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segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27358: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (112): Através do nosso blogue, na pessoa do camarada Manuel Domingos Ribeiro, soubemos do falecimento do Fur Mil Art Silva da CART 6552/72 (João Ferreira / Manuel Domingos Ribeiro / Carlos Vinhal)

Na foto, ainda como Cabos Milicianos, à esquerda: Fur Mil Barros, já falecido; ao centro: Fur Mil João Ferreira, ambos da CART 6254/72 (Olossato e Dugal), e à direita: Fur Mil Silva da CART 6552/72 (Cacine e Cameconde), já falecido.

1. Na sequência da busca do Fur Mil Silva da CART 6552/72 pelo nosso camarada João Ferreira, ex-Fur Mil Art da CART 6254/74 (Olossato e Dugal, 1973/74), recebemos ontem, 26 de Outubro de 2025, a seguinte mensagem:[1]

Caro Carlos Vinhal
Foi com enorme tristeza que recebi do Manuel Domingos Ribeiro a informação do falecimento do meu amigo, já lá vão cinco ou seis anos.
Segundo ele, o Silva padecia de sérios problemas de saúde. Nunca pensei que a sensação de perda fosse tão amarga.
Estivemos longamente ao telefone a conversar sobre o Silva e os tempos de tropa, com a coincidência de termos pertencido os três ao mesmo pelotão, durante a especialidade na EPA de Vendas Novas, no calorento verão alentejano de 72.
Mais uma vez um muitíssimo obrigado pela tua disponibilidade.
O Blogue presta, efectivamente, um enorme apoio a todos os Camaradas que passaram por aquela enorme Tabanca, a GUINÉ.
Bem hajam.

Um óptimo domingo para todos e um forte abraço para ti.
João Ferreira


********************

2. Comentário do editor CV:

Caro João Ferreira,
Lamento profundamento o falecimento do teu amigo Silva.
Até eu, ao ler ontem o teu mail, não pude deixar de sentir uma enorme frustração. Tu apostavas tudo e tinhas muita fé em que nós te ajudássemos a reencontrar o amigo e camarada de armas que não vias há muito tempo.
Ainda bem que pudeste falar ao telefone com o Manuel Domingos Ribeiro, companheiro do malogrado Silva na CART 6552/72.

Deixo-te o nosso abraço solidário, e o convite para te juntares à nossa família de velhos combatentes da Guiné.
Se quiseres sentar-te à sombra do nosso poilão, é fácil, manda-nos uma foto tua actual e outra do tempo da Guiné (fardado), conta-nos uma pequena história e serás apresentado à tertúlia.
Mais tarde, dependendo da tua disponibilidade, poderás colaborar com as tuas memórias escritas ou em fotos para assim aumentares este fabuloso espólio.
Como pudeste comprovar por ti mesmo, foi através das memórias do nosso amigo Manuel Domingos Ribeiro que tivemos conhecimento da partida do teu amigo Silva para o Batalhão celestial.

Continuamos por aqui ao teu dispor.
Recebe um abraço
Carlos Vinhal

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Notas do editor:

[1] - Vd. post de 24 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27349: Em busca de... (329): Fur Mil Art Silva, de Rio Tinto - Porto, que fez parte da CART 6552/72 (Cameconde, Cacine e Cabedú, 1973/74), companhia que, estando mobilizada para S. Tomé, acabou por ir cumprir a sua comissão de serviço na Guiné (João Ferreira, ex-Fur Mil Art da CART 6254/72)

Último post da série de 7 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27192: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (111): Destaque do Arquivo da Defesa Nacional de setembro de 2025 sobre as “NEGOCIAÇÕES COM O PAIGC NA SEQUÊNCIA DO RECONHECIMENTO DO ESTADO DA GUINÉ-BISSAU, 1974” (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27349: Em busca de... (329): Fur Mil Art Silva, de Rio Tinto - Porto, que fez parte da CART 6552/72 (Cameconde, Cacine e Cabedú, 1973/74), companhia que, estando mobilizada para S. Tomé, acabou por ir cumprir a sua comissão de serviço na Guiné (João Ferreira, ex-Fur Mil Art da CART 6254/72)

Fotografia onde está o meu amigo Silva, de Rio Tinto, Porto. Eu sou o do centro e o Silva é o que está do lado direito da foto. O que tem a boina presa à presilha do blusão esteve comigo no Olossato (Furriel Barros), infelizmente já falecido.

