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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8095: FAP (64): Procuro informações sobre o meu avô, 1º Cabo MMA, Fernando Ferreira Martins (Bissalanca, AB2, 1963/1964), morto em acidente em 26/3/1964 (João Martins)



Guiné > Bissau > Bissalanca > AB2 (Aeródromo base nº 2) > 1964 (?) > O 1º Cabo MMA  Fernando Ferreira Martins na messe (JM),  edifício nº 1041






Guiné > Bissau > 1964 (?) > A "casa desconhecida", diz o João Martins... "Casa onde o meu avô possivelmente viveu"... [Já agora, caros leitores, que marca será a deste carro ? E já agora, modelo e ano... A matrícula é da Guiné... Mercedes, provavelmente modelo 170, dos anos cinquenta, diz o Zé Manel Dinis, que é perito em carros antigos... E eu ia a jurar que era um... Ford!]





Guiné > Bissau > Bissalanca > AB2 (Aeródromo base nº 2) > 1964 (?) > O 1º Cabo MMA  Fernando Ferreira Martins com mais 3 camaradas... [ Peço aos camaradas da FAP para identificar as aeronaves... Dakota, segundo o Jorge Narciso. Cabeça a minha, já não me lembrava!]


Guiné > Bissau > Bissalanca > AB2 (Aeródromo base nº 2) > 1964 (?) > Mais uma foto do nosso 1º Cabo MMA  Martins na pista de aviação ...[ Peço aos camaradas da FAP para identificar as aeronaves... T 6 Harvard, segundo o Jorge Narciso ]



Guiné > Bissau > Bissalanca > AB2 (Aeródromo base nº 2) > 1964 (?) >  Capa da caderneta de voo do nosso 1º Cabo MMA Fernando Ferreira Martins


Guiné > Bissau > Bissalanca > AB2 (Aeródromo base nº 2) > Caderneta de voo > Março de 1964 >  O último voo (registado) do 1º Cabo MMA Martins foi a 24 de Março de 1964, em Heli Alouette, nº de matrícula 9206, como mecânico. Missão: local. Duração: 20 minutos. Total de tempo de voo: 256 h 35 m (como mecânico), mais 2h 10m como passageiro...  Se este foi o seu último, o acidente de serviço que o vitimou terá sido em terra... Um ponto por esclarecer... Nesse mês voou também em Avioneta Auster, como  MMA. Pelo total de horas regitado na caderneta, o Martins deve ter ido para o TO da Guiné em 1963.



Guiné > Bissau > Bissalanca > AB2 (Aeródromo base nº 2) > 1964 (?) > Folha nº 18 da Caderneta de voo onde o Comandante do Agrupamento Operacional escreveu: "Encerra-se a presente caderneta em virtude de o seu titular ter falecido em serviço no dia 26 [e não 20] Março 64. O.S. n~73 de 27 de Março 64 do AB2. Quartel em Bissalanca, 20 de Maio 64. O Comandante do Agrup Operacional". (Se se ampliar a imagem, verifica-se que a data do acidente em serviço foi 26 e não 20 de Março de 1964).



Guiné > Bissau (?) > Arredores > O 1~Cabo MMA Martins, na 2º fila, o primeiro a contar da direita para a esquerda, mais 3 camaradas,  junto a um grupo da população local (mulheres e crianças). Estando os 4 camaradas à civil, tudo indica que a foto tenha sido tirada em Bissau ou arredores.




Guiné > Bissau >  1964 (?) >  Da direita para a esquerda, o Fernando Ferreira Martins mais os seus três amigos (cuja identidade se desconhece)... Diz o nosso camarada Arménio Estorninho, que esta foto apresentada foi tirada na Praça Teixeira Pinto, em Bissau e tendo como fundo a Mata Teixeira Pinto "que era um Parque de Lazer" 




Guiné > Bissau >  1964 (?) >  O Fernando Ferreira Martins (o segundo a contar da direita para a esquerda) na Praça Honório Barreto (se não me engano...)



