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segunda-feira, 17 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25651: Notas de leitura (1701): Cuidado com o material em falta! (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 29 de Novembro de 2022:

Queridos amigos,
Andamos a ler as peripécias vividas por um engenheiro civil em Bolama, em 1928, era Governador o Major Leite de Magalhães, o sr. engenheiro tinha as contas no caos, ofendia gente e levava lambada, era sancionado pelo Governador em pleno boletim oficial, contestava sempre, e não esconde que tinha amizades em Lisboa. Nisto saltaram recordações de material em falta, a necessidade urgente de fazer processos de abate para ferros retorcidos de camas, colchões, fronhas e lençóis queimados, armas escavacadas. E logo um alferes na sede do batalhão, em Bambadinca, me pedia para em cada flagelação eu meter as faltas que ele tinha nos seus depósitos. Fatal como o destino, apareceu-me um coronel com cara de poucos amigos a perguntar como é que eu tinha mais abates que 2 batalhões juntos... Tudo se explicou, tudo se perdoou, mas isto do material em falta, deteriorado ou avariado, pode dar as mais inusitadas chatices, regressara a Portugal há bem 6 meses e bateu-me à porta um polícia, tinha que pagar um lençol rasgado (que, evidentemente, recebera rasgado, e com a calmante explicação que não tinha importância nenhuma) ou então teria que o acompanhar à esquadra.
Cuidado com o material em falta!

Um abraço do
Mário



Cuidado com o material em falta!

Mário Beja Santos

A situação de que vou falar foi vivida por muitos combatentes e relaciona-se com material deteriorado sobre o qual havia exigências severas de processo de abate. Imagine o leitor como o assunto sobreveio, lendo documentação manuscrita com um século ou mais que se encontra nos reservados da Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa. Folheando uma grossa pasta, dei com uma novela vivida por um engenheiro civil, diretor das obras públicas em Bolama, no primeiro semestre de 1928, era governador da Guiné o Major Leite Magalhães e o engenheiro chamava-se Caetano Marques de Amorim, recusou ir para o Estado da Índia, foi despachado para a Guiné onde teve muitíssimos problemas, desde ter levado forte pancadaria de deportados ofendidos, uma advertência feita pelo governador em pleno boletim oficial e ser dado como um diretor de obras públicas altamente negligente. O inspetor extraordinário José Manuel de Oliveira e Castro envia ao governador em 29 de agosto de 1928 o resultado da inspeção financeira que levara a cabo na Direção das Obras Públicas.

Escreve:
“A inspeção teve início em 14 de abril último, pelo balanço dado ao cofre e pela verificação dos documentos nele exigentes, representando despesas efetuadas.
E dada a forma irregular como se haviam realizados os pagamentos constantes da documentação ali encontrada, no montante de muitas centenas de escudos, foi necessário proceder a um estudo e confronto demorados com a escrituração da Direção da Fazenda.
Relativamente ao Depósito de Materiais e Ferramentas, não podia ter lugar qualquer exame à sua escrita, porque ela não existia. Existia, sim, um livro sem obediência aos mais rudimentares preceitos legais, mal escriturado e atrasado. Os materiais e ferramentas existentes no Depósito, encontravam-se aos montes, sem indicação de preços e sem referência a faturas.
Foi, portanto, necessário promover a regularização da escrita, o inventário de toda a existência e a organização do novo livro, por onde se pudesse conhecer as espécies dos materiais e dos artigos à carga desse Depósito. Tal serviço foi protelado por parte do respetivo Fiel, durante muito tempo, e, para a sua mais breve conclusão indispensável se tornou que a Direção da Fazenda lhe suspendesse os vencimentos até concluírem e apresentarem os respetivos trabalhos.
Só em 10 de julho do ano corrente, o Sr. Diretor das Obras Públicas, engenheiro Marques de Amorim, me comunicou que o Fiel do Depósito tinha regularizado a escrita. Mas, vista ela, notou-se-lhe a falta de vários elementos que verbalmente lhe foram pedidos e que não apresentou, até que os pedi oficialmente. Em 11 do mesmo mês, vieram esses elementos com a nota da Direção das Obras Públicas, e no mesmo dia estava ultimada a inspeção financeira, cujos resultados levei ao conhecimento daquela Direção.
Verificado está que a demora havida se deve ao caos em que se encontrava a parte financeira daquela Direção, que, é indispensável acentuar-se, a mim, como inspetor extraordinário me pertencia apenas verificar e não organizar e compor, como fiz, não só pelo natural empenho da regularidade de todos os serviços da colónia, como também para satisfazer às instâncias do engenheiro Marques de Amorim, abraços com as dificuldades resultantes dos mais processos adotados anteriormente ao seu exercício.”


Despede-se com os cumprimentos da época (Saúde e Fraternidade), continuei a ler o processo, Marques de Amorim tentou agredir o deportado político José Simões da Piedade, disse a quem o ouviu que se estava a “cagar na revolução”, os deportados ajuramentaram-se para lhe dar um corretivo, Leite Magalhães irá puni-lo por comportamento desrespeitoso, enfim, uma perfeita cegada. Enquanto tudo isto lia, ocorreu-me o que vivera em Missirá, corria o mês de agosto de 1968. Peripécias inesquecíveis, e como é próprio destes casos, com ameaças de punição à vista.

Estava acerca de 1 mês a comandar Missirá e Finete, vivi em Missirá mais tempo, e um dia o cabo-quarteleiro, de nome Veloso, de voz ciciante e sempre a retorcer para baixo a sua bigodaça me recordou que havia uma divisão que eu ainda não visitara, um depósito de material sem préstimo, que conviria urgentemente denunciar à CCS do novo batalhão que ia chegar em breve a Bambadinca. Lá fui visitar o dito depósito, emanava um cheiro nauseabundo a podridões várias, ali havia de tudo, ferros de cama enferrujados, capacetes que tinham perdido préstimo, umas estranhíssimas peças em couro a cheirar a mofo, restos de terrinas metálicas rachadas ou amolgadas, enfim, um mundo inesperado de sucata com que eu não sonhara. E começou uma aventura kafkiana: interrogado o furriel que estava encarregado da contabilidade e manutenção, declarou nunca ter feito autos de abate, nem lhe conhecias a fórmula; anotado como prioritário o assuno na minha agenda, vou a correr falar com o tenente da secretaria do BART 1904, entregam-me formulários, insistem que devo fazer rapidamente o preenchimento dessa documentação, partirão em breves semanas. E preencheu-se aquela burocracia, senti alívio de meter em sacos toda aquela traquitana nauseabunda.

Não tinha passado 1 mês desde a chegada do novo batalhão, sofro uma flagelação de monta em Missirá, na noite de 6 de setembro, fez-se o relatório e descriminaram-se as perdas, o novo alferes encarregado da manutenção do material pede-me para eu alterar os números: na flagelação perderam-se 2 camas, ele recomendou que eu pusesse 20; arderam lençóis, fronhas e colchões, “Epá, põe aí qualquer coisa como 30 pares de lençóis e fronhas e mesmo os colchões, fiz o inventário aqui do batalhão, nem podes imaginar o material que falta, tenho que pedir auxílio a quem sofre flagelações para não vir a ter chatices”.

E cada vez que eu tinha uma flagelação aquele brioso alferes da CCS avolumava perdas.

