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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15281: As Nossas Tropas - Quem foi quem (13): comodoro Alberto Magro Lopes, comandante da Defesa Marítima (CDM), CTIG (1971/72) (Manuel Lema Santos 1º ten RN, imediato no NRP Orion,1966/68)


Foto nº 3


Foto nº 3 C

O gen Spínola com um grupo de marinheiros [, condecorados]. Circa 1971

Foto (e legenda) : © Ernestino Caniço (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]



1. Mensagem do Manuel Lema Santos [, 1º tenente da Reserva Naval, imediato no NRP Orion, Guiné, 1966/68; membro da nossa Tabanca Grande desde 21 de abril de 2006] [, foto atual à esquerda]:


Data: 22 de outubro de 2015 às 11:02
Assunto: Foto com comodoro Luciano Bastos ?


Caro Luis Graça,

Correspondendo ao teu voto de saúde: caminha-se, um dia de cada vez, enquanto a saúde o permitir. E não é nada mau...

Em relação às fotos que estão publicadas no poste P15275 (*),  refiro apenas a nº 3 que julgo ser a foto base. As outras serão recortes ampliados daquela.

Todos os condecorados são fuzileiros (alguns sargentos), julgo que com excepção de um militar do Exército (o segundo do lado esquerdo). Não consigo identificar nenhum.

O general António de Spínola está acompanhado, à esquerda, pelo comodoro Alberto Magro Lopes, Comandante da Defesa Marítima [CMDM] da altura, cargo que exerceu entre 25FEV71 e 06MAR72.

Conheci-o bastante bem pois anteriormente, ainda em CMG, foi Chefe do Estado-Maior do Comando Naval do Continente onde eu, entre AGO68 e MAI70, desempenhei as funções de ajudante de ordens do Vice-Almirante Francisco Ferrer Caeiro, Comandante Naval do Continente e da Base Naval de Lisboa. (**)

Como sabes estive na Guiné de 1966 a 1968, onde ele próprio tinha sido CDM Guiné entre 11SET64 e 11SET67.

Espero corresponder à informação que solicitaste.

Abraço para todos,

Manuel Lema Santos

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11531: As Nossas Tropas - Quem foi quem (12): Maurício Leonel de Sousa Saraiva, ex-cap inf comando (Brá, 1965/67) (Luciana Saraiva Guerra)

1. De Luciana Andrade Guerra, sobrinha do ex.-cap comando Maurício Saraiva, e nossa nova tabanqueira (nº 616) (*), mensagem datada de 30 de abril último, dirigida ao Virgínio Briote e  de que este nos deu conhecimento:

De: Luciana Andrade Guerra
Enviada: 30 de abril de 2013 14:15
Para: Virgínio Briote
Assunto: Coronel Maurício Leonel de Sousa Saraiva

Prezado V. Briote,

Agradeço-lhe de coração pelos seus sentimentos e sua gentileza. Fiquei realmente feliz por encontrar pessoas queridas que resolveram compartilhar tantas experiências de um passado e se juntaram num Blog como esse e ainda algumas, como o Virgínio, tiveram vínculos com meu tio Maurício.

Eu tenho comigo também muitas fotografias, mas são mais fotografias de família, quando meu tio era ainda muito jovem e vivia em Sá da Bandeira, em Angola. Ele nasceu na Ganda. Depois meu avô Francisco Saraiva se mudou para Sá da Bandeira.

Meu avô Francisco só voltou para Portugal nos anos 60, ia já doente e acabou por falecer devido a um câncer no pulmão.

O tio Maurício foi uma pessoa com sua vida muito preenchida, de amigos e ocupações diversas. Sei que morou muitos anos em Madrid, onde chegou a exercer o cargo de Diretor numa empresa grande, que tinha filiais nos EUA e outros países. Meu tio viajava bastante. O tio tinha um hábito muito interessante, que hoje nos ajuda muito, ele sempre colocava as datas nos postais e fotografias que ia mandando para meu pai e minha avó (sua mãe). Sempre se lembrava da sua mãe e de meu pai. Qualquer viagem que fazia, mandava notícias através de lindos postais e fotos que ele mesmo adorava bater. Minha irmã ficou com uma coleção incrível desses postais que o tio foi mandando ao longo de tantos anos.

No final dos anos 70 e durante os anos 80 e ainda 90, a família tinha o costume de se reunir para passarmos um dia juntos no Natal. Era sempre uma festa muito grande, meu tio era muito animado, contava muitas histórias e levava presentes para todo o mundo.

Minha avó Tininha gostou de todos os filhos, mas tinha uma grande admiração pelo seu filho mais velho.



.Guiné > Brá >  Cap inf comando Saraiva, à frente da CCmds do CTIG em Set 65. Na foto,  o cap Saraiva rodeado pelo João Parreira, Virgínio Briote e Marques de Matos.

Foto: © Virgínio Briote (2013). Todos os direitos reservados.


Durante o pós-Guerra em África, e depois do acidente que o deixou hospitalizado, ele foi para Londres, onde viveu alguns anos. Sei também que minhas duas bisavós: Luisa e Emília adoravam o neto. Quando meu tio estudava já em Portugal, costumava passar as férias de verão junto com as avós em Possacos [Valpaços]. Acho que ele devia exercer uma espécie de liderança, pois seus primos tinham uma grande adoração por ele.

