Nome de código: OPERAÇÃO ORTIGOSA.
Local: Atabancamento na Quinta do Paúl/Monte Real/Leiria.
Data: 20 de Junho de 2009.
Coordenadas Geográficas: 39º 50' 27" Norte; 8º 50' 24" Oeste.
Comandantes Operacionais: Miguel Pessoa, Joaquim Mexia Alves, Luís Graça e Carlos Vinhal.
Tropa Operacional efectiva: Companhia Tertuliana.
Tropas Reforços: 2 Pelotões de Familiares e Amigos.
Objectivos da Missão: Conhecer pessoalmente o pessoal "Tertuliano", reforçar laços de amizade, confraternizar, matar a fome de intercâmbio de informação, saberes, conhecimentos e outras conversas mais banais.
O Jogre Canhão e o Gaspar da 3ª Cia do BCAÇ 4612/72
Camaradas,
Apesar de ter "apagado" e reescrito várias partes deste escrito, volto sempre ao princípio e às mesmas palavras, pelo que, lembrei-me de iniciá-lo com uma pergunta, a que não me consigo esquivar, que acho muito estúpida e irrespondível: - Quem é que estaria mais satisfeito e comovido com a nossa animada, concorrida, única, festiva, fraterna e incomparável "campanha" que decorreu na maravilhosa Quinta do Paúl, em Ortigosa: o Luís Graça, o Carlos Vinhal, o Mexia Alves, o Miguel Pessoa, o Virgínio Briote, o Amadu Jaló, o Pedro Neves, o Tomás Carneiro, o Jorge Canhão, o Jorge Picado, o Belarmino Sardinha, o Torcato Mendonça, o... (éramos tantos)?
Éramos tantos, como tantos foram os sinais espelhados nos rostos dos presentes de satisfação, alegria e camaradagem, que me leva a dizer que, caso as nossas vidas pessoais e o nosso poder de compra assim o permitissem, "isto" se devia repetir, pelo menos, uma vez por mês. E não digo uma vez por semana, porque alguns de nós para se deslocarem para estes inesquecíveis encontros, além dos inúmeros quilómetros enfrentam também estradas em estado muito pouco recomendáveis.
Mas não era só nas nossas caras que se viam os mencionados sinais, pois também os nossos familiares e amigos, que se nos juntaram, contribuíram sobremodo para um redobrado ambiente festivo e amistoso.
Entre eles vi numa menina ainda novinha, linda, muito simpática e com ar de bem-estar, cujo nome registei: Cyndia Valentim, é neta do Valentim Oliveira (que faria qualquer avô "babar-se" de orgulho e vaidade, e com razão digo eu), e se manteve ali, sempre junta do seu querido familiar. Achei muito interessante como ela devorava atenta e curiosamente as nossas mais simples palavras e gestos.
Também vi um belo busto, pleno de porte e postura, que denota ser uma Grande Senhora deste nosso contraditório país, sempre com um lindíssimo sorriso na face. Já não é a primeira vez que nos dá o prazer de conviver connosco, chama-se Irene Fleming e é sogra do nosso estimado Camarada Virgínio Briote. Atenção que agora esta frase corrente fica absolutamente entre nós, amigo leitor, peço absoluto segredo, pois a idade das senhoras não se deve divulgar, disseram-me alguns camaradas entre admirados e algo cépticos, que esta Senhora tem 97 anos de idade (leram bem noventa e sete anos). Parabéns pela sua presença, demonstração de beleza, frescura e lucidez que nos impõe Dª Irene. Deus permita que nos acompanhe por muitos e bons anos.
Também vi lá, e conversei com ele, o incrível sobrinho do Alf Mil Manuel Sobreiro da CART 1612 (1967/69), morto num lamentável acidente com um granada defensiva, em Mampatá, em Fevereiro de 1968, o Nelson Domingues (advogado estagiário) nosso amigo Tertuliano, que assim, por direito "substituiu" o seu falecido tio. Um raríssimo exemplo da juventude sã e solidária que nós tanto queremos e defendemos, que saiba honrar, defender e preservar a memória dos seus entes queridos e, em especial, aqueles que, como o seu tio, tombaram um dia em África, na guerra.
Também estiveram lá o Tertuliano, 1º Ten da Armada Carlos Valentim & Esposa. Na foto, à conversa com o Carlos Vinhal e que, segundo as suas palavras, fez muito gosto pessoal em ter estado ali connosco.
Também vi lá mais um periquito da minha "classe", mobilizado para a Guiné, imagine-se no dia 24A74 e "mandado" para a Guiné no pós-25A74, o Carlos Neves. Imagine-se o que foi ser mobilizado para a Guiné (leia-se INFERNO) no dia 24A74 e ver acontecer o 25A74 no dia a seguir. Que prazer eu tive em conhecê-lo pessoalmente, ainda por cima meu conterrâneo, trocar conversa e... “fazer” mais um bom amigo!
Como se tudo isto não bastasse, junte-se devidamente enquadrado na boa disposição geral evidente, um excelente serviço de restauração, onde houve abundância e variedade, com muita qualidade à mistura, durante o dia todo.
Calma que ainda não acabei, pois ainda tivemos uma excelente sessão de canto pelo Grande (em todos os sentidos e na verdadeira acepção da palavra) Camarada Mexia Alves, que foi responsável e competentemente acompanhado à guitarra e viola, pelo David Guimarães e Álvaro Basto.
Bem "berrou" o Mexia com toda a sua pachorra para se fazer ouvir, no meio daquele "aborrecido" ruído da vozearia “converseira” do pessoal, mas a fome de conversa era tanta e o tempo tão pouquinho, que, salvo raras e dignas excepções, restou apenas um ouvido para as canções, e outro para a conversa do Camarada do lado.
É verdade:
Aquilo foi festa forte e danada
Com malta Lusa... de lés a lés
Eram p'ra cima duma centena
Maneis, Joaquins e Josés
Um até veio dos Açores
Coisa incrível de acontecer
Qu'enorme força de vontade
Um exemplo d'enaltecer
Deu-se ao dente bem e farto
Molhou-se o "bico" tanto que baste
Falou-se mil horas a fio, mas...
Ninguém acusou o desgaste
Houve caras novas e não só...
Reencontros, fotos e lágrimas
Discursos, abraços e risos
Gritos, palmas e cantigas
E coisa que vem sendo habitual
A toda a Tertúlia dedicado...
Oito RANGERS unidos gritaram
O seu grito de guerra afinado
Que festança esta meu Deus!
Qu'esta gente dá altas lições
De fraterna e sã camaradagem
De convivência e emoções
E se alguém tiver dúvidas
Pró ano está convidado
Apareça e testemunhe
Com'a Guiné foi nosso fado
Magalhães Ribeiro
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BCAÇ 4612/74
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Nota de M.R.:
(*) Vd. poste anterior, desta série em: