A malta da FAP que esteve na BA 12. Bisslanca, entre 1969 e 1974, sabe de quem é que eu estou a falar.
O Pierre Fargeas, nascido em 1932, era o técnico francês da Sud-Aviation, a fábrica dos heli Alouette III, que prestava assistência a estas aeronaves. [ Foto aqui à esquerda a ser condecorado, em 1970, pelo cor pilav Diogo Neto: imagem publicada no blogue Especialistas da BA 12. Guiné 65/74.]
Viveu em Bissau, com a esposa Ivette Fargeas, durante cerca de cinco anos, desde 1969 a 1974, até ao 25 de abril. Depois o casal regressou a casa, tal como os últimos soldados do Império, e meteu-se noutras aventuras... Em 1975 estavam os dois em El Aaiun, a capital do Sará Ocidental, ex-colónia espanhola, hoje ocupada por Marrocos.
Sei que o Pierre Fargeas se reformou em 1988 e vive (ou vivia em 2014) no sul de França, em Saint Raphael. Fez-se, entretanto, radioamador, com o indicativo F4TJS.
Pierre e Ivette Fargeas sempre tiveram um grande carinho por Portugal, a Guiné-Bissau, a FAP, o pessoal da BA 12, Bissalanca, do seu tempo...
Sei que o Pierre Fargeas se reformou em 1988 e vive (ou vivia em 2014) no sul de França, em Saint Raphael. Fez-se, entretanto, radioamador, com o indicativo F4TJS.
Pierre e Ivette Fargeas sempre tiveram um grande carinho por Portugal, a Guiné-Bissau, a FAP, o pessoal da BA 12, Bissalanca, do seu tempo...
Pierre tem inclusive mantido contactos com algums camaradas, nossos, da FAP, como é o caso do Jorge Félix ou do Vitor Barata, régulo da Tabanca de Bissalanca (, tendo como adjuntos o João Carlos Silva, o Marto Aguiar e o Paulo Moreno).
Por outro lado, há alguns vídeos dele no You Tube (cenas da vida quotidiana da Guiné, mas também um viagem ao sul...), de que falaremos mais tarde.
Um desses vídeos já aqui passou, pelo menos, duas vezes... Mas não fica mal passar uma terceira vez, justamente porque é um dos melhores postes que publicámos nos últimos 15 anos (*)
PS - Madame Ivette Fargeas fez, em Bissau, no período em que lá viveu, uma exposição de cerâmica e outra de "panos africanos", segundo a técnica do batique [, recorde-se que o batique: (i) é uma técnica artesanal de tingimento, que consiste em cobrir de cera as partes do tecido que não devem ser tingidas, mergulhá-lo num banho de cor e remover a cera posteriormente, repetindo o processo para cada cor utilizada; (ii) é tecido tingido por meio dessa técnica].
Vídeo (2' 44'') > Bafatá > c. 1969 > Alojado no You Tube (Cortesia de Jorge Félix).
Pasa el tiempo y sin ti no sé vivir,
la razón es para mí siempre sufrir,
y ahora el viento al pasar me da a entender
que en la vida sólo a ti esperaré.
Yo recuerdo tu mirar y tu besar,
tu sonrisa bajo el sol primaveral,
estoy solo sin saber lo que tú harás,
en mi alma hay dolor al esperar.
Ven... a mí ven, no tardes más,
ven, por favor, te ruego yo,
no podré esperar, ven a mí,
yo quiero saber si has de venir,
por fin así, dímelo, amor.
Es la herida que envejece sin piedad,
más mi amor siempre será eternidad,
en mis blancas noches tú revivirás
el recuerdo de mi amor al despertar.
En mi mente siempre como un altar
y tu rostro grabo en mí para soñar,
el momento ha de llegar muy pronto ya
y veré la realidadal despertar.
Ven... ven a mí ven, ven, no tardes más,
ven, por favor, te ruego yo,
no podré esperar,
ven... oh ven a mí yo... yo quiero saber
si has de venir por fin así, dímelo, amor.....
______________
Ivette Fargeas, expondo na sala de convívio do pessoal da CCP 112 / BCP 12, BA 12, Bissalanca, s/d,c. 1973. Fotograma de vídeo de Pierre Fargeas, disponível no You Tube. |
PS - Madame Ivette Fargeas fez, em Bissau, no período em que lá viveu, uma exposição de cerâmica e outra de "panos africanos", segundo a técnica do batique [, recorde-se que o batique: (i) é uma técnica artesanal de tingimento, que consiste em cobrir de cera as partes do tecido que não devem ser tingidas, mergulhá-lo num banho de cor e remover a cera posteriormente, repetindo o processo para cada cor utilizada; (ii) é tecido tingido por meio dessa técnica].