Foto (e legenda): João Ferreira (2025)

1.
Mensagem do nosso camarada João Ferreira enviada ao blogue em 12 de Setembro de 2025 através do Formulário de Contacto do Blogger:

Caros camaradas

Procuro ex-Furriel Mil, Silva, de seu apelido, estampado na farda de trabalho. Somos do 2.º Turno/72, Leiria/Caldas, especialidade atirador na EPA Vendas Novas, (vínhamos os dois à boleia para o Porto, quando não havia autocarro).

Colocados no RAP-3 na Figueira da Foz, onde fomos mobilizados, eu para a Guiné, ele para S. Tomé e Príncipe (a Companhia/Batalhão, foi depois transferida/o para a Guiné, por interferência do Gen. Spínola).

Ele é de Rio Tinto-Porto, e a casa dele ficava à face da EN 15, que atravessa Rio Tinto, onde pernoitei uma vez devido ao avançado da hora, e já não haver comboio para a Póvoa de Varzim, onde moro.

Sei que os elementos de identificação que vos dou são muito poucos, mas com a vossa colaboração, talvez eu consiga ainda vir a dar um abraço a este amigo e camarada de armas.

Tenho uma fotografia onde ele aparece, mas não consigo postá-la aqui.

Grato pela atenção, aguardo notícias do meu amigo Silva de Rio Tinto
Cumprimentos,
João Ferreira
Póvoa de Varzim
16cidral21@gmail.com


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2. Mensagem enviada ao João Ferreira em 16 de Outubro:

Caro João Ferreira

Em relação ao teu camarada Silva, vai ser difícil encontrá-lo só pelo apelido.

Dizes que a Companhia/Batalhão dele ia destinada a S. Tomé, mas que foi desviada para a Guiné. Suponho que terá sido desviada no caminho, porque não aparecem registos de unidades de artilharia em S. Tomé e Príncipe depois de 1970.

Se ele viajou perto da tua data de ida para a Guiné, diz-nos quando foste, em que unidade, BART ou CART e quando regressaste.

Podes enviar a foto que possuis do Silva para este meu mail para eu publicar no Blogue.
Vê se te lembras de mais algum pormenor que possa ajudar a encontrá-lo.
Fico ao dispor

Abraço
Carlos Vinhal
Coeditor

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3. Mensagem do João Ferreira, ex-Fur Mil Art da CART 6254/72, com data de 23 de Outubro:

Bom dia Carlos Vinhal

Obrigado pela resposta ao meu pedido de informação sobre o meu amigo Silva.

Efetivamente, a informação que prestei foi muito escassa. Como sugerido por ti, acrescento que fiz parte da CART 6254 (Companhia Independente) e a data de embarque com destino à Guiné, em conjunto com 1 Batalhão e mais 2 companhias independentes, foi a 16 de Março de 1973 (Paquete Uíge), com chegada a Bissau a 22 do mesmo mês, tendo sido encaminhados para o Cumeré, onde fizemos o IAO.

Desconheço se havia na Guiné mais algum quartel, além do Cumeré, onde as tropas fizessem o IAO onde, eventualmente, a companhia/Batalhão do Silva o tivesse feito. Também pode dar-se o caso de ele ter feito o IAO na metrópole, e então aí, a ida dele para a Guiné terá ocorrido mais de um mês depois da minha.

Espero que este acréscimo de informação, com a vossa prestimosa ajuda, possa fazer vislumbrar a luz ao fundo do túnel, onde eu possa ver este meu amigo.
Mais uma vez grato pelo vosso empenho, aguardo esperançosamente boas notícias.
Um abraço fraterno.

João Ferreira
Ex-furriel Mil.



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4. Mensagem enviada hoje mesmo ao João Ferreira

Amigo João
Segundo o livro da Comissão para o Estudo das Campanhas de África (Estado-Maior do Exército), a tua Companhia de Artilharia 6254/72, foi mobilizada no RAP 2 (Vila Nova de Gaia).
Foi para a Guiné comandada pelo Cap Art Eduardo dos Anjos Costa. O RAP 3 (Figueira da Foz) não foi unidade mobilizadora, nem de Companhias, nem de Batalhões de Artilharia.

