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terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26527: Tabanca Grande (568): Homenagem ao capitão e cavaleiro Leite Rodrigues (Aveiro, 1945 - Matosinhos, 2025), ex-alf mil cav, CCAV 1748 (1967/69), membro da Tabanca de Matosinhos: passa a sentar-se, simbolicamente, no lugar n.º 899, sob o nosso poilão, a título póstumo



Matosinhos > Tabanca de Matosinhos, Natal de 2024.
Leite Rodrigues. Foto: J. Casimiro Carvalho (2024)




Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Bafatá > 4 de abril de 2017 > O Leite Rodrigues dando uma aula de ciências naturais numa escola local...


Foto nº 2A > Guiné-Bissau > Bafatá > 4 de abril de 2017 > O Leite Rodrigues com a professora da escola...




Foto nº 3B, 3A e 3 > Guiné-Bissau > Binta > Abril de 2017 > O João Rebola (1945-2018) esteve aqui, com a sua CCAÇ 2444 (Bula, Có, Cacheu, Bissorã e Binar, 1968/70)... Da esquerda para a direita, na base do poilão, o Leite Rodrigues, o João Rebola, o José Cancela e o José Manuel Samouco.



Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Bissa > Abril de 2017 > Junto ao Hotel Coimbra > O Leite Rodrigues, com oosando parea a fotografia com um pano tradicional usado pelas mulheres guineenses, 

Fotos (e legendas): © José Cancela (2025). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Não tenho dúvidas que o nosso saudoso camarada Leite Rodrigues, que vai amanhã, dia 26,  descer à terra da verdade, sem ter completado os 80 anos (*),  merece figurar, a título póstumo, na nossa Tabanca Grande, sentando-se simbolicamente sob o nosso poilão no lugar nº 899, ao lado de outros tabanqueiros quer vivos quer  já falecidos (e sobretud0, neste caso, homens grandes da Tabanca Pequena de Matosinhos,  como o A. Marques Lopes, o João Rebola, o Joaquim Peixoto, o Jorge Teixeira (Portojo), o António Batista da Silva, o Xico Allen, o Francisco Silva, etc., alguns dos nomes que me vêm à cabeça, e que "da lei da morte já se libertaram").

Não tenho dúvidas em aceitar a proposta do nosso régulo e poeta José Teixeira, dando ao Leite Rodrigues honras de Tabanca Grande (*)... É nossa pequena homenagem a um homem, português e camarada de coração grande, generoso e solidário, que nos ajudou também a t0rnar menos agreste e penosa a nossa caminhada pela picada da vida (e nomeadamente aos membros da Tabanca de Matosinhos, cuja tertúlia ele frequentavca desde 2006).

Verifico agora, com mais atenção que ele foi ferido gravemente num operação a caminho de Sinchã Jobel no subsetor de Geba, quando a sua CCAV 1748 estava aquartelada em Conbtuboel... Mais de ano e meio depois eu próprio iria conhecer o CIM de Contuboel, cujo subsector era um "oásis de paz"...

Já agora a operação em que o cmdt do 4º peloitão da CCAV 1748 foi ferido com gravividade: Op Invicta II, de 5 a 8dez67,  que consistiu mum golpe de mão na região de Caresse, sector L2, envolvendo forças da CCaç 1788, CCav 1748 e 2 Sec/Pel Mil 112, e  com apoio aéreo. As NT atingiram o objectivo constituído por 10 casas de mato, capturaram munições diversas e fizeram 12 feridos ao lN, que reagiu pelo fogo. As NT tiveram 2 feridos.

2. Facto que eu desconhecia, ele também foi à Guiné-Bissau em 2017 ... Com o Zé Cancela, o João  Rebola, o António Barbosa, o Angelino Silva, o José Manuel Samouco, o Eduardo Moutinho, o Rodrigo Teixeira e outros camaradas da Tabanca de Matosinhos...

O Zé Teixeira, que dessa vez não foi (tinha ido em 2015),  diz-me que "o grupo foi recebido pelo Presidente da República, o JOMAV. Sei que falaram do seu ferimento e do comandante Gazela. O Eduardo Moutinho também foi, mas agora anda às voltas com uma pneumonia".