Vídeo (2' 44'') > Bafatá > c. 1969 > Alojado no You Tube (Cortesia de Jorge Félix).
© Jorge Félix / Pierre Fargeas (2009). Todos os direitos reservados. (Música de fundo: Te Espero, Charles Aznavour, reproduzida com a devida vénia...Vd. página oficial aqui)
2. Vídeo que o Jorge Félix fez com imagens que lhe foram enviadas pelo francês Pierre Fargeas, o técnico da fábrica dos Alouettes III, que fazia a sua manutenção em Bissalanca, no período entre 1969 e 1974. (**)
Escreveu o Jorge:
"Fiz uma pequena montagem das imagens, onde estou a guiar o heli, segue ao meu lado esquerdo a esposa do Pierre, Ivette Fargeas, e depois uns senhores que não me recordo o nome. O Coronel é o meu comandante Diogo Neto."
Sinopse:
(i) O heli parte de Bissalanca e faz uma viagem até Bafatá, sobrevoando o Rio Geba, as bolanhas, as tabancas, a avenida principal da bela vila colonial, a "princesa do Geba" (ainda não tinha o estatuto de cidade em 1969, só em março de 1970), a casa Gouveia, a catedral, o mercado, o hospital...
(iv) Uma canción desesperada, uma canção, eterna, para um amor talvez impossível, um amor sofrido, uma canção que fica aqui tão bem quando olhamos para o passado, quando tínhamos vinte anos e estávamos na guerra...
(v) Jorge: Gosto muito do plano em que estás tu, aparentemente concentrado na tua missão de comandamte daquela nave, mas de repente viras-te para trás... e pedes um cigarro!... (Aí temi pela segurança... do heli e da tua preciosa carga...).
(vi) Como éramos todos tão apaixonados pelas vida (e pelas lindas mulheres....), como éramos todos tão conscientemente irresponsáveis, como éramos todos tão sem jeito, como éramos todos tão inconscientemente loucos, como éramos todos tão optimistas e generosos, como éramos todos já tão maduros e tão sofridos, como éramos todos...
(Porra, Jorge, que me fazes chorar! )...
___________
O Jorge Félix e a Ivette Fargeas |
Escreveu o Jorge:
"Fiz uma pequena montagem das imagens, onde estou a guiar o heli, segue ao meu lado esquerdo a esposa do Pierre, Ivette Fargeas, e depois uns senhores que não me recordo o nome. O Coronel é o meu comandante Diogo Neto."
Pierre Fargeas |
(i) O heli parte de Bissalanca e faz uma viagem até Bafatá, sobrevoando o Rio Geba, as bolanhas, as tabancas, a avenida principal da bela vila colonial, a "princesa do Geba" (ainda não tinha o estatuto de cidade em 1969, só em março de 1970), a casa Gouveia, a catedral, o mercado, o hospital...
(ii) Não no heliporto,mas numa rua de Bafatá, são recebidos por militares, onde se incluem os oficiais superiores.
(iii) Na despedida, um deles, de camuflado, parece-nos ser o cor Hélio Felgas, comandante do Cmd Agrupamento nº 2957, a que pertencia o o nosso camarada Fernando Gouveia.
(iv) O Pierre Fargeas faz depois, a pé, com a esposa, um visita ao encantador mercado de Bafatá, de arquitectura revivalista.
(v) O heli regressam entretanto, a Bissalanca, à BA 12, ao longo do Rio Geba e da estrada Bafatá-Bambadinca...O Pierre Fargeas, de óculos graduados sem armação, aparece, no vídeo, no regresso a Bissalanca. A sua esposa, a belísisma Ivette, surge de novo ao lado do piloto, Jorge Félix.
(vi) Não sabemos em que circunstâncias. ou a que título, o casal. viajou até Bafatá, um dos poucos sítios da Guiné, de então, para além de Bubaque nos Bijagós, que se podia visitar (e valia a pena visitar), "by air", em segurança... Muito simplesmente, o casal deve ter "apanhado uma boleia".