Até que um dia desceu um helicóptero em Missirá, dele saiu um coronel com ar de poucos amigos, depois de um seco aperto de mão pediu-me um ambiente reservado para conversarmos, foi direito ao assunto, em Bissau achava-se completamente inacreditável que naquele quartelzinho com um pelotão de milícias e um pelotão de caçadores nativos houvesse perdas que excediam à vontade as de um batalhão que estivesse permanentemente a ser atacado. Respondi-lhe sem hesitar que tinha perdas e não enjeitava a camaradagem, como o Sr. Coronel podia imaginar ninguém estaria interessado em levar para a metrópole cobertores malcheirosos, ferros de cama, pedaços de fronha, rolos de arame farpado, procedera com solidariedade e não estava arrependido. O Sr. Coronel então sorriu, deve ter considerado que era com aquela franqueza chamar os bois pelos nomes que valia a pena encerrar o assunto, como aconteceu, meses depois o tal inquérito que foi arquivado.

Enfim, enquanto lia na Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa os infortúnios e os disparates de Caetano Marques de Amorim, veio-me à lembrança que não se deve descurar o material em falta, quem descura arrisca-se a muitos amargos de boca. E fica aqui a última lembrança. Já em Bissau, pronto para regressar, aboletado num dormitório infecto a que chamávamos “Vaticano III” entregaram-me um lençol esfarrapado, que não me preocupasse, entregava-o assim na data da partida, era material para abate, não havia mais. Acreditei e 6 meses depois, a viver na Avenida do Brasil, em Lisboa, bate-me à porta um polícia e mostra-me um documento em que eu tinha que repor uma maquia por ter esgarçado um lençol em Bissau, se não pagasse imediatamente teria de o acompanhar à esquadra. Mais uma vez se mostrava que é preciso ter muito cuidado em manusear material para abate…

Prestando-se assistência sanitária na Guiné, 1967, Arquivo Global Imagens, com a devida vénia
A messe em Missirá (Cuor) em 1966, imagem do blogue
A minha morança em Missirá, ardida em 19 de março de 1969
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Nota do editor

Último post da série de 14 DE JUNHO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25639: Notas de leitura (1700): Factos passados na Costa da Guiné em meados do século XIX (e referidos no Boletim Official do Governo Geral de Cabo Verde, anos 1858 a 1861) (7) (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24339: Tugas, pocos pero locos: algumas das nossas operações temerárias (2): Op Gavião (Madina / Belel, 4-6 de abril de 1968): 300 homens desbaratados pelas abelhas, armas extraviadas, um cadáver abandonado, um homem perdido, etc.


Cracá do Pel Caç Nat 52 (1966/1974), "Os Gaviões". Divisa: "Matar ou morrer"


Operação Gavião (Madina / Belel, 4-6 de Abril de 1968)  

1. Todos os anos, pela época seca, de preferência entre março e abril, o comando do batalhão sediado em Bambadinca, Sector L1, zona leste, região de Bafatá, mandava uma força de cerca de 300 homens à procura do acampamento IN do Enxalé, algures na península de Madina / Belel, mesmo já no limite do Sector, a sudeste da base de Sara.  Por aqui o IN e a população sob o seu controlo viviam com relativa tranquilidade, só sendo importunados por alguma incursão de tropas helitransportadas ou pelos bombardeamentos da FAP. A ida a Madina / Belel era quase sempre azarada: em geral as NT levavam prisioneiros que serviam de guias, e que procuravam ludibriar as NT, "perdendo-se" propositadamente ou tentando inclusive a fuga (como aconteceu, por exemplo, na Op Anda Cá, 22 e 23 de fevereiro de 1968) (*), 

Todos os anos aconteciam erros de planeamento, guias que se perdiam, itinerários mal escolhidos, PCV (antes da época do Strela...) que denunciavam a presença das NT, falhas no abastecimento de água, progressão para o objectivo a horas proibidas, confusão de (ou chegada tardia aos objetivos), flagelações do IN, tabancas abandonadas e queimadas, casos de exaustão, insolação e  desidratação, indisciplina de fogo, ataques de abelhas, debandada geral, perda de armas e muniçóes, e até de homens, regresso dramático ao Enxalé com viaturas a sair até São Belchior para transportar os mais "desgraçados", tentatativa de recuperação, no dia seguinte, do material perdidos… e, claro, relatórios por vezes fantasiosos, pouco rigorosos, etc....

Em 1968 (Op Gavião), aconteceram também estas coisas, próprias de uma guerra de contraguerrilha, num terreno inóspito para muitas das tropas portuguesas... É também caso para dizer, "tugas pocos pero locos" (**).

2.  Op Gavião: Desenrolar da acção

Iniciada no dia 4 de abril de 1968, às 18h00, com a duração de 3 dias, tinha como finalidade excutar uma acção ofensiva na mata de Belel, começando por um golpe de mão ao acampamento IN  do Enxalé. 

Forças ( c. 300 homens) que tomaram parte na operação:

(i) Cmdt: 2º cmdt BART 1904;

(ii)  Destacamento A: CART 2338 a 4 Gr Com + Pel Caç Nat 52;

(iii) Destacamento B: CART 2339, a 4 Gr Comb + Pel Caç Nat 53


Destacamento A

O Pel Caç Nat 52 deslocou-se de Missirá para a região de Aldeia do Cuorno dia 4 de abril de 1968, às 15h00, onde se instalou protegendo a cambança das restantes forças do Destacamento (CART 2338), cambança essa que foi efectuadas às 18h45 do mesmo dia.

Uma vez completo o Destacamemnto, as NT iniciaram a marcha para Missirá, tendo pernoitado um pouco antes de o atingir, pelas 22h00. 

Reiniciaram o movimento no dia 5, às 5h30, utilizando um guia natural de Missirá, ao qual foi acordado e indicado qual o serviço a desempenhar só pouco antes do início do movimento, por razões de sigilo e segurança.

Ao fim  da tarde do dia 5 atingiu um ponto cerca de 1 km atrás do local previsto onde pernoitou.

Reiniciado o movimento no dia 6, pelas 5h30, foi detectado um sentinela por volta das 7h30. Começou então a instação de 3 Gr Comb para proteger o ataque dos outros dois grupos. 

Entretanto a sentinela detectou as NT e fugiu. Passados poucos minutos o IN emboscou as NT com LGFog e armas automáticas
Zacarias Saiegh, mais tarde,
na 1ª CCmds Africanos,
como  tenente graduado
'comando'

Com o Pel Caç Nat 52 à frente, impulsionado pelo seu comandante, o fur mil Zacarias Saiegh, que demonstrou um sangue frio, decisão e temeridade  dignos de serem apontados, reagiu à emboscada,  perseguindo o IN durante cerca de 1,5 km. 

Deparou nessa altura com a tabanca de Belel que imediatamente atacou e destruiu totalmente, tabanca essa que tinha sido abandonada recentememnte, e que tinha 25 palhotas. Foram destruídos ainda um tanque de água e uma horta grande.

Aquando da  destruição da tabanca pelo fogo, foram ouvidos uns rebentamentos muito fortes, o que levou a concluir tratar-se de um pequeno paiol.

Entretanto, o PCV infornou o Destacamento A que o objetivo destruído era o objectivo do Dest B e deu ordens para reiniciar o regresso para o local previsto onde se devia emboscar durante a acção do Dest B, o que foi cumprido,

Ao chegar ao local previsto, encontrou-se com o outro Dest, que já tinha destruído o objetivo deste Dest (B), e acabava de sofrer um ataque de abelhas que tinha provocado uma grande desorganziação. 

Tendo então recebido ordem do PCV para iniciar o regresso da operação, acordou com o Dest B que seguisse este na frente por já conhecer o caminho. Entretanto, ao iniciar o movimenmto depois da preparação das macas improvisadas para o transporte dos elementos mais atingidos pelo ataque das abelhas, o que demorou um certo tempo, foram emboscados novamente por forças do IN, tendo sido pedido então apoio aéreo, o que foi recusado pelo PCV.

