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quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26074: (De) Caras (224): Maurício Saraiva, cofundador e instrutor dos Comandos do CTIG, cmdt do Gr Cmds Fantasmas - Parte II: Um dos momentos mais dramáticos que vivi, na sequência da terrível emboscada com mina A/C, em 28 de novembro de 1964, na estrada de Madina do Boé para Contabane, perto de Gobije (Antóno Pinto, ex-alf mil, Pirada, Madina do Boé e Béli, 1963/65)



Guiné > Brá > Comandos do CTIG > c. 1964 > Emblema de braço do Grupo Fantasmas, que pertenceu ao alferes  mil 'comando' Maurício Saraiva.

Angola > CIC - Centro de Instrução de Comandos > 1963  > O alferes mil Maurício Saraiva em Angola, aquando da frequência do curso de Cmds; no CTIG  será depois promoviodo, por mérito, a tenente e a capitão. 
  

Fotos (e  legendas): © Virgínio Briote (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Madina do Boé > 1966 > Vista aérea do aquartelamento (1966). Imagem reproduzida, sem menção da fonte, no Blogue do Fernando Gil > Moçambique para todas. Presumer-se que a sua autoria seja de Jorge Monteiro (ex-cap mil CCAÇ 1416, Madina do Boé, 1965/67) ou de Manuel Domingues, nosso tabanqueiro, ex-alf mil, CCS/BCAÇ 1856, Nova Lamego, 1965/66 (autor do livro: Uma campanha na Guiné, 1965/67).



1. Alferes, tenente e depois cap mil 'comando' (até  chegar a cor inf, na reforma extraordinária), Maurício Saraiva (1939-2002) foi idolatrado por uns, odiado por outros, "um mal amado", no dizer do Virgínio Briote (*)... 

A nível operacional, começou por integrar a 4ª CCAÇ (Bedanda, 1961) e,  depois de frequentar o curso de comand0s (em Angola, sua terra, 1963), voltou ao CTIG como instrutor e também como comandante operacional. 

A seguir à da Op Tridente (jan - mnar de 1964), irá  comandar o  Grupo Fantasmas, de que fez parte, entre outros, o nosso querido e saudoso tabanqueiro Amadu Djaló (1940-2015).  Recorde-se que o sold cond auto Amadú Djaló alistou-se nos comandos do CTIG, a convite do Maurício Saraiva.

O Amadu Djaló frequentou o 1º Curso de Comandos da Guiné, que decorreu entre 24 de Agosto e 17 de Outubro de 1964. Desse curso fizeram parte 8 guineenses: além do Amadu Djaló, o Marcelino da Mata, o Tomás Camará e outros. Deste curso sairam ainda  os três primeiros grupos de Comandos, que desenvolveram a actividade na Guiné até julho de 1965: Camaleões, Fantasmas e Panteras

Interessa-nos conhecer melhor o percurso do nosso camarada Maurício Saraiva, no CTIG, embora saibamos que ele virá a ser gravemente ferido, por mina A/P, em Moçambique, em 1968, enquanto comandante da 9ª CCmds. (Altamente medalhado por feitos em combate, é agraciado em 1970 com o o grau de Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito; passaria em 1973 à situação de reforma extraordinária: vd. o seu impressiomnante CV militar, no portal UTW - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar.)

Mas demos voz também àqueles que o conheceram,  para além  do Virgínio Briote (*) e da família (**). Foi o caso do António Pinto (***),  ex-alf mil inf, BCAÇ 506 (Guiné, 1963/65), um veterano de Madina do Boé e de Beli mas também um dos veteranos do nosso blogue. É mais um pequeno contributo para o seu "retrato" que o Virgínio Briote ainda há de fazer, se Deus lhe der vida e saúde... (****). 

 

António Pinto, II Encontro Nacional
da Tabanca Grande, Pombal, 2007

Um dos momentos mais dramáticos que vivi, na sequência  da terrível emboscada com mina A/C, em 28 de novembro de 1964, na estrada de Madina do Boé para Contabane, perto de Gobije


por António Pinto 

(...) A memória já me vai traindo um bocado, mas há momentos que jamais poderei esquecer e com certeza que me acompanharão para sempre. 

Guardei alguns documentos daquele tempo e, vasculhando-os, verifico que pertenci à 3ª Companhia de Caçadores, em Nova Lamego, e aos Batalhões de Caçadores, sediados em Bafatá, nºs 506 e 512 e,  finalmente,  ao Batalhão de Cavalaria nº 705.

Sobre Madina do Boé,  estive lá no 2º ano de comissão, lembro-me que fomos os primeiros a lá chegar e montar o 1º aquartelamento que ficou ao fundo da estrada, onde havia uma escola desactivada. 

Os primeiros tempos passámo-los sem sobressaltos de maior até que houve o 1º ataque, não posso precisar a data. Não tivemos feridos.

Há um episódio, no entanto, entre vários, que me marcou bastante. Vou tentar resumi-lo:

Uma tarde estávamos no destacamento, quando, de repente, ao fundo da tal estrada vimos chegar, com grande alarido,  dois ou três jipes com uma velocidade inusitada e alguém aos gritos, que só conseguimos entender quando chegaram à nossa beira. 

Era um grupo de comandos, chefiados pelo alferes  [Mauríco] Saraiva [um homem tremendamente marcado pela guerra em Angola, onde assistiu à morte de familiares seus, (dizia-se)].

Aos berros, pediu-nos viaturas e homens para efectuar uma operação (de que eu não tinha conhecimento ) nos arredores de Madina.

 De tal maneira ele estava transtornado que chegou a puxar de pistola para um furriel do destacamento, que estava a apertar as botas, tal era a sua pressa.

O que não posso esquecer é o pedido que um dos nossos soldados fez para substituir o condutor duma viatura, salvo erro, uma Mercedes, argumentando que, sendo ele pequeno ( e era-o de facto), se uma mina rebentasse,  ele saltava com mais facilidade, pedindo só para deixar tirar a capota da viatura. Não me recordo do nome dele mas vejo-o constantemente...

Essa patrulha, em que não participei, pois o Saraiva não o permitiu, foi atacada, após o rebentamento de minas. Morreram vários camaradas nossos, entre eles o referido condutor, que teve uma morte horrorosa.

Alguns desses camaradas deixaram este mundo nos meus braços e nos do médico que, na altura, estava conosco e que é por demais conhecido - o Luiz Goes, que todos conhecem, com certeza, pelos seus fados de Coimbra.

Este foi um dos momentos mais dramáticos que vivi na Guiné, para além de outros, especialmente em Beli, onde fui ferido (....)


______________

Notas do editor:

(*) 11 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25832: (De) Caras (308): Maurício Saraiva, cofundador e instrutor dos Comandos do CTIG, cmdt do Gr Cmds Fantasmas - Parte I: O "capitão Manilha", por Virgínio Briote (ex-alf mil cav, CCAV 489, Cuntima; e ex-alf mil 'cmd', Grupo Diabólicos, Brá; 1965/67)

(**) Vd. poste de 6 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11531: As Nossas Tropas - Quem foi quem (12): Maurício Leonel de Sousa Saraiva, ex-cap inf comando (Brá, 1965/67) (Luciana Saraiva Guerra)

Vd. também poste de:


(...) Tenho muito material sobre o cor Maurício Leonel Saraiva. Fotos, documentos e memórias de acontecimentos, histórias que corriam na altura, outras de que fui testemunha e uma ou outra em que até fui protagonista. Gostaria de fazer um trabalho sobre o Saraiva (já em tempos encomendado pelo Presidente da Associação de Comandos, mas que não pude levar adiante).

Foi ele, o Saraiva, que como tenente me convidou a concorrer aos comandos e, dois meses mais tarde, como capitão, foi meu director de instrução.(..:)


terça-feira, 6 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25813: Banco do Afeto contra a Solidão (30): António Pinto (ex-alf mil, BCAÇ 506, Pirada, Madina do Boé e Beli, 1963/65), fundador de quartel de Madina do Boé: "Há muito que não venho ao blogue"...


