, com o desenho do crachá do Batalhão 4512, “Os Setas”, a que eu pertencia.

Já não me lembrava daquele objecto, recordando-me então que aquela mesma carteira tinha sido oferecida pelo Batalhão a todos os militares em Tomar, aquando da partida para a Guiné.
No seu interior, numa pequena bolsa, encontrei a fotografia de uma jovem que reconheci como uma das minhas madrinhas de guerra, há 38 anos, de cuja naturalidade não me recordo.
No verso tem a dedicatória: “Com muita dedicação da madrinha sempre amiga Isabel”, e tem a indicação de que foi revelada na FOTO CRISTO”.

Esta história fez parte, depois, do enredo do meu livro PRECE DE UM COMBATENTE, publicado, entre outros, no poste Guiné 63/74 - P10219: Bibliografia de uma guerra (59): Prece de um Combatente - Nos Trilhos e Trincheiras da Guerra Colonial, de Manuel Luís Rodrigues Sousa.

No passado dia 21 de Setembro, aqui, na minha residência, tive a felicidade de me reencontrar com essa misteriosa madrinha de guerra que, entre outras que tive, me ajudou, de algum modo, a tornar mais leve o fardo da minha comissão nas matas de Jumbembém, Farim, Guiné, decorriam os anos de 1973 e 1974.

Sobre este reencontro fiz a seguinte publicação na página do facebook dos “Amigos de Freixiel”, a freguesia da minha naturalidade:
“Recentemente, numa das páginas do facebook de Freixiel, fiz referência à hipótese de uma misteriosa e desconhecida madrinha de guerra que eu tive aquando da minha participação na guerra colonial, na Guiné, ser precisamente de Freixiel, a cujo facto fiz referência no enredo do meu livro "PRECE DE UM COMBATENTE".
Cinco segundos depois da publicação, que incluía a sua fotografia, eis o primeiro comentário com procedência de terras de França:
"É a minha mãe..."
A partir de então os contactos sucederam-se, culminando todo esse processo com a visita que hoje me fez, aqui em Vila do Conde, essa minha "madrinha" de outrora.
Algo de especial e emotivo, devo dizer.
Para assinalar este agradável encontro, reconstituí um aerograma do SPM (Serviço Postal Militar) gratuito de então, promovido pelo Movimento Nacional Feminino da época, tal qual o enviei para Freixiel, e que deu origem àquele nosso relacionamento, em 1973 e 1974, o tempo da minha comissão.
Na "badana" do lado direito, como se pode ver, consta a fotografia dela e a do meu livro.
Na do lado esquerdo, está inscrita a dedicatória desse mesmo livro que tive o gosto de lhe oferecer, para sua felicidade. Vi isso nos seus olhos.
Caso não seja legível o texto na fotografia, aqui transcrevo aquela dedicatória:

"À minha ex-madrinha de guerra
Maria Isabel Gonçalves:

"À menina que se dignar corresponder-se, como madrinha de guerra, com um soldado em serviço no Ultramar".
Foi a este pedido, expresso no endereço de um aerograma, que você respondeu à chamada e me ajudou, com as suas palavras de conforto, a suportar tempos difíceis, em 1973 e 1974, no meu cativeiro de guerra na Guiné.
Como reconhecimento, ofereço-lhe este livro, cujo título homenageia precisamente todas as madrinhas de guerra da época, onde, agradecido, o seu nome e fotografia fiz questão de registar.
Bem haja.
Espero que goste.

O ex-afilhado e autor"

NOTA: Como gestos tão simples, porém nobres, como estes, se tornam tão importantes com o passar do tempo...!
Algo inimaginável...!”

(Fim da publicação)


Aquando do encontro, a minha ex-madrinha apresentou-me um atado de folhas, religiosamente guardado na sua malinha de mão, que continham a impressão de textos e fotografias, minhas e dela, que estão publicados nos posts referidos.
Contou-me que depois de a filha lhe ter comunicado que eu a procurava através do facebook, e como não sabe lidar com as novas tecnologias, partilhou com a sua médica de família, aquando de uma consulta, esta relação que tivera comigo, como madrinha de guerra, e que isso estava registado num livro.
Curiosa, a médica, pediu-lhe o meu nome e o título do livro, que logo localizou na net, para deleite das duas, imprimindo então as várias folhas a que acima me referi.
Pediu-lhe então a médica que lhe lesse os textos e fizesse a tradução para francês, visto que não sabia português.
Sob arrepios, sensível a toda a história, seguiu atentamente a leitura da paciente.
Confidenciou-me que, lá em França, onde reside, mesmo depois de os ter lido e relido, nunca adormecia sem ler novamente um pouco daquelas histórias em que estava envolvida desde há quarenta anos atrás e que agora revivia.
Como o mundo é pequeno…!
E ainda bem, neste caso.

Árvore, Vila do Conde, 28 de Setembro de 2016
Manuel Luís Rodrigues Sousa
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Nota do editor

Último poste da série de 28 de setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8828: As Nossas Madrinhas de Guerra (6): Ainda guardo as fotos que ela e a irmã tiraram em Saint-Tropez e me enviaram para a Guiné (Juvenal Amado)