Foi reiniciado o movimento com algumas paragens motivadas por flagelações do IN, com armas automáticas, e mais dois ataques de abelhas na margem do Rio Gandurandim, o que provocou nova desorganização nos Destacamentos. 

Por fim foi atingida a estrada Finete-Enxalé, sendo o Destacamemto recolhido em viaturas em São Belchior, atingindo o Enxalé no dia 6, às 18h30.

Aí, mais tarde, foi constatado o desaparecimento de uma praça metropolitana pelo que o cmdt do Destacamento A resolveu  na madrugada seguinte ir à sua procura, não tendo sido necessário por a praça ter aparecido no Enxalé no dia 7, às 6h00.

Iniciou-se a cambança do Rio Geba para o Xime, e daí, em viaturas, iniciou-se o movimento para Fá que foi atingida no dia 8, às 15h00.

Constatou-se que, durante o ataque de abelhas, duas praças perderam as armas, pelo que o Cmdt do BART ordenou a ida de 1 Gr Comb deste Dest, e um do Dest B no dia seguinte, 8, às 5h00 ao local,  a fim de recuperar as referidas armas, o que foi conseguido. A força regerssou ao quartel em 8, às 20h00.

Destacamento B

A CART 2339 iniciou o seu movimento, em meios auto, no dia 5, às 15h00, de Fá para o Xime onde agregou o Pel Caç Nat 53. Iniciou a cambança do Rio Geba pelas 18h00, recebeu no Enxalé dois guias e iniciou a marcha pelo itinerário previsto, tendo atingido o local a norte de Madina onde se devia instalar, no dia 6, às 7h00, após alguma hesitações ("exitações", no originnal) dos guias,

Cerca das 9h00, o PCV informou que o Dest A tinha já destruído a tabanca de Belel e ordenou que se iniciasse o movimento pelo trilho Mandina-Belel, a fim de iniciar a batida à zona a sul do referido trilho.

Durante o deslocamento foi detectado o acampamento de Enxalé. que imediatamente foi atacado e destruído, sem resistência, verificando-se que tinha sido abandonado há pouco tempo. O objectivo tinha 8 palhotas, e forma capturadas 1 espingarda Mauser, 2 marmitas, 1 granada de RPG, e alguns documentos.

Aquando da destruição pelo fogo, foram ouvidos rebentamentos de munições de armas ligeiras e granadas de RPG.

Entretanto, os elementos do Dest instalados, quando se procedia ao assalto, foram atacados pela abelhas, o que provocou uma desorganiozaçáo grande, e pôs 2 homens em estado grave, que não permitiu que se deslocassem pelos seus meios.  

Devido ainda a esse ataque de abelhas, no seu movimento desordenado o Dest encontrou-se com o Dest A instalado no local previsto.

Nessa altura e como havia uma linha de água perto, 3 elementoso do Pel Caç Nat 53, sem autorização, deslocaram-se para se reabastecerem de água. Foram atacados pelo IN tendo sido abatido o soldado milícia 60/64, Tura Jau, e tendo o IN capaturado a sua arma, espingarda G3 nº 035786.

Acorrendo imediatamente ao local, repeliu-se o IN e recuperou-se o corpo  do referido mílicia.

Como o PCV informara que ía Bissau abastecer, foi pedido pela rede de operação a evacuação dos elementos feridos e do morto. Entretanto, ao chegar o PCV, foi pedida novamente a evacuação, tendo o mesmo  determinado que não houvesse evacuações, após se ter inteirado que os feridos picados pelas anelhas estavam a recuperar, e ter decidido o regresso ao quartéis em face dos objectivos previstos terem sido destruídos, o terreno a sul da picada onde nos encontrávamos estar queimado e não havendo possibilidade de se esconderem instalações do IN e ainda pelo facto do Dest GAMA (BCAÇ 1912) não se ter instalado no local previsto para proteger a acção deste Dest.

Por lapso que se explica pelas circunstâncias de momento, o PCV não foi informado que já tinha sido pedida a evacuação pela rede de operações, o que provocou a vinda do héli a Bambadinca, não sendo contudo utilizado.

Depois de uma certa demora, com o Pel Caç Nat 52 e 53 à frente, iniciou-se o regresso, tendo as NT sofrido 3 flagelações sem consequèncias, e tendo o IN sofrido 5 mortos confirmados.

Já junto da estrada Finete-Enxalé as NT sofreram mais 2 ataques de abelhas, provocando o desmaio de alguns elementos que tiveram de ser transportados às costas.

Continuando a progressão atingiu-se São Belchioronde se foi recolhido por viaturas para Enxalé, que foi atingo cerca das 18h00.

Verificou-se que o morto tinha ficado na zona d0 último ataque de abelhas pelo que foi decidido o Pel Caç Nat 53 ficar em Enxalé, a fim de ir de madrugada no dia seguinte recuperar o corpo, o que foi feito.

A CART 2339 inicou a travessia do Rio Geba, e deslocou-se em viaturas para Fá, que atingiu no dia 7 às 3h00.

Ao conferir o material foi constatada a falta de 2 espingardas G3 e alguns cantis e bornais ("burnais", no original), o que foi comunidacado ao Cmdt do BART que ordenou a ida no dia seguinte à zona do último ataque das abelhas juntamente com 1 Gr Comb da CART 2338, o que foi feito e conseguido recuperar parte do material perdido. As NT regressaram  a Fá, que atingiram no dia 8, às 20h00.

Fonte: Excerto das  páginas 43, 44 e 45 da História da Unidade: Batalhão de Artilharia nº 1904, 1966/68. Relatório da Op Gavião, iniciada em 4 de Abril de 1968: com a duração de três dias, e destinada a executar um golpe de mão contra o acampamento do Enxalé, do PAIGC, na mata de Belel, teve a participação da CART 2338, a 4 Gr Comb, mais o Pel Caç Nat 52 (Destacamento A), bem como da CART 2339, a 4 Gr Comb, mais o Pel Caç Nat 53 (Destacamento B). Foi comandada pelo 2º Comandante do BART 1904.


Documento digitalizado: © Armando Fernandes (2008). Direitos reservadas.


3. O Armando Fernandes, ex-alf mil cav, cmdt do  Pel Rec  Info,  CCS / BART 1904, Bissau e Bambadinca, 1966/68), mandou-nos em 8 de maio de 2008 fotocópias das páginas 43, 44 e 45 da história da unidade, com base nas quais transcrevemos o texto acima (com algumas adaptações, devido ao facto de estar mal redigido e ter alguns erros de ortografia).

Na altura, o nosso camarada escreveu o seguinte:

Professor Luís Graça:

Chamo-me Armando Fernandes, fui alf mil cav, comandei o Pel Rec do BART 1904 que esteve sedeado em Bambadinca, de Janeiro a Setembro de 1968. Durante todo o ano de 1967 o Batalhão esteve sedeado em Santa Luzia, Bissau, onde rendeu, em Janeiro de 67, o BCAÇ 1876.

Entrei ontem, pela 1ª vez, no seu blogue e chamou-me a atenção o nome de uma operação referido em P2817 (***), Operação Gavião.

Sobre essa operação consta da história do BART 1904, pags. 43/45 (edição não canónica em meu poder) que o fur mil Zacarias Saiegh nela participou, o que está em desacordo com uma resposta do doutor Beja Santos registada em P2817. Parece, também, que relativamente à entrada em Belel há discrepância entre o registado na história do BART e o afirmado no mesmo poste. Onde estará a verdade?

Em anexo envio cópia das páginas que referi.

