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sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24710: Coisas & loisas do nosso tempo de meninos e moços (3): A minha primeira viagem (de comboio) (Carlos Vinhal)

Estação Ferroviária da Senhora da Hora - Matosinhos - Autor desconhecido


A minha primeira viagem (de comboio)

Teria pouco mais que 8 meses de gestação, estando ainda no quentinho da barriguinha da minha mãe, quando fiz a minha primeira viagem.

Em Dezembro de 1945, o meu pai, ainda solteiro, havia “emigrado” de Azurara, freguesia do concelho de Vila do Conde, para Matosinhos em busca de uma vida melhor.
Um familiar da minha mãe tinha-lhe arranjado um modestíssimo emprego como funcionário público na “Junta”, assim era conhecida na época a Administração dos Portos do Douro e Leixões, mas muito bom para quem não tinha nenhum meio de subsistência. A minha mãe, ainda sua namorada, ficou em Azurara, na casa de seus pais, à espera de melhores dias para se poderem casar.

Mais tarde, em 1947, os meus pais finalmente casaram e ficaram a viver num quarto, em Matosinhos, que o meu já ocupava em solteiro, propriedade de um senhor que eu ainda conheci, o senhor Alexandre, também funcionário da APDL. Vida difícil, a do casal, como a de quase toda a gente naquele tempo, estávamos (estavam eles) no pós guerra. Havia imensa falta de emprego, de dinheiro e de géneros alimentícios, as pessoas, em virtude das privações impostas, eram doentes e não tinham meios económicos suficientes para se tratarem. O meu pai ganhava pouco e a minha mãe não tinha emprego, como a esmagadora maioria das mulheres naquele tempo, destinadas à exclusiva função de donas de casa e mães. Imagine-se as dificuldades por que passavam, ainda por cima longe da família que lhes desse uma mão em caso de necessidade extrema.

Com mais ou menos "fartura", fui-me desenvolvendo uterinamente de acordo com as leis da natureza, até que se aproximou a data prevista para eu tomar conhecimento da crueza do mundo exterior.
Como naquele tempo não havia maternidades, as crianças nasciam quase todas em casa das avós, preferencialmente, que pela prática tinham adquirido conhecimentos quase empíricos que as habilitava a assistir aos partos das mulheres mais novas, filhas, noras ou simplesmente vizinhas. A ideia era eu nascer na casa da minha avó materna, aonde se deslocaria a minha avó paterna, já que eram eram vizinhas, a quem caberia a função de parteira. Experiência não lhe faltava pois era mãe de 11 filhos.

Matosinhos e Azurara distam entre si cerca de 25 quilómetros, distância que hoje se faz com facilidade, mas naquele tempo era preciso apanhar um pachorrento comboio em Matosinhos, ir até à Senhora da Hora e aqui fazer transbordo para outro, um pouco menos lento, que vindo da Estação da Trindade, do Porto, ia até à Póvoa de Varzim. A estação de Azurara ficava duas paragens antes do fim da linha. Da estação de Azurara até casa dos meus avós maternos ainda era um bom bocado a pé, pelo que imagino a dificuldade que a minha mãe terá sentido para percorrer aquela distância, uma vez que estava “no fim do tempo”.

Completadas todas as luas, lá nasci no último sábado de Março de 1948, mas como não aparentava grande saúde, pelo sim, pelo não, fui baptizado logo na semana seguinte, na Igreja Matriz de Azurara, não fosse eu morrer e não me serem franqueadas as Portas do Paraíso.

E nesse dia 4 de Abril, após a cerimónia de baptismo, regressámos a Matosinhos, já os três, qual Sagrada Família, não de burro mas novamente de comboio, naquela que seria a minha primeira viagem à janela, aconchegadinho ao peito da minha mãe.

Durante dezenas de anos repeti essa viagem nessas duas linhas férreas em comboios que entretanto foram evoluindo, mas pouco.
Actualmente pode-se fazer o mesmíssimo percurso no Metro de superfície, bem mais rápido, cómodo e limpo.

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Nota do editor

Último poste da série de 28 de Setembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24707: Coisas & loisas do nosso tempo de meninos e moços (2): O martírio da viagem de comboio de Afife ao Porto (Valdemar Queiroz, Afife, Viana do Castelo)

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20797: O que é feito de ti, camarada? (12): Virgílio Teixeira, "aquarentenado" em Vila do Conde...


Foto nº 1 > Vila do Conde > 15 de março de 2020 >  O Virgílio Teixeira, equipado para furar a "quarentena"...


Foto nº 2 > Vila do Conde > 21 de março de 2020 >  Vista do mar, ao fim da tarde, a partir da Rua da Independência


Foto nº 3 > Vila do Conde > 12 de março de 2020 > Av Júlio Graça, parque, muro exterior,  a caminho do Lidl

Fotos (e legendas: © Virgílio Teixeira (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem, com data de 31/03/2020, 19:47, do nosso amigo e  camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), e que vive em Vila do Conde:

Amigos e camaradas,

Depois de ler isto (*) não fico indiferente, comecei a escrever do meu ponto de vista e sem nenhuma ideia em concreto, o que se está a passar agora com esta Pandemia que nos apareceu. É para continuar, pois preciso de desabafar esta dor que nos assola a todos.


Vou juntar algumas fotos de uma série de mais de 500, onde se mostra,  numa pequena localidade [, Vila do Conde,] o desânimo e tristeza deste país e do mundo.
Voltarei com mais,
Até logo,
A COVID-19 não passará!
Abreijos. Virgílio


2. Texto que nos mandou, a seguir, o Virgílio Teixeira, com fotos de que fizemos uma seleção:

A PANDEMIA DO SÉCULO XXI

Chegou lentamente no inicio do ano de 2020, primeiro na China, mas não se deu grande importância, era uma ‘epidemia’ nova centrada na cidade de Whan na China, passou a chamar-se de Corona Vírus, era uma nova forma do antigo Corona SARS, que nunca ouvi falar antes, e tinha passou por cá apenas há alguns anos.

Depressa se estendeu a outros países, devagarinho, e assim em Março de 2020 já estava instalada em muitos países de todos os Continentes, entrou em Portugal, passamos a tratar de ‘Pandemia’ um nome estranho, para mim, mas que significava que atingia todos os países isto é, o Planeta todo.
Matava sem deixar rasto, no principio ninguém ligava muito, mas em breve passamos a ter os números reais de infectados e mortos em todos os países, incluindo Portugal.

O Governo decretou o Estado de Emergência, uma nova realidade, estava tudo confinado a casa e só os operacionais – da saúde, dos transportes, da alimentação e pouco mais – tinham carta verde para sair sem ser apanhado pelo controle que, entretanto, foi apertando, mais e mais. O País parou, tudo o que era actividade não essencial à vida fechou portas, lojas e estabelecimentos foram fechando e colocando os seus papeis de avisos nas portas.

Devido ao COVID-19, uma nova espécie de Corona Vírus, que apareceu no final de 2019, era o nome mau e terrível que passou a chamar-se a este estado descontrolado.