António de Figueiredo Pinto 
[ex-alf mil, BCAÇ 506, Pirada, Madina do Boé e Beli, 1963/65]. Integra a Tabanca Grande desde 18/12/2006 (*). Vive em Vila do Conde, 


1. Dois comentários do Antonio Figueiredo Pinto, ao poste P20981 (**):

(i) Amigos:

Julgava que já me consideravam morto. Nos aniversariantes de maio aparecem 12 camaradas, menos eu

Já estou nos 82 mas pouco mais irei durar

Sejam felizes

António Pinto

 (ii) Amigos:

Vou a caminho dos 86

Há muito que não tenho vindo ao blogue.
Há cerce de 5 ou 6 anos...as doenças tem tomado conta do meu corpo

Por feliz coincidência há dias que o mestre Luís enganou-se no nº do telemóvel e ligou-me.
Fiquei radiante.

A minha cabeça já não funciona direito

Um abraço para todos.

2. Comentário do editor LG:

António, por um feliz acaso liguei-te. E gostei de saber de ti. Tu és um veterano da Guiné e do nosso blogue. Mais do que veterano, um "histórico", fundador de Madina do Boé!... 

Infelizmente, não tens podido aparecer, e para mais por razões de saúde (****). Tens 37 referências no nosso blogue. E, ainda bem que "refilaste". Este ano voltas a ter "direito" ao postalito de parabéns (***). 

Fizeste "prova de vida", para o ano a gente se vais "esquecer" de ti" .... Mas, como deves imaginar, também já não damos conta de todos os recados...  Os anos não pesam só para o teu lado... 

No caso da série "Parabéns a você", temos vindo a pedir aos acamaradas aniversariantes que fraçam provada de vida... Basta mandar um mail, a dizer, "OK, estou vivo!"... Prometo, entretanto, revisitar algumas das fotos do teu álbum.

Recebe um fraterno alfbravo do Luís.

________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 18 de dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1378: Tabanca Grande: António de Figueiredo Pinto, ex-Alf Mil do BCAÇ 506: um veterano de Madina do Boé e de Beli


(**) Vd. poste de 17 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20981: Parabéns a você (1803): António Pinto, ex-Alf Mil Inf do BCAÇ 506 (Guiné, 1963/65)

(****) Vd. poste de 17 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25534: Parabéns a você (2272): António Pinto, ex-Alf Mil Inf do BCAÇ 506 (Nova Lamego, Geba, Madina do Boé, Beli e Bolama, 1963/65)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23881: Contactem-nos, há sempre alguém que pode ajudar ou simplesmente saber acolher (3): Mensagens recebidas entre janeiro e outubro de 2022, através do Formulário de Contactos do Blogger



Formulário de Contacto do Blogger: disponível na coluna estática, ou "badana", do lado esquerdo do blogue. Tratando-se, o remetente,  de um antigo combatente no TO da Guiné (1961/74), é conveniente indicar, além do nome, o respetivo posto, a unidade/subunidade a que pertenceu, a(s) localidade(s) por onde passou, e o(s) ano(s) da comissão de serviço... Há dados que nos mandam, que são muito vagos...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2022)



Guiné > Região do Oio > Sector de Farim > Cuntima > CCAÇ 2592 / CCAÇ 14 > "Em Cuntima. Eu e o vagomestre Germano (do Porto). A inscrição que está no pedestal é de uma das companhias que esteve aqui, a CCAÇ 1789, do BCAÇ 1932 (1967/69), mobilizado pelo RI 15 (Tomar). A CCaç 2592 (futura CCAÇ 13) foi colocada em 6 de novembro de 1969, em Cuntima, a fim de substituir a madeirense CCaç 2529 como força de intervenção e reserva do BCaç 2879".

Esta, a CCAÇ 1789, é uma das subunidades que não tem qualquer representante até à data na nossa Tabanca Grande.

Foto (e legenda): © António G. Carvalho (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Seleção de mensagens recebidas através do Formulário de Contacto do Blogger, em 2022, até ao final de outubro. Trata-se um veículo de comunicação imediata, amigável e fácil entre os leitores e os editores do blogue.


Nalguns casos, já houve uma resposta direta, atempada,  dos nossos editores ou um reencaminhamento para outros destinatários. Também num caso ou noutro a mensagem pode já ter dado origem a um poste. Procuramos, na lista a seguir, pôr um link naquelas unidades ou subunidades com representantes na Tabanca Grande, o mesmo é dizer com referências no nosso blogue.

Por favor, não abordem assuntos da atualidade, por muito dramáticos, prementes e impactantes que possam ser... Nem nos perguntem por coisas sobre (ou camaradas que estiveram em) outros teatros de operações, como Angola e Moçambique... Como é público e notório, o nosso blogue é centrado nos antigos combatentes da guerra do ultramar / guerra colonial, que estiveram na Guiné, no período que vai entre 1961 e 1974

Por outro lado, temos muito boa vontade mas não temos meios (humanos, logísticos, temporais, financeiros, legais...) para dar resposta, atempada e cabal, sobre todos os pedidos, e nomeadamente sobre antigos camaradas, seu paradeiro, etc.

Evitamos, em princípio, divulgar o endereço de email de cada um destes contactos, a menos que haja interesse para o próprio (nos casos, por exemplo, em que se divulga um livro ou a realização de um encontro: ou se procura informação que extravasa o âmbito do blogue).

Prometemos, em 2023, fazer um apanhado, com maior perodicidade, destas pequenas (mas precisosas) mensagens. E desde já agradecemos todas as manifestações de apreço pelo nosso trabalho, e de incentivo para continuar a partilhar memórias (e afetos) dos antigos combatentes da Guiné (1961/74).


2022 (janeiro-outubro)



28/10/2022, 9:49 | António Baptista

HM241, Bissau, 69/71, Abraço para todos. Continuem a publicar.

27/10/2022, 20:58 | Maria Ferreira

Sou sobrinha de um 1º cabo Manuel Alberto da Costa Marinho que esteve na Guiné em 72-74. Um tio muito querido para mim, quase meu segundo pai que infelizmente faleceu este verão. Eu sou historiadora pela faculdade de Letras da Universidade do Porto e eu e o meu irmão mais velhos gostariamos de conhecer o seu batalhão e escrever as memórias que ele sempre nos contou para que a sua memória não se perca.

24/10/2022, 20:45 | Gabriel

Procuro alguém que tenha estado na Guine Bissau, em 1961 /62/63 , e que conheça o nome
Fernando Fernandes: este senhor trabalhou na Força Aérea Portuguesa. Obrigado.


20/10/2022, 22:16 | José Joaquim da Silva Ribeiro

Boa noite, os meus cumprimentos . Eu também estive na Guiné, em 1972/74, no BCAÇ 4612/72, 3ª Companhia. Era 1º cabo padeiro em Mansoa. Sem mais um grande abraço a todos camaradas.
19/10/2022, 10:01 | Manuel Alves

Furriel Armas Pesadas 2ª CCaç / BCaç 4518/73 - Cancolim / Galomaro .


16/10/2022, 18:42 | Fernando Nogueira de Carvalho


Luís Graça, enviei ontem o episódio Mata de Cassum; não sei se feri suscetibilidades mas foi a realidade. Quanto aos meus trabalhos de pintura e fotografias, claro que pode publicar, é um gosto mutuo.

15/10/2022, 18;05 | Jorge Miguel

Estive no HM 241 (Bissalanca) entre 1967/69. Tenho tentado encontrar camaradas mas... sem sorte. Possivelmente porque não sei fazer as coisas a seu termo.


