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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16661: Memória dos lugares (350): Poucas terras fazem jus ao seu nome como Canquelifá, localidade guineense situada no seu extremo nordeste, e que em língua mandinga quer dizer "campo de batalha e de morte" (Cherno Baldé, Bissau)


Foto: © ex-Alf Mil Paiva Nunes e Bernardino da CCAV 2748, com a devida vénia



1. Comentário do nosso amigo Cherno Baldé, engenheiro na Guiné-Bissau, deixado no Poste 16656 a propósito da localidade de Canquelifá (*):


CANQUELIFÁ

Poucas terras fazem jus ao seu nome como esta terra guineense situada no seu extremo nordeste.

Em língua mandinga “Canquelefá” significa campo de batalha e de morte:

Can = campo/acampamento;
quele = batalha/guerra;
fá = morte/matança.

Não sei de quem era o acampamento, quem matou e/ou quem morreu, poderia até ser uma simples bravata dos Soninques animistas para assustar os invasores fulas ou os vizinhos Padjadincas do Bajar, ou outro grupo qualquer que se aproximava dos seus domínios, também eles conquistados em épocas passadas.

Território de transição histórica entre o norte da região sudanesa do Sahel [, Sara,]  e a zona da floresta húmida confinada à costa do Atlântico, esta região de Pachisse, Pakessi ou Paquisse com capital em Canquelifá foi, durante muito tempo e em diferentes épocas campo de batalha dos exércitos que invadiram o território da actual Guiné-Bissau e ponto de passagem entre o Senegal e o reino de Futa-Djalon.

Não admira por isso a (des)unidade étnica que se verifica na população local, dividida entre os temerários Camará, os argutos Djaló e os pacientes Sané, resultado da mais diversa mistura e uma autêntica babel linguística a começar pelos antiquíssimos Banhuns, Pajadinca, Cocoli até aos Fulas nas suas diferentes declinações, passando pela bonita, eloquente e musical língua Mandinga ou mandinkan.

Ao contrário de Ziguinchor, típica terra luso-tropical com cordão umbilical fortemente ligado à cultura e a tradição das praças guineenses, Canquelifá poderia passar para qualquer dos territórios vizinhos e não se notaria nenhuma diferença.

Após as constantes disputas entre os reinos vizinhos (Futa-Djalon com Alfa Yaya Djalo, Mussa Molo o rei de Firdu) e a cobiça das potências europeias presentes na zona, a delimitação franco-portuguesa de 1903 acabaria por incorporar o Pachisse na Guiné portuguesa, com a eliminação dos incómodos concorrentes locais que eram Mussa Molo e Alfa Yaya.

MARCAS DA PRESENÇA MILITAR DURANTE A GUERRA COLONIAL.

O acesso à localidade de Canquelifá é péssima, parece não ter sido reabilitada nos últimos 40 anos, em muitos sítios a estrada está cortada pela erosão das águas da chuva, mas ainda assim pode-se passar, sem pressas, com um veículo 4 x 4. O antigo quartel ou o celeiro de mancarra (os famosos celeiros de Albano Costa) está situado logo à entrada, onde são visíveis alguns sinais, símbolos da passagem da tropa metropolitana.

No lado direito do primeiro memorial estão grafados os nomes de mais de 5 companhias/batalhões, sendo difícil,  para um leigo, senão mesmo impossível, distinguir quem fundou e quem “canibalizou” o memorial.

Aqui vai a lista, sem ordem cronológica:
BCAÇ 1856; BCAV 1915; BCAÇ 2922; BCAÇ 2835;

No segundo memorial esta grafado o nome de uma companhia de caçadores, presumindo-se assim que seja a fundadora: CCAÇ 1623 e tem data (1966-68).

Um abraço amigo,
Cherno Baldé
____________

Nota do editor

(*) Vd. último poste da série de 24 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16635: Memória dos lugares (349): Canquelifá 2016 vista pelos ex-Alferes Milicianos da CCAV 2748 Paiva Nunes e Bernardino (Francisco Palma)

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16154: Revisitando o "chão fula", e ligando o passado com o futuro (Patrício Ribeiro, Impar Lda) - Parte III: Canquelifá


Foto nº 1 > > Energia fotovoltaica e água potável, ou seja, o futuro, que chega a Canquelifá, uma terra mártir no final da guerra de libertação, quando o PAIGC a reduziu a cinzas.


Foto n º 2 >  Saltando do passado para o futuro...