COVID-19

É o nome que está na ordem do dia, não se fala nem escreve sobre mais nada. Os números de infectados, mortos, os poucos que se curavam, são as estatísticas do dia, sobrepondo-se aos números do Orçamento do Estado, à classificação das equipas, aos banais assuntos sem importância a que antes se dava relevo.

Estou a escrever isto, hoje dia 30 de Março de 2020, pois já não sei mais que fazer, para passar o tempo fechado dentro de casa, e sem perceber patavina do que significa, o que é este vírus assassino, que ninguém sabe explicar, cada um lança um palpite, e os debates televisivos acontecem minuto a minuto, sem nada sair de concreto. Eu confesso-me um ignorante de primeira linha, pois nunca dei grande importância a estes coisas de saúde, talvez por felicidade minha, nunca passei, quer em família, quer pessoalmente por uma situação destas, terrível em termos de saúde, daí o meu desinteresse anterior e a minha ignorância, sei que não estou no bom caminho, mas foi assim que vivi até aos 77 anos.

Os dramas acontecem com números diabólicos, não poupam ninguém, esta mortalidade é transversal a todas as classes sociais, religião, raça, sexo, ricos e pobres, famosos e anónimos, novos e velhos, homens e mulheres, jovens e crianças.

Os mortos não têm sequer um funeral, são empilhados à espera de vez para serem cremados, única forma de matar o vírus, os velórios e o luto ficarão para mais tarde, quando tudo passar, se realmente vai passar totalmente.

Vila do Conde > Esplanadas, vazias, da marginal
O isolamento social é uma forma de travar a pandemia, que ninguém já sabe em concreto como se transmite, e agora passou a ter outro palavrão – a mitigação -, o estado em que não se sabe de onde vem a contaminação, pode ser tudo ou nada, é a ignorância e a impotência do ser humano, que nunca se preparou para uma situação destas, pois já se passaram mais de cem anos desde a ultima peste, e os países só pensaram nas defesas da guerra convencional, da guerra biológica, da guerra atómica, de homens contra homens, e não cuidaram de se acautelar contra a mãe natureza, que decide tudo em última instância, não é uma critica a ninguém é apenas a constatação de um facto.

Eu não me dou bem com o isolamento, por isso há 15 dias que ele existe oficialmente, mas não há nenhum dia que não saia de casa, tenho de fazer o abastecimento das necessidades do dia a dia e não quero que falte nada, vivo apenas com a minha mulher nesta chamada quarentena, e ela depende de mim, pois não sai de casa, é oficialmente uma pessoa de risco agravado, não só devido à idade, mas a outros problemas colaterais, por exemplo híper tensão.

Vila do Conde > Café Concerto
Por isso quando saio para as compras diárias, aproveito umas horas, quer de manhã ou de tarde, e ando a fazer quilómetros e a fotografar o «deserto» onde estamos metidos, quero gravar em imagens as lojas e estabelecimentos fechados, as ruas, avenidas e praças desertas, para memória futura. [Fotos nºs 1, 2 e 3]

Dia após dia, mais portas se fecham, até que hoje quase nada está aberto, tirando as farmácias, lojas de pão e supermercados, tudo à fila mas com espaços grandes uns dos outros, dizem, por causa das gotículas que podem andar no ar, que eu não acredito de todo, por isso não ando assim com tanta paranoia, talvez eu ainda não esteja crente do que está a acontecer, mesmo com as centenas de mortes que diariamente são anunciadas pelos órgão de comunicação, mais alarmistas do que realistas, mas têm de vender tempo de antena, em tempos de crise, quando não há mais compradores nem tanto para vender.

Metro de Vila do Conde
Isto tudo vem a propósito que ontem, sexta feira, fiz um esticão maior, fui até à Estação do Metro e vi uma situação nunca vista, sem ninguém, com tantas vagas para estacionar, nas informações avisava que havia em todas as linhas uma composição de meia em meia hora e que não era preciso mais pagar nem validar bilhetes, estava tudo desligado, e as portas abriam-se automaticamente, para ninguém apanhar o vírus por causa disso. E eu que tinha comprado o passe para o mês de Março todo, fiz apenas uma viagem e nunca mais entrei noutro, quer eu bem como a minha mulher, que desde há uns meses tínhamos o passe para as nossas deslocações de lazer ao Porto, já que no carro era impensável, não tenho paciência de filas intermináveis.

Vila do Conde > Espaço da feira semanal, vazio
Antes tinha passado pelo mercado da vila, onde se faz a feira semanal e estava tudo deserto, nem uma pessoa se via, em dias de outrora apinhados de gente. Como vão sobreviver todos os que dependem desta actividade, agora proibida, isto faz-me pensar em cenários brutais, mais para a frente, e não vai levar muito tempo.

Então passei pelo Centro, tem lá um florista, a minha mulher já se tinha queixado que saio todos os dias, duas vezes e nunca me lembro dela, não lhe levo um miminho… Ia comprar uma flor ou um pequeno ramo, mas não o fiz, não queria falar com mais ninguém.

Vila do Conde > A minha rua, Av Baltazar do Couto
Cheguei ao meu empreendimento a caminho de casa, e temos muitas floreiras e jardins com flores selvagens, que afinal são de todos, minhas inclusive. Fui arrancando uma aqui outra acolá, algumas eram difíceis de partir os ramos. Fui à garagem, tenho lá um facalhão, peguei nele e fui arrancar mais algumas, eram pelo menos de 4 ou 5 tipos de flores. Na garagem, inventei um ramo, que nunca tinha feito, mas já vi muitas vezes a fazerem. Juntei aquilo tudo à minha maneira, mas precisava de atar, não tendo nada, foi mesmo com um pedaço de corda grossa.

Cheguei a casa, ofereci-lhe o ramo, acho que ela gostou bastante, colocou num vaso, tirei-lhe uma foto como ela estava vestida e penteada, fiquei com a sensação de dever cumprido. Afinal a necessidade aguça o engenho.

Não sei o que se está a passar, isto é, não compreendo como tudo isto aconteceu, vejo países como a Itália e agora Espanha, com centenas de mortes por dia, e eu não sei como ajudar, pelo contrário, ainda faço pior, segundo as instruções, a sair todos os dias e não por pouco tempo, ando duas a três horas e uns quilómetros a pé, e faço umas dezenas de novas fotos em todas as saídas.

Sei que tomo as precauções que acho suficientes, visto um blusão de inverno, um chapéu de abas largas de Verão, uma máscara de papel, pois não há outras, luvas de algodão e por cima quando tenho de pegar algo, um par de luvas de borracha, e quando chego vai tudo para a máquina de lavar, faço a limpeza de mãos e cara, e uso o novo sabão azul para me lavar, dizem que é desinfectante e por outro lado faz bem ao meu problema da polpa dos dedos, que me dizem tratar-se de psoríase, mas com isto posso eu bem.

Ninguém sabe na realidade o que se passa nos Hospitais, louvo os profissionais da saúde e todos os que ajudam, no esforço impressionante do dia a dia, para manter vivos a maior parte dos internados, sem condições, pois nenhum sistema foi implementado nem pensado antes para ocorrer a situações destas.