Em relação à Unidade do teu amigo Silva, achei muito estranho um Batalhão ser mobilizado para S. Tomé. Acho que nem havia lá condições para alojar tanta gente, mas posso estar enganado. Ainda se fosse uma Companhia?...

Procurei uma CART que tivesse ido para a Guiné depois de vocês, tendo encontrado a 6552/72, mobilizada pelo RAL 5 (Penafiel), que embarcou para a Guiné em 26 de Maio de 1973, indo de avião.

A partir daí foi só ir ao Blogue e lá estava, tudo explicadinho. Ainda em quartel, estava destinada a S. Tomé, mas foi desviada para a Guiné.
e aqui: https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2021/07/guine-6174-p22396-as-desventuras-da.html.

Vou fazer um post na série Em busca de com todos os elementos mais a foto.
Se entretanto quiseres fazer uma tentativa, tens aqui o contacto do Manuel Domingos Ribeiro [...] da CART 6552, pode ser que ele tenha ou saiba de alguém que tenha o contacto do Silva.

Boa sorte
Carlos Vinhal

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Notas do editor:

A propósito do "desvio" da CART 6552/72 de S. Tomé para a Guiné, lembremos o que escreveu o camarada Manuel Domingos Ribeiro no Poste 22393:

Falando um pouco sobre o desvio da CART 6552/72, de S. Tomé para a Guiné, quando se encontrava a aguardar embarque na carreira na de tiro de Espinho, embarque que já tinha sido adiado duas vezes, eu que me encontrava em casa de licença fui convocado por telegrama para me apresentar na unidade para seguir de imediato para o ultramar, mas não mencionava o destino final
Apresentei-me a uma sexta feira ao fim da tarde e tive de imediato fazer o espólio de algum fardamento para de seguida o pagar pois, como te deves de lembrar, recebíamos um valor monetário para compra de todo o fardamento e demais artigos necessários ao serviço militar, artigos esses que foram comprados no casão militar em Bissau.

Como me apresentei à última da hora só levei a farda que tinha vestida, algum fardamento que tinha no quartel e uma muda de roupa que transportava numa pequena mala de mão, foi nessa altura que nos foi comunicado que tínhamos sido desviados para a Guiné pelo nosso Comandante de companhia e encarregues de comunicar aos nossos militares e por pelotão o nosso destino.
Nós, os graduados, ainda ponderámos não embarcar, alguns ainda se deslocaram ao Porto já ao princípio da noite para falar com familiares e pedir algum conselho. Fomos aconselhados a embarcar pois as consequências seriam de certeza graves.

Depois de todos regressarem, reunimo-nos já ao principio da madrugada, explicámos a nossa situação e informámos que partiríamos ao início da madrugada em autocarros, com destino à Base Aérea de Figo Maduro, em Lisboa, onde embarcaríamos ao princípio da manhã de sábado.
Na altura de embarque surgiu alguma resistência por parte alguns soldados e graduados em embarcar por não nos terem alterado a nossa mobilização e não nos terem explicado por que razão estávamos a ser deslocados para a Guiné. Alguns elementos foram isolados da restante companhia e postos à guarda da policia aérea responsável pela segurança do aeroporto, foram confrontados por elementos civis e militares se não iam embarcar e as consequências de uma resposta negativa... Responderam, por fim, que embarcavam e seguiram para a pista, saindo o avião com cerca de uma hora de atraso.

Lembro-me de ver alguns familiares no aeroporto militar mas da parte de fora da rede, de ter entrado no avião a chorar de revolta por não nos terem dito a razão da nossa ida para a Guiné, da nossa chegada que foi cerca do meio dia, hora de muito calor, da saída do avião, o cheiro característico a que depois me habituei, o embarque quase de imediato em viaturas militares com destino ao Cumeré.