Apresento os meus cumprimentos, Armando Fernandes

4. Comentário do editor L.G.:

Na altura agradeci ao camarada Armando Fernandes, dizendo-lhe que ia divulgar a sua versão (que era a versão do BART 1904)  (****) e dar conhecimentos aos camaradas que tinham escrito sobre a Op Gavião (Mário Beja Santos, do Pel Caç Nat 52, e Torcato Mendonça e Carlos Marques dos Santos, da CART 2339, estes dois últimos participantes da Op Gavião) (*****). 

Escrevi então: 

"A nós interessa-nos a verdade e só a verdade... Em muitos casos, há discrepâncias factuais entre os nossos relatórios de operações e os depoimentos pessoais. É normal. O Mário Beja Santos, que comandou o Pel Caç Nat 52 (a partir de agosto de 1968), não poderia obviamente ter participado nesta Operação Gavião (abril de 1968). Socorre-se da memória dos seus antigos soldados, alguns dos quais felizmente ainda estão vivos e vivem em Portugal."

O ex-alf mil Torcato Mendonça e o ex-fur mil Carlos Marques dos Santos, da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), esses,  infelizmente, já náo estão entre nós...

Na altura também convidei o Armando Ferreira  a ingressar na nossa Tabanca Grande.  Infelizmente nunca mais nos contactou, pelo que nem ele nem mais ninguém representa o BART 1904 no nosso blogue.

De qualquer modo, ficou claro na altura que  o fur mil Zacarias Saiegh, a comandar interinamente  o Pel Caç Nat 52, tinha particiapdo na Op Gavião, e que recebera do comandante da operação, rasgados elogios, como se depreende deste excerto do relatório:

(...) "Com o Pel Caç Nat 52 à frente, impulsionado pelo seu comandante, o fur mil Zacarias Saiegh, que demonstrou um sangue frio, decisão e temeridade  dignos de serem apontados, reagiu à emboscada,  perseguindo o IN durante cerca de 1,5 km. " (...)
__________

Notas de L. G.:

(*) Vd. poste de 23 de fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1542: Operação Macaréu à Vista (Beja Santos) (34): Uma desastrada e desaosa operação a Madina/Belel

(**) Último poste da série > 21 de maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24330: Tugas, pocos pero locos: algumas das nossas operações temerárias (1): Op Tigre Vadio, 30 de março a 1 de abril de 1970, sector L1, Península de Madina / Belel, zona leste, sector L1 (Bambadinca)

(***) Vd. poste de 7 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2817: Blogoterapia (51): O Alentejo do Casadinho e do Cascalheira, o Tura Baldé, a Op Gavião... (Torcato Mendonça / Beja Santos)
(****) Vd. poste de 11 de maio de 2008 > Guiné 63/74: P2833: Op Gavião (Belel, 4-6 de Abril de 1968) (Armando Fernandes, Pel Rec CCS / BART 1904, Bissau e Bambadinca, 1966/68)

(*****) Vd. ppostes de:

9 de maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2823: Dando a mão à palmatória (11): Operação Gavião, 5 de Abril de 1968, com as CART 2338 e 2339 (Torcato Mendonça / Beja Santos)

2 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9303: Memórias do Carlos Marques dos Santos (Mansambo, CART 2339, 1968/69) (1): Op Gavião: Abril de 1968, antes o fogo do IN que o ataque das abelhas

sábado, 17 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23887: O nosso livro de visitas (217): Pedro Galriça, filho do ex-cap art Fernando Manuel Jacob Galriça, cmdt da CART 1647 / BART 1904 (Bissau, Quinhamel e Binar, 1967/68)


Guiné-Região do Oio  > Binar > Abril de 2017 >  "Uma pequena capela construída encostada a um poilão, que felizmente ainda se encontra de pé, e em cujo interior se encontrava exposta uma pequena imagem de Nossa Senhora de Fátima, que já lá não está. Fui aqui Comandante, como Capitão Miliciano, da então CCAÇ 17, que era constituída por 23 militares do Continente e por 144 militares da Guiné. Na frente da capela, situava-se a parada do nosso quartel." 

Foto do álbum de António Acílio Azevedo (ex-cap mil,  1.ª CCAV/BCAV 8320/72, Bula e da CCAÇ 17, Binar, 1973/74). (*)

Segundo o nosso leitor, Pedro Galriça, esta capelinha teria sido construída pela companhia que o seu saudoso pai, o então cap art Fernando Manuel Jacob Galriça, comandou, a CART 1647 (Bissau, Quinhamel e Binar, 1967/68).

Foto (e legenda): © A. Acílio Azevedo (2017).
Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Pedro Galriça, filho do ex-cap art  Fernando Manuel Jacob Galriça, cmdt CART 1647 / BART 1904 (Bissau, Quinhamel e Binar, 1967/68)

Data - 16 dez 2022,  14:56  
Assunto - Guiné, Binar

Boa tarde,
Em pesquisas na Net, sobre referências ao meu Pai, cheguei ao blog que criou. O meu Pai foi oficial do exército, e esteve numa comissão na Guiné, em Binar e em Bula.

Pelo que sei,  a capela existente na árvore do aquartelamento de Binar terá sido construída por elementos da companhia que ele comandou;

Recordo-me de ele fazer referência a isso e ter inclusivamente algumas fotos/slides das várias fases da sua construção.
Esses slides, presumo que ainda em condições, devem estar por casa da minha Mãe, em Lisboa.
Interessa-vos este tipo de documentação, para instruir o vosso blog?

Cumprimentos,
Pedro Galriça

2. Resposta do editor Luís Graça:

Pedro, obrigado pelo seu contacto. O único oficial com o apelido Galriça, que passou pelo TO da Guiné, durante a guerra colonial / guerra do ultramar, só pode ser o seu pai, de nome completo Fernando Manuel Jacob Galriça. Foi comandante da CART 1647 / BART 1904, e esteve efetivamente em Binar, de setembro de 1967 a outubro de 1968, conforme ficha da unidade que reproduzimos a seguir.

Temos 25 referênciasao BART 1904 mas muito poucas às suas subunidades de quadrícula. Da CART 1647 não temos inclusive nenhum representante na nossa tertúlia (Tabanca Grande): o número de membros registados é já de 867 (entre vivos e mortos, desde 2004).

Tudo indica, pelo que me diz, que a construção da referida capelinha seja dessa época (set 67/out 68). O nosso camarada António Acílio Azevedo passou por Bula e Binar em abril de 2017 com mais um pequeno grupo de malta do Norte, numa viagem de "turismo de saudade", e tirou a foto que reproduzimos acima e a que o Pedro muito provavelmente se refere.

Se o Pedro um dia destes nos quiser e puder mandar algumas imagens digitalizadas não só da construção da capelinha como do resto da comissão de serviço do seu pai no CTIG, ficar-lhe-emos gratos. Os filhos dos nossos camaradas nossos filhos são... Bem haja por honrar a memória do seu pai e dos seus homens, nossos camaradas,  da CART 1647. Bom Natal e Melhor Ano Novo de 2023. Luís Graça

3. Ficha de unidade > Batalhão de Artilharia n.º 1904

Identificação:  BArt 1904
Unidade Mob: RAP 2 - Vila Nova de Gaia
Cmdt: TCor Art Fernando da Silva Branco
2º  Cmdt: Maj Art Adolfo Jorge Vilares da Costa
OInfOp/Adj: Cap Art Manuel Henrique Lestro Henriques

Cmdts Comp:
CCS: Cap Art João Gonçalves Vila Chã
Cap Art Artur Olímpio de Sá Nunes
CArt 1646: Cap Mil Art Manuel José Meirinhos
CArt 1647: Cap Art Fernando Manuel Jacob Galriça
CArt 1648: Cap Art Diogo Baptista Coelho | Cap Mil Art José Reis Fernandes Leitão
Divisa: "Firmes e Generosos"
Partida: Embarque em 11Jan67; desembarque em 18Jan67 | Regresso: Embarque em 310ut68

Síntese da Actividade Operacional

Inicialmente, foi colocado em Bissau, rendendo o BCaç 1876 e assumindo as responsabilidades de segurança e defesa dos pontos sensíveis do sector a partir de 23Jan67, com as subunidades que lhe foram atribuídas, com a sede em Bissau e englobando os subsectores de Brá (Bissau), Nhacra e Quinhámel, tendo colaborado intensivamente no recenseamento da maior parte da população suburbana da cidade.