Guiné > Bissau (?)  >  Arredores > 1964 (?) >  Da direita para a esquerda, o Fernando Ferreira Martins  é o terceiro 


Legendas: J.M. / L.G. Fotos editadas por L.G.


Fotos: © João Martins (2011). Todos os direitos reservados  





1. Mensagem de João Martins:



Data - Terça-feira, 12 de Abril de 2011 11:32

Assunto - 
Fernando Martins - Bissau 64

Caro Luís Graça,

Espero que este email o encontre bem. Chamo-me João Martins e descobri o seu Blog através do meu pai, que já tinha navegado por alguns blogs sobre a Guiné em busca de mais informação. 

O meu pai não esteve lá, mas o pai dele e meu avô - Fernando Ferreira Martins -, esteve.Segundo os registos faleceu lá a 20 de Março 1964 num acidente com um Alouette, era mecânico da FAP. 

Segundo percebi, toda esta situação foi um pouco "abafada",  não se percebendo bem o que aconteceu. Na sua juventude, o meu pai procurou mais alguma informação mas nunca chegou a conseguir saber o que teria realmente acontecido.

Bem, talvez por ironia do destino, estou a concluir os meus estudos na área do pós-conflito e irei na próxima semana fazer investigação para o Bairro do Quelele, em Bissau (tentar perceber qual a evolução desde a guerra de 98/99). Como estou lá, tinha todo o gosto em conseguir pelo menos descobrir a casa onde o meu avô viveu, e possivelmente o local do acidente...Gostava de ir lá. Certamente, compreende o que digo. 

Obviamente que todas e quaisquer informações adicionais que conseguisse descobrir seriam muito bem recebidas! Embora nunca tenham remexido muito no assunto, creio que tanto o meu pai como a minha avó ficariam muito contentes por poderem saber mais novidades.

Assim, vinha-lhe pedir ajuda. Tenho noção que provavelmente não me a conseguirá dar, mas tinha que tentar. Envio-lhe em anexo a digitalização da caderneta de voo, com as duas últimas páginas, que relatam os últimos voos e a notícia do falecimento (poderá reparar que o último voo é datado de dia 24 e o falecimento de dia 20 ...). 

Envio também algumas fotos em que aparece o meu avô e outras em que aparece juntamente com 3 camaradas que aparecem sempre com ele em todas as fotos. Aparecem sempre os 4 juntos, não sei quem são, mas tenho a certeza que eram muito chegados.  

Agradeço desde já a atenção dispensada.

Os melhores cumprimentos,

João


2. Comentário de L.G.:

Fico sensibilizado pelo seu gesto,  não só por procurar conhecer melhor as circunstâncias em que morreu o seu avô, e nosso camarada,  Fernando Ferreira Martins,  mas também  por vir "bater à porta" da nossa Tabanca Grande...

Além de publicar a sua mensagem e as fotos que nos mandou, iremos fazer um apelo,sobretudo aos nossos camaradas da Força Aérea, que integram a nossa Tabanca Grande bem como o blogue Especialistas da BA12 Guiné 65/74, fundado e superiormente dirigido por Victor Barata. Outra fonte importante é o portal UltramarTerraweb, também ligado aos veteranos da guerra do ultramar,

Ora, segundo a valiosa informação recolhida, analisada, sistematizada  e divulgada pelo veterano J. C. Abreu dos Santos, sob a forma de ficheiro em pdf, datado de 1 de Fevereiro de 2010,  relativo aos Militares Mortos em Serviços > FAP - Pilotos e especialistas > De 12 de Abril de 1959 a 14 de Novembro de 1975, disponível no portal Ultramar Terraweb,  o seu avô era  1º Cabo MMA  [Mecânico de Manutenção Aérea] e estava colocada no TO da Guiné, no AB2 [Aeródromo Base nº 2, em Bissalanca, que daria depois lugar à BA 12 - Base Aérea nº 12, em 1965]. Estava afecto aos Helicópteros Alouette III e morreu a 26/3/1964 [e não a 20], por acidente,  ocorrido a  "2km sul de Bissalanca" (sic)... 