Percurso na Guiné: Ingoré, Barro,  S.Domingos,  Suzana,  Mansabá; ferido 2 vezes em combate,  sou DFA. Pior experiência: mata do Cassume 12 mortos. Aqui recusei a cruz de guerra que me valeu um dia detido no quarto. Furriel mas mais de metade da comissão, depois de 2 alferes mortos, fiquei a comandar o pelotão. Na desmobilização como tantos outros senti-me descartável. Paradoxo ou não, regressar à Guiné, Saúde e abraço para todos.

6/10/2022, 17:11 | João Alberto Leitão Ribeiro Arenga

Um abraço a todos os ex-combatentes da Guiné-Bissau, em especial.a todos os Catedráticos de Empada. CCaç 3373, 1971/1973.

27/9/2022, 12:38 | Manuel Veiga

Estive em Bolama nos anos 64/66. Comando de Agrupamento 17.

17/9/2022, 12: 22 | Henrique Silva

Henrique Raimundo Silva, ex-soldado paraquedista, 871/67, mobilizado para a Guiné, em rendição individual, cheguei ao BCP 12, em setembro de 1968, fui ferido em Gandembel em novembro de 1968, em mina antipessoal.

16/09/2022, 00:39 | Jose M. DeFerraz ou José Ferraz de Carvalho

Sou o membro desta Tabanca Grande nº 527. Vivo nos EUA. Deixei de receber os "postings" que recebia fielmente todos os dias: Nao sei se foi por erro meu que cancelei a minha subescricão. Sendo assim por favor reactivem-la.


31/08/2022, 13:17 | Madiu Furtado

O meu nome é Madiu Furtado, sou jornalista e escritor guineense. Resido em Portugal desde muito pequeno. Recentemente lancei o romance intitulado Onze Anos, publicado pela editora Chiado Books.

Onze Anos aborda a guerra colonial na Guiné-Bissau. A narrativa acompanha os anos de conflito armado entre o movimento de libertação de Guiné-Bissau e Cabo Verde, PAIGC, e as tropas portuguesas até à proclamação da independência de Guiné-Bissau a 24 de setembro de 1973. Neste romance retrato a ditadura imperialista portuguesa e a árdua luta pela libertação
do país.

O personagem principal, Federico, é um jovem guineense com raízes cabo-verdianas que ao receber a carta de mobilização vê-se obrigado a lutar ao lado dos portugueses. A partir daí a sua vida se altera, bem como a de toda a sua família.

Onze Anos foi lançado em Portugal no dia 16 de julho de 2022. Escrevo esta mensagem porque gostaria realizar novas entrevistas para o segundo volume de Onze anos. Pretendo escrever uma trilogia que acompanhe os 11 anos de guerra de guerrilha em Guiné-Bissau. Seria uma honra conversar com quem viveu os duros anos da guerra e guarda tantas memórias.

Felicito pelo blog que sempre foi uma biblioteca da guerra colonial e que faz parte das minhas pesquisas.

Madiu Furtado | madiufurtado@gmail.com

29/08/2022, 15:46 | Francisco Domingues

Bedanda, 70/72, furriel miliciano de artilharia.


03/08/2022, 12:16 | José Morgado

A 2ª CART & BART 6521 vaio promover o encontro para os elementos da mesma Companhia em Cacia, Aveiro, no Restaurante Solar das Estátuas, no dia 24 de setembro, após 50
anos que chegamos à Guiné, para a zona de Có. 

Para membros que não tenham conhecimento, Contacto. 934755427. Email: goldmor51@gmail.com

Saudações a todos Ex-Combatentes.

31/07/2022, 20:59 | José Manuel Samouco


E se nós contássemos o que comíamos no dia a dia na Guiné da Guerra. Nem toda a Guiné andava na Guerra. Alguns até comiam bem!

20/07/2022, 10:53 | Valentim Eduardo

CCAÇ 1500 / BCaç 1877 - Guiné, 1966/1967. Um Grande Abraço,  Luis


19/07/2022, 23:43 | António Dias Costa


Ex-Furriel Miliciano, atirador de artilharia,fez parte da CArt 2519. Esteve em Mampatá, na Guiné,  em 1969/1971.

14/07/2022, 17:17 | Francisco Souza (natural de Cabo Verde)

Fui colega de carteira do Areolino Cruz, no Colégio Nuno Álvares,em Tomar, nos anos 57/58. Embora mais novo que ele, guardo do mesmo uma terna recordação. Saí do colégio em 1958 e desde então perdi o contacto com o mesmo. Soube mais tarde,através do Daniel Ramos Benoliel, guineense,que comigo serviu na Forca Aérea Portuguesa e mais tarde foi meu colega na TAP, que o Areolino tinha ido para a URSS estudar e que por qualquer motivo foi recambiado para a Guiné,onde viria a morrer. Paz à sua alma.

(...) Mais informo que durante a minha estadia no colégio Nuno Álvares, em Tomar,fui colega de vários outros Guineenses,entre eles o João Domingos Gomes,o Eslávio Gomes Correia e os irmãos Inácio e Júlio Semedo,todos eles mais velhos que eu mas com os quais mantive boas relações. Não sei se ainda estão vivos,mas se ainda o forem daqui (Açores,onde vivo desde 1979) lhes envio um fraterno abraço.

8/7/2022, 20:41 | Erine

Boa noite, me chamo Érine. Estou fazendo uma pesquisa referente a minha árvore genealógica para descobrir quem foram meus antepassados, informações essas muito importantes para a minha família.

Recentemente descobri que meu tataravô (ou tetravô) participou da última guerra de Portugal em 1961. O nome dele era José Leite da Cunha e ele foi embora para o Brasil. Peço a ajuda de quem puder contribuir com mais informações a respeito dele, pois não estou encontrando nos cartórios brasileiros. Aguardo por notícias, obrigada!

3/07/2022, 12:55 | Carlos Manuel da Costa Paquim


Capitão de artilharia-Penafiel - Guiné 68/70. Força, camaradas!


28/6/2022, 14:59 | António Figueiredo Pinto

Ainda estou vivo!

20/6/2022, 00:08 | Fernando Manuel Alves Morgado da Silva

O meu penhorado reconhecimento aos fundadores deste blog, que aproxima todos os camaradas que um dia pisaram as terras da Guiné de armas na mão, que saúdo, e aos quais envio "aquele abraço" . Um abraço muito especial para o meu primo Humberto Reis


3/6/2022, 13:47 | Fernando Correia

CCAÇ 1789, Cuntima, 2º Gr Comb, "Os Indomáveis", 1967.

Boa tarde, eu tenho o crachá de peito desta companhia. Gostaria de saber a origem, seu percurso militar na Guiné. Tenho uma página no Facebook, Fernandocorreia correia. Obrigado pela cortesia.

30/5/2022, 10:36 | João Neves (Aveiro)

Gostaria de rever todo o pessoal que esteve na ponte, 72/74 (fui render o pessoal que morreu na emboscada). Gostava de encontrar o Alexandre, Santiago, Miguel, Serra,e outros. Não tenho contatos de ninguém. Meus contactos: telem 965802548 | email: jtransneves@gmail.com

[ Perguntámos-lhe, em 16/10/2022, a que ponte se refere. E qual a sua unudade ou subunidade. Ainda não nos respondeu. Mas aqui os seus contactos.]

24/5/2022, 17:27 | António Alberto dos Reis Mendes

Boa tarde, ex-combatente, Guiné 72/74, Caboxanque, Cantanhes, CCAV 8352. Um abraço.

7/5/2022, 15:18 | Nuno


A propósito da inscrição Magul 1895, presente no tubo da peça de 105 mm da Krupp. Batalha ocorrida em 1895, sendo os portugueses comandados por Paiva Couceiro.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Combate_de_Magul

28/4/2022, 16:49 | Mário da Silva Jesus (Codivel, Odivelas)

Abusivamente tomo a liberdade de vir de vez enquanto, invadir o vosso espaço, na qualidade de um "simples" curioso e aproveito a oportunidade e espaço, para dar os parabéns pela forma como este espaço é gerido. Os meus fraternais cumprimentos.