Último post da série de 5 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26013: Em busca de... (328): Rastrear o percurso do meu avô Joaquim Martins Beirão (1932 - † 1991), 1.º Sargento, enquanto militar na guerra do Ultramar (Osvaldo Beirão Germano)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16957: Notas de leitura (920): “O fim da guerra na Guiné”, por Carlos Alberto G. Martinho, Chiado Editora, 2015 (Mário Beja Santos)

Data de publicação: Maio de 2015
Número de páginas: 220
ISBN: 978-989-51-2877-8
Colecção: Bíos
Género: Biografia
Fonte: Chiado Editora (com a devida vénia...)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 10 de Novembro de 2015:

Queridos amigos,
Carlos Martinho estagiou em Angola como alferes em 1971, em Gago Coutinho e fez a sua comissão na Guiné entre Março de 1972 a Julho de 1974, comandou Os Fantasmas da Bolanha. Manifestou-se como opositor antes de partir para a guerra, rendeu Salgueiro Maia em Guidage, fez parte do cerco ao Palácio do Governador, depois de anunciado o 25 de Abril em Lisboa.
É uma narrativa que nos deixa um travo amargo na boca, de tão esquematizado e em estilo de relatório é o seu depoimento que arranca muito bem com descrições da sua infância numa aldeia na região do Fundão. Terá tido o privilégio de ver grandes mudanças, mas o seu esquematismo é tão rígido que nem lhe deve ter ocorrido que gostaríamos de saber mais da sua passagem por Binta, Guidage e Bigene, que teríamos também curiosidade em que ele escrevesse aquela atmosfera de Bissau com algumas explosões, no primeiro trimestre de 1974, e saber também mais sobre o clima explosivo das tais unidades que queriam imediatamente entregar os quartéis ao PAIGC, di-lo mas não desenvolve. Ora ele foi um protagonista e não mero figurante, perdeu esta ocasião única de deixar um depoimento para a História.

Um abraço do
Mário


O fim da guerra da Guiné, por Carlos Alberto G. Martinho

Beja Santos

O autor, formado em engenharia mecânica pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa, foi, entre 1972 a 1974, capitão miliciano e comandou a CCAV 3568, que atuou na Guiné. Chama à sua narrativa “Histórias de um capitão miliciano e do seu estágio em Angola e das suas origens em Silvares, na Beira Baixa”. Mas essencialmente “O fim da guerra na Guiné”, por Carlos Alberto G. Martinho, Chiado Editora, 2015, é um documento-relatório, que aparece esquematizado por etapas cronológicas, e onde a ênfase é posta no período de Abril de 1972 a Junho de 1974, vamos ver esta CCAV a operar no Olossato, em Quinhamel, em Binta, Bigene e Guidage.

Fala-se da sua infância em Silvares, concelho do Fundão, da pastorícia da região, da emigração da família para a Venezuela, onde ele passou uma parte da sua meninice. Depois do pai ter vendido os seus negócios em Caracas, a família instala-se em Lisboa. Conta episódios da sua juventude, do seu internamento no Colégio Outeiro de S. Miguel, na Guarda e esmiúça a vida e a situação de muita pobreza na aldeia de Silvares. Foi irregular na sua vida universitária e daí ter sido chamado para Mafra antes da conclusão do curso. Participou em manifestações contra o regime. Ainda pensou em desertar mas o pai pediu-lhe para o não fazer. Fez recruta e especialidade em Mafra, entre Outubro de 1970 e Março de 1971, e noutra fase o curso de capitães que concluiu em finais de 1971. Segue-se a descrição do estágio que entretanto fizera na região de Gago Coutinho.

Sempre minucioso na apresentação das suas sinopses, descreve a origem e a formação da CCAV 3568, a sua chegada ao Cumeré, a promessa feita por Spínola de que se acaso a sua companhia se portasse bem no Olossato, ao fim de um ano regressaria a Bissau, veremos adiante que a promessa não foi cumprida.

Estamos agora no Olossato, localidade muito próxima de Bissorã (sede de batalhão), a ligação era feita por picada, com todas as cautelas, atravessava-se um rio secundário, aí estava um destacamento na Ponte do Maqué, a cerca de 4 quilómetros. Descreve a população do Olossato e respetivas etnias. Ficamos a saber que os trabalhos agrícolas da população eram realizados principalmente na Bolanha de Fanjonquito a cerca de 3 quilómetros do Olossato. A primeira ocorrência é de índole disciplinar, o soldado Adão Teixeira embriaga-se repetidas vezes e sempre fazendo uns disparos para o ar com G3. Há também um primeiro-sargento que se mantinha diariamente alcoolizado. Ilustra a delicadeza da vida na Ponte do Maqué com as obrigações diárias de tirar e pôr minas e armadilhas. Em 18 de Maio de 1972, Marcelino da Mata e dois soldados adjuntos chegam ao Olossato vestidos e armados como guerrilheiros e partiram com as milícias para a zona de Suntuariá, regressaram cedo com dois homens, oito mulheres e três crianças. No Olossato iniciaram-se os interrogatórios. O capitão Martinho foi surpreendido com gritos e acorreu à sala do interrogatório, e explica assim a situação:

