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terça-feira, 7 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25489: Os nossos seres, saberes e lazeres (627): "Monumento aos Combatentes do Ultramar - Belém", um apontamento filmográfico de Manuel Lema Santos, 1.º Tenente da Reserva Naval

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Lema Santos, 1.º Tenente da Reserva Naval, enviada no dia 3 de Maio de 2024,via WhatsApp, ao coeditor Carlos Vinhal:

Meu Caro Carlos Vinhal,

Grato pela conversa telefónica havida com duração acima de 01:30. Grande paciência a tua!

O link permite o acesso a um filme que rodei com a minha "GoProHero12Black" em 20240424.

Depois de o referir com alguns elementos históricos descritivos, editei o filme que titulei com o nome de "Monumento aos Combatentes do Ultramar - Belém".
Apenas uma legenda: «esquecidos"
Em:
https://youtu.be/eYEqiJC60Fs


2. Ainda no mesmo dia, via WhatsApp, resposta enviada ao camarada Manuel Lema Santos:

Caríssimo Manuel Lema Santos,

Já vi o teu filme, que mostra muito bem o nosso Memorial, só tenho uma dúvida quanto aos mais esquecidos. Serão os falecidos em campanha, cujo nome ali fica perpetuado, ou nós que passámos uma vida na condição de anónimos até que a maravilha da internet nos pôs todos em contacto para que unidos pudéssemos gritar que ainda cá estamos?

Se não te importares, aproveito a tua mensagem para encimar o link para o teu filme, quando publicar no blog. Publiquei um pequeno comentário ao teu filme no youtube (sou o MrCaresvi). O filme está muito bom, quase um trabalho de profissional.

Aqui fica o meu abraço e os votos de saúde para ti e para a tua excelentíssima família.
Carlos Vinhal


3. Nova mensagem de Manuel Lema Santos

Meu Caro Carlos Vinhal,

Na minha perspectiva aglutinadora é o conjunto de ambos... todos "esquecidos". Julgo que quando falamos de Antigos Combatentes estaremos a referir todo os que se bateram por Portugal, mesmo no pós Guerra do Ultramar. Houve outras pelejas...

Uns tiveram menos ou nenhuma sorte e cairam em combate. Aos que regressaram vivos compete, ainda que com mazelas várias ou saúde mental diminuída de que as memórias históricas são parte, alertar permanentemente responsáveis Políticos e Instituições, para a necessidade de distinguir e honrar os que se bateram pelo País, independentemente do destino último de cada um.
Afinal o que os distingue dos que nunca compareceram à chamada, dos refractários ou dos desertores? Claro que não me permito considerar um devassado conceito de "objector de consciência", onde eventualmente nos classificamos todos em relação a um filosófico conceito de guerra.

Forte abraço,
MLS





Localizado junto ao Forte do Bom Sucesso, em Belém, Lisboa. Foi criado para homenagear todos os militares que combateram nas várias frentes, em defesa da Pátria. Criado em 1991 por uma equipa liderada pelo arquitecto Francisco José Ferreira Guedes de Carvalho.
Foi inaugurado a 15 de janeiro de 1994 por Prof. Doutor Adriano Moreira e pelo General Altino de Magalhães, ao tempo Presidente da Liga dos Combatentes. Desde esse ano, em cada dia 10 de Junho, é ali realizado o Encontro Nacional de Combatentes.

O monumento é constituído por um lago com uma estátua central. No ano 2000, ao longo do Forte do Bom Sucesso, foram afixadas lápides onde figuram os nomes dos caídos no cumprimento do dever pátrio.

Durante o período da guerra em África (1961-1974) foram empenhados nas três frentes cerca de 800.000 militares portugueses, dos quais a maioria, cerca de 70 %, eram oriundos de Portugal Continental, Açores e Madeira e cerca de 30 % de recrutamento local (Angola, Guiné e Moçambique).

As forças militares portuguesas eram constituídas essencialmente por militares do Serviço Militar Obrigatório e, no Exército, essa realidade era bastante mais expressiva, pois os militares do Exército representavam 92 % do total do pessoal, a Força Aérea 5 % e a Marinha 3 %.
Registaram-se 202.000 faltosos e cerca de 20.000 refratários, o que representa um universo superior a 220.000 homens que, deliberadamente não se apresentaram para cumprirem o serviço militar durante o período da guerra (1961-1974), aos quais se juntam cerca de 9000 desertores.

Durante o período em que decorreu a guerra morreram mais de 10.000 militares, sendo a maioria do Exército (9.638), seguidamente da Força Aérea (511) e finalmente da Marinha (260). Entre os civis contaram-se aproximadamente 6.200 mortos e 12.200 feridos.
Entre os movimentos independentistas (Angola, Guiné e Moçambique) contaram-se 28.226 mortos e 9.450 feridos.

Filme, imagens e edição do autor da publicação
Fontes da descrição: Wikipédia, Revista Portuguesa de História Militar, Ano I - nº 1 (Dezembro 2021) e Marcha dos Marinheiros pela Banda da Armada

Manuel Lema Santos
1TEN RN, 1965-1972
LFG «Orion» - Guiné, 1966/68
CNC/BNL, 1968/70
EMA, 1970/72

Música
Marcha dos Marinheiros
Banda da Armada Portuguesa
Antologia do Centenário 1903-2003

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Nota do editor

Último post da série de 4 DE MAIO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25477: Os nossos seres, saberes e lazeres (626): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (152): Lembranças de Manuel de Brito e da Galeria 111 (2) (Mário Beja Santos)

sábado, 4 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24116: S(C)em comentários (3): "A gratidão é uma doença canina que não se transmite ao homem"



Parece que chegou  ao fim um dos mais notáveis blogues da nossa blogosfera (*): "Espaço aberto a antigos Oficiais da Reserva Naval na publicação de documentos, relatos, imagens e comentários. Um meio de comunicação e participação na divulgação do legado histórico da Reserva Naval da Marinha de Guerra Portuguesa"...



1. Comentário de Tabanca Grande Luís Graça ao poste P24095 (*):

A gratidão... Uma das coisas mais belas de que o ser humano é capaz... Outros animais como o cão (doméstico) também são capazes de mostrar "gratidão" ao seu "dono" (que o salva, o alimenta, o cuida, o protege, o ensina...). 

Dizem os etólogos (os especialistas em comportamento animal). Diz também quem tem animais de estimação. Eu não gosto nem de cães nem de gatos. Traumas da infância.

Mas os seres humanos são mais complicados... Há até uma frase que é lisongeira para os cães e cruel para os homens. "A gratidão é uma doença canina que não se transmite ao homem"... E os grupos, as organizações e as instituições que o homem cria ainda são piores.

O "homo sapiens sapiens" ao fim de algumas centenas de milhares de anos de evolução continua a ser um primata, territorial, social, omnívoro, predador... (o maior que habita o planeta). Somos capazes do melhor e do pior. A gratidão está do lado das coisas boas, de um dos pratos da balança. Mas somos capazes do oposto, a ingratidão e outros sentimentos e comportamentos negativos: o egoísmo, a inveja, a par da intolerância, da estupidez, da arrogância, da crueldade, do prazer sádico (por exemplo, de matar e torturar), do racismo, da xenofobia, etc., etc.

