2. Mensagem posterior do Jaime Pereira, datada de 12 de maio de 2023, 13:34
Caros Companheiros
Aproxima-se a data para a realização do nosso 50º almoço e ainda há ex-combatentes que não se inscreveram…
Este é um ano muito especial porque comemora 50 anos de regresso para alguns de nós e inicio da nossa vida civil fora do regime militar, por isso não podem faltar… Aguardo pelas inscrições dos que estão em falta durante a próxima semana.
Aproveito para informar que já temos informação precisa sobre o preço da visita à Igreja de Santa Cruz, razão pela qual vamos ter que acrescentar 1€ ao preço que indicámos para o almoço que passa a ser de 21,00€ para os adultos e 11,00€ das crianças entre os 4 e os 9 anos. (*)
Um abraço para todos e até breve…
Jaime Pereira
3. Comenmtário do editor LG.
No mesmo dia, 27 de maio próximo, e na mesma cidade, embora em locais diferentes, realizam-se dois convívios de antigos combatentes que passaram pela CCAÇ 12 (e outras unidades e subunidades, que estiveram sediados ou aquartelados em Bambadinca, de 1968 a 1974)...
(i) é o caso da malta de 1971/74 (2ª e 3ª geração de graduados e especialistas, de origem metropolitana, da CCAÇ 12, que esteve em Bambadica (e depois no Xime), ao tempo do BART 2917 (1970/2), BART 3873 (1972/74);
(ii) e da CCS/BCAÇ 2852, CCAÇ 2590/CCAÇ 12, e ainda CCS/BART 2917, e outras subunidades adidas a estas dois batalhões, que passaram por Bambadinca entre 1968 e 1971 (**).
Espero poder dar, no dia 27, um abraço fraterno a esta malta toda... (O António Duarte teve o gesto nobre e solidário de me mandar boleia, passando pela Lourinhã, e seguindo depois pela A8 e A17 até Coimbra.)
O José Sobral (que organiza este encontro, no antigo Colégio da Graça, na baixa coimbrã) autporizou-me a publicar os seus contactos.
Em 2011 passei, na casa do casal José Sobral (estomatologista) e Ermelinda Sobral (obstetra) uma tarde inesquecível, por ocasião do convívio desse ano do pessoal da 2ª geração da CCAÇ 12 (1971/73). Tive também ocasião de conhecer o casal Jaime Pereira e Odete Pereira (***). Os dois casais já foram, em tempos à Guiné-Bissau, tendo passado por Bambadinca e conhecido a família do José Carlos Suleimane Baldé.
Coimbra > Convívio da CCAÇ 12 (2ª geração, 1971/73) > 21 de Maio de 2011 > Casa do casal José Sobral e Ermelinda Sobral ambos médicos, ele, estomatologista, ela obstetra e ginecologista... > Da esquerda para a direita, a Ermelinda, o Rui (enfermeiro, amigo e colega da Ermelinda no Hospitalar Universitário de Coimbra, se não me engano), o Sobral e o Ferreira (eles dois, alferes milicianos da CCAÇ 12, Bambadinca, 1971/72, vivendo o Ferrreira hoje em Felgueiras, sendo professor do ensino básico aposentado)...
A chanfana, em Coimbra, não podia faltar e não faltou: estava uma delícia... Pelo menos na casa do casal Sobral. Obrigado, cara amiga Ermelinda, obrigado, caro camarigo Sobral, grandes anfitriões!
Coimbra > Convívio da CCAÇ 12 (2ª geração, 1971/73) > 21 de Maio de 2011 > Casa do casal Sobral (José e Ermelinda, ambos médicos, ele, estomatologista, ela obstetra, figuras conhecidas e estimadas no meio coimbrão)... > Na foto, a anfitriã, a dra. Ermelinda com o Zé Carlos Suleimane Baldé, fotografado junto à mesa das sobremesas, uma amostra da nossa grande, riquíssima, diversidade gastronómica... Destaque, nas frutas, para as cerejas de Resende (cada conviva trouxe a sua sobremesa).
Coimbra > 17º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) > Um momento de grande emoção, proporcionado pelo Jaime Pereira, ex-Alf Mil da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1971/72): o reencontro do Zé Carlos com o seu primeiro comandante de secção, a 2ª do 4º Gr Comb, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)...
Na foto, em primeiro plano, o nosso amigo e camarada António Fernando Marques e o Zé Carlos... Em segundo plano, o Jaime Pereira e um camarada da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) cujo nome me escapou...
Lisboa, 2 de Junho de 2011 > Campus da Escola Nacional de Saúde Pública / Universidadfe NOVA de Lisboa > A Gina, o António Marques e o Zé Carlos Suleimane Baldé.
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Em 2011, a "vedeta" principal do convívído foi o nosso camarada guineense José Carlos Suleimane Baldé, cuja vinda a Portugal foi possível graças ao apoio do casal Jaime Pereira e Odete Pereira...
O Zé Carlos pertenceu à CCAÇ 2590 (mais tarde CCAÇ 12) e à CCAÇ 12, desde Junho de 1969 até Agosto de 1974. Já no final da guerra, foi dispensado da actividade operacional para dar aulas como monitor escolar em Dembataco. Foi, no meu tempo (1969/71), o primeiro soldado arvorado, do recrutamento local, a ser promovido (em 15 de Setembro de 1969) ao posto de 1º Cabo At Inf, por ter completado com sucesso o exame da 4ª classe.
Tive ocasião de ouvir da boca dele, neste convívio em Coimbra (e depois na visita que me fez à Escola Nacional de Saúde Pública com o casal António Marques e, alguns momentos extremamente dramáticos por que passou, no início de 1975, quando os "balantas e mandingas", os as "hienas" e os "irãs maus" do PAIGC da zona leste, transformaram Bambadinca numa permanente tribunal popular e numa "matadouro humano"... (Bambadinca foi, depois da independência, um dos lugares trágicos dos "ajustes de contas" dos guineenses, vencedores e vencidos...). (***)
O Zé Carlos (por quem eu sempre tive um grande apreço, estima e amizade) esteve sentado no banco dos réus, e chegou as estar encostado ao "poilão dos fuzilamentos de Bambadinca, valendo-lhe a influência do seu pai e o peso dos demais "homens grandes" do chão fula, bem como a opinião generalizada de que ele, Zé Carlos, era um homem bom, e um antigo militar de conduta correcta, apesar de ter sido um "cachorro dos tugas"...
Mesmo assim, foi obrigado a assitir à execução pública de um cipaio (polícia administrativa) em Bambadinca, à execução de "sete irmãos" em Bissorã, etc... Descreveu as torturas horrorosas a que foi submetido o nosso "bom gigante", o Abibo Jau (1º Gr Comb da CCAÇ 12, e que depois transitou para a CCAÇ 21, do Jamanca e do Amadu Djaló) antes de ser executado...
Andou também fugido pelo Senegal, como tantos outros camaradas nossos guineenses, e tentou ir de avião para Angola, acabando por ser apanhado e recambiado para a sua terra... O seu sonho é que dois dos seus filhos consigam vir viver e trabalhar em Portugal... Em 2011 era agricultor em Amedalai, perto do Xime, trabalhando no duro com as suas mulheres e filhos para sobreviver...
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Notas do editor: