Percebe-se que estamos no Rio Corubal com o destacamento de Cheche do lado de cá (margem direita) e... o mítico campo fortitificado de Madina do Boé, do lado de lá (margem esquerda)... Em 24 de setembro de 1973, não em Madina do Boé, na vasta e desertificada região do Boé, junto à fronteira (se não mesmo para lá da fronteira...), o PAIGC proclama "urbi et orbi", numa "jogada de mestre", a independência unilateral da nova República da Guiné-Bissau: foi um verdadeiro xeque-mate à diplomacia portuguesa... O aquartelamento de Madina do Boé, como se sabe, foi retirado pelas NT em 6/2/1969 (Op Mabecos Bravios).
Foto: © João Carvalho (2005). Todo os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Caamaradas da Guiné]
Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 (1973/74) > O fur mil enf João Carvalho (1973/74) junto a ao Morteiro 81 mm: uma arma poderosa, eficaz, mortífera, quando bem manejada, e apontada para as linhas inimigas... O nosso camarada é hoje farmacêutico.
1. Podemos dizer que há um Cancioneiro da Guiné, o Cancioneiro da Nossa Guerra, composto por letras, de diferentes épocas e sítios, que são sobretudo letras de "canções parodiadas", e com músicas conhecidas, da época: tinham um propósito, não tanto de "contestação, resistência e denúncia", como sobretudo de "humor negro" e "resiliência".
Um ou outro de nós, em pequenos grupos, às tantas da noite, já com uns uísques ou cervejas no bucho, éramos capazes de cantar, tocar ou cantalorar "coisas proibídas" ou "censuradas", como era o caso de algumas canções da guerra colonial / guerra do ultramar que foram recuperadas e relembradas no programa do Luís Marinho, na Antena Um, no último trimestre de 2015 (*)...
2. O nosso camarada, amigo e colaborador permanente do nosso blogue, José Martins (ex-fur mil trms, CCAÇ 5, "Gatos Pretos", Canjadude, 1968/70) [foto à direita ], colaborou com o Luís Marinho no programa "Canções da Guerra", com duas canções do Cancioneiro da Nossa Guerra, o Hino dos Gatos Pretos e Binóculos de Guerra (integradas no Cancioneiro de Canjadude). (**)
O José Martins recordou, na altura, no programa, o "making of" destas duas canções.
2.1. CANÇÕES DA GUERRA: Programa da Antena Um
Portal da RTP > Antena Um > "Canções da Guerra": programa de rádio, 2015 > Passava todo os dias, de 2ª a 6ª, na Antena Um, às 14h55, no último trimestre de 2015..
Sinopse:
(...) "A guerra colonial, tendo em conta o seu enorme impacto social, foi motivo de canções.
"As canções ligadas à guerra, falam da vida dos soldados, da saudade da terra, ou criticam de forma mais dissimulada ou mais directa, a própria guerra.
"De 2ª a 6ª feira, às 14h55 na Antena1, ou nesta página, escute as canções da guerra colonial, enquadradas por uma história. Que pode ser a da própria canção, do seu autor ou de um episódio que com ela esteja relacionado.
"Um programa: António Luís Marinho | Produção: Joana Jorge".
Eram os Gatos Pretos. O ex-furriel José Martins, conta-nos a história desta companhia e também a do seu hino.
Sinopse:
A maioria dos oficiais e sargentos era oriunda da metrópole e, nas horas de descanso, criavam-se canções.
O ex-furriel José Martins, que esteve na Guiné entre 1968 e 1970, foi um dos autores de algumas destas canções.
Enviou-nos uma delas, Binóculos de Guerra, e contou-nos também como nasciam …
https://arquivo.pt/wayback/20151116232440/http://www.rtp.pt/play/p1954/e213611/cancoes-de-guerra
Companhia de Caçadores N.o 5
Identificação: CCaç 5
Crndt: Cap Mil Inf João Alberto de Sá Barros e Silva | Cap Cav José Manuel Marques Pacífico dos Reis | Cap Inf Manuel Ferreira de Oliveira | Cap Inf António José Guerra Gaspar Borges | Cap Inf Arnaldo Carvalhais da Silveira Costeira | Cap Cav Fernando Gil Figueiredo de Barros | Cap Mil Inf José Manuel de Matos e Silva de Mendonça
Início: 1abr67 (por alteração da anterior designação de 3* CCaç) | Extinção: 20ago74
Em 1abr67, foi criada por alteração da anterior designação de 3ª CCaç.
Observações - Tem História da Unidade referente ao período de 1jan70 a 3lju173 (Caixa n."
130 - 2ª Div/4ª Sec, do AHM).
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(*) Vd. poste de 6 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15206: Lembrete (13): Todos os dias, de 2ª a 6ª feira, na Antena Um, às 14h55, o programa de António Luís Marinho, "Canções da Guerra"... Destaque para "Lágrima da preta": poema de António Gedeão (1961), musicado por José Niza e interpretado por Adriano Correia de Oliveira (1970)
(**) Sobre o Cancioneiro de Canjadude e a produção poética da CCAÇ 5, vd. os postes:
28 de fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - P576: Cancioneiro de Canjadude (CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1973/74) (João Carvalho)
(...) O isolamento em que nos encontrávamos, a necessidade de ocupar a mente com algo diferente que não fosse a actividade operacional, a tentativa de encurtar a distância que nos separava da metrópole, o sentido de improvisação e muitas mais razões, levaram a que os militares tomassem como suas as músicas em voga, na época, e lhes dessem nova vida, com factos que lhes estavam mais próximos e, sobretudo, que ajudavam a manter um espírito de corpo.
Os textos das canções ou poemas que se seguem, quando não identificam o autor, devem ser considerados de criação colectiva, pois que, se sempre há quem lance a ideia e lhe dê uma forma inicial, será o conjunto a sancioná-la e a transmitir-lhe a forma definitiva. (...)