Somos capazes, por outro lado, de sentimentos e comportamentos altamente positivos, como o amor, a amizade, a abnegação, a solidariedade, a camaradagem, o altruísmo, a empatia, a compaixão...

Mas vamos ao ponto em que tu, MLS (Manuel Lema Santos) (*), tocas: as nossas organizações (das associações profissionais aos clubes, das escolas às empresas, das igrejas aos partidos, etc.) não têm uma cultura de gratidão... Mesmo aquelas cuja missão é orientada por valores "nobres", como a saúde, a educação, a ciência, a solidariedade, etc...

Nas nossas empresas (em geral), na universidade, e por aí fora, a cultura do "mérito" tem levado ao paroxismo da competição 'versus' cooperação, entreajuda, trabalho em equipa, poder partilhado, etc... "Empowerment", "achivement", "autorrealização", "leadership", sucesso, triunfo, métricas, avaliação, certificação, acreditação, excelência, etc. é o que se ensina nas escolas de gestão... Não há lugar para os mais "fracos", os que têm um momento de dúvida ou de fraqueza, os que falham, os que têm distúrbios emocionais, os que não sabem lidar com o stress ou sofrem um surto psicótico...

Gratidão ?... "Human touch" ?... Não, são termos que não entram no vocabulário das novas organizações, e dos seus novos colaboradores ou parceiros... Mas já não entravam nas "velhas" organizações do nosso tempo (que já passou)...

Somos todos ingratos. E todas as pátrias são ingratas para os seus velhos combatentes. Sempre foi assim. Porque lhes fazem lembrar coisas que todos querem esquecer, e que eles não podem... Ingratidão, é isso. S(C)em (mais) comentários. (**)

26 de fevereiro de 2023 às 00:17
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de fevereiro de  2023 > Guiné 61/74 - P24095: Blogues da nossa blogosfera (179): "Reserva Naval", criado e mantido pelo nosso camarada Manuel Lema Santos, chega ao fim... por razões pessoais e familiares do autor (mas também, em parte, pelo cansaço bloguístico e pela ingratidão das nossas instituições e associações)

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24095: Blogues da nossa blogosfera (179): "Reserva Naval", criado e mantido pelo nosso camarada Manuel Lema Santos, chega ao fim... por razões pessoais e familiares do autor (mas também, em parte, pelo cansaço bloguístico e pela ingratidão das nossas instituições e associações)



"Espaço aberto a antigos Oficiais da Reserva Naval na publicação de documentos, relatos, imagens e comentários. Um meio de comunicação e participação na divulgação do legado histórico da Reserva Naval da Marinha de Guerra Portuguesa."


1. Chega ao fim um dos mais notáveis blogues da nossa blogosfera. A notícia foi-me dada no passado dia 23, em Ílhavo...

E foi-me dada justamente pelo primeiro vice-almirante que eu conheci, pessoalmente, na vida, o Tito Peixe Cerqueira, filho da terra. (E que, por acaso, é o primeiro almirante de Ílhavo, o que não deixa de ser irónico, quando falamos de uma terra que tem no corpo e na alma o ADN do mar.) Não o conhecia pessoalmente antes, mas éramos, afinal, amigos do arquiteto José António Paradela que, nesse dia, partia, aos 85 anos, para a sua derradeira viagem, aquela que não tem regresso.

E, em conversa com o vice-almirante, agora na reforma, Tito Cerqueira, falámos inevitavelmente do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (de que ele era leitor), da Marinha, da Reserva Naval, da Escola Naval, etc., e de alguns amigos e conhecidos comuns. E veio então à baila o nome do Manuel Lema Santos, cujo blogue "Reserva Nacional", criado por ele (a sua origem rem0nta a 2006, embora com outros nomes) e mantido até há pouco tempo (desde 2016) com grande paixão, competência e dedicação.

Confesso que fiquei triste pela notícia, para mais naquela hora e lugar. Mas não quis começar a fazer o luto por mais uma perda de vulto (a seguir à perda de um grande amigo e um grande ser amigo, que era o  José António Paradela), sem antes confirmar, na Net, o que se estava a passar. De facto, ao chegar a casa, à noite, e ao clicar no link:


verifiquei só havia dois postes, um de 2021 e outro de 2023 (este datado de 16 de janeiro, que começava justamente com uma "nota do autor do blogue". 

Já aqui escrevemos em tempos: "Sem desprimor para outras páginas sobre a nossa Marinha, esta é uma verdadeira enciclopédia, de consulta obrigatória, sobre a nossa armada, nomeadamente do tempo da guerra do ultramar / guerra colonial."

E tínhamos orgulho nesse blogue da nossa blogosfera, para mais criado por um histórico do nosso blogue onde tem nada menos do que 6 dezenas de referências. A história da Reserva Naval da nossa Marinha (1958-1992) é também também parte da nossa história

Na realidade, essa "enciclopédia viva" está para todos os efeitos,  fechada, ou sem acesso... Mas eu ainda esperava, ontem,  que fosse só para "obras de remodelação", como a gente faz com as nossas casas, pelo menos ao fim de 30 ou 40 anos: fecha a casa, por uns meses, para obras...

Ontem à tarde, quis tirar a limpo as minhas dúvidas e telefonei ao Manuel Lema Santos, coisa que não é muito habitual em mim, não gosto de usar e abusar do telefone dos amigos e camaradas da Guiné. Afinal tivemos uma longa conversa, de 54 minutos e 40 segundos em que ele me explicou as razões por que "descontinuou" o seu precioso e insubstituível blogue.

Não estou autorizado (ou melhor: não vou cometer a indelicadeza de reproduzir aqui a nossa conversa, franca e desinibida, como é habitual entre nós, que não temos de afinar o nosso pensamento pelo mesmo diapasão mas respeitamos-nos mutuamente, começando por reconhecer a nossa comum condição de antigos combatentes na Guiné, que já se conhecem pessoalmente desde 2006, e, em segundo lugar, o de criadores e editores de blogues que, quer se goste ou não, são uma referência para muita gente que se interessa pela história da guerra do ultramar / guerra colonial, tendo consumido num caso e no outro muitos milhares de horas trabalho...

O que eu posso adiantar, muito resumidamente,  é que: 

(i) o Manuel Lema Santos acabou de fazer oitenta aninhos, em dezembro passado;

(ii) sente-se no direito de fazer uma "sabática", embora se sinta ainda em boa forma, física e intelectualmente;

(iii) há cansaço bloguístico, o blogue deixou de estar "on line" (todavia os seus ficheiros estão salvaguardados e pode ser reativado em qualquer momento);

(iv) com tempo e vagar, e sem prejuizo da sua vida pessoal e familiar (que ele agora põe em primeiro lugar), tem outros projetos: por exemplo, uma eventual publicação (e ele está à vontade neste domínio porque conhece bem o setor editorial e indústria gráfica),  para o material imenso (fotografia, infografia, texto...) que foi recolhendo, dos arquivos e dos seus camaradas da marinha que com ele têm colaborado; 

e , por fim e não menos importante (v) deixou-me transparecer alguma mágoa pela indiferença e  ingratidão que, concordamos os dois, é uma pecha nacional, é uma das "nódoas negras" que mancham a "farda branca" dos portugueses (sejam eles militares ou civis)...