Nunca me passou pela cabeça, que nesta idade viesse a viver uma guerra com um inimigo invisível que mata sem olhar a meios. Vivi, conforme outros da mesma geração, hoje com 65 a 80 anos, uma guerra diabólica em África, fomos requisitados à força e mandaram-nos combater um inimigo a sério, cada um durante dois anos, e sem as condições mínimas de subsistência, a maioria chegou viva, mas muitos ficaram pelo caminho, nunca regressaram, ou vieram em caixas de pinho, do outro lado do mar.

Vila do Conde > O meu Posto de Trabalho.
Troquei o escritório, pela Sala
Outros vieram evacuados com os mais variados ferimentos ou doenças, e todos os que sobreviveram sofrem hoje da síndrome de pós stress traumático, mesmo aqueles que se recusam em reconhecer essa mazela. Durante 13 anos o nosso país enfrentou uma guerra em 3 frentes de combate, coisa que nenhum outro país fez antes nem depois. É uma façanha e um orgulho para a capacidade dos Portugueses se adaptarem a formas de vida que nunca pensaram, foram e não tinha escolhas, a não ser aqueles, que escoltados em fantasias politicas, fugiram do país, e só regressaram quando tudo tinha acabado, estes não são os heróis, mas os cobardes e traidores, eles andam por aí, como se nada fosse e arranjaram poleiros nos organigramas dos diversos governos deste Estado Português.

Agora este Estado, como forma de combater a Pandemia, pede apenas aos jovens que fiquem em casa sentados nos sofás, quando os seus avôs, 60 anos antes, foram obrigados a ir para uma guerra que não era deles.

Mas o que mais me incomoda é mesmo a mudança de hábitos, um deles, deixar os sapatos fora de casa,  os suecos com quem convivi nos finais do ano de 1969, já faziam isso, e eu achava uma mania, nunca aprendi, até hoje. (**)
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Notas do editor:

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Guiné 61/74 - P19947: Os nossos seres, saberes e lazeres (336): As minhas loucuras no Porto... (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)


Porto > Ponte da Arrábida > 17 de junho de 2019, 17h35 >  A subida às entranhas da Ponte da Arrábida - 65 metros, 162 escadas, 18 andares


Porto > Ponte da Arrábida > 17 de junho de 2019, 17h16 > O cimbre da ponte


Porto > Bairro do Aleixo > 17 de junho de 2019, 16h38 >  A demolição da torre 1


Porto > Bairro do Aleixo > 17 de junho de 2019, 16h42 > Um das "sala de chuto"...

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Mensagem do Virgílio Teixeira, com data de 17 de junho de que se publicam alguns excertos, dada a sua extensão, e a diversidade do seu conteúdo, tocando em vários pontos, incluindo um comentário ao poste P19894 (*):

[Foto à direita, o nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); é economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde; tem mais de 130 referências no nosso blogue] 

Caro Luís,

Está esclarecida a minha duvida, só mesmo quem já tivesse experiência de trás poderia ter tantos conhecimentos, e depois a História da Unidade completou tudo o resto. Já poderia ter dito, eu não sabia dessa faceta. Ias preparado para contar a tua história na Guiné. (*)

Eu fiz fotos, iniciei a minha aprendizagem ali na Guiné, e deixa que te diga, o meu Álbum não é assim tão raro, pois tenho visto ao longo deste tempo, fotografias de lhes tirar o chapéu, não vou aqui agora personalizar, eu acho as outras melhores, mas tenho consciência de que tenho algumas também inéditas, embora a maioria tenha como personagem principal, eu próprio.

Ao longo dos dois anos, digamos líquidos 700 dias, devo ter escrito, a uma média de uma carta diária, por vezes eram duas, e em média cada carta levava umas 10-20 folhas escritas à mão, só de um lado, pois o papel fino, escrito com caneta de tinta não permitia escrever no verso, isto no mínimo serão umas 7000 folhas, isto por defeito. Cada carta levava depois algumas fotos que eu ia despachando para mãos seguras, a minha namorada.

As minhas cartas eram enviadas em envelopes de avião, até não caber mais nada, por isso por vezes iam dois envelopes cheios. Acho que nunca escrevi mais do que um aerograma, só para ficar de lembrança, não havia aerogramas que chegassem.

Todos os dias, não havendo nada de especial para ‘namorar’ por carta, eu escrevia tudo o que se passava na minha Unidade, os pormenores de tudo, e com certeza até nomes que não me lembro. Este valiosíssimo espólio, foi por mim ‘esquecido’ estava todo guardado e bem guardado, foi pena não o preservar como devia, assim por um acidente doméstico, não de nossa conta, acabou quase tudo de ir para um grande bidon numa grande fogueira de São João, na década de 70, bem como inúmeras fotos e slides que nem me lembro dos temas.

Fiquei com 1000 fotos, e meia dúzia de cartas, e é agora que lendo algumas fui buscar assuntos que de outra forma nunca me lembraria. Ficou uma carta de Mafra, uma carta de Lisboa EPAM, outra carta de Chaves do BC 10, uma carta de Santa Margarida durante o IAO, e umas 3 a 4 cartas da Guiné, com datas e anos diferentes. Agora tenho estas bem guardadas.

Partilhar agora como dizes as nossas lembranças, para todo o mundo ler, não é bem assim, eu acho até que já me estiquei demais a escrever certas coisas, que faço ao correr da pena, sem nunca ler depois o que escrevo, por isso tenho levado ‘porrada’ de certos leitores [...].

Este fim de semana realizou-se aqui, em Vila do Conde, o 42º encontro nacional dos homens da Marinha, com direito a um concerto pela Banda da Armada, que gostei imenso. Depois a nossa fadista Mariza, deu um espectáculo fenomenal, não a conhecia ao vivo, carrega atrás dela um camião TIR com material e montes de colaboradores, foi pena ter de a ver de esguelha, com direito a estar de pé e lugar apenas para um pé, ao ar livre, sem pagar. Eu acho que com familiares na Vereação da Camara poderia ter lugar nas cadeiras dos convidados especiais, mas não, não sei porquê.

No Domingo, ontem, fui parar a um sítio por onde comecei a minha verdadeira carreira, há precisamente quase 50 anos, estamos nos arredores de Vila do Conde, 6 a 7 km, e à distância de 40 km do Porto, uma freguesia que não vou descrever o nome para não ferir ninguém. Há lá uma igreja, que é dominada por um sacerdote negro, a minha empregada que mora por ali, conseguiu convencer a minha mulher a ir lá, pois eles dizem, que em certos Domingos, na missa das 7 horas da tarde é ‘muito bonita’. A verdade é que estava lá uma camioneta de Fátima, cheia de fieis. [...]

Hoje, segunda feira,   de tarde vou carregar com a minha máquina, e vou fotografar as Torres do Aleixo, o Santuário da Droga do Porto, que eles começaram a derrubar sem eu saber, vi ontem na Televisão. E quero deixar isto para a posteridade. Ali vai nascer um empreendimento de luxo com maravilhosas vistas para o Douro e para a Foz.