Pedi ao Zé  Cancela algumas fotos desta viagem (em que visitaram muitas localidades) para ilustrar a minha apreesentação do nosso novo grão-tabanqueiro, que deixa muitas saudades, não só entre os antigos combatentes mas também no mundo do oçlimpisco e no hipismo .  Fizemos uma primeira seleção.

Recordo-me de, antes da pandemia, o ter convidado a integrar a nosssa Tabanca Grande...  Mas, como diz o Zé Teixeira, ele gostava mais de cavalos (e mulheres bonitas) do que computadores. Gostava mais de falar (de improviso) do que escrever. Mas era uma exímio contador de histórias. 
 
Apurámos que o nosso infortunado camarada foi alf mil cav, CCAV 1748 ( subunidade que passou por Bissau, Bula, Contuboel e Farim, entre jul 67 e jun 69). Tem cruz de guerra de 4.ª classe, atribuída em 1972. Não tínhamos, até agora,  nenhum representante desta subunidade na nossa Tabanca Grande.

Segundo a página do facebook do portal Utw Ultramar Terraweb (nota de óbito, de 23 do corrente, 16:08), o Leite Rodrigues era capitão do quadro permanente da GNR, na situação de reforma. Em 1/12/1970, tinha sido promovido a ten mil, e colocado na GNR. Em 17/5/1984, foi gradudo em capitão e promovido a cap QP, da GNR.

Era uma figura conhecida e respeita no meio equestre, foi atleta olímpico, e é recordado tanto como cavaleiro como mestre na arte da equitação. Era natural de Aveiro. Tem uma filho, que vive em Lisboa. Tinha uma filha que morreu em circunstâncias trágicas, aos 14 anos,  em 2006,  na sequência de um acidente com um dos seus cavslos. A Filipa era uma promissora atleta da equitação portuguesa, seguindo os passos do pai.

Segundo o portal Equitação, o "Alberto Bernardo Azevedo Leite Rodrigues (1945 - 2025), capitão da Guarda Nacional Republicana, representou Portugal ao mais alto nível, tendo sido olímpico nos Jogos de Barcelona em 1992, na disciplina de CCE. Dedicou a vida ao desporto equestre, que viveu com paixão. Durante a carreira como atleta, venceu inúmeras competições no nosso país e no estrangeiro, em provas de Saltos de Obstáculos e CCE. Como Veterano e Embaixador regista títulos e medalhas nos Campeoanatos de Portugal e da Europa". Nomeadamente, em 2000, sagrou-se "Campeão da Europa de Veteranos de Saltos de Obstáculos".


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26523: In Memoriam (534): O Alberto Leite Rodrigues que eu conheci (José Teixeira/Tabanca de Matosinhos)



O Alberto Leite Rodrigues que eu conheci

Por José Teixeira

Bastaram três meses de guerra ao Alberto Leite Rodrigues para ganhar uma Cruz de Guerra, da qual nunca falou aos seus amigos, e para o marcar para toda a vida. Foram umas curtas, mas dolorosas “férias” que acabaram com uma basucada nos queixos a caminho de Sinchã Jobel. Fora colocado por azar nos trilhos do famoso comandante Gazela e este não perdoava. Andou por lá o saudoso Marques Lopes e teve de recuar com feridos e mortos por duas vezes. O Alferes Fernando da Costa Fernandes que foi substituir o Marques Lopes, ferido em combate, numa terceira tentativa, caiu numa emboscada em 18 de dezembro de 1967 e não resistiu. Morreu a caminho de Sinchã Jobel.

O nosso saudoso e querido amigo Leite Rodrigues, teve um pouco mais de sorte, pois, ao tentar lá chegar, caiu de queixos, ficou com a língua em bocados, mas conseguiu levantar-se, e regressar a Portugal, ao fim de três meses de guerra, com uma cruz ao peito, mas estranhamente nunca nos falou dela.

