Cruz de Guerra de 4ª Classe. Imagem: cortesia do Portal UTW - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar |
O nosso camarada Dinis César de Castro era natural de Castrejo, Bragança, e o seus restos mortais foram inumados no cemitério do Prado do Repouso (Porto).
Segundo o nosso coeditor Eduardo Magalhães Ribeiro, o Dinis foi um dos 20 "rangers", saídos do CIOE - Centro de Instrução de Operações Especiais, em Lamego, que morreram no TO da Guiné.
Escreveu o nosso camarada Afonso Sousa (*), baseando-se no testemunho de vários camaradas que participaram no socorro às vítimas (a começar pelo fur mil António Silva Gomes, do Pel Caç Nat 58, que veio do destacamento de Braia, bem como de outros como o 1º cabo enf do HM 241, António Oliveira, e o 2º srgt mil Augusto Ali Jaló (comandante da coluna, será ferido com gravidade; "na cerimónia do 10 de junho de 1970, em Bissau, foi condecorado com a medalha de cobre de Serviços Distintos com Palma; em Agosto, seguinte, foi promovido a 2.º sargento"):
Recorde-se a medalha da Cruz de Guerra destina-se a galardoar "actos ou feitos praticados em combate" (sic), sendo a atribuição de qualquer das classes da Cruz de Guerra (1ª, 2ª 3ª e 4ª) "dependende(nte) da posição hierárquica da entidade que confere o louvor, sendo condição essencial, justificativa da concessão de qualquer das classes desta condecoração, que os louvores respectivos refiram actos ou feitos praticados em combate, demonstrativos de coragem, decisão, serena energia debaixo do fogo, sangue-frio e outras qualidades que honrem o militar em frente do inimigo." (Portal UTW - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar).
Furriel Milicianio de Infantaria Dinis César de Castro, CCaç 2589/BCaç 2885 - RI 15, Guiné > Cruz de Guerra de 4ª Classe (Título póstumo) (**)
Transcrição do Despacho publicado na OE nº 022 - 3ª série, de 1971.
Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, a título póstumo, nos termos do artigo 12.° do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto n.º 35667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 21 de Junho findo, o Furriel Miliciano de Infantaria, Dinis César de Castro, da Companhia de Caçadores n.º 2589/Batalhão de Caçadores n.º 2885 - Regimento de Infantaria n.º 15.
Transcrição do louvor que originou a condecoração (Publicado na OS n. 024, de 17 de Junho de 1971, do QG/CTIG):
Que, por despacho de 09Jun71, o Brigadeiro Comandante Militar louvou, a título póstumo, o Furriel Miliciano, n.º 15398468, Dinis César de Castro, da CCaç 2589/BCaç 2885, porque, numa emboscada levada a efeito por um grupo inimigo numericamente muito superior e tendo a viatura em que seguia ficado na 'zona de morte', patenteou invulgares qualidades de coragem, decisão, sangue-frio e muita serenidade debaixo de fogo.
Ligeiramente ferido num braço logo aos primeiros tiros, reagiu prontamente, tentando a todo o custo aproximar-se da testa da coluna, onde o número de baixas era mais elevado, sendo mortalmente atingido quando prestava ajuda a um camarada que se vira cercado por quatro elementos inimigos.
Com o seu acto, pleno de generosidade, demonstrou o Furriel Castro uma compreensão nítida dos seus deveres que o levaram até à dádiva da sua própria vida, o que além de constituir exemplo inesquecível, ficará a merecer a maior admiração e o respeito de todos.
Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 5.° volume: Condecorações Militares Atribuídas, Tomo VI: Cruz de Guerra (1970-1971). Lisboa, 1994, pág. 491.
___________(*) Vd. poste de 4 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25476: 20.º aniversário do nosso blogue (14): Alguns dos melhores postes de sempre (X): O fatídico dia 12 de outubro de 1970: a emboscada de Infandre, Zona Oeste, Setor 04 (Mansoa) (Afonso Sousa, ex-fur mil trms, CART 2412, 1968/70)