Já lá tinha ido há uns anos, ver com os meus olhos, de fato e gravata, pasta de executivo nas mãos, passei pelo meio de tudo, não me agradou nada aquele cenário degradante a céu aberto, onde só passam os clientes, e a Polícia com vários carros e pessoal armado. Passei e ninguém me chateou, algumas pessoas quase não me deixavam passar, que era uma loucura e ainda com a agravante de ir de pasta… eu disse que não me metem medo, tinha de ver com os meus olhos aquilo tudo. Ainda bem que vai tudo abaixo, agora a questão é para onde vão assentar a sua praça e comércio.

Depois ainda voltarei a este assunto. (**)

Abraço,

Virgilio

PS - Acabei de 'sacar' algumas das 80 fotos feitas hoje no Porto nas 3 horas a andar a pé. Para mais tarde recordar.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 16 de junho de 2019 > Guiné 61/74 - P19894: A galeria dos meus heróis (31): Fatumata, a gazela furtiva de Sare Ganá (Luís Graça)

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Guiné 61/74 - P19884: Efemérides (304): O meu dia de Portugal, 10 de junho de 2019 (Virgílio Teixeira, Vila do Conde)


Foto nº 9

Foto nº 8


Foto nº 3

Foto nº 1 

Foto nº 4


Foto nº 10


Foto nº 6


Foto nº 11

Vila do Conde > 10 de Junho de 2019 > Homenagem aos vilacondenses, ex-combatentes da guerra do ultramar

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



O MEU DIA DE PORTUGAL – 10 DE JUNHO DE 2019

por Virgílio Teixeira


Ontem, como de costume todos os anos, nestes últimos, como habitante desta terra que me foi adoptando – Vila do Conde – comecei o dia a ver na TV as comemorações oficiais do Dia de Portugal, este ano, em Portalegre.

Fiquei logo totalmente ‘pregado’ no discurso de João Miguel Tavares, indigitado para ser o mandatário das comemorações na sua terra. Segundo ele, ficou muito admirado e agradado por este PR escolher ‘Um Zé Ninguém – segundo as suas palavras – ‘para levar a cabo tão grande tarefa. E saiu-se muito bem, o seu discurso foi diferente de tudo o que se tem visto por aí fora. Portanto se me perguntarem qual é o meu Curriculum, respondo apenas que ‘sou Português’, e com muito orgulho, nada mais.

Mas o dia ainda estava no inicio:

1 - Por volta do meio dia, saímos de casa, coloquei a minha medalha na lapela e fui ao fim da missa que antecede as comemorações, aqui, nesta terra tão pequena. Juntei-me ao cortejo na direcção do monumento ao Combatente e seu Anexo, uma Estátua daquela mãe que espera junto ao Rio, o seu filho ‘vindo do outro lado do mar…’ [Foto nº 10]

A cerimónia, organizada pela Associação dos Combatentes cá do sitio [, Associação Social e Cultural dos Vilacondenses Ex-Combatenets do Ultramar, com págin ano Facebook,] presidida pelo já cansado Nascimento Rodrigues, foi mais do mesmo, e cada vez mais pobre e com menos gente. Antes havia uma força militar com uma secção, para fazer as honras militares, agora nem um Bombeiro lá temos. Uma tristeza.

Alguma gente da Politica, Presidente da Camara, Vereadores, uns convidados, o nosso Padre Bártolo [Paiva Gonçalves Perereira] – com 83 anos, ainda trabalha, foi capelão militar nos 3 cenários de guerra, com 3 comissões - e pouco mais. [Foto nº 3]

As flores, os discursos cada vez mais sem um fundo novo, esgotados, até fazer sono. Mas pelo menos fazem alguma coisa e eu não faço nada. Bem hajam.

Leite Rodrigues e Virgílio Teixeira, na Tabanca
de Matosinhos em 5/9/2018 (*)
Tirei umas fotos, encontrei lá um dos nossos camaradas , ‘Capitão',  não me lembro o nome, esteve no almoço em Matosinhos de homenagem a um camarada falecido [, o Joaquim Peixeoto], ele tem uma foto comigo no almoço, mas não encontro o Poste para ver o nome dele.  [Leite Rodrigues] [Foto nº 1] (*)

Ainda o cumprimentei, mas percebi que ele não me reconheceu, porque me tratou por senhor. Ele foi apanhado de surpresa para fazer um discurso e lá se safou, eu nem isso faria.

Não havia corneteiro para o toque a finados, apenas um som da rádio, no final com o Hino Nacional e fecho das cerimónias, muito pouco, mesmo pouquinho…. (**)

Ainda falei com o Nascimento, ele queria que eu fizesse parte da Associação, porque falta lá, segundo ele, gente mais letrada, com outras ‘patentes’, mas eu não sirvo para isso, e como sempre lhe disse, eu não pertenço a esta terra, estou por cá de passagem, a ver o tempo a passar.

Ele em 1973, juntamente com outros irmãos, abriu em Vila do Conde, a primeira coisa fora de série, Restaurante – Snack Chez Nous. Andava há tempos para lhe perguntar se o nome foi importado da Guiné adaptado ao Chez Toi, mas não, foi um irmão que lhe deu o nome, mas este importado de Angola. Fiquei desiludido, pois ainda lhe ia perguntar mais sobre o Chez Toi, ele diz que ouviu falar disso, mas nunca lá foi, é da geração de 68-70, na Guiné.

2 – Como estamos na época de São João, as festas da Vila fazem-se por aí muitos ‘eventos’

À frente de quase tudo, anda a minha Nora, directora dos Museus, Ivone, que é ‘pau para toda a colher’, uma mulher de garra nestas coisas da sua terra, e no final quem paga a factura é o meu filho.

- Havia uma concentração, ou passagem, de motards sob a sigla de ‘lés a lés’, com paragem obrigatória na nossa Nau,  na doca do Rio. Mais umas fotos e vamos almoçar, que está na hora.

- De tarde, e junto à Nau, houve fado pela Tuna académica, não sei de onde, talvez do Porto, foi bonito, porque a minha mulher gosta, e levou-me a velhos tempos, mas acabou cedo. [Foto nº 6]

O dia sempre frio, vento gelado, a minha mulher não aguenta, andamos vestidos como no Inverno, apesar do Sol espreitar, mas esta terra não me serve, já disse.

- Enquanto estivemos ali, já no final, eu ia olhando para o céu, e contava os aviões que passavam, vindos do aeroporto do Porto – Pedras Rubras. De dois  em dois minutos passava um, no final já ia quase em 20, então lembrei-me de outro programa.

- Vamos então ver os aviões no aeroporto de Pedras Rubras - agora chamam de Sá Carneiro, mas para mim é sempre o velho nome, daquele barraco que eu nos anos 50 vi a construir naquele descampado chamado então de Pedras Rubras, e assim ficou. Depois ergueu-se novo edifício e pista, e já lá aterrei quando vim de férias em 1969, era já um aeroporto, mas hoje, é um Super-Aeroporto, o mais belo de todo o mundo, que também assisti à sua construção, bem como a todas as grandes obras realizadas neste Milénio.