“Vi esta cena: no meio da sala, um dos homens capturados tinha o braço sobre um pedaço do tronco de uma árvore e Marcelino da Mata estava a bater com outro pau sobre este braço. Gritei imediatamente para pararem com aquilo e perguntei ao alferes o que se estava a passar. O alferes disse-me que aquele homem saberia onde estava o inimigo. Dei ordens para parar com esta situação e informei que não permitiria qualquer tortura. O primeiro-sargento Marcelino da Mata quando se despediu de mim na pista de aviação, para entrar na DO, disse-me: meu capitão, não costumo fazer estas cenas, porque nas operações que faço com os meus homens, por ordem do comando-chefe de Bissau, não trago prisioneiros”.

A população capturada foi entregue em Bissorã. Em 25 de Maio, numa flagelação ao Olossato, o capitão Martinho é ferido com gravidade, uma das mãos fora atravessada por estilhaços da RPG-7, corria o risco de perder dois dedos. Em Julho desse mesmo ano, na picada entre Olossato e Bissorã, explode uma mina anticarro numa Berliet. A cerca de 6 quilómetros de Bissorã a viatura foi pelos ares:

“Todos nós fomos cuspidos da viatura pelos ares, de tal forma que até o meu relógio e a Medalha de Nossa Senhora de Fátima que trazia ao pescoço se perderam para sempre no mato. Um dos soldados ficou gravemente ferido e foi evacuado".

E assim chegamos a 10 de Agosto em que Olossato sofre um ataque violentíssimo, durante cerca de 75 minutos, felizmente não houve acidente de maior. Dois militares morreram por acidente, tinha havido uma banalização dos procedimentos de minar e desminar diariamente perto de Ponte de Maqué, um furriel também morrerá mais tarde num destes tipos de acidentes. Em Maio de 1973, morre o soldado Carlos Viegas por falta de evacuação da Força Aérea, estava-se nesse momento a viver um período dramático na utilização dos mísseis terra-ar Strella. Deduz-se deste relato que a operação mais importante que esta companhia viveu foi a sua participação na Operação Empresa Titânica, entre 27 e 28 de Fevereiro de 1973, na região do Morés. Dá-se então a rendição da CCAV 3568 pela CART 6254, o capitão Martinho e os seus homens vão para Quinhamel, é sol de pouca dura, rapidamente são convocados por Spínola, têm que marchar rapidamente para Guidage.

Estamos em Junho de 1973, chega a Binta e começam os patrulhamentos e a recolha dos corpos das nossas forças, mortas em combate. Ocorre a operação “Abertura rutilante", de 16 de Julho a 17 de Agosto, para a abertura da picada Binta-Guidage. A sua companhia fica em Bigene. Descreve os factos relevantes em Bigene e Guidage. Comanda 250 homens, a sua companhia e a CCAÇ 19, formado essencialmente por tropa africana. Descreve Guidage:

“O quartel estava muito danificado. No meu gabinete tinha caído uma granada de morteiro 82 e o refeitório dos soldados também se encontrava num estado lastimável. Os soldados dormiam nos abrigos fortificados e até nas valas”. E escreve mais adiante: “Foi através dos militares da CCAÇ 19 e do pelotão de artilharia que se soube do local do enterro dos nossos militares, com a sua identificação inscrita num papel introduzido numa garrafa de cerveja. Na sequência do ataque, foi apenas improvisado um cemitério naquela localidade”.

Em Outubro saiu de Guidage e foi para Bigene, só em Dezembro é que é colocado na região de Bissau. Em 26 de Abril, é informado de que houve um golpe de Estado em Portugal. No dia seguinte, o comandante de COMBIS pergunta-lhe se aderiu ao espírito da revolução, responde afirmativamente. E diz mais: “Havia comandantes de batalhões do interior do território e capitães, sobretudo do quadro, que pressionavam para se entrar em negociações diretas com o PAIGC".