Sobre as circunstâncias do acidente, há a seguinte informação muito sucinta, lacónica, no citado documento: "Caiu  [o heli ?] a 1,5 m e rotor atingiu os ocupantes" (sic). Neste acidente terá morrido também o  2º Srgt MMA Alexandre Manuel Ramalho de Matos, natural de Estremoz.  Se os dois (o seu avô e o 2º sargento) eram "ocupantes", isso quererá dizer que o acidente ocorreu durante um voo... Mas, nesse caso, o que terá acontecido ao piloto ? E o que faziam dois mecânicos, um cabo e um sargento, no mesmo Alouette ? 

No Blogue Especialistas da BA12 Guiné 65/74, numa pesquisa rápida, não encontrei informação sobre este acidente nem sobre as duas (pelo menos) vítimas mortais. Vou pedir ao nosso camarada e amigo Victor Barata os seus bons ofícios para que divulge, no seu blogue, este poste, incluindo a sua mensagem e as fotos do seu avô (e dos seus amigos e camaradas).

Desejo-lhe boa sorte para o seu trabalho de campo, em Bissau, no bairro de Quelelé (onde temos amigos). Tem aqui o mapa da ilha de Bissau, de 1949 (Escala 1/50000)... Claro que houve muitas mudanças depois disso, hoje Bissau está (quase) irreconhecível... Já agora diga-me qual é a sua formação académica de base: sociologia, antropologia, ciência política ?... 

Receba um Alfa Bravo (ABraço) de todos nós,  membros desta Tabanca Grande. E a propósito, fica convidado para se juntar esta comunidade de antigos combatentes (e amigos da Guiné) que partilham aqui histórias, memórias e afectos. Luís Graça

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Nota do editor


 Último poste da série > 3 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7892: FAP (63): Ainda a propósito do malogrado Fur Mil Pil Frederico Vidal (1943-1964) (Manuel Amante / Carlos Cordeiro)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6897: Convívios (267): 1º Encontro da Tertúlia “Linha da Frente”, 4 de Setembro de 2010, na Base das Cortes em Leiria (Victor Barata)


1. O nosso Camarada Victor Barata, criador e editor do blogue dos Especialistas da BA12, Guiné 1965/74, enviou-nos uma mensagem em 12 de Agosto de 2010, solicitando-nos a divulgação da primeira festa desta sua Tertúlia:


1º Encontro da Tertúlia "LINHA DA FRENTE"
Caro companheiro Tertuliano.
Aproxima-se o dia 4 de Setembro, data esta que assinalará o 1º Encontro da nossa Tertúlia “LINHA DA FRENTE”.
É um reencontro de antigos e actuais companheiros que nos servirá para mais um momento de confraternização, reviver um passado recente e o recordar de uma vida que começa a caminhar para o “último voo”.
Esperamos ansiosamente pela tua inscrição para tão honroso encontro, pois a tua presença é que nos incentiva para manter sempre a qualidade do "ESPECIALISTAS DA BA12 e OUTROS".
Esperamos receber-te na Base das Cortes, em Leiria, no dia 4.
Saudações Aeronáuticas.
Augusto Ferreira
João Carlos Silva
Jorge Mendes
Victor Barata


NOTA: Por questões logísticas, agradecemos que a inscrição seja feita até ao dia 1 de Setembro
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Nota de M.R.:
Vd. também o último poste desta série em:


22 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6883: Convívios (183): Primeiro Encontro da CCAÇ 3327 (Os Nómadas), Coimbra, 17 de Julho de 2010 (José da Câmara)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4383: Homenagem ao Serviço de Saúde das nossas Forças Armadas (Luís Faria)

1. Mensagem de Luís Faria, ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72, com data de 18 de Maio de 2009:

Amigo Vinhal

Envio-te um e (hi)stória não muito comum creio, que publicas se achares.