De facto, nenhum de nós está à espera de uma comenda mas quando se faz oitenta aninhos  depois de muito trabalho "pro bono", a favor dos outros (através das associações, organizações, blogues, etc.) sabe bem o reconhecimento e o apreço de quem direito, e sobretudo dos nossos pares...

De qualquer modo, o blogue está também, em grande parte,  salvaguardado com as capturas feitas pelo robô do Arquivo.pt. a última das quais em 19 de março de 2021, às 6h30. Dei a notícia  ao autor, que desconhecia a existência do Arquivo.pt,  da FCT - Fundação para a Ciência  e Tecnologia. 

Eis o (novo) endereço da "Reserva Naval" (agora em arquivo morto):

https://arquivo.pt/wayback/20210310063043/https://reservanaval.blogspot.com/



Leiria > Monte Real > Palace Hotel > VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 21 de Abril de 2012 > Manuel Lema Santos e Maria João (Massamá / Sintra)... O Manuel Lema Santos fez, antes do início do almoço, uma breve alocução, em nome da direção da AORNA - Associação dos Oficiais da Reserva Naval.  

O Manuel Lema Santos (ex-1º ten da Reserva Naval da Marinha de Guerra, imediato da LFG Orion, Guiné, 1966-1972), e que foi um dos nossos camaradas que esteve no nosso 1º Encontro Nacional, na Ameira, em 2006, ofereceu ao blogue, na pessoa do Luís Graça, um exemplar do "Anuário da Reserva Naval, 1958-1975", da autoria de A.B. Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado (Lisboa, 1992), um exemplar autografado do "Anuário da Reserva Naval, 1976-1992", de Manuel Lema Santos (Lisboa: AORN, 2011), bem como vários exemplares da última edição da publicação periódica da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval (AORN, nº 19, outubro de 2011), e ainda uma medalha comemorativa da fundação da AORN, em 1995.

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados  


2. Nada melhor do que reproduzir aqui, com a devida vénia, a "nota explicativa" que o aut0r do blogue quis deixar para os seus leitores, na hora da despedida.  

Aqui fala-se, polidamente, em "suspensão", e não em "fecho definitivo"... E deixam-se agradecimentos a quem ajudou o autor. E, por fim, ficam também sentidas palavras de apreço e gratidão para com  a Reserva Naval da Marinha de Guerra Portuguesa que "encarnou, para todos os Oficiais que por lá desfilaram, muito mais do que uma forma, dita civilizada, de cumprimento do serviço militar obrigatório".

Nota do autor do blogue:

Desde 2006 que entendi publicar regularmente alguns retalhos da História da Marinha Reserva Naval, em que aquela classe de Oficiais teve primordial importância na segunda metade do século XX, muito por virtude da Guerra do Ultramar.

Ao longo dos anos a Marinha acabou por formar quase 4.000 oficiais da Reserva Naval. Mais exactamente 1712 entre 1958-1975, conforme Anuário da Reserva Naval da autoria dos Comandantes Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado e outros 1886 entre 1976-1992, conforme Anuário da Reserva Naval referente àquele período e da autoria de Manuel Lema Santos, antigo oficial da Reserva Naval, licenciado no posto de 1TEN RN em 1972, regressando nesse ano à vida civil.

Expresso aqui o meu profundo agradecimento à Instituição Marinha, nomeadamente ao Arquivo de Marinha, Biblioteca da Marinha, Revista da Armada e Museu de Marinha que me permitiram consultar, compilar e coligir muita da documentação que estruturou um blogue simples, ainda que pretendendo exibi-lo publicamente com um mínimo de qualidade histórica.

Não posso deixar de acrescentar um agradecimento aos inúmeros apoios que tive de Camaradas com documentação e imagens cedidas, sem os quais não me teria sido possível alcançar este objectivo, modesto mas determinado por forma a manter algum rigor histórico. 

Um último obrigado a todos os que, com comentários ou pessoalmente, me incentivaram por qualquer forma à continuação ao longo do tempo.

No outro lado da margem os que gostam de brilhar plagiando o trabalho de outrém, sem sequer se preocuparem com a qualidade da cópia ou as referências de origem. Felizmente foram muito poucos e sem expressão.

Por cansaço natural e um olhar familiar que me permita ainda tentar zelar pelo futuro de filhos e netas com natural apreensão, entendi suspender a publicação do blogue pessoal www.reservanaval.blogspot.com,  com um natural e sentido pedido de desculpas àqueles que me seguiram ao longo dos anos, para os quais manterei sempre a minha disponibilidade.

A Reserva Naval da Marinha de Guerra Portuguesa encarnou, para todos os Oficiais que por lá desfilaram, muito mais do que uma forma, dita civilizada, de cumprimento do serviço militar obrigatório. Ao tempo, uma opção pessoal possível num percurso universitário completo ou em vias de o ser, passagem obrigatória no rumo de vida traçado, ao serviço da cidadania e do país onde nasceram.

Diria melhor e mais correctamente, da Pátria. A evasão temporária ao amplexo paternalista, algum inconformismo e a necessidade inadiável de transpor aquela linha no horizonte terão sido algumas das motivações.

Outras tantas, eventualmente condicionadas por aspectos pessoais, profissionais, familiares e também económicos. De um lado, incertezas, anseios, dúvidas tumultuosas, sentimentos contraditórios e algumas perspectivas goradas, mas também natural confiança e esperança.
Do outro, o salto no desconhecido, arrojado mas sonhador, a aventura e o desejo de bem cumprir.

Se para muitos configurou uma escolha alternativa enquanto no desempenho de um dever cívico, para outros terá representado uma ponte provisória para a vida profissional. Ainda para alguns, em menor número mas mais tarde, a própria carreira profissional.

Escola Naval, viagem de instrução e juramento de bandeira marcaram, em sucessão, formação académica e humana, camaradagem e também crescimento. Em cenários de guerra como Moçambique, Angola e Guiné, mas igualmente em S. Tomé, Cabo Verde e no Continente, quase quatro mil Oficiais da Reserva Naval desempenharam funções ao serviço da Marinha de Guerra Portuguesa.

A navegar ou em terra, como oficiais de guarnição ou nos fuzileiros, todos fazendo parte do transbordante testemunho de solidariedade, generosidade e convívio partilhado com as Unidades e Serviços onde permaneceram. Ombreando com militares e camaradas de outros ramos das Forças Armadas. Ganhando acrescido sentido de responsabilidade e maturidade. Grangeando pelo cumprimento, pelo exemplo e pela dedicação, a amizade, admiração, respeito e camaradagem de superiores, subordinados e também das populações com que contactaram.

Na memória que o tempo não apaga, esfumam-se relatos, acontecimentos, documentos, registos, afinal História. História da Reserva Naval e da Marinha de Guerra que lhe deu origem. No espírito Reserva Naval, um passado comum a preservar.

Uma palavra para todos aqueles que nos deixaram prematuramente, chamados para a última viagem. Estarão sempre connosco!

