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sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20324: Notas de leitura (1234): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (31) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Junho de 2019:

Queridos amigos,
Na sabida ausência de uma História da Guerra da Guiné que nos faça entender de forma liminar a evolução da luta armada e da cabal resposta encontrada pelos altos comandos, forçoso é andar a pinçar elementos avulsos sobre os quais não há doutrina. Parece que tudo se sabe e tudo já se revelou sobre a política de António Spínola, os livros publicam as suas diretivas, as alterações da manobra, os dispositivos encontrados depois da subversão de vários destacamentos, a africanização da guerra, os Congressos do Povo, e o mais que se sabe.
Louro de Sousa e Arnaldo Schulz aparecem como figuras espectrais, terão feito algumas coisas, não se sabe ao certo o quê e como; e, como se vai vendo, a partir de efetivos exíguos foram pondo as peças no terreno, não viraram as costas à capacidade ofensiva. Isto igualmente para dizer que ainda há muito para investigar, e não só no Arquivo Histórico-Militar, há que contar com estes dados relevantes referenciados na "Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África", revelam-se utilíssimos. Mas os arquivos dos Ministérios do Ultramar e da Defesa precisam igualmente de ser vasculhados de alto a baixo.
É interminável este processo da procura da verdade histórica para tirar a guerra da Guiné deste imenso claro-escuro.

Um abraço do
Mário


Missão cumprida… e a que vamos cumprindo (31)

Beja Santos

“Foi morto por um camarada
depois de tanto sofrer.
José da Silva Peixeiro
na Guiné veio morrer.

Logo que a gente cá chegou,
connosco começou a alinhar,
mas teve grande azar
e no Hospital o tempo passou.
Em Mansabá, ferido ficou
com uma mina comandada.
Andou 8 meses sem fazer nada,
ficando em serviço auxiliar.
Depois de no quartel estar
foi morto por um camarada.

Quando isto aconteceu,
foi um dia depois do jantar.
Com ele o Tamba a brincar
instantaneamente morreu.
José Rebelo o acidente cometeu
dando uma rajada sem querer.
O Peixeiro a socorrer
mas o destino salvá-lo não quis,
morreu este infeliz,
depois de tanto sofrer.

O Rebelo é bom soldado
um dos bons colegas nossos.
Dava gritos com remorsos
por saber que era culpado.
No Hospital foi internado
para esquecer o seu companheiro.
Este amigo verdadeiro
recorda sempre com amargura
o dia em que matou na Amura
José da Silva Peixeiro.

Da família se despedia
chorando como uma criança.
Ele ficou de lembrança
para toda a Companhia.
Abraçou-se ao Joaquim Maria
que até o fez esmorecer.
Com as lágrimas a correr,
gritava que ia para a morte
e realmente teve pouca sorte:
na Guiné veio morrer.”

********************

Enquanto se registavam estes versos do bardo, consternado com esta morte por acidente, avivou-se na memória um outro acidente vivido no alvorecer de 1 de janeiro de 1970, findara uma vigilância num posto avançada em Bambadincazinho, bem perto de Bambadinca, veio um Unimog 411 conduzido pelo Xabregas recolher as caixas de munições, quem pôde arranjar lugar na caixa lá se assentou e é nisto que ao trepar para a viatura o soldado Quebá Sissé meteu o gatilho na G3 e disparou sobre o soldado Uam Sambu, que me caiu no colo, logo gemendo: “Alfero, estou morto”. Correu-se para a enfermaria de Bambadinca, o médico Vidal Saraiva tudo tentou, mas eram muitos os órgãos afetados, veio um Dornier que o levou para o Hospital Militar, chegou já morto. Houve que providenciar o afastamento de Quebá Sissé, havia muita gente iracunda, pronta para o trucidar, o tempo cura estas feridas, cada um de nós já tinha um rol de lembranças de tais provações vividos noutros acidentes. O lamento do bardo é, no entanto, de um vigor universal, clama por todas essas vidas perdidas.