Meu tio chegou a participar anos mais tarde na Guerra do Golfo. E sobre este episódio nada mais sei. Infelizmente não temos contacto com a sua segunda esposa (viúva de meu tio), porque ela se afastou de nossa família e também não tinha um relacionamento próximo com meu primo Francisco Henrique (único filho de meu tio). A primeira esposa do tio, Isabel, mãe do Francisco Henrique, ainda é viva.

Meu primo é casado e teve 6 filhos homens ! hi hi, meu tio não chegou a conhecer todos os netos, nem meu filho João Henrique, o mais novo nascido já aqui em Florianópolis em 2005.

Meu tio Maurício chegou a conhecer meu marido Baltazar,
com o qual estou há 22 anos. Um dia num casamento de uns amigos, numas férias que fizemos em Portugal, estivemos sentados à mesa com o sr. General Eanes e sua esposa Manuela. Qual não foi meu espanto, e nem me lembro porquê, meu tio foi tema de conversa e parece que foram colegas na Academia Militar.

Aliás, sei que meu tio era muito amigo do sr. [gen] Almeida Bruno. Este senhor visitou muitas vezes meu tio, quando ele já estava internado antes de falecer.

Bom, não quero maça-lo com minhas histórias, e gostaria que o V. Briote se sinta á vontade para me contar mais histórias, porque a história de meu tio ficaria incompleta se não juntarmos o tempo que passou em África junto com seus camaradas, alguns agora reunidos neste Blog.

Acho que meu tio Maurício ficaria muito feliz por saber que resolvi escrever este livro sobre a avó. Aliás ele em vida me incentivou a buscar a origem dos Sousa da parte da avó. Cheguei muito longe, ele nem sonha as histórias incríveis que descobri, os documentos antigos que consegui junto do Arquivo Distrital de Vila Real. Estou quase comprovando que nosso 10º avô descende de uma linhagem de nobres e guerreiros que nos levam a D. Afonso III...penso que meu tio iria ficar extremamente orgulhoso.

Existe ainda mais uma história incrível, que eu não sei dizer se meu tio sabia ou não, nem como ele iria reagir!

Meu avô Francisco ficou órfão de pai muito cedo. Filho único veio com seu tio Domingos Saraiva para o Rio de Janeiro ainda extremamente jovem. Por aqui ficou 14 anos. Conheceu uma senhora de uma família de Possacos, Valpaços,   e tiveram um filho chamado Manoel Bernardo Saraiva. Só que meu avô estava indo de novo para Possacos naquele ano para ver sua mãe, minha bisavó Luisinha. Nessa estadia conheceu minha avó, numa linda propriedade de Possacos que minha avó teve. 

Nunca mais se separaram, portanto meu avô foi para Angola com minha avó e não voltou mais para o Brasil. Acontece que eu,  ao fim destes anos todos, conheci uma senhora de 86 anos que se chama Amélia que mora em Lisboa e tem toda a sua família em Possacos, ela é tia do meu tio Manoel Bernardo Saraiva, irmão de meu pai e do tio Maurício. Nós estamos procurando este tio, que se for vivo terá 86 anos também ! Ele teve uma filha Saraiva.

Estou em contato com alguns sobrinhos dele e todos estamos tentando encontrar esse tio. Bom, mas este é outro capítulo da minha história...risos. Este assunto era tabu na casa de minha avó (logicamente).

Mande mais histórias, ontem mesmo abri conta no Google e acho que já faço parte do Blog da Tabanca Grande !

O Sr. Luís Graça  também conheceu meu tio? O Sr. Virgínio mora em Lisboa?

Um abraço e mais uma vez obrigado,

Luciana Saraiva Guerra (**)

__________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11526: Tabanca Grande (407): Luciana Saraiva, sobrinha do ex-cap comando Maurício Leonel de Sousa Saraiva, nova tabanqueira, nº 616 (a viver em Floripa, Brasil)

(**) Último poste da série > 18 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10399: As Nossas Tropas - Quem foi quem (10): Ten Cor Manuel Agostinho Ferreira, o "metro e oito", comandante do BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) e BCAÇ 2892 (Aldeia Formosa, 1969/71) (Paulo Santiago / Carlos Silva / Manuel Amaro)

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10399: As Nossas Tropas - Quem foi quem (10): Ten Cor Manuel Agostinho Ferreira, o "metro e oito", comandante do BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) e BCAÇ 2892 (Aldeia Formosa, 1969/71) (Paulo Santiago / Carlos Silva / Manuel Amaro)

1. Mail de Paulo Santiago [, foto à direita], de 15 de janeiro de 2008:

Camaradas: Acabei de ler o poste do Carlos Silva "de Abrantes para Farim" (*) onde aparece como comandante de batalhão [, o BCAÇ 2897, ] o ten-cor Agostinho Ferreira, chamado de Metro e oito, o qual tive o prazer de conhecer, numa visita ao Saltinho, em 1971, visita mencionada numa das minhas Memórias, sendo na altura comandante do batalhão de Aldeia Formosa [, o BCAÇ 2892].


Foi no mesmo dia que conheci o, na altura, cap mil Rui Alexandrino Ferreira, [o nosso] Ruizinho, comandante da CCAÇ 18, também na Aldeia Formosa. Aliás, no livro Rumo a Fulacunda, o Rui fala, em termos elogiosos, do seu comandante de batalhão, o ten-cor Agostinho Ferreira.