- Para quem não saiba, assisti à construção de raiz do Hospital São João do Porto, ainda a Asprela era um enorme campo cheio de nada, e hoje não cabe lá mais nada.

- Assisti à construção do Estádio das Antas, à sua inauguração, lá vi muitos jogos, quer nacionais quer internacionais, e por fim à sua demolição.

- Assisti, já neste milénio a todas as grandes obras que se fizeram no Porto, palmilhei a pé as linhas do metro em construção, estive nas profundezas das linhas subterrâneas, vi com alguma tristeza á demolição do Museu do elétrico na Rotunda da Boavista, e depois à construção da Casa da Musica nesse local.

- E tanta coisa, eu era um perfeito ‘fiscal de obras’ seria esta a minha tendência profissional, meto o nariz em tudo que está a ser demolido e a ser construído, especialmente as grandes obras. Posso dizer que não havia Auto Estrada, IC, IP e outras, onde eu não estivesse lá a ver, e a inauguração era imprescindível.

- Fui dos primeiros a fazer a viagem inaugural do Metro do Porto, em finais de 2001, com um bilhete oferecido, ainda sem valor, uma amostra do que seria o futuro ‘andante’.

- E fico por aqui, o resto da história está nas minhas memórias, que agora vou passar a fotografias, ainda não sei bem como, mas vou arranjar uma forma.

- Li nas minhas andanças pelo Google, na procura dos meus icónicos Cafés do Porto, que o antigo Café Imperial na Praça da Liberdade, por onde andei nos passados anos 60, hoje mais uma loja da cadeia McDonald’s, foi considerado ‘O mais bonito do Mundo’ de toda a cadeia da McDonald’s, e fiquei surpreendido e feliz por isso.

- Chegados mais uma vez ao nosso maior e mais bonito aeroporto do país – tenho de dizer isto senão fica tudo lá para outros locais -, fica-se impressionado com a quantidade enorme de pessoas e malas, os Metros de 2 carruagens chegam carregados de Turistas, e logo vão cheios com aqueles que chegam.

- Fui ver se filmava a pista, mas é difícil agora, tem várias paredes de vidros e nem o som se consegue ouvir, só a pista e eles a chegarem e levantarem. Fiquei ali 10 minutos, e contava pelo relógio, cada minuto estava preenchido, levantava um, e atrás aterrava outro, minuto a minuto, era impressionante, bem como as filas para o check-in.

- Lanchamos qualquer coisa a preços de turista, dava quase para um jantar aí numa tasca, e comia-se e ali só se cheirava, mas bom e eficiente serviço, limpeza quanto baste, eficácia por todos os lados, nada de confusões nem discussões, um bom lugar para passar um Domingo chato de chuva ou trovoada.

- Ainda fiz umas fotos minúsculas aos aviões, pois a minha máquina não dá para mais, reparei que são todos pequenos aviões dessas empresas de Low Cost. Lá chegam os novos turistas que se dirigem logo para a Estação do Metro, sabem disto melhor que a maioria dos moradores lá do sitio, que só andam de carro.

Às 8 horas fomos embora, o frio cada vez apertava mais, já nem as roupas de inverno chegam, mas parece-me que, segundo me disse a minha filha, que já noite o vento amainou e já puderam sair um pouco à rua a passear o cão. Eu andava em casa vestido à inverno.

- Como a minha mulher já deixa tudo adiantado, quando chegamos a casa, passado meia hora já tínhamos um ‘bom cozido à Portuguesa’ pois não como muito ao almoço, prefiro ao jantar.

As fotos:

Foto 1 – O discurso do Capitão  Falta-me o nome, mas acho que está ligado à equitação, e representante da Liga dos Combatentes. [Trata-se do capitão da GNR, reformado, o cavaleiro Leite Rodrigues, que tem uma escola de equitação em Leça da Palmeira (e que esteve na Guiné, como alferes miliciano, onde foi gravemente ferido em combate, em Sinchã Jobel),  O Leite Rodrigues sabe dar valor à solidariedade na dor e na perda, uma vez que já pssou por isto: em 2006, perdeu a sua filha, Filipa, de 14 anos, num trágico acidente com um dos seus cavalos.. A Filipa era uma promissora atleta da equitação portuguesa, tal como o pai (que foi atleta olímpico) vd. poste de

Foto 2 [Não incluída] – Estátua, a gravação dos nomes dos mortos do concelho de Vila do Conde, e agora também as fotos de cada um, os locais, as datas, de nascimento e morte.

Foto 3 – O Presidente da Associação, ao lado o Padre Bártolo, e a Presidente da Camara [, draª Maria Elisa de Carvalho Ferraz], de branco, o de boina é um elemento da associação.

Foto 4 – Eu, como assistente da cerimónia, fotografado pela minha filha

Foto 5  [Não reproduzida[ – As motas de parte dos mil Motards que passaram por Vila do Conde.

Foto 6 – A Tuna académica junto à Nau a tocar e cantar os seus fados

Foto 7 [Não reproduzida] – Aeroporto de Pedras Rubras. A chegada de um dos imensos aviões que por ali passaram, acho que está longe demais, mas não dá para chegar mais perto.

Foto 8 – O Cortejo, finda a missa, com as suas bandeiras, já em direcção ao local das cerimónias

Foto 9 – A estátua do combatente, tem cerca de 10 anos. Para o meu gosto não me agrada, mas não fui eu que a projectei.

Foto 10 – A ‘Menina dos olhos tristes’ a receber um ramo de flores. Este nome é de minha autoria, passei a designar assim, em homenagem à canção de Adriano Correia de Oliveira [, Porto, 1942 - Avintes, 1982],  chamada ‘a menina dos olhos tristes’ e a sua letra que nunca esqueci.

Foto 11 – Uma vista geral de uma das salas interiores do aeroporto, de grande luxo. [Do lado esquerdo, a esposa do autor. ]

Direitos reservados. Texto e imagens legendadas hoje, dia

2019-06-11

Virgilio Teixeira

[ ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); é economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde; tem mais de 130 referências no nosso blogue]
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 7 de setembro de  2018 > Guiné 61/74 - P18994: Convívios (873): Tabanca de Matosinhos, 4ª feira, dia 5, com 35 camaradas e amigos/as: Joaquim Peixoto (1949-2018), presente ! (Parte II)

(**) Último poste da série >  10 de junho de 2019 > Guiné 61/74 - P19877: Efemérides (303): a Tabanca Grande marca presença, hoje, 10 de junho de 2019, às 12h00, em Belém, Lisboa, junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, debaixo do "poilão" mais frondoso que lá houver... Juntamo-nos todos, os que puderem aparecer, para uma "foto de família"...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19456: Blogoterapia (291): Graças à vida... e ao nosso blogue (Virgílio Teixeira / Luís Graça)

1. Comentário de Virgílio Teixeira [ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), nascido no Porto em 29 de janeiro de 1943; vive em Vila do Conde, economista e gestor reformado (*) 

Caros amigos, camaradas e membros do Blogue:

A todos os que leram este Poste, aos que comentaram esta data de aniversário, e a todos os outros que por razões, que a razão desconhece, não aparecem aqui, pela minha parte o meu muito sincero, obrigado.