Faz parte das unidades que cercaram o palácio do governador Bettencourt Rodrigues, que não aderiu ao 25 de Abril. A sua comissão está praticamente no fim.
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Nota do editor

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13619: Convívios (628): Rescaldo do almoço/convívo do pessoal da CART 6254/72, levado a efeito no passado dia 13 de Setembro em Espinho (Manuel Castro)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Castro (ex-Fur Mil Mec Auto da CART 6254 (Os Presentes do Olossato), Olossato, 1973/74), com data de 16 de Setembro de 2014:

ALMOÇO/CONVÍVIO DO PESSOAL DA CART 6254

ESPINHO - 13 DE SETEMBRO DE 2014

A CART 6254, que esteve no Olossato entre Março de 1973 e Julho de 1974, realizou, no passado dia 13 de Setembro de 2014, o seu 6.º almoço/convívio.

O programa iniciou-se, junto ao memorial dos combatentes, no quartel do Regimento de Engenharia 3, em Espinho, com uma cerimónia em homenagem aos camaradas que tombaram em combate.
Para o efeito o Sr. Comandante do Regimento disponibilizou as instalações e uma pequena força militar devidamente comandada pelo Sr. Alferes Oficial de Dia à Unidade.
A cerimonia terminou com a deposição de uma coroa de flores no memorial.
De seguida, foi celebrada uma missa em memória dos ex combatentes já falecidos.

Terminadas as cerimonias, no RE 3, o grupo seguiu para o restaurante onde almoçou e passou o resto da tarde partilhando memórias e acrescentando mais algumas peças ao puzzle da história da companhia.

Estiveram presentes no evento 30 ex-combatentes e 49 familiares.
Saiu toda a gente muito bem disposta e com a vontade de, anualmente, repetir o acontecimento que se realiza no segundo Sábado de Setembro de cada ano.




Manuel Castro
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Nota do editor

Último poste da série de 16 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13615: Convívios (627): Rescaldo do Encontro do pessoal da Magnífica Tabanca da Linha, ocorrido no passado dia 11 de Setembro de 2014 (José Manuel Matos Dinis e Manuel Resende)

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13489: Convívios (616): VI Encontro do pessoal da CART 6254/72, dia 13 de Setembro de 2014, em Paramos - Espinho (Manuel Castro)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Castro (ex-Fur Mil Mec Auto da CART 6254 (Os Presentes do Olossato), Olossato, 1973/74), com data de 10 de Agosto de 2014:

Meu caro Carlos Vinhal,
Os ex-combatentes que fizeram parte da CART 6254/72, que esteve sediada no Olossato e depois no Dugal, vão levar a cabo, no dia 13 Setembro de 2014, o seu 6.º almoço/convívio.
O recepção será, às 10 horas, no Regimento de Engenharia n.º 3.

Pedia-te o favor de publicitares o nosso almoço, no site do Luís Graça.
Anexo o respectivo programa.

Contactos: Ex-Furriel Figueiredo (Seringas) 967 090 603 - Porto
Ex-Furriel Castro (Rodinhas) 962 471 506 - 258 731 207 - E-Mail: casadolaranjal@gmail.com
Carvalho e Sá (M.A.R.) 917 611 175 / 220 812 480

Um grande abraço e muito obrigado pela atenção
Manuel Castro 
Ex-Fur Mil da CART 6254
casadolaranjal@gmail.com



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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13418: Convívios (615): I Encontro de Paraquedistas do Oeste, dia 6 de Setembro de 2014, no Vimeiro (Lourinhã)

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11895: Convívios (522): 5.º Almoço do pessoal da CART 6254/72 - "Os Presentes do Olossato", dia 14 de Setembro de 2013 em Paramos-Espinho (Manuel Castro)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Castro (ex-Fur Mil Mec Auto da CART 6254 - Os Presentes do OlossatoOlossato, 1973/74):

Meu caro Carlos Vinhal,
Os ex-combatentes que fizeram parte da CART 6254/72, que esteve sediada no Olossato e depois no Dugal, vão levar a cabo, no dia 14 Setembro de 2013, o seu 5º almoço/convívio.
O repasto vai realizar-se no restaurante Casarão do Emigrante em Paramos, Espinho.
A concentração será, às 10 horas, no Regimento de Engenharia nº 3.