Alferes Miliciano de Cavalaria ALBERTO BERNARDO AZEVEDO LEITE RODRIGUES
CCav 1748 / BCav 1905 - RC7 - GUINÉ
Cruz de Guerra de 4.ª CLASSE

Transcrição do Despacho publicado na OE n.º 1- 2.ª série, de 1972.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4.ª classe, nos termos do artigo 12.° do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto n." 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 03 de Novembro último, o Alferes Miliciano de Cavalaria, Alberto Bernardo Azevedo Leite Rodrigues, da Companhia de Cavalaria n.º 1748 / Batalhão de Cavalaria n.º 1905 - Regimento de Cavalaria n.º 7.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o 56, de 08 de Maio de /968, do Comando do Agrupamento n.o 1980):

Louvo o Alferes Miliciano de Cavalaria, Alberto Bernardo Azevedo Leite Rodrigues, da CCav 1748 / BCav 1905 - RC7, pela forma eficiente e dinâmica como soube comandar e instruir os homens do seu Gr Comb, tipo "comandos", quer na Metrópole, quer durante os três meses de permanência nesta Província.

Nas operações em que tomou parte, sempre se afirmou como um bom combatente,dotado de reais qualidades de coragem e decisão. Tendo sido ferido numa operação, com bastante gravidade, pelo que ficou impossibilitado de falar, longe de ficar abatido por tal facto, continuou a incutir coragem a todos com o seu exemplo, acorrendo a toda a parte onde a acção se tornava necessária.

Sendo-lhe aconselhado, atendendo a que estava ferido, que fosse para a retaguarda e não se expusesse repetidas vezes, indiferente ao perigo, voltou à frente para auxiliar e receber ordens do seu comandante de Companhia.

Disciplinado e disciplinador, bom camarada e bom chefe, conquistou o Alf. Leite Rodrigues a consideração e estima do seu comandante de Companhia, dos seus camaradas e dos seus subordinados, em todos deixando saudades.


Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 5.° volume: Condecorações Militares Atribuídas, Tomo VII: Cruz de Guerra (1972/73), Lisboa, 1995, pág. 42
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O Leite Rodrigues era um exímio contador de histórias, não só da guerra, mas também:

Contava ele que o avião que o trouxe, ferido, da Guiné, veio de noite de modo a chegar a Lisboa no escuro da alta madrugada, para não serem notados, e vinha carregado de feridos muito graves. O que estava em melhores condições era ele, que apenas vinha com uma fome de criar bicho, com a língua traçada e a boca selada com arames, pois os ossos do queixo ficaram em bocados. Entre os feridos, vinha um grande grupo de queimados em grau elevado, devido ao rebentamento de uma granada incendiária num embate com o inimigo, creio que em Bula. Todos embrulhados em gaze, pareciam múmias, era assustador e doloroso olhar para aquelas criaturas, comentava com ar pesado o Leite Rodrigues, nas suas lembranças, passados tantos anos…

Acompanhavam-nos duas zelosas enfermeiras, que tudo tentavam para lhes amenizar as dores. Às tantas ouve-se um gemido. – Senhora enfermeira quero mijar! E logo uma sorridente bata branca se aproximou, desapertou-lhe a carcela, e o pobre do rapaz aliviou-se. De seguida, todos os queimados, em carreirinha, apelaram às enfermeiras para os por a mijar… e foi assim durante o resto da noite. E, ele que nem falar podia, apreciava silenciosamente a paciência e o zelo das queridas enfermeiras.

Quando chegaram a Lisboa, desembarcaram e seguiram para o Hospital em ambulâncias militares, sem fazer o tradicional ninau! ninau!ninau!, para não incomodar os lisboetas.

Encaminharam-no para uma camarata, e atribuíram-lhe uma cama no R/C.
Ao pousar os seus haveres tocou em uma coisa dura, que tombou ruidosamente.

O Camarada que dormia no primeiro andar disparou:
– Deste-me cabo da perna, amanhã vou foder-te o juízo!

O Leite Rodrigues tentou dizer-lhe que foi sem querer, mas apenas consegui balbuciar, nh! nh! nh!
– Tu grunhas meu fdp! Quando me levantar vou te partir os queixos!

No dia seguinte de manhã, cruzaram o olhar calmamente, e descobriram que tinham sido colegas do mesmo pelotão na recruta em Mafra. Um abraço não esperado, sem palavras, mas sentido. Do Leite Rodrigues apenas se viam os olhos; o camarada chegara uns tempos antes vindo de Moçambique, sem uma perna que fora levada por uma mina antipessoal.