Manuel Lema Santos
1TEN RN 1965/1972
Guiné, LFG "Orion" 1966/1968;
Comando Naval do Continente, 1968/1970;
Estado-Maior da Armada, 1970/1972

[Revisão e fixação de texto / Negritos, para efeitos de edição dese poste: LG]
_________

Nota do editor:

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Guiné 6/74 - P21885: A Nossa Marinha (2): Em louvor dos bravos da Reserva Naval (1961/74) (Luís Graça / Manuel Lema Santos)


Guiné > Rio Geba > LDG 101, "Alfange" > Setembro de 1968 > Coluna Bissau - Bambadinca - Bafatá - Nova Lamego - Piche >  Peças de artilharia 11.4. ao lado de garrafões de vinho...

Foto nº 68/199 do álbum do João José Alves Martins (ex-alf mil art, BAC 1,Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69; membro da  Tabanca Grande desde 12 de fevereiro de 2012). (*)



Guiné > Rio Geba > LDG 101, "Alfange" > 1968 > Coluna Bissau - Bambadinca - Bafatá - Nova Lamego - Piche > Setembro de 1968 > Cais de Bissau. 

Foto nº 63/199 do álbum do João Martins.



Guiné > Rio Geba > LDG 101, "Alfange" > 1968 > Coluna Bissau - Bambadinca - Bafatá - Nova Lamego - Piche > Setembro de 1968 > Chegada ao porto fluvial de Bambadinca (... quando as LDG ainda navegavam pelo Geba Estreito até a Bambadinca, passando por Mato Cão)... 

Foto nº 73/199  do  album do João Martins. 

Fotos (e legendas): © João José Alves Martins (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Dois comentários ao poste P21843 (**):


(i) Luís Graça:

Manuel, camarada: Espero que não leves a mal por ter citado o teu preciosíssimo blogue [Reserva Naval
: "Espaço aberto a antigos Oficiais da Reserva Naval na publicação de documentos, relatos, imagens e comentários. Um meio de comunicação e participação na divulgação do legado histórico da Reserva Naval da Marinha de Guerra Portuguesa".]...

Chegou-me às mãos uma foto da LDM 203, a navegar algures (presumo que entre Bissau e Catió), em 1964, no "Mare Nostrum"... Penso que a podes utilizar, foi editada por mim, o original pertence ao Rui Ferreira, filho de uma camarada nosso, infelizmente já falecido...

Aproveitei para relembrar a epopeia da LDM 302.

Não preciso de te dizer para te cuidares e poupares. Vejo que o teu blogue continua de vento em popa... Criei, no nosso (onde tens cerca de 60 referências e a "Marinha" 140...) uma nova série, "A Nossa Marinha"... Pode ser que apareçam mais fotos das nossas sempre queridas unidades navais [e surjam mais camaradas da Reserva Naval: o último foi o Carlos Moreno, hoje arquitecto,  2º tenente RN, oficial imediato da Esquadrilha de Lanchas do CTIG (1968/70) (***)].

Li também o teu poste sobre as (des)venturas da LDG Bombarda, de saudosa memória... Andei nela e vi-a várias vezes no Xime, que era a porta de entrada no Leste, como sabes...

Tenho uma história passada com a LFG Orion, nos anos 1969/70, quando esteve atracada ao cais, em reparação, e era então o melhor restaurante de Bissau... Um dia destes mando-ta.

E vamos a ver quando é que chegamos ao 1º ano da era pós-Covid (de que Deus nos livre!)... Só oiço malta a chorar a perda de amigos e familiares. Ou gente que apanhou um "cagaço" dos antigos... Que a doença, como diz o povo, vem a cavalo e vai a pé...

Um alfabravo, Luís

 de fevereiro de 2021 às 11:57

(ii) Manuel Lema Santos
 
Caro Luis Graça,

As minhas primeiras palavras são para o filho de um Camarada falecido que, pese embora o desgosto que tão pesada carga negativa arrasta para família e amigos, estará certamente em descanso. Entre os melhores, porque cumpriu o que lhe foi exigido.

Grato pelas referências feitas que, infelizmente, correspondem a um trabalho a "solo", o que não deveria suceder em qualquer situação. Há responsabilidades históricas colectivas institucionais que me não pertencem ainda que, pessoalmente, pudesse ser um colaborador entre tantos que poderiam manter viva a chama da Marinha que, tal como nos restantes ramos das Forças Armadas parece em vias de extinção.

Como é do conhecimento generalizado fui "apenas" um oficial da Reserva Naval (1TEN lic) entre 1.712 admitidos pela Briosa entre 1958 e 1975 a que se adicionaram mais 1.886 entre 1976 e 1992. 

Dos primeiros que desfilaram enquanto esteve no palco a Guerra do Ultramar, cerca de 1.000 daqueles camaradas estiveram nos vários teatros de guerra, especialmente em Angola, Moçambique e Guiné. Vou mesmo mais longe nos meus considerandos já que, mesmo em Macau, esteve um oficial RN e, em Timor, outros dois camaradas completamente ignorados. 

A LFG «Orion», 1966-1968, num teatro difícil, complementou a minha formação social e humana, pouco atractivo para jovens recém-saídos da Casa Paterna, universitário IST  [, Instituto Superior Técnico] e com 24 anos de percurso na vida. Contudo, repetiria aquela rota tendo em conta o caminho que me foi permitido percorrer, com as opções que tive de fazer como qualquer comum mortal.

Sobre as LDM, tema sobre que tenho divagado bastante,  disfrutem. A nossa Linha de Horizonte de vida, contrariando Eduardo Galeano, está a ficar bastante mais próxima cada dia que navegamos.
Cuidem-se!


(***) Vd. poste de 10 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21244: Tabanca Grande (500): Carlos Moreno, 2º tenente da Marinha, oficial imediato da Esquadrilha de Lanchas do CTIG (1968/70): senta-se no lugar nº 814, à sombra do nosso poilão

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21843: A Nossa Marinha (1): LDM 203 e LDM 302 (Manuel Lema Santos / Luís Graça)



Guiné > s/l > c. setembro de 1964  >  LDM (Lancha de Desembarque Média) 203... que devia  estar a  fazer serviço entre Bissau e Catió, abastecemdo as NT no sul.

Foto (e legenda): © Rui Ferreira (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Nunca andei numa LDM, só nas LDG... No Rio Geba, "ó para lá e ó para cá", ou seja, no início da comissão, em 2 de junho de 1969, rio Geba acima, até ao Xime, e depois no fim da comissão, em março de 1971, de regresso a Bissau, rio Geba abaixo...  Penso que foi na mesma  LDG, a "Bombarda" (105, mais tarde, "rebatizada"  201).

Mas não é das LDG [, Lanchas de Desembarque Grandes]  que quero falar hoje, mas sim  das LDM, das Lanchas de Desembarque Médias, onde nunca andei. 

Uma foto da LDM 203, acabada de se publicar no nosso blogue (*), despertou-me a curiosidade sobre estas unidades da nossa Marinha, de que sei pouco ou quase nada,

E a quem recorrer ? Naturalmente, ao blogue "Reserva Nacional", do nosso amigo e camarada Manuel Lema Santos, que o criou e mantem desde 2016, com grande paixão, competência e dedicação... 

Sem desprimor para outras páginas sobre a nossa Marinha, esta é uma verdadeira enciclopédia, de consulta obrigatória,  sobre a nossa armada, nomeadamente do tempo da guerra do ultramar / guerra colonial.


