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sexta-feira, 6 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26890: A Guiné-Bissau, hoje: factos e números (6): Exportar caju e importar arroz: uma fatalidade?



Guiné-Bissau > Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da semana > "Chegou a hora do Caju" > Data de Publicação: 9 de maio de 2010 > Data da foto: 24 de abril de 2010. Palavras-chave: Segurança alimentar .

Foto (e legenda) © AD - Acção para o Desenvolvimento (2010).
 Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]

(http://www.adbissau.org/adbissau/fotodasemana/2010.05.09.htm) (link descontinuado) (*)

Legenda que tinha o inegável cunho crítico, original e pessoal,  do nosso querido amigo Pepito, engº agr. Carlos Schwarz (Bissau, 1949-Lisboa, 2012), então diretor executivo da ONG AD. Faz muita falta ao seu país. Infelizmente, os bons irãs não o protegeram.

"Aí está! Chegou a hora do caju!

"Anualmente, por esta altura, o caju assume a sua omnipresença e todos se envolvem freneticamente nesta actividade, excluindo bem claro, os que estão mais preocupados em dar uso às fardas e às armas.

"Para além da castanha de caju, vendida ou trocada por arroz, num processo iniciado há mais de 20 anos e que subverteu por completo a lógica da segurança alimentar nacional, a qual deixou de se basear na nossa produção de arroz para passar a contar com a importação deste cereal, o que custou o ano passado 85 milhões de dólares. (Negritos nossos)

"Igualmente mobilizadora é a comercialização de vinho de caju extraído da polpa e que, uma vez introduzido em bidões de plástico de 20 litros, é comercializado, transportado e… arrastado em camiões por todo o país."




Guiné-Bissau > Bissau > Bissau Velho > Maio de 2025 > Um trecho do porto de mar em Bissau quando em maré baixa. Ao fundo, um navio graneleiro chinês a fazer descarga de arroz... No passeio da avenida marginal do nosso tempo (hoje, e desde 1975, avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria), bons carros, sinal de prosperidade (que é para alguns, não para todos)...

Fotos (e legenda): © João de Melo  (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


I. A Guiné-Bissau é um país independente. É membro da CPLP. Temos uma relação de amizade com este país lusófono e o seu povo. Não devemos imiscuir-nos nos seus assuntos internos. Mas os seus problemas e desafios não nos são (nem devem ser)  estranhos ou indiferentes.  Daí esta série, "A Guiné-Bissau, hoje: factos e números" (**).

(...) O caju é uma fruta tropical originária do Nordeste do Brasil. Ele foi introduzido na África, incluindo a Guiné-Bissau, pelos portugueses no final do século XVIII.

Na Guiné-Bissau, o caju tem sido historicamente plantado ao longo das estradas e hoje forma vastas florestas de cajueiros, tornando-se o principal produto de exportação do país e um pilar fundamental da sua economia. (...) (Gemini IA / Google)


Pergunta 1  - Valores da exportação de caju e da importação de arroz, na Guiné-Bissau?

Resposta do assistente de IA / Gemini, Google:

A economia da Guiné-Bissau é fortemente dependente da exportação de caju e da importação de arroz

Exportação de Caju:

  • Principal produto: A castanha de caju é o pilar da economia guineense, representando mais de 90% do total das exportações nacionais.
  • Volume de exportação:
    • Em 2022, o volume de exportação foi de 200.000 toneladas.
    • A Guiné-Bissau está pronta para exportar 130 mil das 200 mil toneladas de castanha de caju que espera vender em 2025.
  • Preço:
    • O preço base de venda da castanha de caju para a campanha de 2025 foi fixado em 410 francos CFA (0,63 euros) por quilograma. Em 2024, o preço base foi de 350 francos CFA, mas chegou a 700 francos CFA devido à procura.
    • Em 2022, o preço de venda efetivo foi de 363 FCFA/kg, o equivalente a 626 USD/tonelada.
  • Destino: Mais de 95% da castanha de caju exportada pela Guiné-Bissau tem como destino a Índia.

Importação de Arroz:

  • Consumo: O arroz é o principal alimento básico da população guineense, representando cerca de 80% do consumo de cereais no país.
  • Volume de importação:
    • A Guiné-Bissau importa anualmente mais de 200 mil toneladas de arroz.
    • A produção nacional de arroz está longe de satisfazer as necessidades do consumo, que é de cerca de 200.886 toneladas por ano, com uma produção que não passa das 112 mil toneladas.
  • Valor:
    • Em abril de 2024, o governo decidiu aumentar os preços do arroz devido à incapacidade de continuar a subvencionar as empresas importadoras.
    • Um saco de 50kg de arroz tipo "nhelém" 100% partido passou a custar 21.500 francos CFA (cerca de 32 euros).
    • O arroz da qualidade 5% partido (grosso) passou a custar 24.000 francos CFA.
    • Entre novembro de 2023 e abril de 2024, o governo gastou mais de quatro mil milhões de francos CFA (cerca de 6 milhões de euros) para financiar a subvenção do arroz no país.

É importante notar que há também um problema de contrabando de caju para países vizinhos, como Senegal, Gâmbia e Guiné-Conacri, o que afeta as receitas do Estado. O governo tem reforçado a vigilância nas fronteiras para combater essa prática.


Pergunta 2 - Análise SWOT da relação Caju (Exportação) / Arroz (Importação) na Guiné-Bissau.