Porque saiu de Farim para Aldeia ? Terá sido alguma chicotada psicológica do Spínola ? O Carlos Silva que explique este desfasamento.

Abraço, Paulo Santiago

P.S.- Não descobri o mail do Carlos Silva para dar conhecimento.




Ten cor inf Manuel Agostinho Ferreira, comandante do BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) e do BCAÇ 2892 (Aldeia Formosa, 1969/71), popularmente conhecido como o "metro e meio". Faleceu em 2003, com o postod e major general. Foto de Mário Pinto.



2. Nota do Carlos Silva, que foi apresentado á nossa  Tabanca Grande em 20 de julho de 2007 [Foi fur mil at armas pesadas inf, tendo pertencido à CCAÇ 2548 (Jumbembem, 1969/71), do BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71).


O ten cor Manuel Agostinho Ferreira, falecido a 29-10-2003, com a patente de Major-General, ficou conhecido pela rapaziada do Batalhão pelo “metro e oito “. Distinto oficial, inteligente e corajoso, que, sendo comandante de batalhão, não se poupava a esforços nem a sacrifícios, assim como não hesitava em participar nas operações, a fim de poder apreciar in loco a justeza dos factores de planeamento, quantas vezes abstractos, que os manuais forneciam. 

Esta postura do nosso comandante que, por um lado, era altamente louvável, por outro incutia na rapaziada uma confiança que fazia ultrapassar o medo que porventura existisse. Tal atitude granjeou-lhe da nossa parte uma grande simpatia e admiração que ainda hoje se faz sentir e há-de perdurar ao longo dos tempos até ao último sobrevivente do Batalhão. expressão de tal sentimento resulta bem claro nos almoços de confraternização do Batalhão (*). 


3. Resposta à pergunta do Paulo Santiago, que ficou mais de quatro anos por responder:
Excerto do poste 8 de outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5075: Não-Estórias de Guerra (1): O Furriel Enfermeiro de Quebo (Manuel Amaro)  [, foto atual, à direita]:
 (...) Quando cheguei a Aldeia Formosa (Quebo) no final de 1969, aquilo era assim quase um paraíso.

Tínhamos feito um mês de estágio em Nhacra (englobando Safim, João Landim, Cumeré e Dugal). Aqui no Dugal, o Pelotão do Alferes Caçador ainda foi presenteado com uma rocketada que levantou as chapas da cobertura.

A viagem em LDG, via Bolama, até Buba, foi desagradável. A coluna Buba/Aldeia de uma qualidade indescritível.

Mas em Aldeia Formosa não havia guerra. Diziam os mais velhos que isso se devia à acção de alguns Comandantes que por lá passaram, nomeadamente o major Azeredo e o major Fabião. E também devido à existência do Cherno Rachid Djaló. Mas… como não há bem que sempre dure…

Entre 20 de Março e 30 de Abril de 1970, Aldeia Formosa foi duramente castigada pelo inimigo. Tanto com emboscadas no mato, de que resultaram três mortos, como ataques ao quartel.

Os ataques do PAIGC a Aldeia Formosa incomodaram tanto o General Spínola que este tomou a decisão de substituir o Comandante do BCAÇ 2892, nomeando para o cargo, o Ten Cor Manuel Agostinho Ferreira.

O novo Comandante, mal tomou posse reuniu com o 2.º Comandante, o Oficial de Operações, Comandantes de Companhia, Oficiais e Sargentos. Falou muito e ouviu pouco. De seguida, sentou-se naquela mesa enorme, na Sala de Operações, e, olhando para os mapas, questionava o oficial de operações:
- A CART 2521 tem o pessoal todo operacional?
- Sim, tem, meu Comandante.
- E a CCAÇ 2615 tem o pessoal todo operacional?
- Sim, tem, meu Comandante - repetiu o Major... Mas hesitou e corrigiu…
- Bem, quer dizer… o Furriel Enfermeiro está destacado no Posto Escolar.

O Comandante deu um salto e gritou:
- É isso… não pode ser. O pessoal de saúde tem que estar integrado nas suas Unidades Operacionais. Esse Furriel cessa funções hoje. Amanhã já está integrado na Companhia. Nomeia-se outro Furriel, Amanuense ou de Transmissões, para a Escola.

O Tenente Lopes, que dava os últimos retoques no stencil da Ordem de Serviço, ainda conseguiu incluir o texto do Despacho, que foi publicado e distribuído, nesse dia, já noite dentro.

Esta foi a grande decisão do novo Comandante. E a decisão foi cumprida

No dia 6 de Maio de 1970, quando o Pelotão (aqui apetece-me chamar-lhe Grupo de Combate) saiu para a Operação de rotina, já integrava o Furriel Enfermeiro, de camuflado, carregando uma bolsa tradicional, mas de G3 a tiracolo. Esta cena teve assistência, mirones, assim uma coisa semelhante à apresentação do Cristiano Ronaldo, em Madrid…

Saliente-se que esta decisão e a sua imediata implementação, foi tão importante que, quando o Pelotão que fazia a segurança nocturna, no exterior do quartel, regressava a casa, já se cruzou com o gila, informador do PAIGC, que ia a caminho da fronteira, para transmitir a novidade.