Foto nº 3A > Restos do passado... Memorial aos mortos da CCAV 2748 / BCAV 2922 (*)


Foto nº 3 > Restos do passado... Memorial aos mortos da CCAV 2748 / BCAV 2922. Não sabemos se o edifício atrás era de uso militar ou civil (escola, capela,  posto administrativo...).


Foto nº 4 > Memorial da CCAÇ 1623 (1966/68), cujo lema era "Vontade e Valor"


 Foto nº 5 > Memorial da CCAV 2748 /BCAV 2922 (1970-72), visto lateralmente


Foto nº 6 > Memorial ao Soldado Manuel dos Santos Ferreira Reis, da CCAÇ 1623 (**)


Foto nº 7 > Restos do antigo aquartelamento (1)


Foto nº 8 > Restos do antigo aquartelamento (2)


Foto nº 9 > Restos do antigo aquartelamento (3)

Guiné-Bissau > Região de Gabu > Canquelifá > Maio de 2016

Fotos: © Patrício Ribeiro (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Terceira e última parte da fotorreportagem do Patrício Ribeiro, nas suas andanças pelo "chão fula", levando às populações do leste a energia fotovoltaica que simboliza o futuro...

Patrício Ribeiro, foto à esquerda, é um português de lei e de grei, natural de Águeda, criado desde terra idade em Angola, no Humabo (antiga Nova Lisboa)... Por lá casou e fez a  tropa e a guerra. Foi fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, regressou ao "Puto" como retornado, mas teve saudades de África, decidindo montar a sua "morança" na Guiné-Bissau em 1984.

De cooperante passou a empresário, no início dos anos 90, sendo fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda, especializada hoje em energias alternativas, com um portefólio impressionante com mais de 400 instalações. Neste momento a sua empresa leva a energia eléctrica e a água potável (um dos mais elementares direitos humanos!) a quase uma centena de tabancas do chão fula, no leste.

Tem o seu filho a trabalhar com ele e dá trabalho a muita gente. É também conhecido carinhosamente como "pai dos tugas", pelo apoio que tem dado aos jovens portugueses que demandam as terras da Guiné-Bissau. Vive temporariamente em Bafatá, e de vez em quando lembra-se de nós e das suas obrigações como grã-tabanqueiro. Há dias mandou-nos fotos de Bafatá, Piche e Canquelifá. São de Canquelifá as que publicamos hoje.(****)

Um abraço fraterno para ele.
Os editores


2. Legendas complementares (com a preciosa ajuda dos portais Liga dos Combatentes e  Ultramar Terraweb):

(*) Mortos da CCAV 2748 / BCAV 2922 (1970-72)

Guido Ponte Brazão da Silva,  alf mil cav op esp, natural de São Vicente, Madeira, "morto por acidente" [um engenho IN!]  em 22/10/1970: (***)

Alfredo da Silva Amaral, soldado, natural de Ílhavo, morto em combate em 7/08/1970;

Manuel da Conceição Gonçalves, soldado, natural de Vendas Novas, morto por acidente em 5/10/1970

Sajo Baldé, soldado milícia
 
(**) Mortos da CCAÇ 1623 / BCAÇ 1856 (1966-68)

Manuel dos Santos Ferreira Reis, soldado, natural de Vila Nova de Gaia, morto em combate, em 21/12/1966
.


.Guiné > Zona Leste > Canquelifá > CCAV 2748 (1970/72) > O nosso grã-tabanqueiro Francisco Palma, posando junto ao brazão da CCAÇ 1623 (1966/68), na altura em belíssimo estado de conservação. O lema da CCAÇ 1623 era Vontade e Valor, como se pode ler. Confronte-se esta foto com a n.º 4.

A CCAÇ 1623 foi mobilizada pelo  RI 2 - Abrantes, desembarcou em Bissau a 18 de Novembro de 1966 e foi colocada em Nova Lamego a fim de efetuar treino operacional e intervir na zona leste. A 29 de janeiro de 1967 assumiu a responsabilidade do subsetor de Canquelifâ com um pelotão destacado em Dunane. Permaneceu transitoriamente em Fá Mandinga de onde marchou para Bissau para aguardar o regresso, embarcando a 18 de Agosto de 1968

Foto (e legenda): © Francisco Palma (2007). Todos os direitos reservados

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Guiné 63/74 - P2271: Tabanca Grande (40): Joaquim Gomes de Almeida, O Custóias, bazuqueiro, CCAÇ 817 (Canquelifá e Dunane, 1965/67)



Joaquim Gomes de Almeida
Soldado
CCAÇ 817
Canquelifá e Dunane
1965/67






Guiné> Canquelifá> O nosso camarada Joaquim Almeida em concorrência desleal e descarada ao nosso companheiro Joaquim Mexia Alves, pois em Canquelifá as condições Termais eram péssimas, embora os preços fossem económicos.