Lisboa > Monumento aos Combatentes
do Ultramar > 10 de junho de 2019 
(antes da era da pandemia Covid-19) 
> Manuel Lema Santos e Luís Graça.

Foto: LG (2019)



Aconselho, por isso, os nossos leitores a consultar o poste de 7 de abril de 2020 > 

O Manuel Lema Santos (que tem cerca 
de 6 dezenas de referências no nosso blogue) foi nosso camarada no TO 
da Guiné ( 1.º tenente da Reserva Naval,
 ex-imediato da NRP Orion (1966/68), 

Escreveu o Manuel Lema Santos:

(...) "Da classe 200, foram cinco 
as LDM - Lanchas de Desembarque Médias fabricadas. Estas unidades, 
construídas nos Estados Unidos da América  foram modernizadas nos estaleiros navais 
da Argibay  [, em Alverca]. (...)

"Em 13 de Janeiro de 1964 foram aumentadas ao efectivo dos navios da Armada as LDM 201, LDM 203, LDM 204 e LDM 205" (...)

Depois de efectuass as necessárias "provas e testes", estas unidades navais "foram transportadas para a Guiné em navios mercantes, onde permaneceram sempre enquanto operacionais até serem abatidas ao efectivo" (, no princípio da década de 1970, e mais concretamente, no caso da LDM 203, em junho de 1971).


Das suas caracterísricas técnicas destaque-se o seguinte, de acordo com o Manuel Lema Santos:

(i) Deslocamento máximo: 50 toneladas;
(ii) Comprimento (fora a fora): 15, 28 metros;
(iii) Calado máximo  (distância da quilha do navio à linha de flutuação): 1,22 metros
(iv) Velocidade máxima: 9,2 nós ou milhas marírimas (c. 17 km)
(v) Autonomia: 460 milhas (c. 850 km)
(vi) Armamento: 1 metralhadora Oerlikon Mk II 20 mm + 2 metralhadores MG 42, de 7,62 mm
(vii) Lotação: 6 praças
(viii) Capacidade de transporte: 1 destacamento de fuzileiros (80 homens) ou 20 toneladas de carga ou 1 camião de 6 toneladas ou 2 jipes

Diz ainda o nosso camarada Manuel Lema Santos:

(...) "Muitos oficiais da Reserva Naval desempenharam missões de comando que integraram aquelas unidades navais em múltiplas missões operacionais de fiscalização, escolta, embarque e transporte de fuzileiros, militares de outros ramos, população em geral, nos comboios logísticos com material, equipamentos e abastecimentos.

"Com uma guarnição de 6 homens, comandadas por um Cabo de Manobra, foram, em conjunto com todas as outras classes de LDM presentes na Guiné, um importante suporte da estrutura operacional e logística da Marinha." (,..)

"Que se enalteça a competência, coragem, esforço e dedicação das suas guarnições, no bom êxito conseguido das inúmeras e arriscadas missões que lhes foram atribuídas, algumas delas pagas com o sacrifício da própria vida." (...)

2. E aqui, acrescento eu,  nunca é demais evocar e relembrar a epopeia da LDM 302,  a cuja tripulação pertenceu o marinheiro fogueiro Ludgero Henriques de Oliveira (1947-2011), natural da Lourinhã, condecorado com a Cruz de Guerra em 1968. 

Infelizmente, este meu conterrâneo, vizinho, amigo e condiscípulo, nascido no mesmo ano que eu, morreu prematuramente aos 64 anos, com o posto de sargento chefe reformado (*)

Escrevi há uns anos atrás (*):

(...) "A epopeia da LDM 302 e dos seus bravos marinheiros merece ser melhor conhecida de todos nós. Na altura do ataque de 19 de dezembro de 1968 bem como no de 10 de junho de 1968, o Ludgero fazia parte da sua guarnição como maquinista fogueiro. São factos que eu só agora vim a saber. E quero partilhá-los com os amigos e camaradas da Guiné, que acompanham o nosso blogue bem como com os meus conterrâneos e ainda a família do meu amigo, em especial o seu filho e os seus irmãos, bem como a mãe do seu filho, Maria Teresa Henriques, natural da Atalaia.

Que a terra te seja leve, meu amigo e camarada!... E que a gente da nossa terra saiba cultivar a tua memória e a memória dos nossos antepassados que têm o mar no seu ADN !" (...)

____________

Notas do editor:
 

quarta-feira, 25 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20774: O que é feito de ti, camarada ? (11): o que é feito dos mais de 1700 camaradas que fizeram o "cruzeiro das suas vidas", no T/T Niassa, com partida em 24/5/1969, incluindo o Jerónimo de Sousa, hoje deputado e secretário-geral do PCP ?



Torres Novas > 25 de maio de 2019 >  Cinquentenário da partida da CART 2520, para o CTIG, em 24/5/1969 > Reconhecemos: (i) o José Nascimento, o primeiro, a contar da esquerda, na 2ª fila (de pé) ; e (ii) na mesma fila, de pé,o terceiro, a contar da esquerda, é o Manuel Viçoso Soares (hoje empresário, no Porto), ex-fur mil armas pesadas: esteve em Monte Real, em maio de 2017, por ocasião do XII Encontro Nacional da Tabanca Grande; na altura em que foi convidado para se  sentar à sombra do nosso poilão...

Foto (e legenda): © José Nascimento (2019). Todos os direitos resevados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



 T/T Niassa > A caminho da Guiné > c. 24-29 de maio de 1969 > Quadros metropolitanos da CCAÇ 2590 (futura CCAÇ 12), na viagem de Lisboa-Bissau (24 a 29 de Maio de 1969). Da esquerda para a direita: 2º sargento Videira (já falecido) , furriéis milicianos António Branquinho (já falecido), Tony Levezinho, Humberto Reis, Joaquim Fernandes, Luís M. Graça Henriques e Almeida  já falecido). Na mesa de trás, ao fundo, receonhece-se o fur mil enf  João Carreiro Martins.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Lourinhã > Zambujeira e Serra do Calvo > 25 de fevereiro de 2018 > "Homenagem da Zambuejira e Serra do Calvo aos seus combantentes"... Monumento inaugurado em 5 de outubro de 2013 (e não em 2015, segundo lapso do nosso colaborador permanente José Martins.). Foi uma patriótica iniciativa do Clube Desportivo, Cultural e Recreativo da Zambujeira de Serra Local.

Desconhece-se o autor do painel de azulejos que representa a partida, no T/T Niassa, no Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, de um contingente militar que parte para África. Ao canto inferior esquerdo a quadra: "Adeus, terras da Metrópole / Que eu vou pró Ultramar /, Não me chorem, mas alegrem [-me], / Que eu hei-de regressar"... No chão, em calçada portuguesa, lê-se: "Em defesa da Pátria". Abaixo do panel, há um livro metálico com os nomes de todos os nossos camaradas, naturais das duas povoações, que combateram no Ultramar.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Ministério do Exército > Direção de Serviço de Transportes > 19 de maio de 1969 > Ordem de transporte nº 20. Cortesia de Manuel Lema Santos (2007) (*)



1. Mais de 1700 camaradas partiram no T/T Niassa, em 24 de maio de 1969, para o CTIG, incluindo minha CCAÇ 2590 / RI 2 [, mais tarde, CCAÇ 12), entre outras companhias independentes, nove ao todo,  e ainda 2 Pel Mort e 1 Pel Canhão s/r, mais pessoal de saúde e do Depósito Geral de Adidos (DGA)... 