Resposta do assistente de IA / Gemini, Google:

Análise SWOT da Relação Caju (Exportação) / Arroz (Importação) na Guiné-Bissau

A relação entre a exportação de caju e a importação de arroz na Guiné-Bissau é um ponto central da sua economia, com implicações significativas para a segurança alimentar, balança comercial e desenvolvimento sustentável. Abaixo, é apresentada uma análise SWOT detalhada dessa dinâmica:

Forças (Strengths)

  • Potencial de Exportação de Caju: O caju é o principal produto de exportação da Guiné-Bissau, gerando divisas estrangeiras cruciais para a economia. A procura global por castanha de caju tem-se mantido robusta.
  • Adaptação do Caju ao Clima: O caju é uma cultura bem adaptada às condições climáticas da Guiné-Bissau, exigindo relativamente poucos fatores de produção  e sendo resiliente a períodos de seca.
  • Geração de Emprego na Cadeia do Caju: A colheita e o processamento inicial do caju (ainda que limitados) geram empregos, especialmente em áreas rurais, contribuindo para a subsistência de muitas famílias.
  • Disponibilidade de Terras para Arroz: A Guiné-Bissau possui extensas áreas de várzeas e bolanhas com potencial para o cultivo de arroz, uma cultura alimentar fundamental.
  • Importância do Arroz na Dieta Local: O arroz é a base da dieta da população guineense, o que garante uma demanda interna constante e justificada para o seu consumo.

Fraquezas (Weaknesses)

  • Dependência Excessiva do Caju: A economia da Guiné-Bissau é excessivamente dependente da exportação de caju, tornando-a vulnerável a flutuações nos preços internacionais e a choques externos.
  • Baixo Valor Agregado do Caju: A maior parte do caju exportado é em bruto, o que significa que o país perde a oportunidade de agregar valor através do processamento industrial (descasque, torra, embalagem), limitando os ganhos económicos e a criação de empregos qualificados.
  • Vulnerabilidade à Flutuação de Preços: Os preços do caju no mercado internacional podem ser voláteis, impactando diretamente as receitas de exportação e a rendimento dos produtores.
  • Elevada Dependência da Importação de Arroz: A Guiné-Bissau importa uma parcela significativa do arroz que consome, tornando-a vulnerável a choques nos preços internacionais do arroz, flutuações cambiais e interrupções na cadeia de suprimentos.
  • Baixa Produtividade do Arroz: A produção interna de arroz é frequentemente baixa devido a técnicas agrícolas tradicionais, falta de acesso a sementes melhoradas, fertilizantes e sistemas de irrigação adequados.
  • Infraestrutura Deficiente: A infraestrutura precária (estradas, portos, eletricidade) dificulta o escoamento do caju e o transporte do arroz importado para o interior do país.
  • Financiamento Limitado: O acesso limitado a financiamento para agricultores, tanto para o caju quanto para o arroz, impede investimentos em melhorias de produtividade e processamento.

Oportunidades (Opportunities)

  • Agregação de Valor ao Caju: Investir no processamento local do caju pode aumentar significativamente as receitas de exportação, gerar empregos qualificados e promover o desenvolvimento industrial.
  • Diversificação de Mercados para o Caju: Buscar novos mercados para o caju pode reduzir a dependência de um pequeno número de compradores e estabilizar as receitas.
  • Aumento da Produtividade do Arroz: Adoção de novas tecnologias agrícolas, sementes melhoradas, técnicas de irrigação e formação para os agricultores pode impulsionar a produção interna de arroz e reduzir a necessidade de importação.
  • Desenvolvimento de Cadeias de Valor Locais: Fortalecer as cadeias de valor do caju e do arroz, desde a produção até o consumidor final, pode criar novas oportunidades de negócio e empregos.
  • Cooperação Regional e Internacional: Parcerias com países vizinhos e organizações internacionais podem facilitar o intercâmbio de conhecimentos, tecnologias e financiamento para o setor agrícola.
  • Investimento em Infraestrutura: Melhorias na infraestrutura de transporte e armazenamento podem otimizar o escoamento do caju e a distribuição do arroz.
  • Promoção de Práticas Agrícolas Sustentáveis: Implementar práticas agrícolas que melhorem a fertilidade do solo e a gestão da água pode aumentar a resiliência da produção de caju e arroz às mudanças climáticas.

Ameaças (Threats)

  • Flutuações nos Preços Internacionais: A volatilidade dos preços do caju e do arroz no mercado mundial pode impactar negativamente a balança comercial e a segurança alimentar.
  • Mudanças Climáticas: Secas, inundações e outras condições climáticas extremas podem afetar a produção de caju e arroz, colocando em risco a segurança alimentar e as receitas de exportação.
  • Concorrência Internacional: A Guiné-Bissau enfrenta concorrência de outros países produtores de caju e arroz, o que pode pressionar os preços e a participação de mercado.
  • Barreiras Comerciais: Novas tarifas ou regulamentações comerciais impostas por países importadores podem afetar negativamente as exportações de caju.
  • Instabilidade Política e Social: A instabilidade pode perturbar as cadeias de produção e distribuição, afetando tanto a exportação de caju quanto a importação e distribuição de arroz.
  • Doenças e Pragas: O surgimento de doenças ou pragas que afetam as culturas de caju ou arroz pode causar perdas significativas na produção.
  • Dependência de Agentes Externos: A forte dependência de intermediários na cadeia de valor do caju pode resultar em menores retornos para os produtores locais.

Conclusão

A Guiné-Bissau enfrenta um desafio complexo na gestão da sua relação caju/arroz. Embora o caju seja uma força económica, a sua dependência excessiva e a falta de valor acrescentado representam vulnerabilidades significativas. 

Por outro lado, a importação maciça de arroz sublinha uma fraqueza na segurança alimentar. 

As oportunidades residem na agregação de valor ao caju, na diversificação da produção agrícola e no aumento da produtividade do arroz. No entanto, o país deve estar atento às ameaças externas, como as flutuações de preços e as mudanças climáticas, e internas, como a instabilidade política e a infraestrutura deficiente.

Para um futuro mais sustentável, a Guiné-Bissau precisa de uma estratégia integrada que promova a diversificação económica, o aumento da produtividade agrícola (especialmente do arroz), o processamento local do caju e o investimento em infraestrutura

A resiliência económica do país dependerá da sua capacidade de transformar estas fraquezas e ameaças em oportunidades de crescimento e desenvolvimento.