1. Mail de 7 de Novembro de 2007 dirigido ao nosso Editor

Exmo. Sr. Luís Graça,

Venho por este meio prestar uma grande homenagem ao incondicional serviço de informação que o seu blog presta a todos os ex-combatentes.

Passo a apresentar-me: Chamo-me Joaquim Gomes de Almeida, conhecido entre os camaradas por Custóias, sou residente em Guifões-Matosinhos.

Fiz parte do pessoal da CCAÇ 817; soldado de infantaria; operador de bazuca.
Passei maior parte do tempo da comissão em Canquelifá e Dunane, embora tivesse passado anteriormente por outras unidades.

Cheguei à Guiné em 26 de Maio de 1965 tendo regressado à Metrópole em 8 de Fevereiro de 1967.

Faço uma correcção ao que escreveu o camarada Francisco Palma: a CCAÇ é a 817 de 1965/1967 da qual eu fiz parte e não a CCAÇ 187 de 1965/1966 como por lapso mencionou o camarada Francisco Palma (*).

Em relação ao brazão, confesso que fiquei triste por saber que a CCAÇ 1623 destruiu o nosso em favor do deles.

Anexo uma fotografia com informação: Canquelifá-Termas, placa informativa para todo o pessoal que por lá ia passando e entrando para o tratamento adequado.

Sem outro assunto de momento,
Joaquim Almeida (Custóias)


2. Em 7 de Novembro, o co-editor CV respondia:

Caro Joaquim Almeida:

Estou a escrever-te na qualidade de co-editor do Blogue do Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Recebemos a tua mensagem e registamos a homenagem que prestas ao Luís Graça. Na verdade, é unânime o reconhecimento do seu imenso trabalho para manter vivo o Blogue.

Queremos convidar-te a fazeres parte da nossa Tabanca Grande. Para tal deverás enviar uma foto do teu tempo de guerra (se possível com mais qualidade daquela que já enviaste) e outra actual para figurares na nossa fotogaleria.

Se quiseres e puderes podes mandar estórias que se passaram contigo e com a tua Unidade, assim como fotografias devidamente legendadas para as podermos enquadrar nos teus textos.

As fotos deverão vir em formato JPEG ou, em última hipótese, em Word para as podermos trabalhar.

Poderás consultar a página da nossa Tertúlia onde estão escritos os princípios fundamentais da nossa conduta e convivência. Poderás ver lá também a fotogaleria.

Aqui na Tabanca não há Exmos Senhores nem postos militares. Tratamo-nos todos por tu como deve ser entre camaradas.

Já agora na próxima mensagem dá mais pormenores sobre ti e a tua Unidade e usa preferencialmente o endereço luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com

Antes de terminar quero dizer-te que temos cá no Blogue um teu conterrâneo de Guifões, o Albano, que é fotógrafo e que tem o seu ateliê em frente à Igreja. Eu moro em Leça da Palmeira e ainda há mais gente do concelho de Matosinhos entre nós.

Recebe um abraço da parte do Luís. De mim o mesmo
O camarada
Carlos Vinhal


3. Em 8 de Novembro o camarada Albano Costa escrevia, em resposta a um mail de CV:

Caro amigo Carlos Vinhal:

Conheço o Custóias há muitos anos, é quase meu vizinho. Durante muitos anos sempre falamos de tudo, menos da Guiné.

Há bem pouco tempo, encontramo-nos e ele falou-me do blogue onde tinha navegado, dizendo que me tinha encontrado lá. Depois desse dia passamos a falar mais vezes e muito sobre a Guiné e o blogue.
Ele por acaso já tinha comentado comigo que ia chamar atenção do Francisco Palma sobre as imperfeições que tinha visto. Eu incentivei-o, porque a função do blogue é contar sempre e só a verdade, e que este era o sítio certo para o fazer, que neste caso era só para rectificar.

Quanto ao apelido Custóias, eu já lhe perguntei como é que sendo ele natural de Guifões, gosta que o tratem assim, ainda hoje no meio guineense. Ele respondeu-me que quando foi para a tropa, tinha ocorrido o desastre ferroviário no lugar das Carvalhas (**), em Custóias, e então o seu comandante possou a chamar-lhe assim. Ele aceitou com agrado e em todo o seu tempo de tropa e ainda hoje pelos seus colegas é tratado por Custóias. Quanto ao entrar no blogue já lhe falei e o Joaquim Gomes está a ganhar coragem, visto que não passa um único dia sem lhe fazer uma visita.