Tem-se feito apelo à imaginação e ao vasculhar de papéis para acompanhar a vida deste BCAV 490, situá-lo no tempo, na germinação da guerra, a documentação em livro é paupérrima, momentos há, onde se procura estudar esta história da guerra da Guiné e fica-se com a sensação de que até 1968 houve uns epifenómenos, uns murmúrios, nada se procedia com acerto, parecia que aos altos comandos faltara toda a sorte de discernimento, de definição de uma estratégia, de um posicionamento do dispositivo consoante se ia desmantelando um mundo sacudido pelas arremetidas da subversão. À cautela, tentou-se nova fonte, no caso vertente a “Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África, 1961-1974”, no momento em que aqui se escreve já foram publicados muitos volumes e, valha-nos a surpresa, indiciam-se pistas para entender o evoluir da situação. Logo no terceiro volume, intitulado “Dispositivo das Nossas Forças, Guiné”, datado de 1989, identifica-se a sequência cronológica entre 1962 e 1966. Em agosto de 1962, a Guiné dispunha de 4 batalhões com sedes em Bissau, Tite, Bafatá e Bula e um de reserva no Quartel-General, dispunha igualmente de 15 companhias do tipo caçadores. A guerra alastrou, o dispositivo ficou rarefeito, houve que criar mais três zonas de ação de batalha: Mansoa, Tite e Catió, foram mesmo criados destacamentos de pelotão, como em Caió (Bula), Nhacra, Ilha das Galinhas (Tite) e Canhamina, Sare Bacar, Paunca e Pirada (Bafatá). O CTIG (Comando Territorial Independente da Guiné) aparecia reforçado com uma companhia de Engenharia. Mais guerra e mais tropa, em 11 de novembro de 1963 são contabilizados 7 comandos de batalhão de caçadores, 1 batalhão de cavalaria, 15 companhias de caçadores, 7 pelotões de caçadores independentes, 7 companhias de artilharia, e muito mais. No final do ano de 1964 temos já um novo acréscimo dos efetivos. Dá-se a informação de que estão referenciados os corredores preferentemente utilizados pelo PAIGC: Sitató, Jumbembem, Sambuiá e Canja, isto a partir da fronteira norte; e Guileje, na fronteira Sul. Surgiram as forças paramilitares, estão constituídas companhias de milícias, os respetivos pelotões disseminam-se por todo o território. Consta nesta Resenha que o dispositivo, neste final de ano de 1964, tomara a seguinte forma:  
“A Oeste, um comando de agrupamento com sede em Mansoa e com três setores de batalhão (Farim, Mansoa e Bula); no Sul, um comando de agrupamento com sede em Bolama, com três setores de batalhão (Tite, Buba e Catió); no Leste, o setor de Fá Mandinga, área retirada ao batalhão de Bafatá. A área do batalhão de Buba passa a ter uma ocupação muito mais densa no extremo Sul. Além da companhia de Cacine, são instalados efetivos em Guileje, Cacoca e Ganturé. Nova Lamego passou a ter duas companhias; são instaladas companhias em Fajonquito e Pirada. Igualmente instalaram-se destacamentos de pelotão em Geba, Béli, Madina do Boé (2), Cantacunda e Camamudo”.
Resumindo a situação, há 2 comandos de agrupamento, 12 comandos de batalhão, 1 batalhão de Engenharia, 47 companhias tipo caçadores, 5 companhias de milícias, no essencial.