28/04, 03:14 | João de Sousa Machado

Um abraço de admiração e camaradagem pela persistência, qualidade e forma correcta de levar adiante tanta informação daqueles "nossos " dois anos de Guiné. Fui alferes miliciano de artilharia e estive em Fulacunda, Cabedu, com o 8,8 e em Cufar com o 14. Um abraço ao Briote...

[ João: obrigado... Conheces o Briote, donde ? E porque é que não te juntas a nós e partihas as tuas fotos e outras memórias... ? De que ano és ?... Serás bem vindo à Tabanca Grande: manda 2 fotos (uma atual e outra do antigamente), e duas linhas de apresentação ]


28/04/2022, 16:56 | Maria Augusta Martinho

De quando em vez, venho aqui à Tabanca matar saudades... Não sei que feitiço aquele chon tem em nós. (...) (Mensagem publicada no Poste P23799...)

23/04/2022, 00:29 | Afonso de Melo

Parabéns pelo 18º aniversário do Blogue que enriquece substancialmente o relato da nossa vivência em terras da Guiné. Um forte abraço ao Luís Graça e a toda a equipa.

15/04/2022, 17:35 | António Machado

João Carvalheiro era fur mil da 3ª CCaç / BCaç 4512, estava em Cuntima. Na página do batalhão estão lá varias referências. Antes da pandemia todos os anos faziamos o nosso almoço, ele estava sempre presente com a esposa.

12/4/2022, 13:15 | Sílvia Zayas Serra

Sou artista e sobrinha do João Carvalheiro que faleceu no Porto há dois anos. Ele era furriel de minas e armadilhas. Na minha memória estão as histórias que o meu tio contava sobre Guiné, e a Maria Turra, gostava de falar com alguém que o tenha conhecido ou estado com ele em algum momento lá na Guiné.

Esteve na na tropa, penso que de 72 a 74 mais ou menos. No meu doutoramento e algumas das peças artisticas e filmes, trabalho com memória, também por perceber como segunda geração o imaginário que formaram estas experiéncias e sobretudo por um desejo muito emocional de perceber.

Agradecia alguém com quem falar. Muito obrigada pelo blogue e a recuperação de documentos! Sou nascida em Espanha e por isso o meu português às vezes pode parecer
esquisito...

12/4/2022, 12:13 | Elisa Baptista

Fui aluna do Doutor Jorge Cabral ... Amava o seu sentido de humor... Triste em saber que nos deixou.

10/4/2022, 23:12 | Rui Miguel da Silva Nunes

Tive hoje conhecimento deste blogue, que me trouxe à memória, o meu pai, Ilídio Rosado Fernandes Nunes, já falecido. O meu pai era natural de Marvão. O seu capitão era Salgueiro Maia na Guiné. Gostaria de saber se tem algum conhecimento do meu pai, ou porventura
alguma história… Obrigado pelo vosso trabalho de manter a memória viva!

1/04/2022, 19:11 | Constantino Neves (ou Tino Neves)

Olá, Luís Graça. É só para fazer uma pergunta: porque será que ainda não li nada no blogue, sobre o que se está a passar na Guiné ?

O presidente Sissoco começou a nacionalizar firmas estrangeiras, começando por a "Casa do Povpo", casa (firma) antiga e com história e de capitais portugueses (maioria). Talvez não fique por aqui. Ele o presidente está a fazer acordos com o Senegal (julgo por causa da prospecção do petróleo). Já há quem peça para que a Guiné saia da CPLP. Bem,  fico por aqui.

[Tino, és um histórico do blogue, tens a obrigação de conhecer as nossas "regras do jogo": uma delas é a nossa não-intromissão na vida política interna da actual República da Guiné-Bissau (um jovem país em construção), salvaguardando sempre o direito de opinião de cada um de nós, como seres livres e cidadãos (portugueses, europeus e do mundo).]  

25/3/2022, 14;41 | José Alberto Neves

Fui alferes miliciano de transmissões, no CAOP 2 em Nova Lamego, em 1973 e 1974.
Dentro de meses irá ser publicado um livro meu, cuja parte final aborda essa inquietante estadia.

12/3/2022, 12;35 | Arlindo Moreira da Silva,
sold cond, CCS/BCAÇ 1933, Guiné 67/69 

Ao falarem hoje no conjunto João Paulo,  gostaria de os informar que eles embarcaram no dia 27/10 de 1967 no Navio Timor para a Guiné na companhia do meu Batalhão. Não sei se foram destacados para o mato ou se foram com a missão de actuarem para as nossas tropas. Também viajou na mesma data connosco o 1º cabo escriturário Marco Paulo,  o cantor.

Com os meus cumprimentos e mais uma vez obrigado por continuarem a manter acesa a tocha do Antigo Combatente. Bem hajam.


10/03/2022, 16:09 | Fernando Piães Fernandes

Camaradas, foi com grande entusiasmo que, depois de receber o jornal "O ELO" da ADFA, verifiquei a existência deste blogue pelo que peço que me incluam nessa grande Tabanca. Com os melhores cumprimentos.

23/02/2022, 11:23 | Augusto Silva Santos

Na tentativa de encontrar um nome de um antigo camarada, acabei por verificar que da nossa lista de amigos ainda consta o nome do meu amigo e camarada da Guiné, Jolmete, na CCaç 3306 / BCaç 3833, Ernesto Marques. Passo a informar que este infelizmente faleceu em 30/08/2021. Lamento que só agora estejam a tomar conhecimento.

21/02/2022, 22:18 | Manuel Leitão

Estive em Bula no BCAÇ 2928 e destacado em Capunga e antes com o alf Lopes. Em Capunga, com o furriel Vaz. Agradeco se existem contactos com os mesmos. Obrugado.

20/02/2022, 21:08 | Joaquim Luis Pires

Estive em Geba entre setembro 72 a junho 74 e também em Catacumba, como alferes.

18/02/2022, 13:33 | Mamadu Djaura

Eu sou Mamadu Djaura, o meu pai Braima Djaura, ex-combatente, soldado de infantaria em Gampara, de 1972 a 1974. Descobri que alguém está a usar o nome do meu pai Braima Djaura, tem muitos filhos, temos dados ou informação e testemunhas para difender o direito do meu pai. Qualquer informação que precisem sobre o meu pai, estamos em Guiné-Bissau, cidade de Bissau, Bairro Belém. Precisamos de direito do nossos pai. Temos aa provas de nosso pai Braima Djaura, muitos testemunhas em Gampára. Temos associação de filhos de antigo conbatentes portugueses em Guiné-Bissau.
10/02/2022, 12:28 | Jaime Duarte

Gostaria de saber se neste excelente blog haverá registo do meu amigo Acácio de Almeida e Silva, ex-furriel na Guiné, 1968-70. Obrigado e abraço. Jaime Duarte (ex-alferes miliciano SAM 1972-75).





Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > Carta de Fulacunda (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Gampará e da Ponta do Inglês na Foz do Rio Corubal

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013)


3/02/2022/2022, 22:23 | Mamadu Djaura

Sou Mamadu Djaura, filho de camarada Braima Djaura combatente militar da CCAÇ 4142/72 de Gampará no ano 1972 a 1974 Preciso de encontrar dados completos do meu pai. Estou em Guiné Bissau. Me ajudem encontrar solução. Sou órfão.


20/01/2022, 03:51| Armando Ribeiro Ribeiro (CCP 122/BCP 12, 1072/74)

Boa noite, camaradas. Sou ex-combatente da ex-provincia da Guiné, onde estive entre janeiro de 1972 a janeiro de 1974, tendo incorporado a Companhia 122 das tropas paraquedistas , Tenho acompanhado minimamente os relatos dos militares que por lá passaram durante a década de guerrilha. Sendo apenas mais um daqueles que sofreram as amarguras de uma juventude perdida e que hoje se reflete pelo desgaste físico e até emocional, que nos limita a qualidade de vida que gostaríamos ter, contrariando-se com a algria de «estarmos vivos» Deixo o meu abraço solidário para todos os demais !!!