Um grande abraço,
Albano Costa

4. Em 9 de Novembro o Almeida voltava ao nosso contacto

Caro Carlos Vinhal:

Acuso a recepção do teu e-mail de 7 de Novembro de 2007.

Em relação ao Albano Costa, somos amigos e vizinhos. Ele mora na Lomba e eu em Gatões.

Todos os fins-de-semana, nos falamos no seu estabelecimento. Ele foi um grande impulsionador para que eu me metesse nestas andanças.

Relativamente a material fotográfico do tempo da minha estadia na Guiné, é relativamente pouco, porque há uns anos atrás, quando eu fui deslocado para o estrangeiro em serviço, foram-me assaltados os anexos de minha casa e levaram-me tudo, fotografias, o díário da minha Companhia, o diário do meu pelotão e um caderno de apontamentos pessoal. Tudo isto se encontrava dentro de um baú. Todas as fotografias que eu possuo, foram recolhidas na minha família, e alguns amigos.Assim que possível, enviarei as ditas fotografias para o blogue.

Um abraço virtual deste ex-combatente.

Joaquim Gomes de Almeida - Custóias
__________________

Notas de CV:

(*) - No Post de 5 de Novembro de 2007> Guiné 63/74 - P2242: Tabanca Grande (39): Francisco Palma, ex-Condutor Auto, ferido em combate, CCAV 2748/BCAV 2922, Canquelifá (1970/72), o nosso camarada Francisco Palma referia:

(...) Aproveito para informar que a mensagem atingiu o alvo e tenho estado em contacto com o Custóias, operador de bazuca, ex-combatente da CCAÇ 187_(?), Canquelifá 1965/66, que terá sido o obreiro da construção do brazão da sua Companhia. O brazão foi posteriormente aproveitado pelos que vieram a seguir, a CCAÇ 1623 (Canquelifá, 1966/68), tendo sido alterados os dados (...)

(**) - No dia 26 de Julho de 1964, ocorreu um terrível desastre ferroviário na Linha da Póvoa (Porto/Trindade - Póvoa de Varzim), onde houve um número de mortos nunca especificado, pois na única carruagem sinistrada, superlotada, morreram oficialmente 96 pessoas.

O acidente deu-se porque a última de duas carruagens da automotora se soltou da primeira, presume-se que por excesso de peso, e em aceleração livre e desgovernada, ao descrever uma curva apertada, inclinou-se e foi de encontro a um muro suporte de uma passagem superior, que funcionou como uma lâmina. A carruagem foi literalmente cortada ao meio no sentido do comprimento, ferindo e matando principalmente que se encontrava daquele lado.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Guiné 63/74 - P2242: Tabanca Grande (39): Francisco Palma, ex-condutor auto, ferido em combate, CCAV 2748 / BCAV 2922, Canquelifá (1970/72)

Guiné > Zona Leste > Canquelifá > CCAV 2748 (1970/72) > O Francisco Palma, residente em São João do Estoril, ex-condutor auto, hoje DFA, com mais de 30% de deficiência, em consequência de uma mina A/C, accionada em Abril de 1972.


Foto: Francisco Palma (2007). Direitos reservados


1. Mensagem do Francisco Palma que formaliza a sua entrada para a nossa Tabanca Grande:

Estimado Luis Graça,

No seguimento do meu e-mail de 24 de Outubro de 2007, desculpa a demora na resposta e a confusão sobre o Emir da CCAÇ 1623 (1), palavra de facto incorrecta (por vezes escrito como Amir, do árabe, comandante; é um título de nobreza historicamente usado nas nações islâmicas do Médio Oriente e Norte de África). A palavra apropriada será Brazão da CCAÇ 1623.

Aproveito para informar que a mensagem atingiu o alvo e tenho estado em contacto com o Custóias, operador de bazuca, ex-combatente da CCAÇ 187_(?), Canquelifá 1965/66, que terá sido o obreiro da construção do brazão da sua Companhia. O brazão foi posteriormente aproveitado pelos que vieram a seguir, a CCAÇ 1623 (Canquelifá, 1966/68), tendo sido alterados os dados...

Notícias da minha malta... Bem, como deves calcular, houve muita porrada, foram 22 meses de Canquelifá com todas as noites de sono incompletas (reforços e ataques). Sofremos 15 ataques nocturnos directos mais dois com foguetões 122, chamados mísseis, 4 de cada vez ... Estes eram respondidos com Obus 14. O alvo era o aquartelmento, mas as flagelações foram sem consequências graves, com raros feridos, tanto para as nossas tropas com para a os indígenas do aldeamento, que conviviam connosco dentro do arame farpado.