Brigadeiro Fernando Louro de Sousa
No final do ano de 1966, que consta na obra que se está a citar, o dispositivo tinha-se mantido mais ou menos estacionário até meados de 1965, altura em que chegou à Guiné mais um comando de batalhão, irá então decorrer um processo de remodelação que não trouxe alterações profundas mas um outro enquadramento das forças. Recorde-se que se está exclusivamente a falar da evolução do dispositivo na Guiné, há que encontrar agora resposta, se possível, para as orientações estratégicas urdidas pelo Brigadeiro Louro de Sousa e pelo General Arnaldo Schulz. Encontramos resposta no 6.º volume, Tomo II, dedicado à Guiné, Livro 1, 2 e 3, 2014. O documento começa por retomar o enunciado do volume a que se fez referência quanto a efetivos e dispositivo das nossas tropas. O Conselho de Ministros deu Carta de Comando ao Brigadeiro Louro de Sousa, Comandante-Chefe das Forças Armadas na Guiné, em 13 de março de 1963. Chegado a Bissau, este oficial-general manda publicar a diretiva n.º 1 logo a 16 de abril, e estão referenciadas mais diretivas com datas de maio e junho. São documentos de iniludível importância, o Comandante-Chefe revela-se bem informado e procura dar resposta num contexto atribulado e altamente movível, o PAIGC coloca as suas pedras no Sul, atravessa o Corubal e instala-se no Morés.
Daí a importância à Ordem de Operações n.º 1, de 1 de agosto, em que se dá conta do que são as forças inimigas:
“ (1) Em todo o território da Província da Guiné o In tem:
- intensificado a campanha de propaganda e aliciamento e as ações de terrorismo, tendo em vista completar o controlo de todas as populações fora das áreas restritas da ocupação militar;
- melhorado a sua organização e a preparação dos seus elementos que se consideram bastantes numerosos;
- melhorado nitidamente o seu armamento, dispondo já de numerosas pistolas, espingardas e pistolas-metralhadoras; sabe-se que dispõe de metralhadoras e utilizou engenhos explosivos;
- possibilidade de lançar ações de maior envergadura com o apoio do Senegal e da República da Guiné”.

Gen Arnaldo Schulz
A ordem de operações elenca o que fazem e devem fazer as Forças Armadas na Guiné, qual a sua missão e execução, é um texto marcado pela lucidez e revela equilíbrio entre propostas de medidas defensivas, exploratórias e apelo à capacidade ofensiva.
Numa diretiva com data de 27 de agosto, volta a identificar o inimigo, isto a propósito da Operação “Dardo”:
“a. A região de Olossato-Bissorã-Talicó-Mansabá, desde o princípio de julho, é objeto de uma intensa atividade terrorista que tem como núcleos principais as matas do Dando, Fajonquito, Cã Quebo, Cai, Morés, Talicó e pretende:
- mediante ataques à população civil, coagi-las a tomar o seu partido ou pelo menos facultar apoio;
- posteriormente, conseguir o controlo da região e cortar as nossas comunicações para o norte e leste.

b. O In dispõe de bom equipamento, no qual se incluem metralhadoras e é constituído por seus grupos com a seguinte localização:
- Fajonquito;
- Cã Quebo;
- Mansodé;
- Morés;
- Região de 2 pontes (Mamboncó);
- Dando.”

O espírito ofensivo revelava-se em operações, a partir de agosto. Em 2 de novembro, o Comandante do BCAV 490 e a CCAV 489 atingiram o Morés. Na noite de 3 para 4 pernoitaram no Morés onde se ergueu a bandeira portuguesa. São mais dois elementos. A primeira diretiva sobre a ação psicológica de que se tem conhecimento é datada de 27 de setembro de 1963 e em 11 de novembro desse mesmo ano elaborou-se um modelo de “relatório periódico de ação psicológica”. A partir de novembro, deixou de haver paz no chamado setor Leste. Uma mina na estrada Bambadinca-Porto Gole, depois ataque a Amedalai e uma constante presença em área de grande população, em Samba Silate, uma grande tabanca que será posteriormente abandonada.