Após ter sido substituído no sector de Bissau pelo BCaç 2834, assumiu, em 18Jan68, a responsabilidade do Sector LI, com sede em Bambadinca e abrangendo os subsectores de Xime, Xitole e Bambadinca e, a partir de 06Mai68, ainda o subsector de Mansambo, então criado, tendo rendido no referido sector o BCaç 1888.

Desenvolveu intensa actividade operacional, orientada para a desarticulação dos grupos inimigos que tentavam fixar-se na zona de acção, para assegurar a ocupação territorial e para promover a autodefesa, segurança e promoção socioeconómica das populações.

Dentre o material capturado mais significativo salienta-se: 1 metralhadora pesada, 4 metralhadoras ligeiras, 6 pistolas-metralhadora e 17 espingardas.

Em 160ut68, foi rendido no sector de Bambadinca pelo BCaç 2852 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

* * *

A CArt 1646 foi inicialmente colocada em Bissau, ficando integrada no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, em substituição da CCaç 799, na dependência do seu batalhão, sendo, de 21Mai67 a 23Jun67, transitoriamente, substituída pela CCaç 1683. 

Após ter cedido temporariamente um pelotão para Bula, em reforço do BCaç 1876, de 01
a 20Abr67, foi atribuída na totalidade em reforço do BCaç 1876, para tomar parte em operações nas regiões de Bipo, Choquemone, Ponta Matar e Pelundo, entre outras, de 21Mai67 a 04Ag067. 

Depois de ter sido substituída no sector de Bissau pela CArt 1742, foi transferida para Fá Mandinga, em 04Ag067, a fim de integrar o dispositivo e manobra do BCaç 1888, com um pelotão destacado em Bambadinca.

Em 14Nov67, por troca com a CCaç 1551, assumiu a responsabilidade do subsector de Xitole, com pelotões destacados em Saltinho e Mansambo, este até 05Mai68, ficando integrada no BCaç 1888 e depois no seu batalhão.

Em 18Set68, foi rendida pela CArt 2413 por troca e voltou a Fá Mandinga em 20Set68, onde se manteve até 060ut68. Em seguida, recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso, sendo transitoriamente integrada no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área a cargo do BCaç 1911.

***

A CArt 1647 foi inicialmente colocada no sector de Bissau a fim de colmatar a saída anterior da CCaç 1589 no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área a cargo do BArt 1904.

Em 24Mar67, por troca com a CCaç 1438, iniciou o deslocamento para o subsector de Quinhámel, com destacamentos em Ilondé, Orne, Ponta Vicente da Mata e Ondame, tendo assumido a responsabilidade do referido subsector em 31Mar67.

Em 05Ag067, rendida pela CCaç 1549, foi colocada de novo em Bissau, a fim de substituir a CCaç 1438 no dispositivo do sector e, cumulativamente, desempenhar as funções de subunidade de reserva do CTIG, sendo atribuída a partir de 07Ag067 ao BCaç 1876, para realização de operações na região de Bula.

Em 11, 16 e 20Set67, deslocou-se por fracções para Binar, a fim de render a CCaç 1498, assumindo a responsabi lidade do respectivo subsector em 19Set67 e ficando integrada no dispositivo e manobra do BCaç 1876 e depois do BCav 1915.

Em 130ut68, foi substituída pela CCaç 2404 e recolheu a Bissau, a fim de  aguardar o embarque de regresso e sendo integrada transitoriamente no dispositivo do BCaç 1911, com vista a cooperar na segurança e protecção das instalações e das populações da área.

***

A CArt 1648 ficou colocada em Bissau como subunidade de intervenção e reserva do CTIG, sendo utilizada em diversas operações realizadas na região de Pelundo, Queré, Churobrique e Tiligi, em reforço do BCav 1905 e na região de Bula-Jolmete, em reforço do BCaç 1876.

Em 3IJu167, rendendo a CCaç 1487, assumiu a responsabilidade do subsector de Nhacra, com efectivos destacados em Safim, João Landim, Dugal e ponte de Ensalmá, ficando integrada no dispositivo do BArt 1904.

Depois de ter sido substituída no subsector de Nhacra pela CArt 1614, assumiu, em 13Jan68, a responsabilidade do subsector de Binta, com um pelotão destacado em Guidage, onde rendeu a CCaç 1546 e ficou integrada no dispositivo e manobra do BCaç 1932 e depois do COP 3.

Em 140ut68 foi substituída pela CArt 2412 e recolheu a Bissau a fim de aguardar o embarque de regresso, sendo transitoriamente integrada no dispositivo do BCaç 1911, com vista a cooperar na segurança e protecção das instalações e das populações da área.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n." 80 - 2ªDiv/4ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pp. 212/ 214
___________

Nota do editor:


(...) Percorridos cerca de 10 quilómetros por uma estrada bem asfaltada e com muitas retas, chegámos a Binar, onde no período de 1973 e 1974, se sediou o aquartelamento da Companhia de Caçadores 17 (CCAÇ 17), constituída por 23 homens do Continente Português (1 Capitão, 4 Alferes, 1 Sargento, 9 furriéis, 5 cabos e 3 praças e mais 144 elementos africanos (5 furriéis, 11 cabos e mais 128 soldados, que comandei, como Capitão Miliciano, durante cerca de oito meses.

Ao chegarmos ao cruzamento da localidade, virámos para norte, para cerca de 500 metros depois, chegarmos ao local onde existiu o antigo aquartelamento, tendo de imediato sentido um arrepio ao ver o local onde estive instalado e em zona onde também existiam habitações da administração e tabancas da população local.

Começando por falar da vedação das nossas antigas instalações, referiria que da mesma, na altura constituída por duas redes de arame farpado paralelas e separadas cerca de uns 15 metros uma da outra, com entrada/saída nos topos norte e sul, nem sinais dela agora existem.

Mal estacionámos no local onde era a parada do antigo aquartelamento, senti logo uma profunda emoção ao ver ainda de pé e em estado de boa conservação, uma antiga capelinha, encostada a um enorme poilão, que continha no seu interior um pequeno oratório, onde estava colocada uma pequena imagem de Nossa Senhora de Fátima, capelinha essa que havia sido construída pela Companhia de Militares Portugueses que nos antecedeu e da qual não me recordo a sua identificação.

Essa capelinha, creio que foi construída como agradecimento a Nossa Senhora pelo facto de quase no topo dessa árvores e bem lá em cima, ainda se poder ver uma granada de RPG, que havia sido disparada por tropas do PAIGC e que lá ficou espetada, sem explodir. (...)


(**) Último poste da série > 18 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23439: O nosso livro de visitas (216): Areolino Cruz (Bafatá, 1944 - Cubucaré, 1965) foi meu colega de carteira no Colégio Nuno Álvares, em Tomar, nos anos de 1957/58. Guardo dele uma terna recordação (Francisco A. Monteiro e Souza, natural de Cabo Verde, a viver nos Açores, ex-membro da FAP e da TAP)

domingo, 27 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20278: (De) Caras (138): o alf mil at art António Freire Vieira Abreu pertenceu ao 2º pelotão da CART 1648 / BART 1904 (Bissau, Nhacra, Binta, Bissau, 1967/69) (João Crisóstomo / Armindo Azevedo)



Guião do BART 1904 (Bissau e Bambadinca, jan 1967/ out 1969)



1. Mensagem, de 21 do corrente, João Crisóstomo, ex-alf
mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67),  nosso camarada da diáspora, a viver desde 1975 em Nova Iorque, recentememnte promovido a régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona (que é tão grande como o mundo):

Caro Luís Graça, e demais camaradas

Acabo de falar com o Armindo Azevedo que me deu/confirmou algumas informações ontem encontradas e ainda as seguintes.