19/01/2022, 21:10 | Francisco Alberto

Também passei por Mansoa e Mansabé, em 1966/68, integrando o BCAV 1897, pertencendo à CCS como Radiotelegrafista do STM. Bons momentos passados em Mansoa.

19/01/2022, 13:18 | Fernando Jorge Alves

Boa tarde, camarada, preciso de ajuda de um advogado, eu sou Fernando Silva, ex- 1º cabo Pelotão Morteiros 4580, Guiné. 73/74. Obrigado. Telem 935519499 | email: fernandosilvanobrega@gmail.com

12/01/2022, 16:30 | António Alves da Costa

Bom dia, fui soldado cozinheiro na CCS / Bart 3844, Guiné, Farim, 1971/73. E 49 anos
depois por cá andamos. obrigada por me aceitares na vossa Tabanca. Abraços para os sobreviventes.
8/01/2022, 22:33 | Amadu Jau

Aqui fala o presidente da Associação dos ex-Combatentes das Forças Armadas
Portuguesas na Guiné-Bissau, Amadu jau. Cumprimentos | amadujau8@gmail.com

7/1/2022 , 15:10 | Leandro Guedes

Meu caro Luis Graça: informo que o livro do Alf Rosa da CART 1743, foi reeditado. Este livro relata os trágicos acontecimentos de Bissássema, altura em que o Alf Rosa e mais dois camaradas, Contino e Capítulo, foram feitos prisioneiros e levados para Conakry.

Tenho digitalizações da capa e contracapa mas não sei como vos enviar. Um abraço e votos de Bom Ano para todos, com muita saúde. Um louvor ao teu trabalho em prol do não
esquecimento dos Heróis da guerra colonial/ultramar. Leandro Guedes, BART 1914.


4/01/2022, 18:33| Henrique Piedade

Solicito informações sobre camaradas que estiveram no Pel Rec Daimler 1077, Batalhão de Caçadores 1861. Os meus agradecimentos.

3/01/2022, 14:23 | Joana Silva 
(Universidade de Cardiff, UK)

Caro Luís Graça: Em tempos escrevi-lhe para lhe pedir informações acerca do macaco kon
(babuíno) da Guiné-Bissau. Acabei de publicar um artigo cientifico de revisão e em português acerca do trabalho que foi realizado no âmbito da minha investigação na Guiné-Bissau
que gostaria que partilhasse no seu blogue. Dada a ajuda de partilha de informações que recebi em 2009 de si e dos bloguistas, creio ser interessante saberem do seguimento da investigação que se iniciava naquele ano.

Com votos de um excelente ano de 2022 e os meus melhores cumprimentos,

Joana Silva

PS: para aceder ao artigo, por favor siga o link que envio abaixo. O artigo chama-se Artigo de investigação [pp. 75-105] Os babuínos da Guiné (Papio papio) na Guiné-Bissau: Uma revisão bibliográfica para a conservação da espécie
http://sintidus.blogspot.com/p/numero-4.html
__________

Nota do editor:

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23837: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XI: Uma equipa inteira do Grupo de Comandos "Fantasmas", destroçada em 28/11/1964, junto do Rio Gobige, na estrada Madina do Boé - Contabane



Guiné > Brá >  Grupo de Comandos "Fantasmas" > 1964 > Desta equipa do Gr Cmds “Fantasmas” só não morreu. junto do Rio Gobige, na estrada de Madina do Boé para Contabane, em 28 de novembro de 1964; o segundo da esquerda. Da esquerda para a direita, o 1º cabo Ferreira, o soldado Carreira, o furriel mil. Artur Pires e os soldados Artur e Godinho.

Foto (e legenda): © João S. Parreira (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 


 
Guiné > Bissau > Cemitério de Bissau, talhão militar. (onde foram inumados alguns dos comandos do Grupo Fantasmas, mortos em Gobige, em 28/11/1964) , como o Manuel Couto Narciso,  soldado condutor auto comando, natural de Santa Catarina / Caldas da Rainha, ou o Ramiro de Jesus Silva, 1º cabo condutor auto comando, natural de Valongo (Colmeias) / Leiria.

Foto (e legenda): © Virgínio Briote (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Guiné > Região de Gabu  > Madina do Boé > Imagem aérea de Madina do Boé. Na mata ao fundo fizemos o acampamento. 

Imagem: Cortesia do blogue  Luís Graça e Camaradas da Guiné com a seguinte indicação: “Presumo que a sua autoria seja de Jorge Monteiro (ex-capitão miliciano da CCAÇ 1416, Madina do Boé, 1965/67) ou de Manuel Domingues, ex-alf mil da CCS/BCAÇ 1856, Nova Lamego, 1965/66.”



Guiné > Carta geral da província > 1961 > Escala 1/500 mil > Posição relativa de Madina do Boé e estrada para Gobige e Contabane., na fronteira sul com a República da Guiné.

Infografia: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné (2022)

 
1. Continuamos a reproduzir excertos das memórias do nosso camarada, já falecido, Amadu Djaló (Bafatá, 1940- Lisboa, 2015), membro da nossa Tabanca Grande desde 2010.

A fonte continua a ser o ser o seu  livro "Guineense, Comando, Português" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp.), de que o Virgínio Briote nos disponibilizou o manuscrito em formato digital. 

A edição, da Associação de Comandos, com o apoio da Comissão Portuguesa de História Militar, está infelizmente há muito esgotada. E não é previsível  que haja, em breve, uma segunda edição, revista e melhorada. Entretantio, muitos dos novos leitores do nosso blogue nunca tiveram a oportunidade de ler o livro, nem muito menos o privilégio de conhecer o autor, em vida.


Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria >
IV Encontro Nacional do nosso blogue >
20 de Junho de 2009... O VB e o Amadu.
Foto: LG (2010)
O nosso coeditor jubilado, Virgínio Briote (ex-alf mil, CCAV 489 / BCAV 490, Cuntima, jan-mai 1965,
 e cmdt do Grupo de Comandos Diabólicos, set 1965 / 
set 1966) fez, duarnte largos meses, com enorme paciência, 
generosidade, rigor e saber, as funções de "copydesk" (editor literário) do livro do Amadu Djaló, ajudando a reescrever o livro, 
a partir dos seus rascunhos.

Recorde-se, aqui o último poste 
desta série (*): demos um salto no tempo, de 1964 para 1970, para  acompanhar  as suas memórias da Op Mar Verde (Conacri, 22 de novembro de 1970). Um ano e tal antes, ele tinha sido selecionado 
para integrar a 1ª Companhia de Comandos Africanos (em formação), comandada pelo cap graduado 'comando' João Bacar Jaló, seu amigo de Catió, e com a supervisão do major Leal de Almeida.  
 
Hoje voltanos ao Gr Comandos "Fantasmas", da Companhia de Comandos do CTIG. O grupo, comandado pelo alf mil comando Maurício Saraiva, parte para Madina do Boé em novembro de 1964. Irá perder 9 dos seus homens..




Capa do livro de Bailo Djaló (Bafatá, 1940- Lisboa, 2015), "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974", Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada.




 
Amargas recordações de Madina do Boé:  a tragédia de 28/11/1964, junto ao pontão do rio Gobige 
(pp. 94/105)

por Amadu Djaló (*)



Estávamos em Novembro de 1964. O alferes Saraiva soube,  no QG, que o PAIGC já tinha chegado à zona de Madina do Boé, no sudeste. Que tinham vindo com muitos carros carregados de material até à linha de fronteira, até uma tabanca chamada Boloi Ela, que fica no território da República da Guiné-Conakry, a pouca distância da fronteira com a Guiné Portuguesa.