(continua)
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Notas do editor

Poste anterior de 1 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20298: Notas de leitura (1232): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (30) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 4 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20312: Notas de leitura (1233): “A Sociedade Civil e o Estado na Guiné-Bissau, Dinâmicas, Desafios e Perspetivas”, coordenação de Miguel Barros; Edições Corubal, 2014 (Mário Beja Santos)

terça-feira, 14 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14878: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXIV: janeiro de 1974: (i) flagelação a Finete, na margem norte do Geba Estreito, frente a Bambadinca, causando 5 mortos civis e a destruição de 25 moranças; (ii) ataque, com granada de mão defensiva, ao edifício dos CTT, de Bambadinca; e (iii) o jornalista e escritor sueco Christopher Jolin (1925-1999) visita Bambadinca e Nhabijões



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Pel Rec Daimler 2046 (maio de 1968/fevereiro de 1970) > O edifício dos CTT, contrariamente à capela, a escola (e a casa da professora), e o posto administrativo (e casa do chefe de posto),  ficava fora do recinto do quartel de Bambadinca... Mais exatamente, segundo a precisosa descrição do Humberto Reis, ficava no lado da rampa que, descendo do quartel, atravessa a tabanca de Bambadinca, dando acesso do lado esquer4do ao porto fluvial (e destacamento da Intendência) e do lado direitoa estrada (alcatroada) para Bafatá... edifício dos CTT ficava do lado oposto da casa e loja do Rendeiro (, comerciante, branco, da Murtosa)...

O insólito foi o ataque, à granada (de mão. defensiva) perpetrado contra o edifício, em 18/1/1974, às 20h45, embora sem consequências...  Tudo indicava que havia, por esta altura, uma célula ativa do PAIGC na localidade de Bambadinca... Foram encontradas mais duas granadas, do mesmo tipo, chinesas, que não rebentaram...

Foto: © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]




Guiné-Bissau > Zona Leste > Bambadinca > 1997 > "O antigo edifício dos correios... Mas legendas para quê ?! Está lá escrito na parede com as mesmas letras de há 35 anos. Daqui telefonei para Lisboa umas 3 ou 4 vezes. In ilo tempore, em que se pedia a chamada com dois dias de antecedência e com hora marcada!"... O edifício ficava na tabanca de Bambadinca, fora do recinto do quartel e posto administrativo, esclarece o Humberto Reis.

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2005) (com a colaboração do Braima Samá). Todos os direitos reservados.


 1. Continuação da publicação da História do BART 3873 (que esteve colocado na zona leste, no Setor L1, Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da História da Unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte (*)

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e onde esteve em rendição individual até março de 1974); economista, bancário reformado, formador, com larga experiência em Angola; foto atual à esquerda].

O destaque do mês de janeiro  de 1974 (pp. 81/84) vai para:

 (i) o ataque, no dia 12, em pleno dia,  contra a tabanca e destacamento de milícia de Finete, no regulado do Cuor, na margem norte do Rio Geba Estreito, a escassa distância de Bambadinca, sede do batalhão;

(ii)  as baixas foram importantes: 5 mortos (civis), 25 moranças totalmente destruídas bem como grande parte da colheita de arroz;

(iii) atentado, a 18, às 20h45, contra o edifício dos CTT de Bambandinca, edifício que ficava fora do perímetro de arame farpado; o facto era inédito, por se tratar de um objetivo civil, localizado a escassas dezenas de metros do quartel (e da porta de armas, a norte); foi utilizada uma granada de mão defensiva, de origem chinesa;

(iv)  flagelação, a 9, do destacamento do Mato Cão, guarnecido pelo Pel Caç Nat 52; 

(iv) flagelação, a 20, do destacamento de Missirá (gurnecido pelo Pel Caç Nat 54 e Pel Mil 202);

(v) flagelação, a 31, do Xitole, com 4 canhões s/r; destruídas 8 moranças;

(vi) flagelação,a  20, do Xime;

(vii) o jornalista sueco Cristopher Jolin (**) visitou Bambadinca e o reordenamento de Nhabijões;