O Vieira Abreu pertencia à Companhia de Artilharia 1648, BART  1904 [Bissau, Nhacra, Binta, Bissau, 1967/69). Era o  comandante do Segundo Pelotão. Foi para a Guiné no Uige a 11 de janeiro de 1967 e voltou no mesmo barco em novembro de 1968.

O nome completo dele é António Freire Vieira Abreu, nº mecanográfico 09758763.


Ao  2º Pelotão da CART 1648, pertenciam 3 sargentos: 2º srgt at art, Manuel Dias Duarte; fur mil at art, Tibério Augusto F. Branco; e fur mil at art, Joaquim Carvalho Justino... E pelo menos quatro primeiros cabos (, dos restantes não temos o nome): Mário Gonçalves Moreira, Joaquim Leite da Silva, Ramiro Moreira da Costa e José Gouveia Pires...

O Armindo disse ter um livro [, a história da unidade.]  com todas as informações sobre o BART 1904.  Ele ofereceu-se para mo “facilitar”; eu evidentemente que não preciso de toda essa info, mas, no caso de alguém estar interessado, pode contactar com ele. Telemóvel + 351 913 212 651..

Um abraço, João.

 2. Comentário do editor LG:

Pronto, João, está identificada a companhia (e o batalhão) a que o nosso Vieira Abreu pertencia, graças aos teus bons ofícios e à resposta pronta do camarada Armindo Azevedo que organizou o último convívio do batalhão, o 50º, este ano em maio passado, no Norte, o 50º Convívio dos Combatentes do Batalhão de Artilharia 1904 (CCS, CArt 1646, CArt 1647 e CArt 1648). Recorde-se o lema do batalhão: "Firmes e Generosos"...

Agora a questão que eu te ponho é a seguinte: faz sentido integrá-lo na Tabanca Grande, a titulo póstumo, como temos feito com outros camaradas que têm vindo a falecer, nestes últimos anos de vigência do blogue (ou, seja, desde 2004)..., sem sabermos qual era a sua (e da família) última vontade ? Possivelmente, ele até poderia querer "esquecer a Guiné", como talvez a grande maioria dos nossos camaradas... que não nos procuram, não nos lêm, não falam desse seu passado...

Que eu saiba, o António, teu condiscípulo de seminário e teu amigo (***),  nunca nos procurou, nem terá mostrado interesse por esta parte, dolorosa, do seu passado. É possível que tenha escritos sobre a Guiné... .Mas tu, João, tens a liberdade de o fazer, patrocinando a sua entrada na Tabanca Grande... Escreves dois parágrafos...Falas com a viúva. É uma pequena homenagem nossa...

De resto, não temos ninguém que represente,  mesmo a título póstumno, a CART 1648... O António seria o primeiro...  Este convite também é extensivo ao Armindo  Azevedo que, felizmente, permanece entre nós, e que nos pode ir facultando mais informação sobre a história do BART 1904. 

Aquele abraço, Luís

_______________

Notas do editor:



segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20264: Em busca de... (299): Camaradas do ex-alf mil António Vieira Abreu, recentemente falecido em Lisboa, e que pode ter pertencido ao BART 1904 (Bissau e Bambadinca, jan 67 / out 69) (João Crisóstomo, Nova Iorque; Manuel Carvalho Gondomar; José Martins, Odivelas)


Foto nº 5


Foto nº 6


Guiné > s/l > s/d > c. 1967/68 > O Alf António Veira Abreu com o seu grupo de combate, militares que poderão ter pertencido ao BART 1904 (Bissau e Bambadinca, 1967/69),à CCS, ou às companhias de quadrícula, CART 1646, 1647 e 1648


Fotos: © João Crisóstomo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]


1. Mensagem do João Crisóstomo, com data de ontem:

Luís Graca,
O Vieira Abreu a bordo de um "sintex"
Vou tentar mais alguma info sobre o Vieira Abreu. Pensei que querias “uma foto" dele ( pedi duas fotos à São, uma à paisana e outra da tropa, mas enviou umas poucas , todas da Guiné.  Enviei-te estas quatro para escolheres (*) , mas, sendo assim há/ tenho mais algumas que a São me mandou; junto mais duas pois nelas aparecem outros “camaradas". Nos meus “canhenhos" o nome que tenho dele é António Vieira Abreu.

Vou confirmar logo que puder. E se conseguir mais alguma info envio-te de imediato.

Vou fazer o que puder pela "Tabanca da Diáspora", mas não te quero alimentar esperanças demasiadas, pois os resultados, por razões várias (, a maioria fora do meu controlo, ) até ao momento têm sido aquém dos meus esforços. (...)
Abraço, João

João Francisco Crisóstomo
Queens, New York


2. Comentário de Manuel Carvalho (Gondomar), ex- (ex-fur mil armas pesadas inf, CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70) (*):

Caro amigo Luis Graça

Acerca do nosso camarada Vieira Abreu,  se ele embarcou em Janeiro de 67 só pode ter pertencido ao Bart 1904 que esteve em Bissau e em Fevereiro/68 foi para Bambadinca. 

As companhias operacionais foram as CArt 1646, 1647 e 1648 que também estiveram em Bissau até meados de 67 e é natural que tenham ido fazer alguma operação para a zona onde estava o camarada João Crisóstomo e se tenham encontrado. 

Com os dados que temos, o camarada Vieira Abreu pode ter pertencido a qualquer uma destas companhias inclusive a CCS do BART 1904. 

As outras companhias que foram em Janeiro de 67 para a Guiné foram a CArt 1659 que foi para Gadamael, a 5ª de Comandos e os Pelotões de Reconhecimento 1143 e 1165: o  1143 esteve em Bafatá e em Teixeira Pinto onde ainda convivi com alguns em junho e julho de 68 no Pelundo com quem aprendi algumas coisas, eles estavam no fim e eu estava a começar. Boa gente nunca mais vi nenhum mas gostava.

Um abraço
Manuel Carvalho


Guião do BART 1904 (Bissau e Bambadinca, janeiro de 1967 / outubro de 1969). Cortesia de © Carlos Coutinho (2004)

3. O nosso colaborador permanente, José Marcelino Martins, mandou-nos a seguinte lista dos locais (e datas) por onde passou o BART 1904 e as suas companhias de quadrícula.