Nino recebeu o mensageiro que chegou com ar cansado da viagem, mas feliz por cumprir tão importante missão informativa:
- O novo Comandante de Quebo já tomou uma decisão. O Furriel Enfermeiro que estava na Escola passou a operacional. A partir de hoje, cerca de 15% das operações na área de Quebo terão a sua participação.

Nino, que de início parecia tranquilo, começou a dar sinais de impaciência e algum nervosismo. Para disfarçar, começou por acariciar a sua kalash com a mão direita, mas a esquerda, mais difícil de controlar, começou a coçar a cabeça. Quando o Nino coçava a cabeça já se sabia que alguma coisa estava a correr muito mal.
- Isso é mau. E logo agora que tínhamos algum controlo na zona.

Nino pensou, pensou… mas não demorou mais de cinco minutos para ordenar aos seus adjuntos o que fazer de imediato:
- As armas pesadas cumprem o plano até esgotar as munições... O grupo do GB, até ordem em contrário, não faz as emboscadas previstas na zona de Quebo.

E a ordem foi cumprida. E a vida continuou. Até que uns dias depois, ainda em Maio, o gila aparece de novo e informa:
- Camarada Comandante Nino, o Furriel Enfermeiro deixou a zona operacional. Agora só faz colunas de reabastecimento Quebo/Buba/Quebo. É que os outros enfermeiros não gostam de fazer colunas e ele gosta de ir a Buba comer peixe grelhado e cumprimentar os amigos que tem em Buba e Nhala.

Nino pareceu não dar muita importância à informação, mas logo que o gila se afastou, ordenou, até ordem em contrário, a paragem da colocação de minas na estrada e/ou ataques às ditas colunas. E a ordem foi cumprida.

Mas a vida no teatro de guerra é muito agitada, mesmo para quem não faz a dita. Ainda decorria o mês de Junho e já o gila estava a solicitar nova audiência.
- Camarada Comandante Nino´, lembra-se do Furriel Enfermeiro de Buba, que foi ferido e não foi substituído? Está no Hospital em Lisboa, com uns centímetros de intestino a menos…

Nino não entendeu a razão desta conversa, mas replicou:
- Em Buba os colonialistas têm um médico.
- Pois - concordou o gila -, mas o médico vai de férias a Portugal. O Camarada Nino imagina quem vai substituir o médico durante esse tempo?... O Furriel Enfermeiro do Quebo.

Nino soltou um palavrão. (Que eu não repito, porque eu não escrevo palavrões, mesmo quando são ditos por outros). E depois ordenou:
- Até ordem em contrário, o Grupo do MS não executa ataques na zona de Buba.

E a ordem foi cumprida.... Em Outubro lá estava de novo o gila informador, o que era um incómodo para Nino, porque estas informações eram pagas, mas ao mesmo tempo eram informações válidas e sempre credíveis, portanto úteis, para a operação do PAIGC.
- Então que notícias temos de Quebo? - perguntou Nino.
- Coisa grande, Camarada. A Companhia de Nhala vai para Quebo e a de Quebo vai para Nhala.

Nino não entendeu a razão da importância desta informação e argumentou:
- Mas isso é uma simples troca, não altera nada.
- Altera, sim, camarada Comandante. É que o Furriel Enfermeiro, agora, vai ficar em Nhala, até ao fim da comissão, em Setembro do ano que vem. – sentenciou o gila.

Nino, que até ali estivera de pé, durante toda a conversa, sentou-se, baixou a cabeça, colocou-a entre as mãos e, em vez do tradicional palavrão, disse baixinho:
- … Dasse… dasse… dasse…

Passados uns minutos levantou-se, passou as mãos pelo rosto, alisou o cabelo e ordenou a todos os seus comandantes:
- Até Setembro de 1971, não haverá qualquer acção contra os militares colonialistas instalados em Nhala, incluindo o quartel, a estrada e os carreiros.

E a ordem foi cumprida.... Em Setembro de 1971, o Furriel Enfermeiro do Quebo e Nhala regressou à Metrópole. O gila emigrou e é estivador no porto de Marselha. O Nino… bem, sobre o Nino toda a gente sabe tudo.

A maior parte dos protagonistas desta não-estória já faleceram e não poderão confirmar o que aqui está escrito. Mas o nosso Camarada José Martins, recorrendo a todas as suas fontes de informação, poderá confirmar que todas as ordens de Nino, aqui referidas, foram cumpridas. (...)

 ____________________

Nota do editor:

(*) Poste de 15 de Janeiro de 2008 >Guiné 63/74 - P2440: História do BCAÇ 2879, 1969/71 (1): De Abrantes para Farim (Carlos Silva) ]

Útimo poste da série > 25 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10193: As Nossas Tropas - Quem foi quem (9): Marcelino da Mata, 1º cabo, Gr Cmds Diabólicos (1965/66) (Virgínio Briote)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10193: As Nossas Tropas - Quem foi quem (9): Marcelino da Mata, 1º cabo, Gr Cmds Diabólicos (1965/66) (Virgínio Briote)

 

Guiné > Bissau > Brá > Setembro de 1965 > Grupo Comandos Diabólicos, completo,  em frente à camarata do Grupo. Ao centro, na 1ª fila, o 6º a contar da esquera, o comandante do grupo, alf mil Virgínio Briote. Na ponta direita, de pé, o srgt mil Mário Valente. Na 2ª fila, de fé, na extrema direita, o 1º cabo Marcelino da Mata.