(viii) apresentaram-se às autoridades 9 elementos pop sob controlo IN, 6 dos quais estavam, coercivamente,. a receber treino no centro militar do Boé;











História da Unidade - BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) - Cap II, pp. 81/84
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 28 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14535: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXIII: dezembro de 1973: flagelação do Xime, com foguetões 122 mm: sete mortos civis



Christopher Jolin, discursando
em 1973, em Trafalgar
Square, Londres,
num "meeting" organizado
pelo Euopean Freedom Council.
 Foto: Cortesia da Wikipedia
(**) Christopher Jolin (1925-1999) foi um joinalista, escritor e comentador político, sueco, ligado à ireita nacionalista, com posições nalguns casos próximas da extrema direita xenófoba e antissemita...Vd, aqui, em sueco, uma entrada sobre ele, na Wikipedia.

Da tradução que o Google me fez do sueco para inglês (, sempre é melhor do que do sueco para português), percebi o seguinte:

"Jolin wrote in 1972 the book 'Left rotation: threats to democracy in Sweden', where he ran the thesis that the extreme left have infiltrated the state TV and radio. During this time, Jolin also participated extensively in the anti-communist magazines Arguments for Freedom and Operation Law and Sweden, and the Swedish National Association of Free the Word. Jolin also spent time in the circle of SNF's Chairman Ulf Hamacher. Jolin, who enjoyed some respect from the parliamentary right, later became notorious as the extreme right and anti-Semitic."

O nosso grã-tabanqueiro luso-lapão Joseph Belo talvez nos possa dizer algo mais sobre este homem
 que visitou Bambadinca e Nhabijões em janeiro de 1974, 
e que muito provavelmente não deveria  gostar da teoria do lusotropicalismo do Gilberto Freyre, Era, se bem entendi, contrário à "miscigenização", leia-se "mestiçagem".

sábado, 11 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14864: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte VI: Mulheres e bajudas (III)


Foto nº 1->   Bambadinca > Bambadincazinho, dezembro de  1969 (1)



Foto nº 2>  Bambadinca > Bambadincazinho, dezembro de  1969 (2)


Foto nº 3 > Bambadinca > Bambadincazinho, dezembro de  1969 (3)


Foto nº 4  Bambadinca, dezembro de 1969: mulheres embriagadas com aguardente de cana



Foto nº 5 Bambadinca > Nhabijões fevereiro de 1970 (1)


Foto nº 6 > Bambadinca > Nhabijões fevereiro de 1970 (2)

Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Pel Rec Daimler 2046 (maio de 1968/fevereiro de 1970).

Fotos: © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]

1. Continuação da publicação do álbum fotográfico de Jaime Machado (*):


[Jaime Machado, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70); vive em Senhora da Hora, Matosinhos: mantém com a Guiné-Bissau a forte relação afetiva e de solidariedade (através do Lions Clube); voltou `Guine-Bissau em 2010 (, foto atual à esquerda)]

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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14189: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXI: outubro de 1973: Flagelação, pela primeira vez, do reordenamento de Nhabijões, de maioria balanta, com parentes no mato...



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Mapa de 1955 (Escala 1/50000) > Detalhe: o núcleo populacional de Nhabijões (círculo a azul).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015). Todos os direitos reservados






Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Nhabijões > CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) > Um grande aglomerado populacional, de maioria balanta, com parentes no "mato", e que era considerada sob "duplo controlo"... A dispersão das diversas tabancas (1 mandinga e 4 balantas: Cau, Bulobate, Dedinca e Imbumbe), sua proximidade ao Rio Geba, fazendo ponto de cambança para a margem direita (Mato Cão, regulado do Cuor...) e as duas grandes bolanhas (um delas a de Samba Silate, uma enorme tabanca destruída e abandonada no início da guerra), foram motivos invocados para começar a construir, a partir de novembro de 1969, um dos maiores reordenamentos da Guiné no tempo de Spínola, com cerca de 300 moranças e equipamentos como escola e mercado. A aposta era também a conquista da população, fugida no mato e sob controlo do PAIGG, vivendo ao longo da margem direita do Rio Corubal (desde a Ponta do Inglês até Mina/Fiofioli). Este trabalho, na área da promoção económica e social das populações de Nhabijões, iniciado  pelo BCAÇ 2852, continuou com os batalhões seguintes (BART 2917, 1970/72; BART 3873, 1972/74)...