Tinha um prazer imenso em usar da palavra, nos almoços semanais da Tabanca de Matosinhos. Era exímio e profundo. Tocava-nos no coração e todos nós adorávamos ouvi-lo saudar um camarada em festa de aniversário, como o fez, em 12 de fevereiro, pela última vez para me saudar a mim, Zé Teixeira, na minha passagem para o 79. De surpresa, sem eu contar, ouvi soar da sua boa palavras tão lindas que ficarão gravadas eternamente.

Acolher alguém que vem pela primeira vez; para relembrar um acontecimento, uma passagem da história, saudar uma senhora, esposa de um camarada, que nos visita; uma pessoa ex-combatente, ou não, de alguma relevância que vem ao nosso encontro. Tantas e tantas vezes, que algum de nós, ia ter com o Leite Rodrigues a pedir para falar sobre um assunto de interesse.

Mas o que ele gostava mais, era falar da guerra, suas causas e consequências no tempo e ainda hoje, pelas marcas que nos deixou e que irão connosco para a cova. Falava com muito entusiasmo do Vinte e Cinco de Abril, sem paixões, mas com paixão e ardor. Relembrar o antes, o estado do povo e sobretudo de nós os jovens dessa altura. As razões da origem deste dia, como se foram acumulando. Como fomos preparando o terreno, até que chegou o momento em que os militares rebentaram com o regime, e ele estava lá como Capitão na GNR. Depois o povo fez o resto. Gostava de falar desse Vinte e Cinco de Abril que acabou com uma guerra estúpida, sem sentido, que estava a matar a juventude deste país e um povo. E todos nós fomos as suas vítimas.

Gostava de falar aos jovens e todos os anos, por altura do Vinte e Cinco de Abril, fazia um périplo pelas escolas de Vila do Conde, a convite de um tabanqueiro muito querido, Presidente da Associação local de Antigos Combatentes, o Manuel Nascimento Azevedo, para falar aos jovens do Grande Dia da Liberdade.

Foi este homem que acabamos de perder.

Há outras facetas da vida dele: O seu amor aos cavalos. A sua ligação ao Hipismo como atleta campeão olímpico e nacional por diversas vezes. A sua arte como professor de Hipismo e a escola que criou no Centro Hípico de Matosinhos Leça.

Mas, a marca que vai ficar mais patente em nós é o tempo em que convivemos com ele, desde 2006, pelo que aprendemos com ele, pelo prazer de ouvir as suas palavras de alento, que agora nos vão falhar, pela sua alegria e boa disposição contagiante, sobretudo pela sua presença.

Obrigado, Leite Rodrigues.
Zé Teixeira

A comemorar o seu aniversário no restaurante do Centro Hípico.
A saborear o almoço ao lado do tabanqueiro mor - Eduardo Moutinho Santos.
Outro aspeto da Tabanca de Matosinhos em dia de festa.
A amizade expressa no abraço ao camarada que uma vez por mês nos vem visitar e a quem o grupo paga o almoço.
Uma imagem da Tabanca de Matosinhos à quarta-feira
Talvez a falar do Vinte e Cinco de Abril.
O Leite Rodrigues a usar da palavra
A saudar o aniversariante no dia 12 de fevereiro.
No Aniversário do Leite Rodrigues no Restaurante do Centro Hípico, com o Nascimento Azevedo a fazer um brinde.
O abraço do José Fernando Couto
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Nota do editor

Vd. post de 22 de Fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26518: In Memoriam (533): Cap Cav Ref Alberto Bernardo Leite Rodrigues (1945-2025), ex-Alf Mil Cav da CCAV 1748 (1967/69): A Tabanca de Matosinhos fica doravante mais pobre (José Teixeira)

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26518: In Memoriam (533): Cap Cav Ref Alberto Bernardo Leite Rodrigues (1945-2025), ex-Alf Mil Cav da CCAV 1748 (1967/69): A Tabanca de Matosinhos fica doravante mais pobre (José Teixeira)


Alberto Bernardo Leite Rodrigues (1945-2025)

Faleceu o Alberto, a Tabanca de Matosinhos está mais pobre

por José Teixeira

Faleceu o Alberto Bernardo Leite Rodrigues (15/09/1945 – 21/02/2025). Era capitão de cavalaria reformado. Cumpriu a sua missão na Guiné 1967/68 como Alferes de Cavalaria, 