(Perguntas, Revisáo / fixação de texto: LG / Respostas,  Negritos: Gemini IA)

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Notas do editor LG:

(*) Vd. poste de 12 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6376: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (14): Chegou a hora do caju... e do vinho de caju!

(**) Último poste da série > 17 de junho de 2022 >
Guiné 61/74 - P23360: A Guiné-Bissau, hoje: factos e números (5): A principal fonte de energia (c. 85%) ainda é a proveniente da biomassa (lenha, carvão vegetal...)

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26336: O nosso blogue em números (98): Primeiro balanço de 2024, o trabalho dos editores

Se a idade é um posto, o nosso Blogue tem já uma patente de oficial superior. Vamos completar em Abril próximo 21 anos, tendo para trás um passado de que nos podemos orgulhar, sendo que a grande fatia cabe ao Luís Graça, fundador e editor desta página histórica.

Mais um ano passou e o balanço é altamente positivo, muito graças ao Editor Luís Graça que em termos de trabalho deu um verdadeiro "bigode" aos outros editores. Sozinho publicou mais 131 postes que os demais juntos.

Falando ainda de números: em 2024 foram publicados 1307 postes, contados entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro. Chamamos a atenção para a contagem do Blogue que é feita semana a semana, entre domingo e sábado, pelo que não condiz com a nossa estatística feita a partir do calendário civil.

Temos mais quadros estatísticos mas o que interessa é realçar o trabalho dos editores que não têm sábados, domingos e feriados. E até parece que nem sofrem das maleitas da idade.

No primeiro quadro verificamos que o mês mais produtivo foi o de Abril com 140 postes, média superior a 4,5 postes/dia, e o menos produtivo, o de Julho, com 95, média um pouco superior a 3 postes/dia. Em 2024 a média geral foi de cerca de 3,5 postes/dia.


Se em 2023 se publicaram 1089 postes, em 2024 publicámos mais 218. Tínhamos também como meta ultrapassar o ano de 2017, o melhor dos últimos 7 anos com 1261 postes publicados. Conseguimos o nosso intento, ultrapassando o número em 46.

Há outros números de que nos devemos orgulhar, a saber:
- 7560 dias de vida na web;
- 26.315 postes publicados;
- 104.623 comentários dos nossos leitores;
- A caminho dos 15,8 milhões de visualizações de páginas em 20 anos
- Dos nossos 896 amigos e camaradas de armas, dos quais 150 já nos deixaram

O nosso editor Luís Graça irá debruçar-se sobre estes e outros números mais oportunamente. Es foi a primeira abordagem no início de 2025.

C.V.

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Nota do editor

Último post da série de 1 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25704: O nosso blogue em números (97): no 1º semestre de 2024, publicámos 661 postes, e tivemos 633 mil visualizações de página, atingindo um total acumulado de 15,2 milhões em 20 anos

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26126: Historiografia da presença portuguesa em África (451): o tecido económico da província em 1951, visto através dos anúncios publicados no suplemento, "dedicado ao Ultramar Português" (218 pp., no total), do "Diário Popular", de 20/10/1961



Barbosas & Cia: Import-export... com sede em Bissau. Representava sobretudo duas marcas norte-americanas, a General Eletric e a Studebaker


Ed. Guedes Lda era outro peso pesado do comércio local, já presente em Bolama quando esta era a capital... Tinha sucursais pelo território... "Cetió";  mais que provável erro tipográfico, deve ler-se Catió... Tchequal também deve ser gralha, é topónimo que não existe. Banta El deve ser Madina Bantael, entre Sonaco e  Sare Bacar (esta já na fronteira  com o  Senegal)... Chegava a Orango, a ilha do arquipélago dos Bijagós mas afastada do continente,

A nossa já conhecida  empresa francesa, a NOSOCO, onde trabalhou o nosso camarada Mário Dias... Tinha instalações em Bissau, Bolama,  Bafatá, Binta, Bissorã e Olossato. Tinha o exclusivo, para a Guiné, de marcas prestigiadas como a Shell, Phillips,  Electrolux, Frigelux, Dunlop...


SCOA: outra empresa de import-export, de origgm francesa, com sucursais em Bafatá, Bissorã, Bolama, Sonaco e Farim... Representava uma série de marcas (camiões, automovéis, eletrodomésticos, motores marítimos, cerveja alemã) e também companhias de navegação... Curioso: não estava representada na capital...



Enpresa de import-export e comércio geral, estava ligada ao BNU (Banco Nacional Ultramarino). e cobria praticamente todo o território, com  exceção do Nordeste (Gabu); Bafatá, Sonaco, Contuboel, Teixeira Pinto, Bissorã, Bolama, Bijagós, Chugué, Cabochanque,  Cadique, Cafine, Salancaur, Cabedu, Bedanda, Cacine, Brandão (seria na ilha do Como, a casa Brandão ?)...


O Fouad Faur, sírio-libanês, tinha sede em Bafatá, com "feitorias em Piche, Paunca, Bajocunda ("Bajicunda") e Bambadinca


Outro comerciante de origem sírio-libanesa, com sucursais na África Ocidental Francesa (Dacar e Coldá) e na Guiné Portuguesa (Mansoa, Mansabá, Xime, Bambadinca, Bafatá, Contuboel, Sonaco, Nova Lamego, Pecixe, Buba, Campeane, Cacine, Gadamael, Catió)



Foi a partir deste anúncio de 1956, que descobrimos o acrónimo ASCO (endereço telegráfico da empresa) (*)


Outro sírio-libanês, Mamud Eluar & Cia., com "sucursais em toda a província da Guiné"... Os comerciantes, de origtem sírio-libanesa, não eram mais do que uma centena na 1ª metade da década de 1920. O José Gardete Correia uma empresa de uma família prestigiada, com estabelecimentos em Bissorã. Olossato e Encheia.