Fotos: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e  legendagem: L.G.)

1. Continuação da publicação da História do BART 3873 (que esteve colocado na zona leste, no Setor L1, Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da História da Unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte (*)

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e não como voluntário, como por lapso incialmente indicamos); economista, bancário reformado, formador; foto atual à esquerda].

O destaque do mês de outubro de 1973 (pp. 70/73) vai para:

(i) em 27 de outubro de 1973, terminou o tempo normal de comissâo do BART 3873 no CTIG (... mas os seus militares só irão regressar a casa, via TAM, no início de abril de 1974!);

(ii) como alegada prova do cumprimento da sua missão, o BART 3873. na sua história, diz que "o inimigo foi remetido aos seus lugares de refúgio";

(iii) pela primeira vez na história da guerra, o grande reordenamento de Nhabijões, de maioria balanta, foi flagelado, ao mesmo tempo que o destacamento do Mato Cão; Nhabijões,. no subsetor de Bambadinca, era então um importante aglomerado habitado por gente com parentes no "mato", e que era tradicionalmente considerado, antes do reordenamento,. como um conjunto de tabancas "sob duplo controlo";

(iv) o Xitole foi atacado, mas da margem esquerda do Rio Corubal (Região de Quínara);

(v) a 28 de outubro de 1973 há eleições para a assembleia nacional, com um total de 1,8 milhões de recenseados (!); estavam em causa 150 deputados. Mota Amaral e Correia da Cunha são os únicos ex-deputados da ala liberal que se mantêm nas listas da Ação Nacional Popular;

(vi) ao nível da acção psicológica e da promoção social, há a registar a construção do novo reordenamento de Samba Silate, a construção de escolas em Mansambo e Enxalé, e a cobertura, com chapas de zinco, de 100 moranças no reordenamento de Bambadincazinho...










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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P13974: Álbum fotográfico do alf mil art João Calado Lopes (BAC1, 1967/69): Bambadinca, vista do alto da antena de comunicações (Parte III)



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Foto nº 29 >  CC/S/ BCAÇ 2852 (1968/70) > c. 2º semestre de 1968 >  Vista (parcil) do quartel de Bambadinca, do alto da antena das comunicações (*), na direção norte-sul: em primeiro plano, as casernas das praças, depois o campo de campo, a rede de arame farpado, o heliporto e a pista de aviação.  Ao fundo, as estradas que davam para Nhabijões e Xime (lado direito), e Bambadincazinho, Mansambo, Xitole e Saltinho (à esquerda).



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Foto nº 29 > >  CC/S/ BCAÇ 2852 (1968/70) > c. 2º semestre de 1968 >  O campo de futebol, que era paralelo à pista de aviação. (Com a ampliação, por volta de 1972, passou a poder receber caças-bombardeiros T 6, em 1972).



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Foto nº 29 B > >  CC/S/ BCAÇ 2852 (1968/70) > c. 2º semestre de 1968 >   Lado sul, a rede de arame farpado, o heliporto e a pista de aviação, em terra batida.  (Com a ampliação, por volta de 1972, passou a poder receber caças-bombardeiros T 6, em 1972).


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Foto nº 29 C >   CC/S/ BCAÇ 2852 (1968/70) > c. 2º semestre de 1968 >  Do lado esquerdo, a estrada para sul (Bambadincazinho, Mansambo, Xitole e Saltinho).  Era uma estrada frondosa, coberta de bissilões e poilões, tal como a ourtra, à direita, que seguia para Nhabijões, Rio Udunduma, Xime e Rio Geba.