Unidade |  Inicio |  Local  | Zona | Saida | Destino

B. Art. 1904 - CCS | janeiro 67 | Bissau | Bissau | fevereiro 68 | Bambadinca
B. Art. 1904 - CCS | janeiro 68| Bambadinca |  Leste | outubro 69 | Fim comissão
B. Art. 1904 - C. Art. 1646 |  janeiro 67 | Bissau | Bissau | agosto 67 | Fá Mandinga
B. Art. 1904 - C. Art. 1646 | abril 67 | Bula | Oeste | abril 67 | Destacada
B. Art. 1904 - C. Art. 1646 |  maio 67 | Bipo | Oeste |  agosto 67 | Intervenção
B. Art. 1904 - C. Art. 1646 | maio 67 | Choquemone |  Oeste | agosto 67 | Intervenção
B. Art. 1904 - C. Art. 1646 | maio 67 | Ponta Matar | Oeste | agosto 67 |  Intervenção
B. Art. 1904 - C. Art. 1646 | maio 67 | Pelundo | Oeste | agosto 67 | Intervenção
B. Art. 1904 - C. Art. 1646 | agosto 67 | Bambadinca | Leste | novembro 67 | Destacada
B. Art. 1904 - C. Art. 1646 | agosto 67 | Fá Mandinga | Leste |  janeiro 68 | Xitole
B. Art. 1904 - C. Art. 1646 | setembro 67 | Fá Mandinga | Leste | outubro 69 | Fim comissão
B. Art. 1904 - C. Art. 1646 | novembro 67 | Mansambo | Oeste | maio 68 | Destacada
B. Art. 1904 - C. Art. 1646 | novembro 67 | Saltinho | Leste | maio 68 | Destacada
B. Art. 1904 - C. Art. 1646 | janeiro 68 | Xitole | Leste | setembro 67 | Fá Mandinga
B. Art. 1904 - C. Art. 1647 | janeiro 67 | Bissau | Bissau | abril 67 | Quinhamel
B. Art. 1904 - C. Art. 1647 | janeiro 67 ! Ilondé | Oeste | agosto 67 ! Destacada
B. Art. 1904 - C. Art. 1647 | janeiro 67 | Ome | Sul | agosto 67 | Destacada
B. Art. 1904 - C. Art. 1647 | janeiro 67 | Ondame | Bissau | agosto 67 | Destacada
B. Art. 1904 - C. Art. 1647 | janeiro 67 | Ponta Vicente da Mata | Bissau | agosto 67 | Destacada
B. Art. 1904 - C. Art. 1647 | março 67 | Quinhamel | Bissau | agosto 67 | Bissau
B. Art. 1904 - C. Art. 1647 | agosto 67 | Bissau | Bissau |  setembro 67 | Binar
B. Art. 1904 - C. Art. 1647 | agosto 67 | Bula | Oeste | agosto 67 | Intervenção
B. Art. 1904 - C. Art. 1647 | setembro 67 | Binar | Oeste | outubro 69 | Fim comissão
B. Art. 1904 - C. Art. 1648 | janeiro 67 | Bissau | Bissau | agosto 67 | Nhacra
B. Art. 1904 - C. Art. 1648 | fevereiro 67 | Pelundo | Oeste | julho 67 | Intervenção
B. Art. 1904 - C. Art. 1648 | fevereiro 67 | Queré | Oeste | julho 67 | Intervenção
B. Art. 1904 - C. Art. 1648 | fevereiro 67 | Churobrique | Oeste | julho 67 | Intervenção
B. Art. 1904 - C. Art. 1648 | fevereiro 67 | Tiligi | Oeste | julho 67 | Intervenção
B. Art. 1904 - C. Art. 1648 | fevereiro 67 | Bula | Oeste | julho 67 | Intervenção
B. Art. 1904 - C. Art. 1648 | julho 67 | Dugal | Oeste |  janeiro 68 | Destacada
B. Art. 1904 - C. Art. 1648 | julho 67 | Joáo Landim | Oeste | janeiro 68 | Destacada
B. Art. 1904 - C. Art. 1648 | julho 67 | Nhacra | Oeste | janeiro 68 | Binta
B. Art. 1904 - C. Art. 1648 | julho 67 | Ponte Ensalma | Oeste | janeiro 68 | Destacada
B. Art. 1904 - C. Art. 1648 | julho 67 | Safim | Bissau | janeiro 68 | Destacada
B. Art. 1904 - C. Art. 1648 | janeiro 68 | Binta | Oeste | outubro 69 | Fim comissão
B. Art. 1904 - C. Art. 1648 | janeiro 68 | Guidage | Oeste outubro 69 | Destacada


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15695: Estórias avulsas (84): A minha primeira missão (Abel Santos, ex-Soldado Atirador da CART 1742)

 

1. Em mensagem do dia 21 de Janeiro de 2016, o nosso camarada Abel Santos (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) conta-nos a sua primeira acção na Guiné, a partir de Bissau.




A minha primeira missão 

A minha primeira missão no Comando Territorial Independente da Guiné Portuguesa aconteceu após a chegada da minha CART 1742 a Bissau, onde desembarcámos a 31 de Julho de 1967.

Após o desembarque, fomos colocados em Santa Luzia, no chamado 600, substituindo a CART 1646, onde ficamos integrados no dispositivo do BART 1904, com vista à segurança e proteção das instalações e das populações da área.

Mas falava eu na primeira missão, que foi atribuída ao meu grupo de combate, mais propriamente à minha secção, quando fomos escalados para fazer segurança a um barco civil de transporte de géneros, para distribuição aos nossos camaradas espalhados pelas várias guarnições da Guiné.

Zarpamos manhã cedo do Porto de Bissau para aproveitar a maré cheia, e navegámos ao encontro dos nossos camaradas que estavam precisando de reabastecimentos, já que por terra era bastante complicado.

Embarcações utilizadas nos reabastecimentos às guarnições.
© Com a devida vénia ao ex-Fur Mil Rodrigues Lopes do BCAÇ 2852

A primeira guarnição visitada foi Catió, onde aportámos seriam umas quatro horas da tarde, isto ao fim de quase dois dias a navegar, e de ficarmos imobilizados no leito do rio, devido à maré ter baixado, não permitindo a navegação.

Chegados a Catió, fomos recebidos pelo comandante da malta lá instalada que nos obsequiou com um bom jantar (esparguete com atum) o que para nós, que estávamos a ração de combate, caiu que nem mel na sopa.
Encontrei lá um camarada dos meus tempos de escola, e aproveitamos para pôr a conversa em dia, com as notícias da terra. Fui também esclarecido sobre o que era a guerra de guerrilha no território guineense.
Depois de bem alimentados e conversados, o comandante da guarnição escalou uma secção do seu grupo de combate que nos transportou ao cais onde se encontrava o barco atracado com os restantes camaradas, que foram surpreendidos com uma alimentação quentinha, esparguete com atum, oferecida pelo comandante militar de Catió, o que muito nos sensibilizou, e que mais uma vez demonstrou o altruísmo da malta castrense. A noite passada no barco foi agitada, já que os obuses sediados em Cufar não paravam de bombardear a zona, colocando os “periquitos” em alerta permanente.

Pela 6 horas da manhã, aproveitando a maré cheia, levantámos âncora e lá fomos a caminho de Gadamael, onde chegámos por volta das 4 horas da tarde. Desta vez não houve jantar, pois a malta da guarnição local estava a ser alimentada a ração de combate porque a despensa apresentava-se vazia e a ultima refeição quente tinha ocorrido ao almoço, arroz com um pouco de carne, do que ainda restava, daí a necessidade daquela malta ser reabastecida. Notei o incómodo daquele comandante, daquele homem que queria dar de comer aos seus soldados, e não tinha com quê, pedindo desculpa com a lágrima no canto do olho porque nada podia fazer. Fiquei sensibilizado com o comportamento daquele militar, que demonstrou possuir um grande altruísmo e carinho pelos seus semelhantes, grande lição de carácter me foi proporcionado, o que me serviu de guia pela vida fora. Obrigado camarada.

No regresso a Bissau, onde cheguei passados 10 dias, já não encontrei a minha Companhia no 600, pois tinha sido deslocada em 14Set67 para Nova Lamego, onde rendeu a CCAV 1963.

Foi assim o começo da minha prestação militar na Guiné Portuguesa.

Sem mais, recebam um forte alfa bravo, e até à próxima.
Abel Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de setembro de 2015 Guiné 63/74 - P15126: Estórias avulsas (83): Um velório no início da Comissão (José Vargues, ex-1.º Cabo escriturário)

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15112: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte XIII: Férias na metrópole, 1969: fotos aéreas da chegada a Lisboa...