Entro hoje no chamado quarto quadrante da vida, se tivermos como horizonte os 100 anos.

No 1º quadrante fomos crescendo, aprendemos a ler, chegamos a gente adulta, e fomos cumprir as nossas obrigações, enquanto cidadãos de Portugal.

No 2º quadrante formamos família, o objectivo da vida, e procuramos o nosso caminho.

No 3º quadrante, já instalados na nossa missão na terra, estamos na velocidade cruzeiro, e já pensamos que sabemos quase tudo.

No 4º quadrante, que começa no 1º dia dos 76 anos, vamos percorrer a parte mais difícil da nossa existência, lutando, agora não contra as minas e armadilhas, mas contra um inimigo implacável, a idade, o inicio da velhice que custa a convencer-nos, e o outro lado da batalha, a doença que nos vai levar, mais tarde ou mais cedo, a fazer parte da lista daqueles que da lei da morte se foram libertando – isto aprendi aqui no blogue, entre muitas outras verdades.

Quero aqui publicamente agradecer ao nosso editor, amigo e camarada, Luís Graça, a única pessoa que conheço que nasceu no meu dia, por me ter trazido para a companhia destes nossos tertulianos, cujo convívio, mesmo que virtual, deram um novo rumo à minha vida. 

Partilhando acontecimentos que julguei sempre que só tinham passado por mim, e que afinal, nos juntamos num núcleo de pessoas, que têm em comum mais do que terem passado pela guerra da Guiné, mas acima de tudo porque ficaram e estão marcados por esta vivência e não conseguem ver-se livres do «espírito e mistério» daquela terra, tão madrasta, para tanta gente, e que nos amarrou para toda a vida.

Obrigado por me terem aturado os meus maus momentos, e por tudo aquilo que escrevo e que não é do agrado de todos, mas são coisas que não consigo ultrapassar, estou bem assim e espero continuar por muito tempo, há aqui um espaço de escape, para partilhar com gente que sabe do que falo, pois hoje, é mais difícil encontrar alguém que entenda esta linguagem.

E agora comentando para o aniversariante Luís Graça, nos seus jovens 72 anos, que seja muito feliz, e que o País lhe pague por ter ‘montado’ este Blogue, narrando a nossa guerra, sem hipocrisia, sem preconceitos, sem politica, apenas a verdade nua e crua, quer se goste ou não, mas que ficará para sempre na nossa história, da nossa geração. Parabéns, Luís, e um Bom Dia junto daqueles que te são mais queridos. Virgílio Teixeira Vila do Conde, 29 de Janeiro de 2019

P.S. - Para quem não sabe: No dia 29 de Janeiro de 1943, estava eu a nascer, quando o General Nazi Paulus comunicou a Hitler que se ia render aos Russos na frente da batalha de Leninegrado, levando para a morte inglória, mais de 200 mil soldados.


2. Comentário de Luís Graça, ex-fur mil armas pesadas inf, CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71), nascido na Lourinhã, em 29 de janeiro de 1947; é sociólogo,  professor universitário reformado, vive entre a Lourinhã e Alfragide / Amadora:


Como já tive ocasião de te dizer pessoalmente ao telefone, fico feliz e sensibilizado por ler o teu sincero e emotivo comentário, para mais sendo tu um dos mais recentes, mas também dos mais ativos,  grã-tabanqueiros entrados há pouco mais de um ano...

Tens  já mais de 110 referências no nosso blogue, o que é obra!...  Tens um extenso álbum com um milhar de fotos a preto e branco e a cores, e uma memória notável dos temos e lugares da guerra da Guiné.

Gosto da tua franqueza e frontalidade, és tipicamente um homem do Norte. Fazes anos no mesmo dia que eu, por isso passei,  a partir de ontem, a tratar-te  também como "mano", além de amigo e camarada...

Só me lembro de um velho amigo, que já morreu há muito, que fazia anos no mesmo dia que eu: o tio João 'Moleiro', da Atalaia / Lourinhã... Moleiro de profissão... (E, mais recentemente, de um dos filhos do meu amigo Luís Morais, de Tomar, que eu ajudei a doutorar-se em saúde pública, e curiosamente filho de miliar, com vivências em Angola, na infância.)

Quando lá vivi, na Lourinhã, e sobretudo nos primeiros anos do meu regresso da Guiné, entre 1971 e 1974, ia sempre lá a casa dele, o ti João 'Moleiro', que sempre conheci 'enfarinhado',  beber um copo à sua/nossa saúde, nesse dia... Com o meu saudoso amigo, colega e primo João 'Patas' que, se não erro, era afilhado do ti João 'Moleiro' ... (Nas terras pequenas, na província, toda a gente tem alcunhas, muitas vezes ligadas às velhas profissões: moleiro, sapateiro, funileiro, mata-porcos, bate-chapas, sacristão, carteiro, canalizador, etc.)

E, ainda a propósito: descobri que o João 'Patas', meu colega nas finanças (, o meu emprego de ocasião...), era meu primo, depois de morrer, ainda novo, com filhas para criar, naquela idade em que devia ser proibido um homem morrer... Fez uma comissão em São Tomé e Príncipe, o João 'Patas', no início dos anos 60... Era do clã "Maçarico", de Ribamar, como eu... Os nossos bisavós eram irmãos, soube-o mais tarde, tarde de mais...

Virgílio, sei que não gostas de fazer anos... Afinal, quem gosta de envelhecer? É verdade,  hoje estamos um ano mais velhos, mas estamos vivos!... Em rigor, matematicamente falando, estamos 24 horas mais velhos do que ontem... É só isso.  E tivemos, os dois, que revalidar a carta de condução...

Mas demos graças à vida, por tudo o que a vida nos deu!... e nos vai continuar a dar... porque, modéstia à parte, a gente merece tudo... e mais qualquer coisinha!

Espero que tenhas tido, com a tua querida família, um belo jantar, em Vila do Conde... Como eu te dsse, se fosse mais perto, iria lá cravar-te um uísque... com água de Perrier... Sei que trouxeste uma boa garrafeira e ainda não a estafaste toda... Mas fica para a próxima! ... Afinal, Vila do Conde não fica longe dos sítios por onde páro quando vou ao Norte...

Espero poder, entretanto, dar-te um abraço ao vivo, em Monte Real, no dia 25 de maio.... Já temos marcado, para esse dia, o XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande... Vamos comemorar os 15 anos de existência deste espaço (único) que é o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, onde todos cabemos com tudo aquilo que nos une e até com aquilo que nos pode separar (a política partidária, a religião proselitista, o clubismo futebolístico...). 