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Foto nº 29 D >  CC/S/ BCAÇ 2852 (1968/70) > c. 2º semestre de 1968 >   Os núcleos populacionais  que ficavaam a sul da pista e do aquartelamento, acompanhando a estrada para Mansambio, Xitole e Saltinho... A cerca de 1 km, ficava o importante reordenamento de Bambadincazinho.

Foto: © João Calado Lopes (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]


1. A foto é  do alf mil art João Calado Lopes, BAC 1, 1967/69... Foi tirada (esat e outras), segundo ele, no 2º semestre de 1968, quando em trânsito para Piche. ("Em Bambadinca comandei um pelotão de obuses 10,5. Não sei exactamente quando estive lá, mas foi no 2º semestre de 1968. Para saber com rigor tenho que ir ver a correspondência que troquei com a família. Não estive lá muito tempo pois o meu pelotão foi logo destacado para Piche.").(*) 

O João Calado Lopes foi colega do liceu do João Martins e foram artilheiros. Aguarde-se a entrada solene, com pompa e circunstância, na Tabanca Grande, do nosso temerário fotógrafo que subiu a mais de 50/60 metros, ao alto da antena de comunicações de Bambadinca, para bater estas chapas....

Conferir estas imagens com as vistas aéreas de Bambadinca que temos publicado, nomeadamente as do álbum do Humberto Reis. Praticamente a totalidade das instalações e edifícios de Bambadinca da época de 1969/70 estão identificados. Conferir aqui.




Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Carta de Bambadina (1955) > Pormenor > Escala 1/50 mil >   Já em 1955, Bambadinca era uma importante povoação do leste, posto administrativo da circunscrição (concelho) de Bafatá, com campo de aviação, posto sanitário, correio, telégrafo e telefone, escola pública, casas comerciais e porto fluvial... Ficava no regulado de Badora, e tinha importantes núcleos populacionais de fulas, balantas e mandingas. 

A 12 km do Xime (que ficava a sudoeste), Bambadinca era o principal porto do Rio Geba Estreito. Era também um importante nó rodoviário, placa giratória para o coração do leste (Bafatá, Nova Lamego e fronteira com o Senegal e com a Guiné-Conacri, na altura - em 1955 - ainda não indepedentes, sendo "chão de francês"...). Para o sul, partia a estrada que ia até ao limite sul da região de Bafatá, o Saltinho, na margem direita do Rio Corubal). Do outro lado, já era a região de Quínara e depois a região de Tombali...  Antes da guerra, tinha se vinha por terra, de Bissau a Bambadinca, através de Porto Gole. Já no final da guerra, havia uma estrada alcatroada, quase pronta, ligando, Bissau a Bambadinca, via Jugudul

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.
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Nota do editor:

(*`) Postes anteriores da série > 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13955: Álbum fotográfico do alf mil art João Calado Lopes (BAC1, 1967/69): Bambadinca, vista do alto da antena de comunicações (Parte II)



Foto nº 28 > Bambadinca > c. 2º semestre de 1968 > Foto nº 28  >  Vista do quartel de Bambadinca, do alto da antena das comunicações (*),  na direção norteste-sudoeste (ao fundo, à esquerda,  o início da enorme  bolanha de Bambadinca, e as instalações do comando, quartos e messes de oficiais e sargentos; ao centro, a rua principal, que aatrevassa o arquelamento no sentido leste (Bafatá) - oeste (Xime) e o telhado da capela).  

Popr esta "rua" que devia o aquartelameno ao meio, passaram dezenas e dezenas de milhares de homens, ao lomgo da guerra, desembarcados em LDG no Xime (a 12 km) e em trânsito para todo leste: setor L1 (Bambadinca), setor L2 (Bafatá), setor L5 (Galomaro), setor L4 (Nova Lamego), setor L5 (Piche) e setor L6 (Pirada)... Todos tinham que passar, obrigatoriamente, por Bambadinca...