Guiné > Bissau > Brá > Setembro de 1965 > "Foto de finais de Set 65, tirada em Brá, quando começaram os "ensaios" com as boinas vermelhas... Da esquerda para a direita: Marcelino da Mata, Azevedo, Virgínio Briote , Black e Valente"...


Duas das 200 fotos que o V.B. tem em arquivo e que partilha connosco e os demais camaradas do blogue. É um camarada e um amigo sempre atento e solidário, amigo do seu amigo, camarada do seu camarada... Está a gozar as suas merecidas, merecidíssimas, férias de 365 dias por ano (ele e a sua Irene, professora do ensino secundário)... O VB faz questão de nos dizer, por escrito, que "todas as fotos que eu enviar fazem parte do espólio do Blogue Luís Camaradas & Camaradas da Guiné, podendo delas ser feito o uso que os Editores entenderem. Tenho ainda cerca de 200 para enviar.".

Fotos (e legendas): © Virgínio Briote (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Resposta do Virgínio Briote [, foto à direita], nosso co-editor, jubilado, ao
nosso pedido formulado no poste P10187:
Marcelino da Mata ingressou nos Cmds [, Comandos,] na altura da Op Tridente (Ilha do Como, Jan/Mar64), tendo feito parte do grupo de Cmds experimental (constituído por milicianos -3 alferes e vários furriéis-, alguns cabos e soldados recrutados no BCav 490 e ainda dois ou três voluntários naturais da Guiné, Marcelino da Mata e Adulai Jaló, morto anos depois em Morés quando fazia parte da CCmds do Ten Zacarias Saiegh, do BCmds Guiné, comandado por Almeida  Bruno).

No fim do 1º curso de Cmds, administrado em Brá (com o apoio de elementos dos Cmds de Angola, supervisionados pelo então ten mil Jaime Abreu Cardoso e apoiados operacionalmente pelo Gr Cmds Gatos, do alf mill Valente- morto em combate anos depois em Moçambique), Marcelino da Mata fez parte do Gr Cmds Panteras, que se manteve operacional entre fins de Set 64 e meados de 1965.

Em Setembro de 1965, o então 1º cabo Marcelino da Mata ingressou no Gr Cmds Diabólicos e manteve-se em actividade até princípios de 1966, altura em que regressou à unidade de origem, a CCS do QG [Quartel General].

Nesta foto, o 1º cabo Marcelino da Mata está em 2º plano. É o 1º da direita, atrás do sargento mil Mário Valente (em 2ª comissão na Guiné, em grande parte devido ao casamento com uma senhora libanesa,  filha de um comerciante com estabelecimentos em Bigene e Barro e familiar de Francisco Fadul, futuro 1º ministro da RGBissau).

O Marcelino, na altura, usava uma pequena pêra e já então usava óculos. O outro natural da Guiné que, na altura,  fazia parte do grupo, era o Soldado Bacar Mané, sentado na 1ª fila.




2. Em poste publicado, há mais de cinco anos e meio atrás, o Virgínio Briote descreveu assim o 1º cabo Marcelino da Mata, membro do seu Gr Cmds, Diabólicos:

(...) "Irene : Gostei de ler a sua mensagem. Conheci o seu Pai, Marcelino da Mata, então 1º cabo do Exército, em Maio ou Junho de 1965. Vi-o em Brá, um aquartelamento do Exército Português a meia dúzia de kms de Bissau na estrada para o aeroporto de Bissalanca.

"Era um jovem com bom aspecto, ar de reguila, aspecto enérgico. Ele tinha feito a opção pelo Estado Português e como militar teve que combater o PAIGC, o Partido que então encabeçava a luta armada contra o colonialismo português. Foi a decisão que tomou, tal como milhares de Guineenses e, por isso, passou a ser um inimigo do PAIGC.

"Fez parte dos primeiros comandos que existiram na Guiné. Participou em inúmeras batalhas em praticamente todo o território. Foi sempre um militar muito valente e, por isso, várias vezes condecorado, desde a Cruz de Guerra (várias) até à Torre e Espada (a mais alta condecoração nacional e só atribuída em casos excepcionais).

"Depois houve o 25 de Abril, ele estava na Guiné, a independência veio logo a seguir em Setembro de 1974 e o Marcelino, tal como vários militares que se distinguiram na luta ficou com a vida em perigo. Muitos dos que lá ficaram foram fuzilados e ele saiu da Guiné e fez muito bem porque se lá tivesse ficado já não era vivo há muito.
"Penso que hoje, com tanto tempo passado, se ele regressasse ao chão que o viu nascer, nada lhe aconteceria. Mas a Irene sabe, as previsões só são isso. Nunca se sabe o que poderia suceder.

"Quanto a essa história do forno, pode ser só isso, uma história apenas. E pronto Irene, podíamos estar aqui a falar do seu pai o dia todo e se calhar ainda nos esqueciamos de muita coisa". (VB)

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Nota do editor:

Último poste da série > 14 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9483: As Nossas Tropas - Quem foi quem (8): António Sousa Teles (1922-2006), ten cor art, comandante do BCAÇ 4514/72 (Cadique, 1973/74)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9483: As Nossas Tropas - Quem foi quem (8): António Sousa Teles (1922-2006), ten cor art, comandante do BCAÇ 4514/72 (Cadique, 1973/74)

Poste resultante de vários comentários e trocas de mensages entre o Luís Gonçalves Vaz e o Paulo Santiago:

1. Luís Gonçalves Vaz [, foto à esquerda]:

Acabei de ler a confirmação de quem era o comandante de Cadique, pelo Paulo Santiago, como tal peço aos editores para colocar no poste da "estória do meu mano Pedro" a foto deste oficial [, à direita]... Em sua homenagem, pode ser?