Pedia-te o favor de publicitares o nosso almoço, no site do Luís Graça.
Anexo o respetivo programa.

Contactos:
Ex-Furriel Figueiredo (Seringas) 967 090 603 - Porto
Ex-Furriel Castro (Rodinhas) 962 471 506 - 258 731 207 - E-Mail: casadolaranjal@gmail.com
Carvalho e Sá (M.A.R.) 917 611 175 / 220 812 480

Um grande abraço e muito obrigado pela atenção
Manuel Castro
Ex-Fur Mil da CART 6254
casadolaranjal@gmail.com


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Nota do editor

Último poste da série de 12 DE JULHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11833: Convívios (521): Factos e imagens do XXIII Encontro da CART 3494 – 2008 (Jorge Araújo / Sousa de Castro)

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Guiné 63/74 – P10238: Convívios (461): IV Almoço / Convívio do pessoal da CART 6254, dia 8 de Setembro de 2012 na Quinta de Santo Antão - Batalha (Manuel Castro)

IV ALMOÇO / CONVÍVIO DO PESSOAL DA CART 6254 
OS PRESENTES DO OLOSSATO

DIA 8 DE SETEMBRO DE 2012, NA QUINTA DE SANTO ANTÃO - BATALHA


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Castro (ex-Fur Mil Mec da CART 6254 - Os Presentes do Olossato, Olossato, 1973/74), com data de 8 de Agosto de 2012:

Meu caro Carlos Vinhal,
Os Ex-combatentes que fizeram parte da Companhia de Artilharia 6254/72, que esteve sediada no Olossato e depois no Dugal, vão levar a cabo, no dia 08 Setembro de 2012, o seu 4.º almoço convívio.

O evento vai realizar-se na quinta de Santo Antão, na Batalha.

A concentração será, às 10 horas, no Santuário de Fátima, no recinto do lado Sul junto à Cruz Alta.

Pedia-te o favor de publicitares o nosso almoço, no site do Luís Graça.

Anexo o respetivo programa.

Contactos:
Ex-Furriel Figueiredo (Seringas) 967 090 603 - Porto
Ex-Furriel Castro (Rodinhas) 962 471 506 - 258 731 207 - E-Mail casadolaranjal@gmail.com
Carvalho e Sá (M.A.R.) 917 611 175 / 220 812 480

Um grande abraço.
Manuel Castro
(Ex-Fur Mil da CART 6254)
casadolaranjal@gmail.com

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 29 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 – P10205: Convívios (460): Almoço comemorativo dos 38 anos do regresso das 2ª e 3ª CART do BART 6523, no próximo dia 8 de Setembro, Braga (António Barbosa)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8827: Convívios (376): 3.º Encontro da CART 6254 realizado no dia 17 de Setembro de 2011 em Vila Nova de Gaia (Manuel Castro)

3.º ALMOÇO/CONVÍVIO DA CART 6254, REALIZADO NO DIA 17 DE SETEMBRO DE 2011 EM VILA NOVA DE GAIA



1. Mensagem do nosso camarada Manuel Castro (ex-Fur Mil Mec da CART 6254 - Os Presentes do Olossato, Olossato, 1973/74), com data de 24 de Setembro de 2011:

Meu caro Carlos Vinhal,
A CART 6254, que esteve no Olossato entre Março de 1973 e Julho de 1974, realizou no passado dia 17 de Setembro de 2011 o seu 3.º Almoço/Convívio.

O programa iniciou-se, junto ao memorial dos combatentes, no Quartel da Serra do Pilar em Vila Nova de Gaia, com uma cerimónia em homenagem aos camaradas que tombaram em combate. Para o efeito o Sr. Comandante do Regimento disponibilizou as instalações e uma pequena força militar devidamente comandada pelo Sr. Capitão Oficial de Dia à Unidade.

A cerimónia terminou com a deposição de uma coroa de flores no memorial.
De seguida, foi celebrada uma missa em memória dos ex-combatentes já falecidos.