Francisco Paulo, uma empresa em nome inmdividual, com estabelecimento em Bafatá e "feitorias" em  Xitole ("Chitoli"), Sara (Gabu), Baca (Sarde Bacar ?), Paunca, Bajocunda ("Bajicunda"), Cabuca ("Caboca"), Boé ("Mandina do Boé).  O Fausto da Silva Teixeira é o único industrial que aparece nesta amostra, e é já nosso conhecido (foi deportado.


João Batista Pinheiro & Irmão: com sede em Bafatá, e sucursais em Bussau, Buruntuna, Bajicunda (sic), Pirada, Paunca, Piche e... Sama  (deve ser é Sara, Gabú, presume-ser que seja gralha tipográfica, não há povoação com esse nome). O único anúncio da área da restauração e hotelaria é do Pensão Restaurante Bafatá, de Judite Teixeira Quaresma da Costa.



A OMES, com um grande currículo de obras de engenharia na Metrópole e  em Angola, tinha na Guiné, em 1951, duas obras em fase de conclusão: a ponte-cais de Bissau e a ponte de Ensalma


1. Estes anúncios refletem inegavelmente  o clima de relativa paz e prosperidade económica que a província começou a viver, no pós II Guerra Mundial,  com o governador Sarmento Rodrigues (1945-1950).

Curi0samente, em 1951, só há uma anúncio de um industrial (com exceção da OMES, que era uma empresa de engenharia e obras públicas, com sede em Lisboa). Referimo-nos ao madeireiro e antigo deportado Fausto Teixeira da Silva.

Ainda estamos longe dos trágicos acontecimentos de Angola, no princípio de 1961, que não deixaram de ter repercussões nas outros territórios ultramarinos protugueses,. incluindo a Guiné: loigo a partir de 1961/62, parte dos comerciantes locais  (cabo-verdianos, metropolitanos e sírio-libaneses) acabaram  por se retirar das zonas mais isoladas do interior, e fixaram-se em Bissau ou regressaram  mesmo à metrópole...

Os sírio-libaneses, que se começaram a radicar no território a partir de 1910, alguns  acabaram por ligar-se, pelo casamento, a famílias portuguesas... Inicialmente não eram, porém, bem vistos pela concorrência nem até pelas autoridades locais, Por outro lado, em 1974, todos já teriam a nacionalidade portuguesa...Mas parte desta comunidade optou por ficar no novo país lusófono, a Guiné-Bissau.

Estes anúncios acima publicados fazem parte de um suplemento, "dedicado ao ultramar portuguès", que integrou a edição do "Diário Popular", de 20 de outubro de 1951. São em menor número dos que seráo  publicados, mais tarde,  na revista "Turismo", edição de janeiro/fevereiro de 1956 )(ano XVIII, 2ª série, nº 2,  número temático dedicado à Guiné), e reproduzdos em  tempos no nosso blogue (em dez postes, com material fornecido pelo nosso saud0so camarada Mário Vasconcelosl, 1045-2'17) (**)

Na amostra de 1951, verificamos que  todos os anunciantes  se dedicavam ao "comércio geral: compra e venda de produtos da província" e alguns ao "!import-export#", a começar pelas empresas francesas, a NOSOCO e a SCOA... Mas também as portuguesas, Barbosas & Cia, Ed. Guedes Lda, Sociedade Comercial Ultramarina, SARL.

O que havia para exportar ? Muito pouco, alguns produtos agrícolas e matérias-primas: arroz, oleaginosas (amendoim, coconote, óleo de palma), e pouco mais...  E importava-se tudo, da cerveja às viaturas automóveis... Tal como hoje, agora na Guiné-Bissau (só que o amendoim foi substituído pelo caju.)

Alguns valores: em 1950, a colónia tinha exportado c. de 118 mil toneladas, e importado pouco mais de 128 mil... Os cinco produtos mais exportados eram  (com base nas médias anuais): 

  • o amendoim (61,0%), 
  • o coconote (26,6%), 
  • o arroz (4,1%), 
  • o óleo de palma (1,7%) 
  • e os couros (0,8%)...  

Por outro lado, na década de 40 (1941-1950), as importações passavam de 49 mil contos para 128 mil (um aumento de 260%). As exportações, por sua vez,  passavam, no mesmo período, de  65 mil para 118 mil contos (um aumento de 180%).

Em outubro de 1951 já se escrevia-se "província" e não "colónia", com a revogaçãpo do "Acto Colonial" e a revisão da Constituição (Lei nº 2048, de 11 de junho de 1951).   Mas a grafia dos topónimos ainda não era respeitada: vejam-se grafias como Bajicunda, Pitche, Contubo El,

Em suma, estes anúncios tem hoje algum interesse documental pelas inesperadas informações que nos trazem de gentes e de lugares que conhececmos e que depois de 1961 vão ser varridos pela guerra, oficial ou oficiosamente iniciada em  Tite, região de Quínara, em 23 de janeiro de 1963...

É interessante assinalar a ausência de uma grande casa como a  Gouveia  neste pequeno mostruário das "forças vivas" da província, cujo tecido económico parece ser  constituída por apenas pela Ultramarina, ligada ao BNU, duas empresas francesas de import-export, a SCOA e a NOSOCO, e sobretudo por pequenos comerciantes e empresários, de origem metropolitana, cabo-verdiana e sírio-libanesa. (***)
 
Esta edição do "Diário Popular", de 20 de outubro de 1951 (e não 1961, como vem escrito por lapso , na Hemeroteca Digital de Lisboa / Câmara Municipal de Lisboa, a quem agradecemos a cortesia).  É uma raridade bibliográfica: o suplemento dedicado ao Ultramar tem 218 páginas (22 dedicadas à Guiné, pp. 45-66).  Disponível  aqui em formato digital. 