Há a registar ainda o rebentamento de uma mina anticarro, onde eu fui o único ferido. Sofri fracturas múltiplas em ambos os pés, quando conduzia um Unimog 411 (Burro do Mato) que transportava mais 11 Camaradas. Faltavam só 3 semanas para o regresso. Hoje sou DFA com 30,58 % de deficiência. Com a idade as sequelas agravam-se, mas estou vivo.

Apesar de todos estes combates tivemos 3 baixas nos primeiros 3 meses de missão: o Alf Guido Brazão, já aqui mencionado no blogue (2), o Soldado Amaral, ambos mortos em Canquelifá, e ainda o Soldado Gonçalves (morto em Dunane).

Enfim é sempre dificil explicar aqui acontecimentos que guardo vivos (demasiado vivos) no meu Hard Disc já com 59 primaveras.

Critíco vivamente a série A Guerra apresentada pela RTP e realizada pelo Joaquim Furtado, sobretudo pela maneira como é contada... Parece-me muito banal, as realidades dos milicianos, oficiais, sargentos e praças eram mais cruéis.

Junto anexo foto de então, em camuflado.

Um abraço
F. Palma


2. Comentário dos editores:
Francisco, estás em casa... A nossa Tabanca Grande fica mais composta contigo e com os demais camaradas da tua companhia, que queiras trazer, como o Firmino Moreira. Ficamos a saber, por ti, que ele "é o carola que compilou todas as moradas dos camaradas da CCAV 2748, e que iniciou os convívios a nível do BCAV 2922, nos primeiros 5 anos; depois a nível de companhia comecei a ser eu, embora com a ajuda dele, que não tem PC". As tuas melhoras. Vai dando notícias. E, se não te importares, conta-nos como foi esse encontro - que podia ter sido trágico - do teu burrinho com a famigerada mina anticarro, em Abril de 1970.

_____________

Notas dos editores:


(2) Sobre o Guido Brazão, vd. posts de:


quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Guiné 63/74 - P2211: O monumento da CCAÇ 1623, Canquelifá, 1966/68 (Francisco Palma, CCAV 2748, 1970/72)

Guiné > Zona Leste > Canquelifá > CCAV 2748 (1970/72) > O Francisco Palma posando junto ao brazão da CCAÇ 1623 (1966/68), na altura em belíssimo estado de conservação. O lema da CCAÇ 1623 era Vontade e Valor, como se pode ler.

Foto: Francisco Palma (2007). Direitos reservados

1. Mensagem do Francisco Palma:

Dr. Luís Graça , os meus respeitosos cumprimentos.

Os meus sinceros agradecimentos, em nome da CCAV 2748, Guiné 70-72 Canquelifá, pela divulgação dos nossos convívios, etc. (1)

Li, no seu blogue, e agora não consigo encontrar onde, que um ex-Combatente da CCAÇ 1623, Canquelifá 66-68, perguntava saber se o emir da sua Companhia ainda lá estaria.

Quando de lá saí , em Maio 1972, ainda lá ficou e junto da mesma tenho uma foto que anexo. Para que ele veja o bom estado de conservação [do brazão] naquela altura.

Atentamente
Francisco Palma

CCAV 2748
Canquelifá
1970/72

2. Comentário de L.G.:

Caro Francisco: Desculpa o atraso na publicação da tua mensagem. Obrigado pela foto e pela tua mensagem. Tens que me explicar, entretanto, o que é o emir... Confesso que desconhecia o uso do termo nesta acepção (monumento com as insígnias de uma unidade militar). Tu queres dizer braão, é isso ? Há aqui um lapsus linguae, coisa que acontece a qualquer um... Dá-nos mais notícias de Canquefilá e da malta com que conviveste. Um abraço. L.G.
___________

Nota de L.G.:

(1) Sobre esta unidade ver os seguintes posts:

10 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2093: Convívios (28): CCAV 2748, Canquelifá, 1970/72 (Francisco Palma)

7 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2035: Alf Mil Guido Brazão, da CCAV 2748/BCAV 2922, morto em acidente com arma de fogo, Canquelifá, 22/10/70 (José M. Martins)

30 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2012: Em busca de... (7): Meu irmão, Guido de Ponte Brazão da Silva, alferes, morto em Canquelifá, em 1970 (Conceição Brazão)