O alferes ofereceu o grupo para ir para lá, enquanto não houvesse reforços para destacar para aquela zona [1].

Assim, fui a minha casa preparar a roupa interior para levar. Eu não queria despedir-me da minha mãe durante o dia, porque era dia 13 de lunar 
[2]e nós evitamos viagens nos dias 3, 13 e 23 de lunar e também na última 4ª feira de lunar. A partir do dia 21 de lunar temos que evitar as 4ªs feiras, esse espaço de tempo até à lua nova. Nos restantes dias só não devemos sair para viagens nos dias 3, 13 e 23, já que a maioria das separações, nestes dias, seriam para nunca mais, quanto mais ir para a guerra.

Quando o cabo Braima  [Seidi]. me falou da saída, não me senti muito bem. Mas se fosse de noite não fazia mal, podia sair.

Quando cheguei a Brá, encontrei os colegas europeus à nossa espera. Fui a correr pegar na arma e no equipamento e seguimos para o aeroporto, onde estavam cinco avionetas à nossa espera.

Chegámos a Madina entre as 16 e as 17 horas. Estavam todos os homens a fazer a pista para as avionetas poderem aterrar e, como o local e a clareira eram de lapas de pedra e cascalho,  não custou muito fazerem a pista num dia só. Tambor a tocar, os rapazes e homens de meia-idade trabalharam com vontade e, às 16 horas, quando chegámos, não tivemos nenhuma dificuldade em aterrar as cinco avionetas. Depois, também acompanhados com os toques dos tambores, deslocámo-nos para a entrada do aquartelamento.

Depois do alferes Saraiva explicar ao alferes [3], comandante do pelotão de Madina do Boé, sobre a nossa missão, tratámos de arranjar lugar para nós. Não ficámos dentro do “quartel”, fizemos um acampamento numa mata perto, com seis barracas, uma para cada equipa e outra para armazenar os nossos mantimentos.

A ideia era cozinhar dia sim, dia não. Um dia ração quente, outro dia ração fria. E tínhamos programado sair para o mato, também dia sim, dia não.

A população ajudou-nos a fazer as barracas, à entrada de Madina, para quem vem de Dandum. Quando era dia de descanso, dormíamos nas barracas fora do quartel e das tabancas.

Durante a semana, nas saídas que fizemos,  não vimos nem ouvimos nada. O alferes já não tinha confiança nas informações da população local. Num dia à noite, disse-me:

–  Amadu, quero ir contigo e com um guia para a tabanca de Hore Moure, na República da Guiné-Conakry.

 O que é que disse? Está bem, vamos quando quiser!

 Amanhã, Amadu. Não vamos fardados, tomamos emprestadas duas camisas grandes, vestimos como homens grandes Fulas e não vamos com as nossas armas, só levamos granadas ofensivas, duas ou três cada um.

O alferes perguntou-me em quem eu tinha confiança ali. Era a primeira vez que vinha a Madina, mas, quanto a mim, era melhor levar o chefe da tabanca. Tinha mais responsabilidades que os outros.

No outro dia, por volta das 17 horas, seguimos em duas viaturas na direcção de uma tabanca abandonada, Guileje [4] do Boé, e apeámo-nos antes de chegarmos ao local. Depois seguimos a pé até á tabanca e ficámos emboscados até às 23h00 no caminho que vem de Hore Moure.

Nessa altura o alferes comunicou a missão ao grupo. Que os três, ele, eu e Mode Hure[5], íamos fazer uma visita a uma tabanca da República da Guiné, enquanto o grupo se deveria manter emboscado naquela zona, mais ou menos a 500 metros do monte da fronteira.

Que só levávamos granadas e que se tivéssemos contacto com o PAIGC, lançávamo-las e retirávamo-nos na direcção da fronteira e o chefe da tabanca devia fugir sem se preocupar connosco. Para o grupo que ficava emboscado, o alferes disse que se aparecesse algum vulto, que atirassem, porque não seríamos nós. E, se ouvissem rebentamentos das granadas, não contassem com a nossa presença. A comandar o grupo ficou o furriel Artur.

A tabanca para onde íamos,  ficava acima do monte, no nosso idioma Hore Moure, mais ou menos a 2 kms da fronteira, dentro do território da Guiné-Conakry.

Depois de tudo esclarecido iniciámos a marcha em direcção ao sul, com destino ao nosso objectivo. Cerca de 500 metros andados chegámos ao monte de pedra [marco] de fronteira    e, agora daqui para a frente estávamos na República da Guiné-Conakry, disse-nos o chefe da tabanca.

Até aí, Mode Hure seguia à frente, eu ia a seguir e o alferes atrás. A partir dessa altura, o alferes passou à minha frente e disse-nos que se nos apanhassem deveríamos dizer que éramos árabes. Eu disse para mim, sim senhor, meu alferes, sou um árabe que não sabe falar árabe.

A tabanca estava ali à nossa frente. Deixámos o chefe ali e eu e o alferes entrámos. Vimos uma arrecadação de mantimentos, afastada das casas de habitação por causa dos incêndios. Lá dentro, com a lanterna de mão, subimos as escadas, feitas de paus e cana de bambu. Empurrei a porta, não tinha nada, estava vazia. Saímos da arrecadação, com muito cuidado, aproximámo-nos de uma casa, entrei e também não estava lá ninguém. 

Revistámos mais de dez casas, não vimos pessoas [6], só vestígios, maços de cigarro “Nô Pintcha”,  vazios, caixas de fósforos também vazias e muitos restos de cigarros. Não havia nada a fazer, só ir embora dali, sussurrou o alferes. E eu respondi, vou levar esta maca que estava na varanda. Dobrei-a e trouxe-a para eles saberem que tínhamos lá estado.

[ Imagemà esquerda: Marca de cigarros, de fabrico soviético, que eram distribuídos aos guerrilheiros do PAIGC, durante a guerra colonial / luta de libertação. "Nô pintcha", em crioulo, quer dizer Avante!... ]

Foto (e legenda): © Magalhães Ribeiro  (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Regressámos no mesmo caminho em que viemos até que já perto do local da emboscada, o alferes chamou pelo furriel Artur e mandou levantar a emboscada.

Seguimos para uma pequena tabanca, perto do local onde o grupo tinha estado emboscado. O alferes deu três tiros para o ar. Quando lá chegámos,  tinham fugido todos. O lume ainda estava a arder nas casas e, como estava frio, aquecemo-nos. Eram para aí 3 horas, mais coisa menos coisa. O chefe dessa tabanca apareceu, começámos a falar em futa-fula. Dissemos-lhe quem éramos, chamou a população, conversámos com eles e prometemos-lhes segurança.

Ao fim da primeira semana da nossa presença em Madina do Boé, tínhamos recebido uma informação de que um rapaz tinha sido preso pelo PAIGC, no local onde o nosso grupo tinha estado emboscado, Guilege do Boé. O rapaz vinha de Jarga Dongo e ia para Gobige, quando foi preso no cruzamento de estradas que vem de Madina de Boé, paralela à fronteira, até Contabane e Aldeia Formosa e passa por Gobige.

Vivia em Gobige com a irmã e o cunhado. Quando o pessoal do PAIGC lhe perguntou quem era, de onde vinha e para onde se dirigia, ele disse que vivia com a irmã e o cunhado, Jarga Bora, que, viemos a saber depois, era um colaborador clandestino do PAIGC.

Quando soubemos desta história enviámos um recado ao rapaz para ele vir falar connosco, e que viesse acompanhado pelo cunhado Jarga Bora. Passados vários dias, nem vieram nem tinham dito nada.