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segunda-feira, 1 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25704: O nosso blogue em números (97): no 1º semestre de 2024, publicámos 661 postes, e tivemos 633 mil visualizações de página, atingindo um total acumulado de 15,2 milhões em 20 anos

 

Fonte: Blogger (2024)


1. No 1º semestre de 2024, de 1 de janeiro a 30 de junho de 2024, registámos um total de 633 mil visualizações de página, o que dá uma média mensal de 105,5 mil por mês (ou 3,478 por dia).  O total acumulado, desde 2004, é agora de mais de 15,2 milhões (*).

Como termo de comparação, registe-se que,  em todo o ano de 2023, o total de visualizações foi de 690 mil.

Vendo o gráfico acima, confirmamos que há picos, como em 3 de abril de 2024, em que se registaram mais de 47 mil visualizações,

Como já explicámos anteriormnete, estes picos não têm qualquer significado estatístico (são "outliers"): em geral estão associados à atividade de robôs que fazem capturas de páginas. O nosso blogue é seguido, regularmente, por exemplo, pelo Arquivo.pt   e pelo Internet Archive. Mas também ser explicados com a crescente utilização dos novos motores de busca baseados na IA (Inteligência Artificial),

Neste último período de seis meses, dos vinte países que mais nos visitaram, vêm três lusófonos: Portugal, em primeiro lugar, Brasil (7º) e Guiné-Bissau (11º). Depois há os países com  comunidade lusófonas: Estados Unidos (2º), Países Baixos (6º), Alemanha (9º), Suécia (10º), Reino Unido (12º), França (13º), Luxemburgo (14º), Espanha (15º) e Canadá (16º).

Neste período tivemos mais 7 novos membros da Tabanca Grande atingindo o total de 890. Faltam-nos 10 para chegar aos almejados 900 no final do ano de 2024 (**).

O número de postes publicados (n=661) foi, em média, de 110 por mês (3,6 por dia). O total acumulado é agora de 25703 postes editados (de 23 de abril de 2004 a 30 de junho de 2024).

Por seu turno, o total acumulado de comentários (limpos de SPAM) é agora de 102 234. Tivemos neste período pouco mais de 2,2 mil comentários, o que dá uma média de 3,4 por poste. O ano passado a média foi melhor (4,9) (***)

Estes números dão-nos algumas pistas de reflexão, indicando pontos fortes e fracos da nossa atividade bloguística. Apesar da idade e sobretudo do  "cansaço" e "saturação" de todos nós (a começar pelos editores e colaboradores permanentes)...

Obrigado a todos aqueles que vão mantendo a "chama viva": leitores, autores, comentadores, editores, colaboradores permanentes (****).

__________

Notas do editor:


quinta-feira, 27 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25688: Elementos para a história dos Pel Caç Nat 52, 54 e 63 que, ao tempo da BART 2917 (Bambadinca, jun 70 / mar 72), estavam destacados no Sector L1 - Parte III


BART 2917 (Bambadinca, junho 1970/março 1972)


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 >  Bambadinca > CCS / BART 2917 (1970/72) > Monumento aos mortos do batalhão e unidades adidas (este monumento foi destruído a seguir à independência da Guiné-Bissau). O Sousa de Castro ( ex-1º cabo radiotelegrafista, CART 3494 / BART 3873, Xime e Mansambo, jan 72/ abr 74) mandou-nos, em 12 de novembro de 2007,   esta foto do monumento, da autoria do Júlio Campos, ex-fur mil sapador, do  BART 2917.

Mortos (1970/72): BART 2917: Alf Mil Ribeiro | Fur Mil Quaresma | Fur Mil Cunha | 1º Cabo Ribeiro | Sol F Soares | Sol Monteiro | Sol Oliveira | Sol P. Almeida || CCAÇ 12: Sol Soares | Sol U. Sissé | Sol C. Baldé || Pel Caç Nat 52: 2º Cabo Nhaga || Pel Caç Nat 54: 1º Cabo Menoita | Sol S Camará | Sol Adip Jop | Sol S Embaló | Sol S Sanhá | Sol S Indjai || Pel Caç Nat 63: Sol D Candé || Pel Mil 201: Sarg Mil C Candé | Sol M Camará | Sol Iaia Jau

Guiné >Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Mato Cão > Pel Caç Nat 52 (1973/74) > Aspetos banais da vida do dia a dia do destacamento,com o de cortar lenha com uma motosserra (um pequeno luxo)... Na foto, o último cmdt do Pelotão, extinto em agosto de 1974.

Foto (e legenda): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Enxalé > CCAÇ 1439 (1965/67) e Pel Caç Nat 52 (1966/74) > O primeiro comandante do Pel Caç Nat 52,o alf mil Henrique Matos: "Primeira lição no rio Geba, eu, periquito, com os velhinhos da CCAÇ 1439 no Sintex, que até tinha um pequeno motor fora de borda e base para metralhadora".


Foto (e legenda): © Henrique Matos (2007). Todos os direitos [Edição e legendagem complementar : Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Fonte: Adapt. de História da Unidade - BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) Cópia gentilmente fornecida pelo Benjamim Durães.


I.  Baixas sofridas pelos Pel Caç Nat 52, 54 e 63, no Setor L1, ao tempo do BART 2917 (maio 70 / março 72), bem como punições e louvores


(i)  Mortos em combate 

  • Pel Caç Nat 52

- 2º Cabo Atirador Nhaga Macque 82068762 | Morto em 28/08/71 numa Acção de Patrulhamento em Finete | Sepultado em Enxeia.

  • Pel Caç Nat 54

- Soldado Atirador Suntum Camará 82047766 | Morto em 05/05/71 na Operação  Triângulo Vermelho | Sepultado em Bambadinca.

- Soldado Atirador Adi Jop 82130863 | Morto em 05/05/71 na Operação Triângulo Vermelho | Sepultado em Bambadinca.