E, mais uma vez,  obrigado pelo teu elogio ao blogue que foi pensado, justamente, para unir todos os camaradas que estiveram na Guiné, entre 1961 e 1974... Os vivos e os mortos...  Todos, mas todos, independemente da arma, da especialidade ou  do posto... E a única união possível é através da partilha das memórias (e dos afetos)... Um alfabravo, Luís.

PS - Blogoteria: substantivo feminino > Blogo (de blogue) + terapia > tratamento de 'doenças ou distúrbios' através da partilha de memórias e afetos (por exemplo, entre antigos combatentes ou camaradas de armas)... Ainda não vem nos dicionários... Mas há-de lá chegar.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 29 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19451: Parabéns a você (1569): Luís Graça, ex-Fur Mil Armas Pesadas Infantaria da CCAÇ 12, fundador e editor deste Blogue e Virgílio Teixeira, ex-Alf Mil SAM do BCAÇ 1933 (Guiné, 1967/69)

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17219: In Memoriam (284): Jorge Teixeira (Portojo) (1945-2017) cujo funeral é amanhã às 14h30, da Capela Mortuária de Rio Tinto, Gondomar, para o cemitério de Paranhos, no Porto, um artista visto pelos seus amigos (Carlos Vinhal / José Ferreira da Silva / Dinis Souza e Faro / Francisco Baptista)

Momento musical - Lacrimosa, de Mozart, dedicado hoje, no facebook, à Memória do Jorge Portojo, pelo seu amigo e camarada José Ferreira da Silva

Jorge Teixeira (Portojo) - 1945-2017 - A sua cidade como fundo

O nosso Portojo deixou-nos ontem. Estava internado internado há alguns dias no Hospital de S. João, onde se encontrava depois de o seu estado de saúde ter piorado.

Os amigos mais chegados, principalmente os que o acompanharam nesta fase terminal, esperavam já este desfecho.

O nosso amigo Portojo era homem de poucas palavras mas que prezava os amigos, aos quais fez centenas de fotografias, ou não andasse ele sempre com a sua inseparável máquina fotográfica. Estava doente há muitos meses, passando por algumas melhoras aparentes. Nunca deixou de estar presente nos convívios mensais da "Tabanca dos Melros" e nos do "Bando do Café Progresso, das Caldas à Guiné".

Deixa na Web imensos trabalhos, em Power Point, dedicados à cidade do Porto, que conhecia, amava e fotografou como poucos. O Douro e as suas margens, até às terras transmontanas, foram objecto da lente da sua máquina fotográfica. O Grande Porto foi também registado em imagens, de que saliento por, motivos sentimentais, Matosinhos e Vila do Conde. Desta última cidade, dedicou o Jorge o seu primeiro trabalho a mim, a quem chamou um matosinhense de Azurara, e ao Carmelita, este sim um vilacondense de alma e coração, do qual deixo a foto da Igreja Matriz de Azurara, onde fui baptizado.

Igreja Matriz de Azurara - Vila do Conde
Foto de Jorge Portojo

De Matosinhos, mas propriamente de Leça da Palmeira, esta belíssima perspectiva tirada do local onde existiu o primeiro farol, esse sim, o da Boa Nova.

Casa de Chá da Boa Nova, Farol de Leça e panorâmica de Leça da Palmeira
Foto de Jorge Portojo

E por que não o Porto a preto e branco?

Belíssima esta foto da meia-laranja sobre a Praia do Molhe - Foz do Douro - Porto
Foto de Jorge Portojo

Terminamos com "Glória", de Vivaldi, dedicado hoje mesmo, no facebook,  pelo camarada Diniz Souza e Faro ao nosso já saudoso Portojo.

Carlos Vinhal

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2. Texto enviado ao nosso Blogue por Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72):

Conheci pessoalmente o Jorge Portojo somente o ano passado quando fui convidado pelo José Ferreira, a integrar o Bando do Café Progresso. 

Dentre muitos camaradas simpáticos e educados conheci, o Jorge, um pouco alheio e indiferente a este intruso. Esse Jorge Portojo, de quem já tinha ouvido falar vagamente, com o realce e a admiração que o blogue do "Luís Graça e Camaradas da Guiné" sabe ter por todos os camaradas e artistas que se destacam em diferentes áreas do saber e da arte. 

Confesso que o Jorge Portojo, que não foi muito simpático quando o conheci, com o tempo apercebi-me que ele teria algumas exigências em aceitar a convivência de estranhos. O Jorge teve sempre uma exigência estética, talvez um pouco egoísta, para decidir a aceitação de estranhos, porque ele foi sempre um esteta e um artista. Procurei entender esse capricho de artista ao elogiar-lhe os seus trabalhos fotográficos, que realmente eram admiráveis, e recebi sempre dele um retorno e agradecimento positivo. 

O Jorge Portojo para mim é um grande artista e um grande homem desta grande cidade do Porto, onde vivo e que aprendi a amar. Descobri o Jorge Portojo há um ano entre muitos bandalhos, todos homens de respeito, e aprendi com ele a amar mais esta cidade linda. Vós outros camaradas e amigos Bandalhos com uma convivência mais próxima e prolongada sabereis. 

Por muitas razões teria que gostar deste nosso camarada que nos deixou, nascido e criado no Porto, a viver muitos anos em Fânzeres, encostado ao Porto, um grande fotógrafo da cidade e ex-combatente da Guiné. Retratou a cidade do Porto com alma e coração, retratou o norte do país rural e urbano igualmente com o mesmo amor e a mesma arte (há cerca de quinze dias comentei fotos admiráveis dele que me enviaram).

Honra e glória ao Jorge Portojo! 
Nunca te esqueceremos. 
Um grande abraço ao Jorge que parte mas fica na nossa alma e na arte que perpetua a sua memória. 

Francisco Baptista
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de Abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17217: In Memoriam (283): Jorge Teixeira (Portojo) (1945-2017), ex-Fur Mil, Pel Canhão s/r 2054, Catió, 1968-70... O funeral é amanhã às 14h30, da Capela Mortuária de Rio Tinto, Gondomar, para o cemitério de Paranhos, no Porto

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15089: Em busca de... (260): José Carlos, taxista em Vila do Conde, ex-Soldado Atirador do 2.º Pelotão da CCAÇ 4152, procura camaradas (Vasco Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Santos (ex-1º Cabo Op Cripto da CCAÇ 6 (Onças Negras), Bedanda, 1972/73), com data de 1 de Setembro de 2015:

Olá amigo Carlos,

Espero que esteja tudo de bem contigo e com a Família.

Estou a entrar em contacto a fim de te solicitar um favor, ou seja, a possibilidade de publicares uma foto de um conterrâneo nosso que esteve em Gadamael no ano de 1973/1974. Será possível?

Em caso afirmativo o que ele pretende é restabelecer contacto com algum amigo do Pelotão/Companhia dele. Para tal, anexo uma foto (ele é o ultimo na primeira fila à esquerda, com o prato na mão).