Com um abraço
Luís Faria


Embarques e desembarques
Ou o homem que não quis morrer


À altura julgo que era do conhecimento comum dizer-se que, ferido que conseguisse chegar vivo ao Hospital de Bissau, se safava!

Seria um bocado de exagero mas, para além de moralizador e aliado ao facto de por norma mediar escasso tempo entre o ferimento e a evacuação, sentia-se um certo apoio e segurança! De qualquer dos modos e ao que sei, o palmarés do Hospital era sobremaneira positivo.

Aquando de uma operação a Ponta Matar, passámos por violento recontro em que sofremos infelizmente um morto e cinco feridos.

Um Homem meu foi um desses feridos, com gravidade. É a e(hi)stória destes momentos que resolvi contar, talvez por ter estado demasiadamente envolvido e pela invulgaridade creio, do que aconteceu.

O confronto era aceso, os rebentamentos e os tiros sobravam!

O dada altura a meu lado cai um soldado meu, que fica prostrado e a esvair-se, traçado no pescoço por, salvo erro, quatro tiros.

Ao acercar-me, pede-me num murmúrio entrecortado que comunique com os Pais e lhes diga … ao que, apostando com ele uma grade de bazucas, respondo que não será preciso, pois vai safar-se…!

Desfalece! O héli-evacuação chega e a Enf. Pára apeia-se para a recepção e triagem dos feridos por ter que haver prioridades, atendendo ao número.

Tomo o pulso do meu Homem e sinto-lhe muito espaçadamente a pulsação!

Ainda está vivo!! De imediato é metido no héli.

A Enfermeira vê-o naquele estado, não reconhece sinais de vida e retira-o, para dar lugar a outro ferido. Parece mentira, não acredito, naqueles segundos…apagou-se!!

Por mera confirmação, tomo-lhe novamente o pulso e… sinto-o de novo, muito fracamente!!!

É metido no heli, afirmo à Enfermeira que está vivo… que tem pulso, fraco mas tem!!

Felizmente confirmada a situação, o héli descola para o seu destino, Bissau.

Chegado ao quartel, informam-me que o héli tinha descido em Bula para desembarcar o meu Homem, de novo dado como morto e regressar a P. Matar a buscar outros feridos, mas que o Médico (?) conseguiu aperceber-se novamente de uma réstia de vida e… o héli seguiu para Bissau.

Nunca mais soube nada do meu Homem… considerei-o como morto e na guerra continuei o meu caminho.

Um final feliz

Acabada a comissão e regressado à Metrópole, casei e um dia, acompanhado pela minha mulher seguia na Av. Fontes Pereira de Melo e ouço chamarem-me:

- Furriel Faria… Furriel Faria …!!??

Olhei e não queria acreditar!!! Fiquei parado… estupefacto!! Afinal tinha sobrevivido, graças a Deus!!! Era o meu Homem, ligeiramente rouco mas de boa saúde.

De há dois ou três anos a esta parte, encontramo-nos na reunião da Força e creio que só desde esta altura é que ele soube, não por mim, da história, uma história com um final feliz!

Quero terminar este relato-história com um agradecimento a todos os que exerceram funções no Hospital Militar de Bissau, aos valentes e abnegados da FAP na Guiné, sempre prontos a prestar o seu auxílio incondicional quer nas evacuações quer na segurança às tropas, não esquecendo as nossas Queridas Enfermeiras Pára que para alem de visões celestiais eram visões de Esperança e conforto.

Aos nossos Médicos no terreno.

Aos nossos queridos Enfermeiros que, como o Urbano, o Taia, o Silva o Braga, o Brejo e a todos os outros que andavam connosco na mata, sujeitos aos mesmos sacrifícios e perigos, com a agravante de eventualmente debaixo de fogo terem que se arriscar mais, para irem em socorro de um ferido.

Um bem-haja a todos e o meu Obrigado, ao fim de tantos anos.


Luís Faria

Nesta foto, a nossa querida camarada Enf.ª Pára-quedista Giselda junto de um héli e respectiva tripulação. Quem nunca assistiu a uma evacuação? Sangue-frio e competência, principais atributos destas pessoas que tomavam nas suas mãos algumas vidas presas por ténues fios.