- Soldado Atirador Cherno Sirá Sanhá 82088464 | Morto em 22/06/71 na Acção Galhito |  Sepultado em Bedanda.

- Soldado Atirador Sambaro Embaló 82052068 | Morto em 22/06/71 na Acção Galhito” | Sepultado em Farim

(ii) Feridos em combate

  • Pel Caç Nat 52

- Soldado Atirador Tunca Seidi 82063665

- Soldado Atirador Jobo Baldé  82068868

  • Pel Caç Nat 54

- Furriel Mil Atirador José  A L Pires 10684269

- Soldado Atirador António Maninho 82049167

- Soldado Atirador Sherifo Baldé 82056966

  • Pel Caç Nat 63

- 1º Cabo Atirador Sanassi Baldé 82052865

- Soldado Atirador Samaro Jau  82069865

- Soldado Atirador Guiro Jau  82064067

- Soldado Atirador Nianda Embaló  82035566


(iii) Mortos por outras causas 

  • Pel Caç Nat 54

- 1º Cabo Atirador Fernando Vasco Menoita 00762170 | Morto (Acidente) em 01/07/71 | Sepultado na Guarda.
  • Pel Caç Nat 63
- Soldado Atirador Jango Candé | Morto (Doença) em 15/03/71 | Sepultado em Bambadinca.

 
(iv) Louvores e Punições  (vd. quadro acima)
 
De acordo com o quadro acima reproduzido, o Pel Caç Nat 54 foi, comparativamente  com os outros dois (Pel Caç Nat 52 e 63),  o que teve mais baixas, mais punições e menos louvores.  Por razões óbvias, não queremos individualizar nem uns (os louvores) nem outras (as punições).

Sobre as punições,  há que referir que o Pel Caç Nat 54 teve tantas quantas as sofridas pelos outros Pel Caç Nat juntos : houve um militar com 3 punições, ao longo desde período (Pel Caç Nat 52) e outro  com 4 (Pel Caç Nat 54), o que naturalmente afeta o número total de casos. 

Somando os dias (de detenção, detenção agravada, prisão disciplinar e prisão disciplinar agravada), o Pel Caç Nat 54 sofreu tantos dias de punição (n=119) como os outros Pel Caç Nat juntos (n=118): 74, o Pel Caç Nat 52 e 44 o Pel Caç Nat 63... 

Na maior dos casos, as punições foram dadas pelo cmdt do BART 2917. Se acrescentarmos a estas subunidades, a CCAÇ 12, que também era composta por praças do recrutamento local, valeria a pena, com tempo e vagar, verificar  se  o comando deste batalhão teve ou não mão  pesada para as "africanas"... que eram pau para a toda a obra.

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segunda-feira, 13 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25516: Os 50 anos do 25 de Abril (21): Hoje, na RTP1, às 21:01, o 5º episódio da notável série documental, "A Conspiração", do realizador António-Pedro Vasconcelos (1939-2024). Os episódios anteriores estão disponíveis na RTP Play.


"A Conspiração" (© RTP, 2024)
1. Passa hoje, na RTP1, às 21h00, o 5º episódio da série documental "A Conspiração". Os anteriores episódios podem ser vistos ou revistos na RTP Play. O 1º episódio ("A semente revolucionária") foi emitido em 24 de abril de 1974 (*).

 Ainda faltam os 4 últimos da série de 9, incluindo os dois últimos que estão a ser ultimados pela equipa técnica do realizador, entretanto falecido no passado dia 6 de março.  

Num dos últimos dois episódios fala-se da revolta do RI5, Caldas da Rainha, em 16 de março de 1974. 

O nosso blogue tem fornecido algumas fotos do nosso arquivo (com a devida autorização dos seus autores, a pedido da equipa de produção da série). A colaboração do César Dias e do nosso blogue já foi objeto de agradecimento num  dos episódios (2º episódio - Os 136 oficiais, RTP1, 25 de abril de 2024).

"A Conspiração", série documental realizada por António-Pedro Vasconcelos, é o resultado de uma meticulosa investigação que conta com depoimentos exclusivos de protagonistas que conseguiram concretizar em menos de 24 horas, o que em 48 anos muitos outros não haviam conseguido. Desde as reuniões secretas aos personagens-chave, é-nos revelado o extraordinário processo conspirativo que começou no verão de 1973 e que culminou na madrugada de 25 Abril de 1974, com o derrube do Estado Novo e a conquista da liberdade. O resto, como dizem, é história." (Fonte: RTP) (**)


Próxima emissão: 13 Mai 2024 21:01 RTP1 e RTP Internacional  |  15 Mai 2024 15:00 |N RTP Internacional Ásia | 16 Mai 2024 01:00 RTP Internacional América.

2. E a propósito de estatísticas do nosso blogue...

No ano em que comemoramos os 20 anos de existência, apraz-nos registar que só nos últimos 3 meses, tivemos até  à data de hoje 378 mil visualizações (o que dá uma média de 4,2 mil por dia).  E, desde sempre, contabilizamos mais de 15 milhões... 

Meio século passado sobre a(s) nossa(s) guerra(s) de África / do Ultramar / colonial(ais), ainda há algum interesse do público lusófono por este(s) tema(s)... e em particular sobre a Guiné, 1961/74.

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(**) Último poste da série > 11 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25509: Os 50 anos do 25 de Abril (20): A Força das Músicas e Palavras Que Inspiraram O Meu Ser D´Abril (António Inácio Correia Nogueira, ex-Alf Mil da CCAÇ 16 - CTIG, 1971 e ex-Cap Mil, CMDT da CCAV 3487 / BCAV 3871 - RMA, 1972/74)

terça-feira, 23 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25427: 20.º aniversário do nosso blogue (7): 20 anos a blogar são, pelo menos, "10 comissões de serviço na Guiné"... Obrigado a todos/as aqueles/as que nos ajudam, todos os dias, a manter vivo este espaço de partilha de memórias (e de afetos)

Infografia: Miguel Pessoa (2024)


20 ANOS A BLOGAR,

C. 25,5 MIL POSTES PUBLICADOS,

MAIS DE 100 MIL COMENTÁRIOS,

15 MILHÕES DE VISUALIZAÇÕES  
(c. 400 MIL NOS ÚLTIMOS 3 MESES),

C. 900 TABANQUEIROS...


Amigos e camaradas da Guiné:
não haverá hoje, dia 23/4/2024,"rancho melhorado",
mas podem mandar uma "prendinha":
não, não mandem "patacão", 
nem flores, muito menos de plástico...