Contactámos o chefe da tabanca e dissemos-lhe que precisávamos de alguém que fosse a Gobige, dizer ao Jarga Bora que ainda estávamos à espera da resposta. E, que se não viesse, íamos nós lá. O chefe arranjou-nos um rapaz e quando chegámos à estrada vimos três homens de bicicleta. Como já nos conheciam, pararam e cumprimentámo-nos. Disseram que iam para Gobige. Então, já não precisávamos do rapaz, agradecemos-lhe e mandámo-lo regressar à tabanca. E aos homens que encontrámos na estrada pedimos-lhes que dessem o nosso recado ao Jarga Bora. Passados poucos minutos, chegaram as nossas viaturas e regressámos a Madina.

O dia e a noite estavam destinados ao nosso descanso, mas o alferes estava preocupado com a população de Dandum, que estava sem segurança na linha da fronteira, e disse-nos que seguíamos para lá ainda nesse dia e que regressávamos no dia seguinte.

Fomos então para Dandum e regressámos a Madina na manhã do dia seguinte [7]. Era dia de ração quente. Logo pela manhã, eu e o cabo Braima fomos a Dandum comprar quatro cabritos para o grupo, regressámos à nossa cozinha e quando começámos a tratar deles chegou o Mode Hure, o chefe da tabanca de Madina do Boé, acompanhado de Jarga Bora e do tal rapaz que tinha sido aprisionado pelo PAIGC. 

Quando o Alferes Saraiva chegou, vindo da loja do senhor Campos [8], informei-o do que o Jarga Bora me tinha acabado de contar. Que tinha encontrado uma caixa pequena que estava dentro de um buraco cavado na estrada onde passava roda de carro. O alferes disse logo, é mina, vamos lá levantar.

 Tu, Amadú, não vais, ficas a cozinhar.

Fiquei com uma equipa, os restantes foram todos. Passada uma hora, mais ou menos, vieram com a mina, todos a cantar. O alferes levantou 500 escudos, pagou a Jarga Bora e aproveitou para lhe pedir toda a colaboração.

No fim do almoço fui com o alferes no Unimog pequeno, para Dandum a casa do meu primo, Iaia Djaló, que vivia na tabanca e era o homem mais rico de toda a zona. Estivemos com ele até às 17h00, voltámos para Madina e quando estávamos a chegar, o Mode Hure, acompanhado de Jarga Bora, de Gobige, fez sinal para pararmos. Disse-nos o que o Jarga Bora nos queria pedir que o levassem a Gobige, porque tinha medo de regressar a pé. E o alferes, como ele nos tinha avisado da mina, disse a Mode Hure que ia pedir um carro maior no quartel, para levar escolta. Ficou assente que, em vez desta noite, partiríamos no dia seguinte de manhã, porque já não descansávamos há três noites.

Então, nessa manhã [9], o alferes disse ao furriel Artur que íamos dar um passeio a Gobige e que perguntasse ao pessoal quem queria ir, porque não valia a pena ir o grupo todo.nPreparámos duas viaturas. O alferes mandou o Jarga Bora e a mulher subirem para um Unimog 404 e depois distribuiu os nossos quinze homens pelas duas viaturas, quatro na viatura da frente, um Unimog 411, e onze na outra.

Saímos alegremente, vi o furriel Artur a cantar e fomos até Gobige. Quando chegámos, o homem ofereceu-nos um cesto grande cheio de laranjas. Depois de muita conversa, a certa altura, o alferes disse:

 Bem, vamos embora.

Mas o Jarga estava muito falador, não se calava. Só por volta das 13 horas arrancámos de regresso. A primeira viatura, a mais pequena, levava cinco homens e a segunda doze, contando com os condutores.

Duzentos ou trezentos metros andados ouvi um rebentamento [10] atrás de nós,
o alferes gritou “mina” e, quando saltei vi a viatura ainda no ar, colegas a cair, o depósito da gasolina a rebentar, a gasolina a sair, a arder para cima deles.

Entrámos no fogo também e arrastámos os companheiros. Não podíamos fazer muito mais.

 Amadú, toma conta disso    disse o alferes.

Enquanto ele e o condutor arrancavam no outro Unimog a toda a velocidade para Madina, a cerca de 30 e tal kms, pedir auxílio, eu, o António Kássimo e o Aquino [11], três soldados, ficámos ali a fazer o que podíamos. Passados uns minutos, o Carreira [12] despertou onde tinha caído e passámos a ser quatro, dois negros e dois brancos, a tomar conta da situação.

Jarga Bora e a população da tabanca observavam a cena. Jarga aproximou-se, perguntou-me pelo alferes e eu perguntei-lhe se ele tinha vindo ali para dar informações ao PAIGC. Foi-se embora, desapareceu com a população atrás.

Continuámos a tratar dos nossos feridos. Quatro soldados com dez companheiros deitados, dois dos quais carbonizados, o furriel Artur[13] e o cabo Ramiro [14].

O alferes tinha-me dito que se demorasse muito, devíamos recolher as armas e esconder-nos com elas no mato. Para quem vem de Gobige e vai para Madina do Boé, o capim e a montanha ficam à esquerda, do outro lado era uma mata cerrada.

Nem meia hora depois do rebentamento, o Kássimo ouviu alguém chamar pelo alferes. Entrámos no capim alto, cobria-nos, e depois de procurar encontrei o Ferreira sentado. Tinha sido projectado a mais de 10 metros. Eu não vi nada de ferimentos e perguntei-lhe o que tinha.

–  Amadu, os meus pés!

Olhei, eram esqueletos. Do joelho ao tornozelo ficou sem carne, só osso branco e do tornozelo para os pés, nada, tinha desaparecido tudo. O Aquino e o Carreira ajudaram-me a levá-lo para a beira dos outros camaradas moribundos e dos dois mortos carbonizados que, na altura, tínhamos. À nossa guarda estavam, nessa altura, dois mortos e sete feridos, todos muito graves. Continuámos a acudi-los no local. Um local de grande risco, uma autêntica terra de ninguém, horas à espera da escolta de socorro que vinha de trinta e tal kms. Estávamos sem rádio e em Madina só ficariam a saber do acontecido quando lá chegasse o alferes.

Estivemos sempre à espera que o PAIGC nos atacasse. Para mim, isso não aconteceu porque o Jarga Bora tinha muitas famílias a proteger e, se nos atacassem, com certeza as NT destruiriam a tabanca e os mantimentos para todas as famílias. Penso que foi ele, o Jarga, que pediu para não nos atacarem.

O terreno também não nos era favorável. Nós estávamos na berma da estrada, perto do local da mina. À nossa direita era uma mata cerrada, nem se via o sol, um atirador podia aproximar-se à queima-roupa sem dificuldade e eliminar-nos a todos. À nossa esquerda estava com capim muito alto, maior que a altura de um homem.

O Ferreira perguntou quando é que vinha o helicóptero. Pedi-lhe para ter calma que o alferes tinha ido tratar disso, que podia chegar a qualquer momento. Todos os feridos tinham queimaduras grandes, menos o Ferreira e nós não podíamos tirá-los do local. Até à chegada da coluna de socorro, já estava escuro, passava das 19h30, tinham morrido mais dois companheiros, o cabo Ferreira [15] e o soldado Godinho [16].

Quando o médico [17] mandou dar água a todos, o condutor morreu, mal acabou de beber. O cabo Braima Seidi, quando iniciámos a viagem de regresso, também morreu. Entrámos em Madina do Boé com quatro feridos graves [18] e oito [19] mortos, sete europeus e um guineense.

O alferes disse-me que falasse com o régulo e lhe pedisse cinco homens para me ajudarem a tomar conta do acampamento e do nosso material. Que de manhã tirávamos as nossas coisas. Passei lá a noite com esses homens. Quando, na manhã seguinte, regressei a Madina, os mortos e os feridos já tinham sido evacuados. Alguns foram para o Gabú e dali no Dakota para Bissau.