Foto: © Giselda Pessoa (2009). Direitos reservados.
Legenda de CV

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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 16 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4361: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria) (14): Um mês complicado (3) O osso

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3923: Tabanca Grande (122): João Carlos Silva, ex-Cabo Especialista da Força Aérea Portuguesa (1979/82)

1. Mensagem de João Carlos Sousa Silva (1), Cabo Especialista da FAP (1979/82), com data de 19 de Fevereiro de 2009:

Caro Carlos Vinhal,

Após algumas hesitações, aproveito a oportunidade dada por vários Posts para responder ao vosso convite/desafio para integrar a Tabanca Grande. Assim, envio uma fotografia do tempo militar enquanto Cabo Especialista e outras duas actuais. A militar foi tirada num FIAT G-91 T-3 (versão de treino com dois lugares) na BA6 Montijo por volta de 1981, das actuais uma foi tirada na BA2 Ota, 29 anos depois no mesmo local da foto do meu pelotão na recruta, mas infelizmente sem os restantes companheiros (através do blog Especialistas da BA12 percebi que era da praxe tirar essas fotografias em todas as recrutas).

Fui voluntário para a FAP com 17 anos em Junho de 1979 (2.ª/79), tendo tirado a Especialidade de Mecânico de Material Aéreo (MMA), Recruta e Curso na BA2 Ota.

Posteriormente fui colocado na BA6 Montijo na Esquadra 301 Jaguares como Mecânico de FIAT G-91, onde estive até sair da FAP, 3 anos depois. Tive uma passagem de 3 meses pela BA4 Lajes em 1980 com os FIAT.

Feitas as apresentações, agora os tais Posts que acima referi. Destaco o P3885 (2) e o P3887 (3). O primeiro pela enorme satisfação em ver reconhecida a valorosa acção dos elementos da FAP na Guiné, por essa nobre instituição ADFA e pela carga simbólica que a mesma implica. Louvo também as diversas mensagens relativas às Enfas. Pára-Quedistas quanto à necessidade da sua inclusão nessa homenagem. O segundo pela mensagem franca, pura, bonita, emocionante dirigida pelo ex-Fur Mil Op Esp J. Casimiro Carvalho ao Cor Pilav Miguel Pessoa.

Adicionalmente, lendo atentamente os Posts mais recentes do Ten Gen António Matos, do Cor Art Nuno Rubim e do Cor Art Coutinho e Lima sobre o dossiê Guiledje, vários pensamentos me ocorrem. O primeiro é o de que sem dúvida foi uma situação de guerra muito complicada em que os intervenientes passaram momentos muito difíceis e nem sempre com o apoio necessário. Depois, fico pasmado como é possível existirem versões tão diferentes dos mesmos acontecimentos. Pessoalmente não considero que a versão aérea ou a vivência do ar versus a versão terrestre ou a vivência terrestre seja menos correcta ou verdadeira, e vice-versa, considero que ambas terão vantagens e desvantagens, por isso até deveriam ser complementares. Não consideram uma mais valia importante a informação obtida por esses dois prismas? Não seria a informação mais completa e correcta? Não poderia permitir uma melhor actuação e eficácia?

Leio e releio e, seguramente que os intervenientes são pessoas de bem, por isso mesmo é–me difícil entender tanta discrepância. Consigo identificar algumas respostas pouco claras que não invalidam afirmações feitas e consigo encontrar contradições que poderiam dar azo a novas questões, originando um sem fim de mensagens e por ventura uma difícil conclusão.

Estando de fora (por não ter vivido esses acontecimentos), mas não pouco interessado em relação ao que esses acontecimentos representaram na História do meu País e na vida dos nossos ex-Combatentes, tenho pena que não se consiga ter uma visão comum sobre os mesmos factos, mas, como dizia o José Dinis num comentário ao meu anterior P3844 (1), "...isso continuará a ser o resultado dos diferentes olhares, das diferentes maneiras como os vimos, como os entendemos, ou como ouvimos falar deles.". Eu acrescentaria e o resultado de diferentes conhecimentos dos dados que originaram que determinada acção tivesse sido conduzida de uma determinada forma (o que a tornará por vezes ininteligível para outros envolvidos).