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3



Foto nº 4


Foto nº 5

Portugal continental > 1969 > Vistas aéreas do território... Fotos tiradas do avião da TAP, Bissau-Lisboa... É fácil reconhecer as fotos de Lisboa e estuário do Tejo (nºs 1, 2 e 3) bem como a do  cabo Espichel, na pensínula de Setúbal  (nº 4): estão claramente identificados o farol (1) e o santuário de nossa senhora do cabo Espichel (2)... Tenho dúvidas sobre a nº 3:  será a margem sul do rio Tejo ? será o estuário do rio Sado ? ou a ria Formosa ?...

O Jaime ficou de mandar as legendas... E escrever algo mais sobre as suas férias de 1969...  Na época, não havia avião direto para o Porto... Presume-se que o Jaime tenha apanhado o comboio para chegar depois até casa, na Senhora da Hora, Matosinhos...

Entretanto, fica aqui o convite para mais camaradas falaram das suas férias na metrópole, aqueles de nós, felizardos, que conseguiram vir de férias à metrópole, pelo menos uma vez... Excecionalmente houve quem conseguisse vir duas vezes...

Terão sido as melhores férias das nossas vidas ? Que recordações temos dessa viagem (de ida e volta) e do tempo de férias ? Será que conseguimos pôr a guerra entre parênteses ? Onde passámos as férias ? Junto da família e dos amigos ? Sei que alguns aproveitaram para... se casar!... Seguramente ninguém veio, à metrópole (ou à Madeira, ou aos Açores...),  fazer turismo... Já estávamos, muitos de nós, "apanhados do clima", quando chegámos a casa, com muitos meses de Guiné...

Julgo que a maior parte de nós - dos que tiveram a sorte de poder vir de férias à metrópole - vieram tentar carregar baterias e respirar à tona de água... Não foi fácil, em muitos casos nem sequer  terá sido bom... Vinha-se a meio da comissão, e ainda faltava a outra metade... Foi penoso voltar para a guerra, em muitos casos... Falo, pelo menos, por mim... Confesso que não tenho recordações felizes das "férias" que fiz na metrópole, em meados de 1970, um ano depois de ter chegado à Guiné... (LG)

Fotos: © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]


1. Continuação da publicação do belíssimo álbum fotográfico do Jaime Machado, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, maio de 1968 / fevereiro de 1970, ao tempo dos BART 1904 e BCAÇ 2852) (*):


[foto atual à esquerda; o Jaime Machado reside em Senhora da Hora, Matosinhos; mantém com a Guiné-Bissau uma forte relação afetiva e de solidariedade, através do Lions Clube; voltou à Guine-Bissau em 2010]


Recorde-se que o  Jaime Machado tinha sob o seu comando um pequeno grupo de pessoal: Pel Rec Daimler 2046, num total de 14 elementos... Chegou a Bambadinca dia 7 de maio de 1968, tendo ficado às ordens do comando do BART 1904 (Bambadinca, maio /setembro 68) e depois do BCAÇ 2852 (Bambadinca, outubro 68/fevereiro 70). Conheci-o em julho de 1969, quando a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 ficou adida ao setor L1 (Bambadinca). O Jaime Machado e os seus bravos deixaram Bambadinca em fevereiro de 1970.

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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P15036: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte XII: Colunas logísticas... E em março de 1969, participação na Op Cabeça Rapada I, ao serviço do BCAÇ 2852


Foto nº 1


Foto nº 1A


Foto nº 2 


Foto nº 2 A


Foto nº 3


Foto nº 3A



Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7

Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Pel Rec Daimler 2046 (1968/70 > Fotos  do álbum de Jaime Machado, imagens que falam por si e que documenta a participação das velhinhas Daimlers na escolta de segurança a colunas logísticas bem como a colunas de transporte de tropas e civis.

Fotos: © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]


1. Continuação da publicação do belíssimo álbum fotográfico do Jaime Machado, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, maio de 1968 / fevereiro de 1970, ao tempo dos BART  1904 e BCAÇ 2852) (*):

[foto atual à esquerda; o Jaime Machado reside em Senhora da Hora, Matosinhos; mantém com a Guiné-Bissau uma forte relação afetiva e de solidariedade, através do Lions Clube; voltou à Guine-Bissau em 2010]

Por lapso. referimos. nalguns postes anteriores, que o Jaime esteve ao serviço do BART 1913, quando queríamos dizer BART 1904... Do lapso, pedimos desculpa ao nosso camarada e aos nossos leitores.

Quanto às fotos acima, numeradas mas não legendadas, faço apelo mais uma vez  à memória e às notas do autor, para acrescentar as informações que achar oportunas. São "fotos falanets", como diz o nosso camarada e amigo Torcato Mendonça, contemporâneo do Jaime Machado no CTIG  e no setor L1, e também meu). O Torcato participou nesta operação abaixo referida, a Op Cabeça Rapada I.

2. Atividade operacional do Pel Rec Daimler 2046, agora ao serviço do BCAÇ 2852   (continuação)

MARÇO 1969

OPERAÇÃO “CABEÇA RAPADA [I]”


Iniciada em 25 de março às 4h00, com a duração de 2 dias e com a finalidade de proteger a desmatação das bermas do itinerário Bambadinca-Mansambo, a realizar por 7 mil  nativos.

Tomaram parte na Operação:

Dest. A – CCAÇ 2405 a 2 Gr Comb; CCS/BCAÇ 2852 a 2 Gr Comb; PEL CAÇ NAT 53 e 63;

Dest B – CART 2339 a 2 Gr Comb; CART 1746 a 2 Gr Comb; CCAÇ 2314 a 2 Gr Comb;

Dest C – PEL MIL 103, 104 e 105;  PEL ART BAC 1 (MANSAMBO); PEL DAIMLER 2046

DESENROLAR DA ACÇÃO

Iniciaram a picagem os destacamentos A e B, respetivamente de Bambadinca e Mansambo, encontrando-se nos pontos previstos e iniciando as seguranças laterais do itinerário. 

O pessoal nativo foi chegando aos pontos de trabalho, trabalhando em bom ritmo e regressando a Bambadinca ao anoitecer. O Pel RecDaimler 2046 patrulhou constantemente o itinerário. Em 26, às 5h00, reiniciou-se a Operação terminando cerca das 18h00 sem consequências, regressando a tropa aos quartéis e os nativos aos centros de recrutamento.

(Continua)
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Nota do editor:

(*) Postes anteriores da série:

10 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P14992: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte XI: Bissau

2 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P14959: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte X: Bafatá

29 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14943: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte IX: Os meus rios, Geba e Udunduma

22 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14914: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte VIII: População: de Porto Brandão a Cansamba

17 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14890: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte VII: O edifício dos CTT de Bambadinca: c. 1968/70 e 2010 ... (Fotos completadas com as de Humberto Reis, ex-fur mil op esp., CCAÇ 12, 1969/71)

11 de julho 2015 > Guiné 63/74 - P14864: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte VI: Mulheres e bajudas (III)

8 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14851: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte V: Mulheres e bajudas (II): A Rosinha, a lavadeira de Bambadinca, 40 anos depois (em Bissau)

8 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14847: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte IV: Mulheres e bajudas de Bambadinca (I)

29 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14806: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte III: O grave acidente com arma de fogo que vitimou o Uam Sambu, do Pel Caç Nat 52, na manhã de 1/1/1970

24 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14790: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte II: Ao serviço do BART 1904 (de maio a setembro de 1968) e do BCAÇ 2852 (de outubro de 1968 a fevereiro de 1970)

21 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14775: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte I: Partidas e chegadas