As companhias ditas "independentes" foram:

CART 2520 / GACA 2 [ hoje Escola Prática de Polícia, em Torres Novas]
CART 2521 / GACA 2

CCAV 2525 / RC 7 [Ajuda, Lisboa]

CCAÇ 2527 / BII 18 [Ponta Delgada] [Concentrada no CIM]
CCAÇ 2529 / BII 19 [Funchal, onde embarcou]

CCAÇ 2531 / RI 2 [Abrantes]
CCAÇ 2533 / BC 10 [Chaves]

CCAÇ 2590 / RI 2 [futura CCAÇ 12]
CCAÇ 2591 / RI 16 [Portalegre]  [futura CCAÇ 13]
CCAÇ 2592 / R1 16 [futura CCAÇ 14]

CMP 2537 / RL 2

Outras subunidades:

PEL MORT 2116 / RI 15 [Tomar]
PEL MORT 2117 / BC 10 [Chaves]
PEL CAN S/R 2126 / BC 10

Lembro-me que passámos pelo Funchal, para embarcar mais "carne para canhão": a CCAÇ 2529...

Para a grande maioria de nós, foi "o cruzeiro das nossas vidas"... E, muito possivelmente, o "único"... Íamos todos anónimos, mas com "bilhete de embarque válido", só de ida, que o regresso só seria... quando Deus quisesse, ou na vertical ou na horizontal... 

Entre a gente anónima viajávamos alguns de nós que hoje aqui nos sentamos sob o poilão da Tabanca Grande, aqui discriminados por subunidade:

(i)  CART 2520: o José Nascimento...

(ii) CART  2521: o Constantino Ferreira d'Alva...

(iii) CCAV 2525: não temos nenhum representante...

(iv) CCAÇ 2527:  não temos nenhum representane [embora já tenhamos publicado um poste do Miguel Soares]

(vi) CCAÇ 2529: não temos nenhum representante;

(vii) CCAÇ 2531: não temos nenhum representante;

(viii) CCAÇ 2533: o Luís Nascimento...

(ix) CCAÇ 2590 / CCAÇ 12: o Luís Manuel da Graça Henriques, o Humberto Reis, o António Levezinho, o António Manuel Martins Branquinho (1947-2013),  o António Manuel Carlão (1947-2018), o José Manuel P. Quadrado (1947-2016), o José Marques Alves (1947-2013),  o José Manuel Rosado Piça, o Fernando Sousa,  o António F. Marques, o José F. Almeida, o João Carreiro Martins, o Joaquim Fernandes, o Abel Maria Rodrigues, o Gabriel Gonçalves, o António Mateus,  o José Luís Vieira de Sousa,..., entre outros (estou a citar de cor);

(x) CCAÇ 2591 / CCAÇ 13: o Carlos Fortunato...

(xi) CCAÇ 2592 / CCAÇ 14: o António Bartolomeu. o Eduardo Estrela...

(xii) CMP 2537: não temos nenhum representante,  apesar do convite público ao  ex-sold cond auto Jerónimo de Sousa,   hoje uma cohecida figura pública, secretário-geral do PCP - Partido Comunista Português, e deputado da Nação...

Dos Pel Mort 2116, Pel Mort 2117 e Pel Can S/r 2126... não temos, salvo erro, nenhum representante.

Vamos comemorar os 51  anos do nosso embarque no T/T Niassa... mas com uma terrível pandemia, que ameaça o nosso futuro, a COVID-19. Ocorre-nos perguntar: o  que é feito de vocês, camaradas ? E porque é que não dão sinal de vida ou fazem prova de vida, os que são membros da Tabanca Grande ?

Tirando a malta da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, temos tão poucos representantes do resto da maralha (1700 homens!)  que fez este "cruzeiro" (**).

2. O nosso camarada e amigo Manuel Lema Santos (1º Ten  RN 1965/72, Guiné, NRP Orion, 1966/68) fez-nos aqui uma pormenorizada, deliciosa e preciosa descrição do nosso "cruzeiro" (*)

(...) O T/T Niassa, em Maio de 1969 e conforme reza a Ordem de Transporte nº 20 do ME, transportou a CCAÇ 2590 e também as Unidades indicadas no seguinte quadro, com o itinerário e horários que mais abaixo se discriminam [vd. cópia da ordem de transporte, acima reproduzida]

Tratou- se de uma dupla viagem Lisboa–Bissau–Lisboa–Funchal–Bissau–Lisboa.

Teve início a 5 de Maio, em Lisboa, e terminou, novamente em Lisboa, a 13 de Junho de 1969.
Capitão de Bandeira: CFR Abel da Costa Campos de Oliveira.

Comandante do Niassa – Cmte Arnaldo Manuel Sanches Soares.

As partidas e chegadas em cada escala fizeram-se de acordo com as seguintes datas e horários:

Lisboa (Cais da Rocha) - partida > 071110Z Mai69
Bissau (Fundeado no Geba) - chegada > 121605Z Mai69
Bissau (Atracado) > 121835Z Mai69
Bissau (Atracado) - partida > 150733Z Mai69
Lisboa (Atracado) – chegada > 210645Z Mai69
Lisboa (Cais da Rocha) – partida > 241105Z Mai69
Funchal (Atracado) – chegada > 252357Z Mai69
Funchal (Atracado) – partida > 260135Z Mai69
Bissau (Fundeado) – chegada > 292250Z Mai69
Bissau (Atracado) – chegada > 300800Z Mai69
Bissau (Fundeado) > 021100Z Jun69
Bissau (Atracado) > 05????? Jun69 (não definido)
Bissau (Atracado) – partida > 070135Z Jun69
Caió (Fundeado) – chegada > 080135Z Jun69
Caió (Fundeado) – partida > 080830Z Jun69
Lisboa (Atracado) – chegada > 131110Z Jun69

Transportou de Lisboa, na totalidade, 52 oficiais, 187 sargentos e 1299 praças,  além de 1727 toneladas de carga, depois de corrigidos alguns desvios de última hora à previsão acima feita (...).

No Funchal embarcou a CCAÇ 2529.

O T/T Niassa Foi escoltado na ida e na volta, entre Bissau e o Farol do Caió, pela LFG Cassiopeia

Foram normalmente distribuídas as ementas das refeições servidas a Oficiais, Sargentos e Praças, sendo que havia alguma diferença nas qualidades das refeições respectivas, correspondentes às classes em que viajaram.

Durante a viagem foram exibidos, nos passatempos habituais, os seguintes filmes:

- Harper, O Detective Privado
- Ninguém Foi Tão Valente
- D. Camilo na Rússia
- Três Vezes Mulher
- A Cidade Submarina
- A Rapariga das Violetas

Foi sorteado um transistor, oferta do MNF [. Movimento Nacional Feminino],  no dia 28 de Maio, à chegada a Bissau.

Foi servido um jantar de despedida oferecido em nome do Comandante do Navio e do Capitão de Bandeira a todas as forças embarcadas, quer na ida quer no regresso, com ementas especiais. (...)