Este distinto oficial, pelos vistos, era admirado e muito respeitado pelos seus soldados. Era um oficial "para toda a obra", tanto quanto sei, muito dinâmico e competente. Pelos vistos não era "fora do comum" um BCaç ser comandado por um ten cor de artilharia, segundo o camarigo Paulo Santiago.

Eu já recortei uma fotografia, que identifica o sr. tenente-coronel Sousa Teles, o de Artilharia.  isso não há duvidas, pois está bem nítido nas costas da fotografia, e pelo punho do meu falecido pai.   Pelo Eduardo Campos já tinmha sabido que "com a chegada em 20/06/73 da CSS/BCAÇ 4514, comandada pelo Ten Cor Sousa Teles, ficou o mesmo a partir dessa data, como comandante em Cadique". Tinha dúvidas era sobre a sua arma...

O Batalhão de Caçadores n.º 4514/72 foi obilizado no Regimento de Infantaria n.º 15, de Tomar, embarcou em Lisboa a 3 de Abril de 1973, chegando a Bissau a 9 do mesmo mês. Teve como Comandante o tenente-coronel António Manuel Dias Falagueiro de Sousa Teles e Segundo Comandante o major Eduardo César Franco Bélico Velasco, que viria a ser substituído no cargo pelo capitão de infantaria Jorge Xavier de Vasconcelos Mendes Belo, que era o Oficial de Informações e Operações/Adjunto da unidade.

Infelizmente, também acabei de saber que o tenente-coronel António Manuel Dias Falagueiro de Sousa Teles, que foi comandante de Cadique, já faleceu, em Lisboa, em 14/9/2006. Nascera, também em Lisboa,  em 4/10/1922, era pois do mesmo ano do meu falecido pai, Henrique Gonçalves Vaz. Tem dois filhos, o João, que é da minha idade e uma filha, Maria da Graça, que é professora. Dados da GENEALL.


2. Paulo Santiago [, foto à esquerda]

 Conheci os dois, ambos  ainda majores, e irmãos, um de Infantaria, 2º comandante do BCAÇ de Galomaro,o outro,de Artilharia, 2º comandante do BART de Bambadinca (batalhão a que pertencia o Mexia)[ BART 3873, Bambadinca, 1971/74].


Privei mais com o Sousa Teles,  infante. Com o artilheiro, pouco tempo, mas deu para perceber que eram duas personalidades muito diferentes, acho que já o escrevi tempos atrás. Verifiquei,através de um link do Luís Vaz,que o comandante de Cadique era o artilheiro, e pelo pouco que conheci,deveria ser um bom comandante.
Hoje tive a certeza que o ten-cor Sousa Teles, comandante do batalhão de Cadique,era de facto o artilheiro, António Sousa Teles, sendo que o irmão, de Infantaria, tinha como primeiro nome Arnaldo. 

Pela   foto publicada,tinha quase a certeza, que se tratava do Artilheiro. Os rostos são parecidos, mas o porte militar não engana,o Infante Sousa Teles era um civil mal fardado,se é que me entendes.

Quanto ao facto de um BCaç er comandado por um ten cor de Artilharia, nada de estranho, estive num BArt comandado por um ten cor de Infantaria (*).

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Nota do editor:

Último poste do blogue > 12 de novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9034: As Nossas Tropas - Quem foi quem (7): João Polidoro Monteiro, Ten-Cor Inf (cmdt do BCAÇ 2861, Bissorã, 1970, e BART 2917, Bambadinca, 1971/72) (Armando Pires / David Guimarães / Paulo Santiago)

sábado, 12 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9034: As Nossas Tropas - Quem foi quem (7): João Polidoro Monteiro, Ten-Cor Inf (cmdt do BCAÇ 2861, Bissorã, 1970, e BART 2917, Bambadinca, 1971/72) (Armando Pires / David Guimarães / Paulo Santiago)




Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) > Centro de Instrução de Milícias > Da esquerda para a direita, em segundo plano, Ten Cor Polidoro Monteiro, Gen Spínola e Alf Mil Paulo Santiago.

Foto (e legenda): © Paulo Santiago (2006). Todos os direitos reservados

1. Temos uma série, ainda com poucos postes, sobre os nossos comandantes e outros militares que, no TO da Guiné (*), se destacaram de uma maneira ou de outra ou ficaram na nossa memória (pelo seu currículo militar, pela sua liderança, pela sua personalidade, pelo seu convívio,  pelas histórias que deles se contavam, etc.). 

Hoje reunimos alguma informação adicional sobre o último comandante do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), João Polidoro Monteiro, infelizmente já falecido, mas que alguns de nós conheceram e que com alguns privaram:


1. Armando Pires [ex-Fur Mil Enf da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70] (**):

O Ten Cor João Polidoro Monteiro [JMP] veio, em 1970, directamente de Moçambique, onde comandava a Guarda Fiscal, para Bissorã, comandar o [meu batalhão, o] BCAÇ 2861, em substituíção do Ten Cor César Cardoso da Silva.  Em Dezembro de 1970,  o 2861 regressou a Portugal, terminada a comissão. Foi nessa altura que JPM foi comandar o BART 2917.