José Carlos, de pé, à direita da foto

José Carlos

Dados:
José Carlos (Taxista em Vila do Conde)
Ex-Soldado Atirador do 2.º Pelotão da CCAÇ 4152
Contacto: tlm 966 852 568

Desde já os meus agradecimentos e até uma nova oportunidade.
Abraço
Vasco Santos


2. Comentário do editor:

Caro Vasco, faz chegar ao camarada José Carlos que na nossa tertúlia há 2 camaradas da CCAÇ 4152/73, a saber: o ex-Alf Mil Carlos Milheirão e o ex-Alf Mil José Gonçalves, este radicado no Canadá.

Em tempos um outro camarada da 4152, de nome Manuel Joaquim Gonçalves, de Viana do Castelo, tentou também através do nosso Blogue  encontrar camaradas seus.

Se o José Carlos quiser os contactos destes 3 companheiros de Companhia, fá-los-ei chegar até ele por teu intermédio.

Fico ao dispôr
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 16 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14756: Em busca de... (259): Fotos do cinema de Bafatá, c. 1970 (António Martins, arquiteto, Bigarquitectura, Braga)

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13910: Efemérides (178): Evocação do Centenário da I Grande Guerra na cidade de Vila do Conde (Núcleo de Matosinhos da LC / Carlos Vinhal)

MEMORIAL DA I GRANDE GUERRA EM VILA DO CONDE
© Ribeiro Agostinho


15.11.2014 – Cerimónia Evocativa do Centenário da Grande Guerra

No dia 15 de Novembro de 2014, o Núcleo da Liga dos Combatentes de Matosinhos realizou a cerimónia da Evocação do I Centenário da Grande Guerra, na cidade de Vila do Conde (Largo da Meia Laranja), com a colaboração da Câmara Municipal de Vila do Conde e da Associação Social e Cultural dos Vilacondenses Ex-combatentes do Ultramar.

Vista panorâmica da Cerimónia. © LC

Numa manhã caracterizada por condições extremamente adversas em termos meteorológicos (vento forte e chuva em regime de fortes aguaceiros), a cerimónia foi presidida pelo Sr. Tenente Coronel Bruno Neves da Escola Prática de Serviços e contou ainda com a presença da Sr.ª Presidente da Câmara, Elisa Ferraz, Vereadores da autarquia, Presidente do Núcleo de Ribeirão, Presidente da Associação de Combatentes de Vila do Conde, autoridades militares e civis da cidade, representantes de associações locais, alunos do Agrupamento de Escolas D. Afonso Sanches, muitos sócios da Liga e da Associação de Combatentes local e população em geral.

Guião do Núcleo de Matosinhos em primeiro plano. © RA

Posicionaram-se no local os porta-guiões do Núcleo de Matosinhos, do Núcleo de Ribeirão, da Associação de Combatentes de Vila do Conde e os estandartes de várias coletividades de Vila do Conde.

A cerimónia teve início com a chamada dos 32 combatentes do concelho mortos na Grande Guerra, por três combatentes do Ultramar naturais de Vila do Conde, seguida da deposição de coroa de flores transportada por dois militares da Escola Prática de Serviços e com a prestação das honras militares por um clarim e uma Secção daquela Escola, leitura da prece religiosa pelo Reverendíssimo Prior, Padre Dr. Paulo César Dias, leitura das mensagens do Exmo. Sr. Presidente da Liga dos Combatentes e do Exmo. Sr. Presidente da República, descerramento de placa alusiva pela Presidente da Câmara e pelo Tenente Coronel Bruno Neves acompanhados pelo Presidente do Núcleo, Tenente Coronel Armando Costa.

Entidades que presidiram à cerimónia de Evocação: TCor Armando Costa, Presidente do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes; TCor Bruno Neves, 2.º Comandante da Escola Prática de Serviços e Dra. Elisa Ferraz, Presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde. © LC

Carlos Vinhal, na qualidade de vilacondense, iniciou a chamada dos Combatentes de Vila do Conde caídos em campanha na I Grande Guerra. © CV
 
Deposição da Coroa de Flores na base do Monumento. © LC

Toque de Homenagem aos Mortos. © LC

Leitura da mensagem do General Chito Rodrigues, Presidente da Liga dos Combatentes, a cargo do TCor Armando Costa. © LC

Leitura da mensagem do Presidente da República, Prof Cavaco Silva, a cargo de um Oficial da Escola Prática de Serviços. © LC

Descerramento da Placa Evocativa do Centenário da I Grande Guerra. © LC

A referida cerimónia terminou com a atuação do Grupo Coral do Núcleo de Matosinhos que cantou a Vila do Conde o Hino da Liga dos Combatentes de uma forma brilhante, apesar de no decorrer da sua atuação ter chovido copiosamente, dando assim um exemplo de grande determinação e estoicismo.

O Coro do Núcleo de Matosinhos interpretou, já debaixo de chuva impiedosa, o Hino da Liga dos Combatentes. © LC

Por iniciativa da Sra. Presidente da autarquia, o programa desta Evocação terminou no Salão Nobre dos Paços do Concelho que foi completamente preenchido pela assistência e onde se assistiu a uma alocução daquela autarca que se dirigiu a todos os presentes, chamando especial atenção aos jovens para a necessidade de se manter bem viva a memória daqueles que foram um exemplo de coragem e sacrifício, combatendo em guerras que fizeram a história da Humanidade.

A Presidente da Edilidade no uso da palavra. © LC

Por último, o Tenente Coronel Armando Costa na sua alocução referiu que esta evocação é de grande importância para a Liga dos Combatentes, já que esta instituição nasceu fruto das exigências e consequências da 1.ª Guerra Mundial, em proteger e defender os legítimos interesses dos ex-combatentes.

O Presidente do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes na sua alocução. © LC

Seguiu-se uma troca de lembranças entre aquelas duas individualidades sendo que por fim num ambiente mais informal e de salutar convívio, decorreu um Porto de Honra oferecido pela autarquia, durante o qual foi lançado o Grito da Liga pelo Presidente do Núcleo tendo sido acompanhado entusiasticamente por todos os presentes.

O TCor Armando Costa entrega à Dra. Elisa Ferraz a Medalha Comemorativa do Centenário da I Grande Guerra. © LC

O TCor Armando Costa recebe das mãos da Dra. Elisa Ferraz um livro sobre Vila do Conde. © LC

Vista parcial da assistência presente no Salão Nobre. © LC

Texto: Liga dos Combatentes
Fotos: © Liga dos Combatentes, Carlos Vinhal e Ribeiro Agostinho
Legendas: Carlos Vinhal

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Comentário do Editor:

Lamentavelmente, a Força Militar que esteve presente na Cerimónia chegou atrasada mais de 1 hora, alegando desconhecimento do local do evento.
Para quem não conhece, fica a informação de que o local da cerimónia dista menos de 10 quilómetros da Escola Prática de Serviços, já que o Quartel fica situado no Concelho vizinho da Póvoa de Varzim.
No mínimo estranho, não terem feito na véspera o reconhecimento prévio.
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13855: Efemérides (177): A guerra, a água e o nosso 1.º de Novembro de há 50 anos… (Manuel Luís Lomba)