Terminadas as cerimónias, no RAS (Ex-RAP 2), o grupo seguiu para o restaurante onde almoçou e passou o resto da a tarde em franco convívio. Estiveram presentes no evento 58 ex-combatentes e 49 familiares.

Saiu toda agente muito bem disposta e com a vontade de, anualmente, repetir o acontecimento que passará a realizar-se no segundo Sábado de Setembro de cada ano.

Um Grade abraço
Manuel Castro
(Ex-Furriel Mecânico da Cart 6254)

Momento da deposição da coroa de flores junto ao Memorial

A Força presente no momento da homenagem aos mortos

Convívio à mesa

Convívio na Parada
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8804: Convívios (369): XVIII Encontro da CCAÇ 727, dia 8 de Outubro de 2011, no RI 3 de Beja

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6771: Convívios (262): 2º Encontro do pessoal da CART 6254 (Manuel Castro)


1. O nosso Camarada Manuel Castro, que foi Fur Mil At Art da CART 6254/72, enviou-nos em 16 de Julho de 2010, o programa do almoço/Convívio da sua Companhia, cujo ressort assentou alicerces em Olossato e no Dugal, 1972/74:

Camaradas,
Os ex-Combatentes que fizeram parte da Companhia de Artilharia 6254/72 e esteve sediada no Olossato, e no Dugal, vão levar a cabo, no próximo dia 11 Setembro de 2010, o seu 2º Almoço/Convívio.
O programa da festa é o seguinte:

Um abraço
Manuel Castro
Fur Mil At Art da CART 6254)
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:
16 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6752: Convívios (176): Encontro do pessoal da CART 6250 "UNIDOS" DE MAMPATÁ (Luís Marcelino)

sábado, 23 de setembro de 2006

Guiné 63/74 - P1109: O Manuel Castro, ex-furriel miliciano da CART 6254 (Olossato, 1973/74) (Sousa de Castro)

1. Mensagem do nosso camarada, e tertuliano n.º 2, Sousa de Castro, (foto à direita), ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74: 

O Eng Manuel Castro foi furriel e pertenceu à CART 6254 - Os Presentes do Olossato, desde Março 1973 a Agosto 1974.
 
Já faz parte da nossa tertúlia, quase desde o início (Maio de 2005). Lembro-me que em tempos fez apontamento neste blogue, evocando o facto de ter sido ferido na Guiné. Foi também através deste blogue que veio a encontrar um camarada de armas (*).

Quanto ao episódio em que foi ferido, quero convidá-lo a partilhar a sua estória, essa e outras, com toda a nossa tertúlia.

Em tempos, logo no início do nosso blogue, eu próprio já tinha escrito o seguinte:

Fui eu que o meti [, ao Manuel Castro,] nestas andanças, trabalhamos ambos na mesma empresa, a ENVC (Estaleiros Navais de Viana do Castelo), e o facto é que ele já conseguiu encontrar alguns colegas da CART 6254 a que pertenceu.

Eu ando há muito tempo nisto, tenho feito alguns apelos e ainda não apareceu na Net ninguém da minha CART 3494, "Os Fantasmas do Xime" (Dezembro de 1971/Abril de 1974) (...)



Saudações tertulianas,
Sousa de Castro

PS - Confirmo, que a campa que apareceu em Bambadinca, [no programa Em Reportagem, da RTP1, de 19 de Setembro, ] pertence a um soldado da minha CART 3494 e creio, se não me falha a memória, que esse soldado era natural de Famalicão.
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Nota do editor:

(*) Vd. post de 25 de Maio de 2005 > Guiné 69/71 - XXV: Aerogramas de amigos e camaradas (1)

25 de Maio de 2005:
Amigos, algum de vocês conhece alguém que tenha feito parte da CART 6254 "Os presentes de Olossato", Março de 73/Agosto 74? Se, por acaso, conhecerem alguém, agradecia contacto.
Manuel Castro
(Viana do Castelo)

25 de Maio de 2005:
Manuel Castro, indico-lhe dois contactos:(i) António Pedras (seripbar@sapo.pt); e (ii) o ex-furriel miliciano João Ferreira (ilferreira@net.sapo.pt).
Certamente que os conhecerá. Eram seus ex-camaradas da CART 6254.
Afonso M. F. Sousa