(...) Estou a vê-lo, ao Polidoro, galões reluzentes sobre um camuflado acabadinho de saír do Casão Militar, olhos protegidos pelas lentes escuras de uns inevitáveis Ray-Ban, pingalim tremelicando na mão direita, voz forte e decidida advertindo a força em parada:
- Não me tomem por periquito, que de guerra venho eu farto.

Depois, a ordem que obrigava todos os militares a andarem devidamente fardados e ataviados quando não em serviço (???).

Se esta não fosse já um mimo, a cereja em cima do bolo veio de seguida. Íamos fazer exercícios de protecção ao aquartelamento. Poupo-vos ao relato e consequências, embora fossem de ir às lágrimas.

Já mais tarimbado na função, o Paulo Santiago, ex-comandante do Pel Caç Nat 53, aqui nos relatos da Tabanca mostra-o, ao Polidoro, numa foto  tirada nas margens do Geba, ali no Mato Cão, exibindo um magnifico troféu de caça.

Com a mais respeitosa vénia ao Santiago, recoloco aqui a tal foto, ao lado de uma outra tirada por mim, em Bissorã, pedindo-lhes que descubram a semelhança. 

Hum!!! Já viram? Reparem outra vez… olhem bem… não deram por ela?... 

É A FACA DE MATO, caramba! Ali, sempre pendurada no ombro direito.



Guiné > Região do Oio > Bissorã > BCAÇ 2861 (1969/70) > 1970 > Festa tribal:  À esquerda o Alf Capelão Batista, à direita o Ten Cor Polidoro Monteiro

Foto (e legenda): © Armando Pires  (2009). Todos os direitos reservados


 Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Mato Cão > O Ten Cor Polidoro Monteiro, último comandante do BART 2917 (1970/72), o Alf Médico Vilar e o Alf Mil Paulo Santiago, instrutor de milícias, com um jacaré do rio Geba... Foto tirada em Novembro ou Dezembro de 1971 no Mato Cão, após ocupação da zona com vista à construção de um destacamento, encarregue de proteger a navegação no Geba Estreito e impedir as infiltrações na guerrilha no reordenamento de Nhabijões, um enorme conjunto de tabancas de população balanta e mandinga tradicionalmente "sob duplo controlo".

Foto (e legenda): © Paulo Santiago (2006). Todos os direitos reservados
2. David Guimarães [ex-Fur Mil Art Minas e Armadilhas, CART 2716/BART 2917, Xitole, 1970/72] (***)

(...) A CART 3492 (Xitole, Janeiro de 1972/Março de 1974) foi exactamente a Companhia que rendeu a CART 2716 a que eu pertenci e fomos nós que fizemos a sobreposição...
(...) Um dia o Comandante do BART 2917, já na sobreposição, apareceu no Xitole. O Luís Graça e o Humberto Reis conheciam-no. Era o Tenente Coronel Polidoro Monteiro... Conto-vos uma peripécia passada com ele.

Perguntava eu, bem perfilado, ao Polidoro Monteiro:
- Meu comandante, a nossa missão é ir ensinar o caminho a esta gente...Proponho que ensinemos o início dos caminhos por onde passamos tantas vezes....

Resposta:
- Vai-te foder, seu caralho, quero que lhes ensinem a toca....

Deu em riso, como é evidente....

O Polidoro Monteiro foi o único Tenente-Coronel que usava arma e eventualmente percorria um pedaço de caminhos connosco... Gostava muito de passear no Xitole, pois de manhã gostava de ir até Cussilinta, ao banho, no Corubal,  e à noite ir à caça às lebres que iam para junto da mancarra (amendoím], na Tabanca de Cambessé, à guarda do aquartelamento do Xitole....

Sempre vi nele um bom militar e era da inteira confiança de Spínola.... Aliás ele era Tenente-Coronel de Infantaria e foi colocado por Spínola em Bambadinca para ir comandar o BART 2917, [em substituição do]  Tenente-Coronel Magalhães Filipe, que era o Comandante inicial do Batalhão (...).

A gota de água para retirar o Comando ao Magalhães Filipe foi a operação na Ponta do Inglês onde morreu aquela secção do Cunha [da CART 2716, do Xime]... Quem merecia a porrada acabou por não a apanhar (...).

Ainda sobre o Polidoro Monteiro... Um dia ele manda um rádio para o Xime com a seguinte nota: "Dois pelotões formados às 5.30 para sair com CMDT" (...). O Polidoro Monteiro chama o condutor de dia e percorre,  sem qualquer escolta,  aquele caminho de Bambadinca ao Xime, a alta velocidade... Resultado: 10 dias de prisão para o [alferes que exercia as funções de] 2º Comandante, e 10 de detenção para outro alferes... É que eles nunca se fiaram que àquela hora ele aparecesse lá e como tal não estavam prontos como ele mandara....

Luís Graça e Humberto Reis: vocês já não estavam lá, creio, mas que isto se passou, passou... O Polidoro era assim, um bom Comandante, a nível operacional: dizia quantas asneiras havia no dicionário... Muito operacional mas bom sujeito... Vocês conheceram-no ainda (...).