Ficámos três praças e o alferes. Uma Dornier 
 [DO-27]  foi-nos buscar e trouxe-nos para Bissau.

Nunca esquecerei o passeio a Gobige, como lhe chamou o alferes. Para nós, muçulmanos, evitamos ir de viagem nos dias 3, 13, 23 e na última quarta-feira de lunar, quanto mais ir para a guerra! São dias negros e aquela viagem realizou-se no dia treze de lunar.

Dois dias [20] depois realizou-se a cerimónia do funeral, na Sé de Bissau. Aos corpos dos Comandos, ainda se juntaram mais dois, de um furriel e de um milícia, que tinham morrido num ataque a Guilege.(***)

Não me posso esquecer do ambiente que pairou no enterro, a tristeza dos amigos e companheiros e o ar de satisfação que se via em alguns presentes na cerimónia.

A seguir descansámos uma semana.

(Continua)

___________

Notas do autor e do editor literário:

[1] Nota do editor: o Comandante do CTIG Brigadeiro Sá Carneiro tinha determinado o imediato destacamento “para Madina do Boé, em reforço do BCaç 506”, de um pelotão da CCaç 727, tendo aquele pelotão ficado instalado em Madina do Boé a partir de 18 de novembro de 1964, sob o comando do alferes miliciano António Angelino Teixeira Xavier.

[2] Diz-se 1º ou 2º dia de lunar, conforme se trata do 1º ou do 2º dia da lua, após o novilúnio. As noites não contam, só os dias.

[3] Nota do editor: alferes miliciano infantaria António Figueiredo Pinto que pertenceu à 3ª Companhia de Caçadores, em Nova Lamego, e aos BCaç 506 e 512 e BCav 705, todos sediados em Bafatá. (**)

[4] Guileje de Madina do Boé.

[5] Mode é senhor. Para nós, Futa-Fulas, quando um homem é respeitado, a partir de 20 anos de idade, ninguém o chama sem dizer Mode.

[6] Casas que estavam habitadas durante o dia. À noite, como o local era desprotegido, o PAIGC abandonava a tabanca. Esta informação foi-nos prestada, mais tarde, por um rapaz.

[7] Nota do editor: 27 de  novembro de 1964.

[8] Europeu casado com uma negra africana e que tinha uma loja onde comerciava tudo o que podia.

[9] Nota do editor: sábado, 28 de novembro de 1964.

[10] Junto a uma passagem de cascalho sobre o rio Gobige.

[11] Nota do editor: soldado António Aquino de Sousa

[12] Nota do editor: soldado António de Jesus Carreira

[13] Nota do editor: furriel miliciano Artur Pereira Pires

[14] Nota do editor: 1º cabo Ramiro de Jesus Silva

[15] Nota do editor: 1º cabo António Joaquim Vieira Ferreira.

[16] Nota do editor: soldado João Ramos Godinho.

[17] Nota do editor: Dr. Luiz Goes.  (****)

[18] Nota do editor: destes, o soldado comando Artur Mateus Martins, foi evacuado em 30 de novembro de 1964 do HM 241, Bissau, para Lisboa, HMP, onde veio a morrer em 8 de dezembro de 1964.

[19] Soldados José da Rocha Moreira, Manuel Coito Narciso, furriel mil. Artur Pereira Pires, 1ºs cabos Ramiro de Jesus Silva, António Joaquim Vieira Ferreira e Braima Seidi e soldados João Ramos Godinho, todos dos “Comandos” e o soldado condutor Eugénio Campos Ferreira, pertencente á CCS / BCaç599, que se voluntariou para levar a viatura.

[20] Nota do editor: o funeral realizou-se em 30 de novembro de 1964, na presença do Governador, tendo o cortejo fúnebre, com os féretros transportados individualmente em camiões Mercedes, saído da capela militar de Santa Luzia para o cemitério da cidade, onde ficaram sepultados.

[Seleção / Revisão e fixação de texto / Negritos / Parênteses retos com notas / Subtítulos: LG]

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Notas do editor:

(**) Vd. postes de:

4 de fevereiro de  2007 > Guiné 63/74 - P1493: Estórias de Madina do Boé (António Pinto) (2): Eu e o Furriel Comando João Parreira

20 de Dezembro de 2006> Guiné 63/74 - P1384: Com o Alferes Comando Saraiva e com o médico e cantor Luiz Goes em Madina do Boé (António de Figueiredo Pinto)

(***)  O grupo de Comandos Fantasmas perderam 9 homens na região de Madina do Boé, antes de serem extintos: 8 homens em 28 de novembro de 1964 (junto do Rio Gobije, na estrada Madina do Boé para Contabane, a oeste); 1 homem em 8 de dezembro de 1965:

António Joaquim Vieira Pereira, 1º cabo corneteiro comando, natural de Santa Leocádia / Baião, inumado no cemitério de Santa Leocádia, tombou em contacto com o IN, junto do Rio Gobige, na estrada Madina do Boé para Contabane, em 28 de novembro de 1964;


Artur Pereira Pires (foto à direita), furriel miliciano comando, natural de S. Sebastião da Pedreira / Lisboa, inumado no cemitério da Ajuda em Lisboa, tombou em contacto com o IN, junto do Rio Gobige, na estrada Madina do Boé para Contabane, em 28 de novembro de 1964;

Braima Seidi, 1º cabo comando,  natural de Buba / Fulacunda, inumado no Cemitério de Bissau – Guiné, tombou em contacto com o IN, junto do Rio Gobige, na estrada Madina do Boé para Contabane, em 28 de novembro de 1964;


Eugénio Campos Ferreira (foto à esquerda), soldado condutor auto comando, natural de Vila Frescaínha (São Pedro) / Barcelos, e inumado no cemitério de Vila Frescaínha, tombou em contacto com o IN, junto do Rio Gobige, na estrada Madina do Boé para Contabane, em 28 de novembro de 1964;


João Ramos Godinho (foto à direita), soldado condutor auto comando, natural de Valverde / Coruche, e inumado no cemitério de Coruche, tombou em contacto com o IN, junto do Rio Gobige, na estrada Madina do Boé para Contabane, em 28 de novembro de 1964;

José da Rocha Moreira, soldado condutor auto comando, natural de Arcozelo / Vila Nova de Gaia, inumado no cemitério de Arcozelo, tombou em contacto com o IN, junto do Rio Gobige, na estrada Madina do Boé para Contabane, em 28 de novembro de 1964;

Manuel Couto Narciso, soldado condutor auto comando, natural de Santa Catarina / Caldas da Rainha, inumado no cemitério de Bissau – Guiné, tombou em contacto com o IN, junto do Rio Gobige, na estrada Madina do Boé para Contabane, em 28 de novembro de 1964;

Ramiro de Jesus Silva, 1º cabo condutor auto comando, natural de Valongo (Colmeias) / Leiria, inumado no cemitério de Bissau – Guiné, tombou em contacto com o IN, junto do Rio Gobige, na estrada Madina do Boé para Contabane, em 28 de novembro de 1964;


Artur Mateus Martins (foto à direita), soldado cozinheiro comando, natural de Olhão, inumado no cemitério do Alto de S. João - Lisboa, faleceu, no Hospital Militar Principal (Lisboa), em 8 de dezembro de 1964, vítima de ferimentos recebidos em combate em 28 de novembro de 1964, no contacto com o IN, junto do Rio Gobige, na estrada Madina do Boé para Contabane.


(****) Vd. poste de 19 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10406: Evocando a trágica emboscada com mina, de 28 de novembro de 1964, em Madina do Boé, que vitimou 7 camaradas da equipa de comandos Os Fantasmas, alguns dos quais morreram nas mãos do alf mil médico Luiz Goes (1933-2012) e do alf mil António Pinto

Vd. também poste de 20 de dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1384: Com o Alferes Comando Saraiva e com o médico e cantor Luiz Goes em Madina do Boé (António de Figueiredo Pinto)