(vi) Recorde-se que, no nosso tempo, meu (1969/71) e do Fernando Gouveia (1968//0), Bafatá nunca sofreu qualquer ataque ou flagelação por parte do PAIGC; haverá, sin, um ataque, mais tarde, em 28/8/1972, com foguetões 122 mm, mas sem consequências.
Presumimos que a gravação tenha sido feita pelo Pierre Fargeas e pela esposa, Ivette. Ou pelo próprio cor pilav Diogo Neto. A montagem é do Jorge Félix. [É pena que o Jorge Félix nunca tenha respondido a (ou comentado) algumas das minhas questões.]
3. Comentário de L.G.:
Pedi ao Fernando Gouveia para comentar:
"Tem cenas sobre Bafatá (***)... (e tem a Ivette Fargeas, que é de uma beleza perturbadora...). Quero inclui-lo na tua/nossa série Roteiro de Bafatá... Um abraço. Luis".
E ele respondeu (em 1/12/2013):
"Não tenho muito a comentar, além do agradável que é, rever Bafata. A única coisa estranha que me pareceu foi que a aterragem se fez numa rua e não no heliporto junto à pista."
São imagens relativamente raras. Temos fotos aéreas, naquela época já havia boas máquinas fotográficas, mas não gravadores de vídeo. Este pequeno filme terá sido feito com câmara de filmar de 8 mm, sendo depois o filme convertido para vídeo.
Escrevi na altura, no nosso Facebook (Tabanca Grande Luís Graça), em resposta ao Jorge Félix:
"É um vídeo que eu vejo e revejo... Por muitas razões: por ti, amigo e camarada do meu tempo; pelo regresso ao passado; pelas saudades da doce, tranquila e bela Bafatá; pelos nossos 20 anos. tão generosos quanto verdes; pela beleza (pertubadora) da Ivete Fargeas; pela "canción desesperada" do Ch. Aznavour... Uma combinação perfeita!... Um Alfa Bravo".
Já tinha comentado anteriormente, em 2009 (**):
(v) O heli regressam entretanto, a Bissalanca, à BA 12, ao longo do Rio Geba e da estrada Bafatá-Bambadinca...O Pierre Fargeas, de óculos graduados sem armação, aparece, no vídeo, no regresso a Bissalanca. A sua esposa, a belísisma Ivette, surge de novo ao lado do piloto, Jorge Félix.
(vi) Não sabemos em que circunstâncias. ou a que título, o casal. viajou até Bafatá, um dos poucos sítios da Guiné, de então, para além de Bubaque nos Bijagós, que se podia visitar (e valia a pena visitar), "by air", em segurança... Muito simplesmente, o casal deve ter "apanhado uma boleia".
(vi) Recorde-se que, no nosso tempo, meu (1969/71) e do Fernando Gouveia (1968//0), Bafatá nunca sofreu qualquer ataque ou flagelação por parte do PAIGC; haverá, sin, um ataque, mais tarde, em 28/8/1972, com foguetões 122 mm, mas sem consequências.
Presumimos que a gravação tenha sido feita pelo Pierre Fargeas e pela esposa, Ivette. Ou pelo próprio cor pilav Diogo Neto. A montagem é do Jorge Félix. [É pena que o Jorge Félix nunca tenha respondido a (ou comentado) algumas das minhas questões.]
3. Comentário de L.G.:
Pedi ao Fernando Gouveia para comentar:
"Tem cenas sobre Bafatá (***)... (e tem a Ivette Fargeas, que é de uma beleza perturbadora...). Quero inclui-lo na tua/nossa série Roteiro de Bafatá... Um abraço. Luis".
E ele respondeu (em 1/12/2013):
"Não tenho muito a comentar, além do agradável que é, rever Bafata. A única coisa estranha que me pareceu foi que a aterragem se fez numa rua e não no heliporto junto à pista."
São imagens relativamente raras. Temos fotos aéreas, naquela época já havia boas máquinas fotográficas, mas não gravadores de vídeo. Este pequeno filme terá sido feito com câmara de filmar de 8 mm, sendo depois o filme convertido para vídeo.
Escrevi na altura, no nosso Facebook (Tabanca Grande Luís Graça), em resposta ao Jorge Félix:
"É um vídeo que eu vejo e revejo... Por muitas razões: por ti, amigo e camarada do meu tempo; pelo regresso ao passado; pelas saudades da doce, tranquila e bela Bafatá; pelos nossos 20 anos. tão generosos quanto verdes; pela beleza (pertubadora) da Ivete Fargeas; pela "canción desesperada" do Ch. Aznavour... Uma combinação perfeita!... Um Alfa Bravo".