 3. Paulo Santiago [, ex-Alf Mil,  cmdt do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72] (****)

 (...) Acontece,algumas vezes, aparecerem postes que mexem comigo, precisando...emocionam-me. É o caso de hoje, com este poste do camarada Armando Pires,que entrou, em grande forma, para a Tabanca. Não é por causa da foto, onde apareço abrindo a boca do anfíbio bicharoco; não,o que me tocou mais fundo foi a recordação do Polidoro, pessoa que nunca mais encontrei após a minha saída de Bambadinca. 

Todos sabeis, já o escrevi várias vezes (****), o Ten-Cor Polidoro Monteiro foi talvez o  oficial superior, melhor, devo dizer, foi o único oficial superior que me mereceu respeito, e conheci vários. Estes vários que conheci, majores, tenentes-coronéis, quando íam ao Saltinho (é um ex.) utilizavam o heli, nada de ir em colunas, havia o pó e outras merdas mais complicadas... E aqui começa a diferença... Conheci o Polidoro, não em Bambadinca, conheci-o (e também ao Vacas de Carvalho)... no Saltinho, onde chegaram e de onde partiram numa coluna com o trajecto  Bambadinca-Mansambo-Xitole-Saltinho
e depois o trajecto inverso. 


Não sei a razão, mas em Bambadinca, havia, como dizer?, uma certa cumplicidade entre mim e o Polidoro.  Entendíamo-nos muito bem, já o mesmo não acontecia com o 2º comandante, o [major] Anjos de Carvalho, um militar emproado, bom para andar na parada, esperando ver um militar com menos atavio,ou que se esquecesse da
continência, para de imediato lhe foder a vida.

Agora a foto. Quem era o comandante de batalhão que se metia num Sintex e descia o Geba Estreito até Mato Cão? Só o Polidoro...e ficou lá a dormir nos buracos com o pessoal do Pel Caç Nat  63. Aquela faca no ombro direito, de que fala o Armando, é imagem de marca, julgo que nunca vi o Polidoro com outra farda que não fosse o camuflado, raramente com galões, contrariamente ao 2º comandante que sempre vi de calções, meia
alta e respectivos galões.



Agora vou "entrar" com o Armando quando cita aquela apresentação do Polidoro ("Não me tomem por piriquito que de guerra venho eu farto").  Oh Armando,  não terá sido assim: "
"C..., não me tomem por piriquito que de guerra venho eu farto" ? 
Ou assim: "Não me tomem por piriquito, c..., de guerra venho farto" ?.


Agora, ainda a propósito da foto, reparem no outro personagem,o Alf Mil Médico Vilar, "apanhado" na altura (...hoje... psiquiatra)... Olhem para a arma que segura: é uma carabina de caça 22...Não é que ele lhe acoplou aquela imensa baioneta (comprada na Feira da Ladra) de uma Kropatschek ?! (...)


4. Comentário do editor:


(...) Companhias de quadrícula do BART 2917 (Maio de 1970/Março de 1972) (comandado por Ten Cor Art Domingos Magalhães Filipe e depois por Ten Cor Inf João Polidoro Monteiro):

(i) CART 2714, sita em Mansambo (Cap Art José Manuel da Silva Agordela)

(ii) CART 2715, sita no Xime (Cap Art Vitor Manuel Amaro dos Santos, Alf Mil Art José Fernando de Andrade Rodrigues, Cap Art Gualberto Magno Passos Marques, Cap Inf Artur Bernardino Fontes Monteiro, Cap Inf José Domingos Ferros de Azevedo)

(iii) CART 2716, sita no Xitole (Cap Mil Art Francisco Manuel Espinha de Almeida) (...).

______________


Notas do editor:


(*) Vd. postes anteriores desta série:
21 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7313: As Nossas Tropas - Quem foi quem (6): Hélio Esteves Felgas, Maj Gen (1920-2008)

9 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 – P4313: As Nossas Tropas - Quem foi quem (5): João Bacar Jaló (1929-1971) (Benito Neves, Mário Fitas e João Parreira)


13 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3735: As Nossas Tropas - Quem foi quem (4): Cap Art Ricardo Rei, CART 1792: Lixaram-no, não passou de coronel (Joseph Belo)

21 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2569: As Nossas Tropas - Quem foi quem (3): João Bacar Djaló (1929/71) (Virgínio Briote)



4 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2239: As Nossas Tropas - Quem foi quem (2): António de Spínola, Governador e Comandante-Chefe (1968/73)

23 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2207: As Nossas Tropas - Quem foi quem (1): Vasco Lourenço, comandante da CCAÇ 2549 (1969/71) e capitão de Abril



(**) Vd. poste de 4 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4778: Tabanca Grande (168): Armando Pires, ex-Fur Mil Enf da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã (1969/70)


Vd.comentário ao poste de 10 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9021: História do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72): Resumo dos factos e feitos mais importantes, por João Polidoro Monteiro, Ten Cor Inf (Benjamim Durães)


(***) Vd. poste, da I Série > 26 de Maio de 2005 > Guiné 69/71 - XXVI: A malta do triângulo Xime-Bambadinca-Xitole (6) 

(****) Vd. comentário ao poste P4778. E ainda:

8 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3187: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (16): Instrutor de milícias em Bambadinca (Out 1971)

9 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3189: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (17): Instrutor de milícias em Bambadinca (Out 1971).