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Guiné 61/74 - P19880: Convívios (903): O XXVI Encontro Nacional de Homenagem aos Combatentes do Ultramar, Lisboa, Belém, 10 de junho de 2019


Foto nº 1 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 > A única camarada que encontrei, a Giselda Pessoa, enfermeira paraquedista, sempre jovial--- Já mais para o fim encontrei o Miguel Pessoa...


Foto nº 2 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 > O Carlos Silva e a Giselda Pessoa


 Foto nº 3 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 > O render da guarda, por triopas da Força Aérea


Foto nº 4 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 > O render da guarda, por tropas da Polícia do Exército


Foto nº 5 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 > Cinquenta anos depois, uma força paraquedista pronta a desfilar, com discipina e garbo... E não erro, trata-se de malta da  Associação de Paraquedistas Tejo Norte, com sede em Oeiras.


Foto nº 6 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 > A charanga da GNR - Guarda Nacional Republicana


Foto nº 7 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 > A charanga da GNR - Guarda Nacional Republicana, pronta a desfilar


Foto nº 8 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 > Na hora dos discursos: o presidente da Comissão Executiva, vice-almirante João Manuel Lopes Pires Neves


Foto nº 9 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 >   Ainda o presidente da comissão executiva a discursar... Segui-se a intervenção do prof Bernardo Pires de Lima, conhecido politólogo,  que nunca envergou uma farda,,. mas que é filho de um oficial da Armada...Fez o elogio dos combatentes e do patriotismo. (Creio que é a personalidade que aparece em segundo plano, prestes a intervir; não temos da sua intervenção.)


Foto nº 10 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 >  Manuel Lema Santos e Luís Graça


Foto nº 11 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 >   Luís Graça e Humberto Reis


Foto nº 12 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 >  Carlos Silva, rodeado por dois camaradas luso-guineenses, um da CCAÇ 5 (Canjadude, 1967/69), e outro da CCAÇ 14 (Farim, 1972/74)... Se bem percebi o nome deste último camarada, chama-se Carpala Baldé. Terá conseguido dominar um princípio de rebelião dos seus camaradas da CCAÇ 14, que se recusavam a entregar a G3 quando a companhia foi dissolvida. O 2º comandante do batalhão, o então major Ramiro Morna do Nascimento, natural da Madeira, ficou-lhe muito grato. Recebê-lo-á mais tarde, no Funchal, com honras de "quase chefe de Estado"... O coronel Ramiro Norma do Nascimento foi presidente da delegação madeirense da Cruz Vermelha da Madeira bem como administrador da conhecida empresa de transportes públicos, Horários do Funchal.


Foto nº 13 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 >  José Rodrigues e Carlos Silva


Foto nº 14 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 >  Da esquerda para a direita: Luís Graça, Francisco Silva, Humberto Reis, J. L. Vacas de Carvalho e Jorge Cabral


Foto nº 15 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 >   O Carlos Silva, ao meio, ouvindo uma conversa enrre o Francisco Silva, que esteve em Jumbembém,e um antigo milícia do seu tempo.


Foto nº 16 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 >   Galhardete do BCAÇ 4512 (Farim, 1972/74)... Foi o então major ou tenente coronel Ramior Morna do Nascimemto quem entregou o aquartelamemto de Farim ao PAIGC.


Foto nº 17 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 >  Crachá do BCAÇ 4610


Foto nº 18 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 >  Jorge Cabral e Juvenal Amado


Foto nº 19 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 >  O Eduardo Magalhães Ribeiro, um camarada não identificado, e, à direita, o J. Casimiro Carvalho


Foto nº 20 > Monumento aos Combatentes do Ultramar > Lisboa, Belém > 10 de junho de 2019 >   O J. Casimiro Carvalho, régulo da Tabanca da Maia.

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor:

Último poste da série > 10 de junho de 2019 > Guiné 61/74 - P19879: Convívios (902): Tabanca dos Melros, 8 de junho de 2019: almoço mensal e doação, ao museu, de monumento em ferro, simbolizando o soldado da guerra do ultramar, da autoria do eng. Eduardo Beleza, ex-alf mil em Angola (Carlos Siva)

terça-feira, 29 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18692: O Cancioneiro da Nossa Guerra (8): A Balada de Béli (recolha de José Loureiro, ex-alf mil at inf, CCAÇ 1790 / BCAÇ 1933, Madina do Boé e Béli, 1967/69)


Guiné > Região do Boé > Béli > Pelotão da CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, "Os Tufas" (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68).> Uma "cena do quotidiano de Béli (1). Foto do ex-1º  cabo Machado (2011), cedida ao Manuel Coelho, por ocasião do convívio de 2011.


Guiné > Região do Boé > Béli > Pelotão da CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, "Os Tufas" (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68).> Uma "cena do quotidiano de Béli (2). Foto do ex-1º  cabo Machado (2011), cedida ao Manuel Coelho, por ocasião do convívio de 2011.


Guiné > Região do Boé > Béli > Pelotão da CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, "Os Tufas" (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68).> Uma "cena do quotidiano de Béli (3). Foto do ex-1º  cabo Machado (2011), cedida ao Manuel Coelho, por ocasião do convívio de 2011.


Guiné > Região do Boé > Béli > Pelotão da CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, "Os Tufas" (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68).> Uma "cena do quotidiano de Béli (4). Foto do ex-1º  cabo Machado (2011), cedida ao Manuel Coelho, por ocasião do convívio de 2011.


Guiné > Região do Boé > Béli > Pelotão da CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, "Os Tufas" (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68).> Uma "cena do quotidiano de Béli (5). Foto do ex-1º  cabo Machado (2011), cedida ao Manuel Coelho, por ocasião do convívio de 2011.

Fotos (e legendas): © Manuel Coelho (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné-Bissau > Região do Boé > 2009 > Restos do quartel de Béli (*), retirado pelas NT em meados de 1968, por ordem expressa de Spínola.

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2009). Todos os direitos reservados.. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guião da CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, "Os Tufas" (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 11966-68). uma das muitas subunidades  que esteve aquartelada em Madina do Boé, com destacamento em Beli (**). Foto: Manuel Coelho. 


1. Camaradas e amigos, é um prazer poder-vos anunciar que conseguimos "resgatar" da "vala comum do esquecimento" a letra da famosa "Balada de Béli"... Graças às boas diligências de dois camaradas, do BCAÇ 1933,  o Virgílio Teixeira (ex-alf mil, SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) e o José Loureiro (ex-alf mil inf, CCAÇ 1790 / BCAÇ 1933, Madina do Boé e Béli, 1967/69).

Mensagem do José Loureiro, com data de anteontem:


Caro Teixeira, Béli, a sua história e a Balada. O meu pelotão da CCAÇ 1790 chegou a Béli em 10 de fevereiro de 1968. Como te disse, conheci a Balada ainda em Nova Lamego em 30 de janeiro de 1968.

Transcrevo do meu diário:

 "Quando me dirigia para o bar de Oficiais, um Furriel mostrou-me uma balada muito especial. Entitulava-se 'Balada de Béli'. É obra de antigos soldados de Béli. Passo a transcrevê-la [, vd, letra, a seguir].


"É esta a minha futura morada e que perspectivas,  Senhor. Mas enfim, com calma e a Vossa Ajuda, tudo se vencerá." 