Do lado direito da foto, vê-se  o início de um conjunto de casernas (onde ficavam as praças da CCS, paralelas ao campo de futebol, à rede de arame farpado e da pista de aviação.




Foto nº 28  A > Bambadinca > c. 2º semestre de 1968 >   As instalações, construídas pelo BENG 447 (Bissau), em 1968,  ao tempo do BART 1904 (1967/68),  eram ainda muito recentes...Vê-se pelo tamanho das árvores, plantadas frente às instalações (, edifício em U. (messes e quartos) de oficiais e sargentos ( à esquerda)e do comando de batalhão (à direita)... 

Por aqui passaram, desde a sua construção, desde o 2º semestre de 1968 até setembro de 1974  os seguuintes cinco batalhões (**): 

(i) BART 1904 (fev-out 1968); (ii)  BCAÇ 2852 (out 1968-junho 1970); (iii) BART 2917 (mai 1970 - mar 1972); (iv) BART 3873 (dez 1971-abr 1974); e (v) BCAÇ 4616/73 (abr- set 1974)


Foto nº 28 ~B > Bambadinca > c. 2º semestre de 1968 > Do lado direito, as instalações dos sargentos (messe e quartos); do lado esquerdo, oficinas auto e a o depósito de engenharia.  Nas traseiras do depósito de engenharia e das  oficinas auto, deveria existir, na época, um abrigo ou um espaldão para a bazuca 8.9... No meu tempo, foram abertas valas ao longo de todo o vasto perímetro do aquartelamento. O aquartelanmento foi atacado em 28 de maio de 1969 por um força IN estimada em 100 homens, com 3 canhões sem recuo, 
 

Foto nº 28 C > Bambadinca > c. 2º semestre de 1968 > vista parcial do edifício em U (instalações de oficiais e sargentos), vendo-se a entrada (porta) para os quartos e messe de oficiais (lado direito): é visível a rede de arame farpado do lado sul do aquartelamento. sobranceiro à grande bolianha de Bambadinca, como o espaldão (circular) do morteiro 81... No tempo em que estive em que estive em Bambadinca (julho de 1969/março de 1971) não havia artilharia. Julgo que o autor destas fotos, o João Calado Lopes, alf muil art, BAC1, nunca esteve colocado enquanto tal, mas sim em trânsito para o leste (Piche).  O Torcato Mendonça, da CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69) também não se recorda ver obuses instalados em Bambadinca. No nosso tempo havia dois pelotões do BAC1,  um em Mansambo e outro no Xime. Qualquer destes aquartelamentos também só teve obuses 105 mm, Krupp  (ou 10.5, como dizíamos).




Foto nº 28 D > Bambadinca > c. 2º semestre de 1968 >  Edifício do comando de batalhão (incluindo o gabinete de planeamento de operações)... Ao fundo, do lado direito, descortina-se algumas tabancas que pertenciam ao reordebnamento de Bambadincazinho (ou Bambadincazinha, como o Beja Santos lhe chama).,

Conferir estas imagens com as vistas aéreas de Bambadinca que temos publicado, nomeadamente as do álbum do Humberto Reis. Praticamente a totalidade das instalações e edifícios de Bambadinca da época de 1969/70 estão identificados. Conferir aqui.

Foto: © João Calado Lopes (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 28 de novembro de  2014 > Guiné 63/74 - P13952: Álbum fotográfico do alf mil art João Calado Lopes (BAC1, 1967/69): Bambadinca, vista do alto da antena de comunicações (Parte I)

(**) Vd.poste de  27 de agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3151: Unidades sediadas em Bambadinca entre 1962 e 1974 (Benjamim Durães)