Parece-me claro que, também como vamos aprendendo na vida, ninguém é dono da verdade absoluta. Também me parece claro e parafraseando o Cor Pilav Miguel Pessoa no seu P3816 (4) "… que isto de combater, cada um fá-lo da maneira que pode e sabe, e nas funções para que está mais habilitado.". Eu pessoalmente acredito que todos fizeram o melhor que estava ao seu alcance em cada momento em que foram chamados a intervir.

Considero muito importante que se possa saber destes diferentes pontos de vista, pois para além de ser revelador de sã liberdade de expressão, permite a quem está realmente interessado, um conhecimento mais abrangente, completo e porque não mais verdadeiro desses acontecimentos.

Ao preparar esta mensagem, li hoje o P3911 (5) do Cor Pilav Miguel Pessoa confirmando, para mais, as suas 400 missões mesmo com 4 meses de interregno. Também referindo que as do Ten Gen Pilav António Matos terão sido mais. É obra e como creio que não tenham sido só eles, realmente não foi deixar de voar após Strela. Seguramente passaram a fazê-lo de forma diferente, originando uma percepção também diferente para quem necessitava do apoio que vinha do Ar. Especialmente na fase mais complicada do conflito para todos os envolvidos.

Desculpem-me o atrevimento de opinar, se calhar de forma tão superficial, sobre tão delicado tema, mas, creiam que o faço por genuíno interesse em informar-me sobre tantos esforços e perigos passados por esta geração de ex-Combatentes ao serviço de Portugal.

"De Nada a Forte Gente se Temia" – Lema da Esquadra 301 Jaguares

Saudações Especiais
João Carlos Silva
MMA,
Jaguares (FIAT G-91)
2ª/79

João Carlos Silva na Base Aérea do Montijo, quando Especialista da FAP

João Carlos Silva, na actualidade, na Base Aérea da OTA



2. Comentário de CV

Caro João, obrigado por teres aceite o nosso convite. É um prazer enorme ter entre a macacada, tropa de elite como a FA e a Marinha.

Peço-te que não te coíbas de fazer qualquer comentário que aches oportuno, porque como se infere das tuas palavras, mesmo entre os intervenientes há pontos de vista diferentes, logo quem não viveu os acontecimentos poderá ter uma visão mais clara e desapaixonada.

Claro que reparaste que nos estamos a tratar já por tu, o que é normal entre camaradas. Idades, antigos postos e condição social, não são para aqui chamados.

Deixo-te o abraço fraterno em nome da tertúlia e votos de que estejas entre nós o mais tempo possível. Somos um pouco mais velhos (menos novos), mas isso não impede uma sã convivência.

CV
__________

Notas de CV:

Vd. os seguintes postes:

(1) de 5 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3844: FAP (5): Reflexões sobre o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (João Carlos Silva)

(2) de 13 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3885: FAP (10): Obrigado, Tenente Piloto Aviador Pessoa (J. Casimiro Carvalho, CCAV 88350, Piratas de Guileje)

(3) de 13 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3887: Iniciativas da ADFA em Lisboa (Luís Nabais)

(4) de 29 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3816: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (5): Strellado nos céus de Guileje, em 25 de Março de 1973 (Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav)

(5) de 18 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3911: Dossiê Madina do Boé e o 24 de Setembro (1): Em 1995, confirmaram-me que o local da cerimónia foi mais a sul (Miguel Pessoa)

Vd. último poste da série de 20 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3916: Tabanca Grande (121): Giselda Antunes Pessoa, ex-Enfermeira Pára-quedista (Agosto de 1970 / Maio de 1974)

quarta-feira, 10 de maio de 2006

Guiné 63/74 - P739: Tabanca Grande: Victor Barata, MELEC da FAP (1971/73)

Força Aérea Portuguesa (FAP) > Museu do Ar > Alverca > Imagem de um DO 27
© Museu do Ar - Alverca (2006) (com a devida vénia...) (1)


1. Texto de Victor Barata, ex-especialista da Força Aérea Portuguesa, MELEC (1) de Aviões e Instrumentos de Bordo, Guiné, 1971/73.