Assim termino,  caro amigo Teixeira. Béli foi abandonado em 17 de junho de 1968.
Um forte abraço.


José Loureiro


Balada de Béli

[autor desconhecido]

Voam forte, fortemente,.
Provocando alvoroço,
Metralha de outra gente
Que pretende certamente
Estragar-nos o almoço.

Fui ver... As morteiradas caíam
Do azul cinzento do céu,
Grandes, negras, explodiam,
Como elas se moviam,
Mas que barulho, meu Deus!...

Fico olhando esses sinais,
Deixados pela tormenta,
E isto por entre os mais
Buracos descomunais
Dos impactes do oitenta.

Com potente vozear,
Essas armas falam forte,
O canhão a metralhar
Propõe-se a enviar
Sua mensagem de morte.

É uma infinita tristeza,
No coração é inverno,
Cai chumbo na natureza
Tornando Béli um inferno.

Será talvez um tornado,
Mas ainda há pouco tempo
Nem as chapas do telhado,
Mesmo o desconjuntado,
Se moviam com o vento.

Olho atrás da seteira,
Está tudo acinzentado,
Elas caiem e que poeira
Levantam à nossa beira,
Felizmente mais ao lado.

Inesperado, cortante,
Eis que ribomba o canhão,
Apesar de estar distante,
Com a sua voz troante
Vem espalhar a confusão.

Que quem é já terrorista,
Sofra tormentos... enfim!,
Mas estas tropas, Senhor,
Porque lhes dás tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...



[Recolha de José Loureiro / Revisão e fixação de texto: VT / JL / LG]


2. Comentário do editor LG:

Meu caro José Loureiro, camarada da heróica CCAÇ 1790 / BCAÇ 1933:

Fico-te muito grato (, os camaradas da Guiné tratam-se por tu, se não te importas, o tu encurta as distâncias e favorece a empatia)...

Fantástica a "tua" balada de Beli, que vai enriquecer o nosso "Cancioneiro da Guiné" e é uma homenagem aos bravos de Béli, Madina do Boé e Cheche...

Estou-te muito grato pela recuperação dessa letra, que é uma "genial paródia" da Balada de Neve, do poeta Augusto Gil ("Luar de Janeiro" 1909)...Sabia-a de cor, na minha já longínqua 3ª terceira classe do ensino primário, em 1956/57... Aliás, todos a sabíamos de cor na minha escola do Conde Ferreira, na Lourinhã.

Acabámos de a publicar, citando todas as referências que mandas, a começar pelo teu nome e pelo teu diário. Estou grato também ao camarada Virgílio Teixeira, teu amigo e camarada de batalhão, que te contactou... Foi ele o primeiro a falar-me da "Balada de Béli", cuja existência eu desconhecia de todo. Proximamente,  publicaremos um poste sobre esta "(re)descoberta" e a vossa troca de mensagens.

Por fim, deixa-me convidar-te a integrar a nossa Tabanca Grande. onde figuram já 773 camaradas (e amigos) da Guiné, entre vivos e mortos... E faço questão que seja o Virgílio a "apadrinhar" a tua entrada, se for essa a tua vontade.

Só precisas de aceitar dar a "cara", isto é, mandar duas fotos tuas, digitalizadas, uma de hoje, e outra do antigamente... Se quiseres mandar mais, ótimo... O Virgílio, por exemplo, tem um álbum fotográfico da Guiné, fabuloso, que estamos a publicar regularmente...

Temos 19 referências no nosso blogue à tua CCAÇ 1790, mas não há ninguém, até agora (e ao fim destes 14 anos de existência!) que a represente como deve ser... Já em tempos fiz um convite ao vosso antigo comandante, José Aparício, hoje coronel reformado.  Mas, em geral, os oficiais do quadro têm alguma relutância em dar a cara nas "redes sociais", o que é compreensível... Mesmo assim, oficiais dos 3 ramos das Forças Armadas, incluindo oficiais superiores e generais que foram nossos camaradas na Guiné, honram com a sua presença ativa a nossa Tabanca Grande.

José Loureiro, espero que aceites o nosso convite, em nome do sagrado dever de memória... Somos uma geração que está a desaparecer e recusamo-nos a ir para a "vala comum do esquecimento"... Vou pedir então ao Virgílio Teixeira para "apadrinhar" a entrada do novo grã-tabanqueiro... Se quiseres partilhar connosco o teu diário, no todo ou em parte, ficaríamos encantados... Entretanto, haveremos de nos conhecer "ao vivo", um dia destes...

Um alfabravo,
Luís Graça


3. Em tempo:

Em mensagem de 25 de Novembro de 2018, o nosso camarada Manuel Lema Santos (1.º Tenente da Reserva Naval, Imediato no NRP Orion, Guiné, 1966/68), enviou uma ligação para a página da Reserva Naval onde está publicado um manuscrito com uma versão da Balada de Béli que lhe foi confiada pelo seu irmão Alberto Lema Santos, ex-Alf Mil Médico do BCAÇ 1933 a que pertencia a CCAÇ 1790. A versão aqui reproduzida pelo ex-Alf Mil José Loureiro apresenta algumas diferenças.

Ver no facebook aqui.
Ver também na página da Reserva Naval, aqui.

Carlos Vinhal
___________

Notas do editor:
(*) Vd. poste de 4 de outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5050: Efemérides (27): Declaração da Independência em 24 de Setembro decorreu não em Madina do Boé mas Lugajole (Patrício Ribeiro)

(**) Vd. postes de


19 de julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8571: Álbum fotográfico de Manuel Coelho (6): Beli, Madina do Boé e Convívio 2011

(***)  Último poste ds série > 19 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18537: O Cancioneiro da Nossa Guerra (7): "Marcha de Regresso" (Recolha de Mário Gaspar, ex-fur mil at art, MA, CART 1659, "Zorba", Gadamael e Ganturé, 1967/ 68)

16 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18528: O Cancioneiro da Nossa Guerra (6): "Os Homens não Morrem" (Recolha de Mário Gaspar, ex-fur mil at art, MA, CART 1659, "Zorba", Gadamael e Ganturé, 1967/ 68)

28 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18261: O Cancioneiro da Nossa Guerra (5): O hino dos "Unidos de Mampatá", a CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74)

27 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18261: O cancioneiro da nossa guerra (4): "o tango dos periquitos" ou o hino da revolta da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) (Silvino Oliveira / José Colaço)

27 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18259: O cancioneiro da nossa guerra (3): mais quatro letras, ao gosto popular alentejano, do Edmundo Santos, ex-fur mil, CART 2519, Os Morcegos de Mampatá (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71)

8 de novembro de 2017> Guiné 61/74 - P17944: O cancioneiro da nossa guerra (2): três letras do Edmundo Santos, ex-fur mil, CART 2519, Os Morcegos de Mampatá (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71): (i) Os Morcegos; (ii) Estou farto deles, tirem-me daqui; (iii) Fado da Metralha

30 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17811: O cancioneiro da nossa guerra (1): "Asssim fui tendo fé, pedindo a Deus que me ajude"... 4 dezenas de quadras populares, do açoriano Eduardo Manuel Simas, ex-sold at inf, CCAÇ 4740, Cufar