Apanhou-nos de surpresa, e partiu para o Eterno Aquartelamento, o combatente mais carismático e mais querido que passou pela Tabanca de Matosinhos. Recordamos:

  • as palavras cheias de afeto, quentes e calorosas com que acolhia todos e cada um dos camaradas, enchiam os nossos corações;
  • a sua presença semanal (té no tempo da Pandemia, com o amigo inseparável Rodrigo Teixeira, esteve presente na Tabanca de Matosinhos) com alegria, bo a disposição e sobretudo com uma palavra de alento);
  • a sua paixão por causas justas, e a sua visão uma guerra que nunca devia ter existido, que arrastou para a morte milhares de jovens, e deixou muitos mais estropiados (ele próprio) e doentes, para além de outros efeitos colaterais negativos que tanto marcaram o povo português e guineense; 
  • visão que ele tão eloquentemente punha em comum, e que todos nós gostávamos de ouvir;
  • a forma alegre como encarava a vida, e nos transmitia o calor dessa vivência: à  volta dele não havia tristeza.

Recordamos as suas conversas (pequenos discursos) com que nos brindava a pretexto de um aniversário, de um acolhimento a um novo conviva, de uma festa; a sua graça a receber as nossas esposas sempre com aquele sorriso cativante que o caraterizava.

Ainda na passada quarta-feira, o ouvimos muito muita atenção.

Foi este querido amigo, companheiro e camarada de todas as horas, que partiu, em silêncio, repentinamente, e nos deixa imensa saudade.

Recordamos o seu sofrimento, quando, ao fim de três meses de Guiné, foi vítima de uma basucada inimiga que o feriu gravemente na cara e na boca, deixando-lhe a língua em pedaços. Terminou assim a sua comissão.

Recordamos a sua intervenção no pós-25  de Novembro, (quinze dias depois) no recito exterior da Cadeia de Custóias (já como caitão da GNR). onde estavam os militares que foram presos naquele acontecimento, em que ele vestido à civil, porque estava de folga, quando soube que os seus homens da GNR tinham ido para Custóias reforçar a segurança, seguiu para lá a tempo de evitar um banho sangue.

Quando viu os soldados da GNR abrirem fogo sobre a multidão, saltou para o seu meio e mandou cessar o fogo, impedindo assim que houvesse mais mortos. Creio que houve quatro mortos nesse acontecimento. Como “prémio” pela sua ousadia foi deslocado compulsivamente para o Quartel da GNR em Lisboa, por cerca de um ano.

Querido amigo Leite Rodrigues onde estiveres, descansa em paz, que nós embreve, vamos ter contigo.

À família enlutada, sobretudo ao seu querido filho, os mais profundos sentimentos de pesar desta sua segunda família – Os combatentes da Guiné agrupados na Tabanca de Matosinhos.

Até sempre, camarada!

José Teixeira

Nota: Quando houver mais dados sobre o triste acontecimento informaremos.



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2. Nota dos editores LG/CV:

Apurámos que o nosso infortunado camarada foi alf mil cav, CCAV 1748 (que passou por Bissau, Bula, Contuboel e Farim, entre jul 67 e jun 69). Tem cruz de guerra de 4.ª classe, atribuída em 1972.  Não temos nenhum representante desta subunidade na nossa Tabanca Grande.  

Era uma figura conhecida no meio equestre, foi atleta olímpico, e é recordado tanto como cavaleiro como mestre na arte da equitação.  Era natural de Aveiro. 

Curvamo-nos à sua memória, apresentamos à família e amigos mais próximos bem como  aos nossos tabanqueiros de Matosinhos a nossa solidariedade na dor por esta perda de um camarada que nos era querido e que conhecemos em vida; a sua jovialidade, simpatia, carisma, amor à sua arte e carinho pelos seus camaradas, antigos combatentes, tocou-nos a todos (**).