Mandem um olá, um chicoração, um alfabravo,
uma foto com legenda, 
duas linhas de parabéns,
um aerograma,
uma história, 
um poema,
um "cartoon",
e até, de preferência, 
um "periquito" para se juntar aos quase 900 membros 
da Tabanca Grande
e se sentar à sombra do nosso poilão...

Também podem dizer mal...
Mas, por favor, façam a "prova de vida",
apareçam, digam, que ainda estão vivos, 
mesmo que há muito já não venham aqui!...

20 anos a blogar são, pelo menos, "10 comissões de serviço na Guiné",
a andar por aquelas bolanhas, matos e picadas
cheias de minas & armadilhas,
de "turras" emboscados apontando os RPG à vossa cabeça
ou foguetes de 122 mm ao prato de mancarrão 
com cavalas de conserva!...

20 anos a blogar, dezenas de milhares
de mensagens recebidas e expedidas,
mais de 100 mil imagens,
vários PC, de secretária e portáteis, "estafados"...
E sobretudo a oportunidade de nos conhecermos, 
convivermos, partilharmos histórias e memórias...
independentemente do que fomos (ontem), 
e do que somos (hoje), 
e do que seremos (amanhã),
sabendo dosear, com bom senso e com bom gosto, 
tolerância e "fair play",
amizade e camaradagem,
paciência e humor de caserna q. b., 
tudo aquilo que nos une e até aquilo que nos separa...

Enquanto a saúde, a lucidez, a santa paciência....
e a vontade de todos nós o permitirem,
vamos continuar a blogar, 
e a prosseguir, juntos, a caminhada pela picada da vida,
agora cada vez mais repleta de outras "minas & armadilhas".

O apelo continua a ser o mesmo de há 20 anos atrás:
não deixem que sejam os outros, os de fora,
a contar as vossas histórias!...
Temos o direito e o dever de memória,
incluindo o de explicar aos nossos filhos e netos
onde ficava a Guiné, "longe do Vietname"...

Nestes 20 anos a blogar, também há lugar para agradecimentos
a todos/as aqueles/as que nos ajudam 
a fazer todos os dias o nosso blogue,
a manter vivo este espaço 
de partilha de memórias (e de afetos),
autores, comentadores, leitores, 
colaboradores permanentes e, claro, editores.
(Feliz ou infelizmente não temos patrocinadores.)

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Guné 61/74 - P25078: S(C)em Comentários (25): Salvemos a nossa correspondência de guerra, e nomeadamente os aerogramas que escrevemos (amarelos) e que recebemos (azuis)



Um exemplar do aerograma amarelo, gratuito para os militares. "Este Aerograma foi-me devolvido tal como está, traçado de balas ou estilhaços na emboscada de 26/10/1971, efectuada à coluna Piche-Nova Lamego, em que faleceram o Alf Mil Soares, o 1º. Cabo Cruz, o Sold Cond Ferreira e o Sold Manuel Pereira, todos da CART 3332. Guardo-o religiosamente comigo..." (Carlos Carvalho,, ex-fur mil, CCAV 2749/BCAV 2922, Piche e Ponte Caium, 1970/72).


Aerograma azul recebido pelo nosso camarada João Crisóstomo, SPM 2918 (a viver hoje em Nova Iorque, EUA). O aerograma azul era vendido a familiares e madrinhas de guerra, ao preço unitário de 20 centavos (até 1971), e depois 30 centavos (a partir de 1971) (a preços de hoje, e na moeda em vigor, seriam 9 e 8 cêntimos, respetivamente).

Fonte: Arquivo (digital) do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)


1. Foram 376 milhões os aerogramas distribuidos pelo Movimento Nacional Feminino durante a guerra colonial / guerra do ultramar, de acordo com a investigadora Sílvia Espírito-Santo. Foi criado em meados de 1961.  (*)

...Mesmo que um terço não se tenha usado (metido no correio), temos 250 milhões de aerogramas amarelos e azuis escritos, que circularam no "Portugal multirracial e pluricontinental" de então, do Minho a Timor..

A grande maioria já se perdeu irremediavelmente: foram parar ao caixote do lixo, à Feira da Ladra, à Feira da Vandoma, ao OLX, etc. É pena, são documentos de uma época, de uma geração, de uma sociedade... São documentos nossos, pedaços da nossa pequena história que devem alimentar a História com H grande, 

Os amarelos, sobretudo, os que eram de distribuiçãoo gratuita aos militares.  Os que os nossos camaradas mandaram, de África (e nomeadamemte da Guiné, Angola, Moçambique) para a família, as namoradas, as noivas, as madrinhas de guerra, os amigos, os vizinhos, os colegas de escola e de trabalho, os camaradas de armas, etc. (**)

Reforçamos aqui o apelo do nosso blogue para que os salvemos e os divulguemos.) (***)

2. Por seu turno, o nosso grão-tabanqueiro Antrón J. Pererira da Costa, cor art ref, já aqui,  por várias vezes,  chamou  a nossa atenção para um projecto do Arquivo Histórico Militar (AHM): 

"Chama-se 'Faltam Elementos'  e resume-se a enviar, se possível tratados pelo próprio, todos os documentos de todos os tipos que possam (e devam) ser arquivados no AHM.

"Uma carta não é assim muito cara e basta acrescentar a identificação do dono dos documentos e dar, por seu turno, autorização para utilização e estudo do AHM" (...).
____________

Notas do eidtor:

(*) Vd. poste de 28 de março de 2022 > Guiné 61/74 - P23119: Bibliografia (50): Movimento Nacional Feminino: Área de apoio material: secção de aerogramas (Sílvia Espírito-Santo, excerto de artigo em preparação, cortesia da autora)

(**) Vd., poste de 16 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25074: As mulheres que afinal foram à guerra (20): Cerca de 400 aerogramas estavam ainda esta manhã à venda, ao desbarato, no OLX - Parte I - O remetente era o nosso camarada José..., ex-1º cabo radiotelegrafista, nº mec. 1491/64, CCAÇ 763, "O Lassas" (Cufar, 1965/67), a companhia do nosso grão-tabanqueiro Mário Fitas

(***) Último poste da série > 28 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P25009: S(C)em Comentários (24): Os últimos anos do Amadu Djaló (1940-2015) devem ter sido de uma grande amargura e de arrependimento (Cherno Baldé, Bissau)

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25060: O nosso blogue em números (91): Temos esperança que a Guiné-Bissau ultrapasse a China em 2024,... pelo menos em número de visualizações de páginas do nosso blogue!

Figura n.º 2 - Mapa-múndi com a distribuição do número de visualizações de páginas, do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (n=12,8  milhões), desde maio de 2010 a final de 2023.

Fonte: Blogger (2024)

Figura n.º 2 | Gráficos n.ºs 7 e 8 > Principais localizações dos nossos "visitantes" (leia-se:  visualizações de páginas, entre maio de 2010 e o final de 2023): no "Top 10", o destaque vai para Portugal (com 40% do total), seguido dos Estados Unidos da América (24,7%) e o Brasil (4,8%)... 2. mantem-se no essencial.

Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)


1. Sem falsa modéstia gostamos de (e podemos) dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande"...

A principal origem dos que visitam o nosso blogue, quase dois terços, é Portugal (40%) e os EUA (25%) (Gráfico nº 8)

Segue-se, à distância, com menos de 5% cada, o Brasil, a Alemanha e  a França.  Tudo somado, são quase 80%.

Este perfil não se tem alterado desde 2014, ano em que o Brasil perdeu o 2º segundo lugar para os EUA.  

Os  EUA (que tinham  7,6% do total de visualizações em 31/12/2013), deu então um salto  para os 17,6%). E o Brasil ficou-se pelos 7,8%... Mas Portugal também vindo a perder peso relativo: em 2014 tinha uma "quota" de 48,2%

Há uma explicação: a crescente penetração da Internet em todos os países do mundo...(Veja-se  o crescente peso relativo do "Resto do Mundo", que era de 13,2% em 2015).

No mundo globalizado em que vivemos, somos vistos em muitos lados... Seguem-se por ordem decrescente (com menos de 1%) (entre parênteses indicam-se os números absolutos, em milhares) os seguintes países que aparecem no "Top 20", entre as posições 10 e 19 (no período em referência, junho de 2006 a final de dezembro de 2023),e que constituuem o "resto do mundo" (n=2,1 milhões)(16,4%) do Gráfico nº 8:

10 > Canadá > 78,7 mil
11 > Espanha > 73,5 mil
12 > Ucrânia > 62 mil
13 > Região desconhecida > 58,5 mil
14 > Itália > 56,4 mil
15 > China > 50,6 mil
16 > Guiné-Bissau > 41,4 mil
17 > Países Baixos > 39,4 mil
18 > Irão > 36,5 mil
19 > Hong Kong > 35,9 mil
Outros > 1,59 milhões

Ficamos felizes por saber que , no nosso "Top 20",  estão  3 países lusófonos: Portugal (1º), Brasil (3º) e Guiné-Bissau (16º).

E, nos restantes, há também muitos portugueses e outros falantes da língua portuguesa que seguem ou visualizam, com regularidade, o nosso blogue, nomeadamente nos EUA, França e  Alemanha, sem menosprezar a Suécia, o Reino Unido, o Canadá e a Espanha...

Recorde-se, mais uma vez, que estes números respeitam apenas ao período que vai de maio de 2010 ao final do ano de 2023, ou seja, desde quando passámos a ter o contador do Blogger (ver aba, do lado esquerdo do blogue). Há, portanto, 1,8 milhões de visualizações, que ficam de fora, desde abril de 2004 até abril de 2010.

2. O caso da "nossa" Guiné-Bissau é interessante: 

(i) há dois anos atrás (2021)  estava em 19º lugar,  com 23,5 mil vizualizações; 

(ii) dois anos depois,  sobe 3 lugares, está com um total acumulado de 41,4 mil visualizações...e temos esperança que ultrapasse a China em 2024... (Os valores da China, todavia,  são os mesm0s de 2021, deixou de aparecer nos útimos dois anos,)

Cabo Verde, por sue turno, já não aparece no nosso "top 20", como aconteceu num ano atrás.

Estes números são interessantes, reflectem também a crescente penetração da Internet na nossa "pequena" Guiné Guiné (que, de resto, quadriplicou a sua popukação em 50 anos: de 0,5  para 2 milhões!).

De acordo como quadro a seguir, a Guiné-Bissau passou de 1500 utilizadores da Internet em 2000 para 900 mil em 2021. O grau de penetração da Internet e agora de 44%, ligeiramente superior ao totald e África, mas mesmo assim aquém dos 62% de Cabo Verde.

De qualquer modo, parece poder concluir-se que há mais interesse pelo nosso blogue na Guiné-Bissau do que em Cabo Verde... E seguramente do que na China!

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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25049: O nosso blogue em números (90): A pequena Guiné-Bissau vem na lista dos 12 primeiros países onde somos mais vistos, e por pouco não ultrapassava, em 2023, a Suécia (11.º lugar)...