Já tinha comentado anteriormente, em 2009 (**):
(i) Que nostalgia, que saudade, que doçura triste! ...
(ii) Perfeita a escolha da música do Charles Aznavour, a sua canção Te espero, em espanhol, com seu sotaque meio francês e meio arménio... Um rapaz do mundo, com idade de ser nosso pai (n. 1924...), pai da nossa geração, a dos baby boomers...
(iii) Pasa el tiempo y sin ti no sé vivir / la razón es para mí siempre sufrir / y ahora el viento al pasar me da a entender / que en la vida sólo a ti esperaré (****).
(iii) Pasa el tiempo y sin ti no sé vivir / la razón es para mí siempre sufrir / y ahora el viento al pasar me da a entender / que en la vida sólo a ti esperaré (****).
(iv) Uma canción desesperada, uma canção, eterna, para um amor talvez impossível, um amor sofrido, uma canção que fica aqui tão bem quando olhamos para o passado, quando tínhamos vinte anos e estávamos na guerra...
(v) Jorge: Gosto muito do plano em que estás tu, aparentemente concentrado na tua missão de comandamte daquela nave, mas de repente viras-te para trás... e pedes um cigarro!... (Aí temi pela segurança... do heli e da tua preciosa carga...).
(vi) Como éramos todos tão apaixonados pelas vida (e pelas lindas mulheres....), como éramos todos tão conscientemente irresponsáveis, como éramos todos tão sem jeito, como éramos todos tão inconscientemente loucos, como éramos todos tão optimistas e generosos, como éramos todos já tão maduros e tão sofridos, como éramos todos...
(Porra, Jorge, que me fazes chorar! )...
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > 23 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20487: 15 anos a blogar, desde 23/4/2004 (15): O meu último Natal, 1966, em Bissau, no QG/CTIG (Virgínio Briote)
(**) 1 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12375: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (7): By air... (Vídeo de Jorge Félix / Pierre Fargeas)
(***) Vd. também poste de 3 de julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4635: FAP (31): Uma viagem de heli a Bafatá, em 1969, com o cmdt Diogo Neto e o casal Ivette e Pierre Fargeas (Jorge Félix)
(***) Último poste da série > 30 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12369: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (6): O café do sr. Teófilo (Parte II): um homem amargurado que sabia demais? (Manuel Mata)
(*) Último poste da série > 23 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20487: 15 anos a blogar, desde 23/4/2004 (15): O meu último Natal, 1966, em Bissau, no QG/CTIG (Virgínio Briote)
(**) 1 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12375: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (7): By air... (Vídeo de Jorge Félix / Pierre Fargeas)
(***) Vd. também poste de 3 de julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4635: FAP (31): Uma viagem de heli a Bafatá, em 1969, com o cmdt Diogo Neto e o casal Ivette e Pierre Fargeas (Jorge Félix)
(***) Último poste da série > 30 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12369: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (6): O café do sr. Teófilo (Parte II): um homem amargurado que sabia demais? (Manuel Mata)
(****) Letra de Charles Aznavour, canção Te espero (1967).reproduzida com a devida vénia:
Pasa el tiempo y sin ti no sé vivir,
la razón es para mí siempre sufrir,
y ahora el viento al pasar me da a entender
que en la vida sólo a ti esperaré.
Yo recuerdo tu mirar y tu besar,
tu sonrisa bajo el sol primaveral,
estoy solo sin saber lo que tú harás,
en mi alma hay dolor al esperar.
Ven... a mí ven, no tardes más,
ven, por favor, te ruego yo,
no podré esperar, ven a mí,
yo quiero saber si has de venir,
por fin así, dímelo, amor.
Es la herida que envejece sin piedad,
más mi amor siempre será eternidad,
en mis blancas noches tú revivirás
el recuerdo de mi amor al despertar.
En mi mente siempre como un altar
y tu rostro grabo en mí para soñar,
el momento ha de llegar muy pronto ya
y veré la realidadal despertar.
Ven... ven a mí ven, ven, no tardes más,
ven, por favor, te ruego yo,
no podré esperar,
ven... oh ven a mí yo... yo quiero saber
si has de venir por fin así, dímelo, amor.....
______________
Notas do editor.