Luis Graça,

Não tenho a honra de te conhecer mas tenho o privilégio de ser, há uns dois meses a esta parte, um assíduo [visitante] e admirador do teu site Blogue-Fora Nada. Parabéns!

Por diversas vezes redigi um artigo com um assunto que me traz no peito há 35 anos, relativo a uma episódio passado na Guiné, mas sempre achei que era inoportuno da minha parte estar a meter a foice em seara alheia e como tal nunca tive a coragem de o enviar.

Isto tudo, porquê? Porque servi, com muito orgulho, a Força Aérea Portuguesa (FAP)!

Para meu espanto e alegria em paralelo, aparece um companheiro da Armada (2) e de imediato tu a salientares a falta de um da FAP!

Pois, do que é que eu estou à espera para entrar nesta maravilhosa colectânea de recordações de toda a espécie e saudar todos os que me vão receber, e a ti agradecer esta minha primeira intervenção ?!

Fui Especialista da FAP, na área dos Instrumentos de Bordo, de 1969 a 1974. Fiz a Guiné de 1971 a 73, na linha da frente das DO 27. Conheço tudo o que era sítio onde havia a pista de aterragem para este tipo de aeronave.

Oportunamente, se me for permitido, contarei o tal episódio que tenho preso há 35 anos!

Bem hajas! Victor Barata.


2. Comentário de L.G.:

Victor: A pista pode ser curta mas é toda tua... Na nossa caserna cabem todos os camaradas, sejam eles terrestres, voadores ou anfíbios. A FAP, tão dignamente representada por ti, é bem especialmente bem vinda à nossa tertúlia e ao nosso blogue... 

Por mim, sempre tive uma especial admiração pelos malucos das dessas máquinas voadoras que eram as DO 27 e que nos traziam notícias do mundo, do outro do mundo... Já não gostava tanto quando elas, em vez do carteiro, transportavam o senhor major de operações ou do senhor comandante de qualquer coisa... Ou sejam, quando de frágil caranguejola eram promovidas a um coisa que pomposamente se chamava o PCV.

Um reparo: o blogue chama-se Luís Graça & Camaradas da Guiné > Blogue-fora-nada. Eu sou apenas o editor. A partir de hoje o blogue também é teu, de pleno direito. Vou publicar o texto adicional que me mandaste, e que é um bonito testemunho de solidariedade em tempo de guerra, ou seja, de camaradgem. Se tiveres fotos desses tempos que já lá vão, manda, que os tertulianos têm ainda a ilusão de que recordar é viver duas vezes...
__________

Notas de L.G.

(1) No sítido do Museu do Ar, em Alverca (e que está aberto das 10 às 17 - Jul, Ago e Set, das 10 às 18 -, encerrando à segunda-feira, 1 de Jan, Domingo de Páscoa e 24 e 25 de Dez), pode ler-se o seguinte sobre a história do DO 27 em Portugal:

"Os aviões Do 27, de que a Força Aérea teve 133 exemplares nas versões A3 e A4, começaram a ser recebidos em 1961. Estes aviões foram adquiridos para operação no Ultramar, em missões de transporte ligeiro, evacuação sanitária e reconhecimento armado - para o que era equipado com lança foguetes - e operaram, praticamente, de todas as unidades do Ultramar. No fim das hostilidades alguns aviões foram cedidos aos novos países independentes e os restantes voltaram para a Metrópole onde serviram até 1979. O Museu do Ar tem 3 Do 27 estando todos a voar".

(2) Vd. post de 21 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXIII: Apresenta-se o Imediato da NRP Orion (1966/68) e 1º tenente da reserva naval Lema Santos