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3. Em tempo:

O nosso camarada José Teixeira acaba de informar que os restos mortais do Capitão Leite Rodrigues estarão em Câmara Ardente na Igreja da Lapa a partir das 17 horas do dia 25.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14754: Em busca de... (258): Joaquim Santos Viana procura camaradas da CCAV 1748 (Contuboel e Farim, 1967/69)

Em busca de camaradas da CCAV 1748, Contuboel e Farim, 1967/69


1. No passado dia 11 de Maio de 2015 recebemos de Mário Miguel Rangel a seguinte mensagem:

Exmo. Sr. Luís Graça e restantes Camaradas,
Bom dia,

O meu nome é Mário Miguel Rangel, sou do Porto, tenho 32 anos e venho por este meio contactar convosco devido às conversas que tenho mantido com o meu sogro nos últimos tempos.

O meu sogro, Joaquim dos Santos Viana, foi combatente na Guiné, Companhia de Cavalaria 1748, de Julho de 1967 a Junho de1969, e nas conversas que temos mantido tem-me transmitido a sua tristeza devido ao facto de, ao longos destes anos, não ter conseguido reunir-se com os camaradas com quem partilhou aqueles anos.
Transmitiu-me que, em tempos, tentou conseguir o contacto de alguns mas os resultados não foram satisfatórios e, ao que parece, a referida companhia não tem nenhuma "organização" criada.

Face ao exposto, gostaria de vos pedir, por favor, a vossa ajuda no sentido de poder identificar camarada(s) do meu sogro e possivelmente organizar algum convívio.

Agradeço desde já toda a ajuda que me possam oferecer.
Sem outro assunto de momento
Com os melhores cumprimentos
Mário Miguel Rangel
E-mail: mariomiguelrangel@gmail.com


2. No dia14 foi enviada a seguinte mensagem/resposta:

Caro amigo Mário Rangel
Na verdade não temos nenhuma referência à CCAV 1748 no nosso Blogue, logo pouco podemos ajudar.
Pesquisando na net encontrei na página do nosso camarada Jorge Santos um pedido de contacto de Francisco Fartouce (CCAV 1748), que tem o telemóvel 964 506 350.
Encontrei também referências a um frequentador dos almoços das quarta-feiras da Tabanca de Matosinhos, o Capitão Reformado da GNR, Leite Rodrigues, que foi Alferes na CCAV 1748, que foi evacuado por ter sido ferido em combate.
Pode ler aqui: http://tabancapequenadematosinhos.blogspot.pt/2010/01/310-encontro-de-bons-camaradas.html -
Tem uma foto dele actual, não sei se ajuda.
Se autorizar que se publique a sua mensagem no sentido de tentar encontrar mais alguém, talvez não fosse pior mandar mais elementos sobre o senhor seu sogro, como:
Posto Militar, Especialidade e como era mais conhecido. Ajudaria também uma foto da altura.
Se quiserem posso tentar arranjar um contacto do Cap Leite Rodrigues.

Ao vosso dispor
Carlos Vinhal


3. Que deu origem a esta mensagem de 31 de Maio:

Estimado Carlos,
Muito obrigado pela sua resposta.
Antes de mais peço-lhe desculpa por não ter respondido antes mas estive fora do país em trabalho e só regressei este fim de semana.
Agradeço que publique a minha mensagem, pois assim, pode ser que seja possível encontrar mais camaradas.
Anexo envio-lhe uma foto do meu sogro.

Um grande Abraço e mais uma vez o nosso muito obrigado pela sua ajuda.
Mário Miguel Rangel


4. Comentário do editor

Aqui fica o pedido do nosso camarada Joaquim dos Santos Viana, da CCAV 1748, no sentido de encontrar os seus camaradas de armas.

Sobre a CCAV 1748 publica-se digitalização da página 507 do 7.º Volume - Fichas das Unidades - Tomo II - Guiné, da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) - Edição do Estado-Maior do Exército.

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Nota do editor

Último poste da série de 29 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14540: Em busca de... (257): Elementos do conjunto musical "Os Bambadincas": o Toni (cantor romântico), o Serafim (baterista), o Peixoto (viola ritmo e cantor pop) e mais um outro 1º cabo, que era viola baixo...Eu sou o o "Braga", viola solo, e queria muito abraçar-vos, na Trofa, no próximo dia 30 de maio, por ocasião do convivio do pessoal de Bambadinca 1968/71