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sábado, 12 de abril de 2025

Guiné 61/74 - P26680: Os nossos seres, saberes e lazeres (676): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (200): O Museu de Cerâmica das Caldas da Rainha, este meu ilustre desconhecido – 2 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Novembro de 2024:

Queridos amigos,
Dá-se sequência à visita ao Museu da Cerâmica das Caldas da Rainha, fica provado e comprovado que o 2º Visconde de Sacavém foi um infatigável colecionador de peças de cerâmica de diferentes formas e feitios; a museografia e a museologia ajudam muito a saborear a visita, o interior do palacete ganhou nova vida e quem contempla estes tesouros cedo se apercebe que independentemente de um passado glorioso da nossa azulejaria, o dínamo desta indústria foi um génio chamado Rafael Bordalo Pinheiro, daí a procura de imagens deste talento colossal, uma imaginação desbordante; é de toda a conveniência que o visitante venha com tempo, o museu e parque merecem atenção e há dois centros de arte ali à volta, enfim, são aspetos promissores para quem queira passar uma tarde na observância de diferentes vetores culturais, o que afianço, sem hesitar, é que este Museu da Cerâmica, pela sua riqueza, pelo adequado aparato museográfico e museológico, merece a visita, ninguém sairá daqui defraudado.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (200):
O Museu de Cerâmica das Caldas da Rainha, este meu ilustre desconhecido – 2


Mário Beja Santos

Já subi ao 1.º andar do velho palacete tardo-romântico do 2.º Visconde de Sacavém, e na presunção de que o leitor olha pela primeira vez estas imagens, recordo que os sites de divulgação revelam sobre este museu:
“Criado oficialmente em 1983, corresponde a um desejo antigo da população das Caldas da Rainha, centro cerâmico de reconhecida tradição. Instalado na Quinta Visconde de Sacavém, adquirida para o efeito em 1981, o Museu da Cerâmica situa-se na zona histórica da cidade, junto ao Parque D. Carlos I e próximo da atual Fábrica Bordalo Pinheiro.
As coleções são constituídas por uma síntese representativa de vários centros cerâmicos portugueses e estrangeiros, desde o século XVI aos nossos dias. Predomina a produção local, desde as formas oláricas e a produção artística do século XIX, com autores como Manuel Mafra, introdutor neste centro do estilo naturalista de Bernard Palissy, até às criações contemporâneas de alguns ceramistas caldenses, como Ferreira da Silva ou Eduardo Constantino.
Merece destaque a notável coleção de peças de Rafael Bordalo Pinheiro, executadas na Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, bem como a produção Arte Nova de Costa Motta Sobrinho. Mostram-se ainda núcleos de azulejaria, assim como de miniatura, com destaque para as obras de Francisco Elias.
A Quinta Visconde de Sacavém, conjunto arquitetónico revivalista de final do século XIX, é constituída por um palacete tardo-romântico que abriga a exposição permanente assim como áreas anexas, remodeladas, onde se situam a sala de exposições temporárias, a loja, olaria e centro de documentação. Os jardins da Quinta, de traçado romântico, constituem um interessante conjunto evocativo do gosto do final do século XIX, com as suas alamedas, canteiros, floreiras e um auditório ao ar livre.
São de realçar as decorações cerâmicas que ornamentam todo o conjunto, onde se podem encontrar azulejos dos séculos XVI ao XX, estatuária, elementos arquitetónicos cerâmicos, como as gárgulas em forma de dragão ou de javali que se veem nas fachadas do palacete e se aliam aos painéis de azulejo, friso e cercaduras. Estas decorações favorecem a fruição de um importante património cerâmico, tornando-o também um local privilegiado de lazer.”


Vamos então apreciar tesouros da cerâmica dos séculos XIX, XX e XXI.

Imagens de faces laterais do palacete que alberga o Museu da Cerâmica
Estamos agora na sala do ateliê cerâmico, é uma criação do 2.º Visconde de Sacavém, José Joaquim Pinto da Silva (1863-1925), aqui funcionou uma pequena oficina e nela se produziram, a par de peças de reconhecido valor artístico, diversos elementos arquitetónicos que ornamentam as fachadas do palacete. Neste ateliê colaboraram ceramistas com Avelino Belo, discípulo de Rafael Bordalo Pinheiro, e Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro. A produção desta oficina revela uma notável qualidade, inserindo-se no movimento revivalista de inspiração neorrenascentista e neobrarroca, corrente estética que marcou o final do século XIX. Esta pequena fábrica teve uma duração efémera (entre 1892 e 1896).
Prato de Rafael Bordalo Pinheiro com dedicatória ao fotógrafo Camacho, 1892
Peça de grande delicadeza, caso de ornamentação das folhas
Estas duas imagens referem-se à criação da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, tratou-se de um projeto industrial cerâmico de grande envergadura, foi iniciativa de Feliciano Bordalo Pinheiro (irmão de Rafael Bordalo Pinheiro), assentava na introdução de novas tecnologias e na adoção de um modelo de financiamento (de subscrição por ações) e de gestão (gestão separada da propriedade) modernos. O projeto entrou em funcionamento em 1884.
Dois pratos saídos do génio de Rafael Bordalo Pinheiro
Hansi Stäel (1913-1961) foi uma artista húngara que trabalhou nas Caldas da Rainha e deixou notáveis trabalhos como se podem ver nestes dois pratos.
Mísula, Rafael Bordalo Pinheiro, 1891
Ainda conheci as Caldas da Rainha com placas indicativas de ruas deste tipo
Pormenor de pintura sobre uma porta do palacete
O gosto pelo hispano-árabe será recorrente em todas as manifestações do revivalismo neogótico, as fábricas de cerâmicas caldenses do século XIX deram grande impulso a este padrão.

E chegamos ao fim, foi uma agradável surpresa, advirto o leitor que neste Avenal há centros de arte, prepare-se, talvez valha a pena ir com tempo e bater à porta destas capelinhas.

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Nota do editor

Último post da série de 5 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26655: Os nossos seres, saberes e lazeres (676): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (199): O Museu de Cerâmica das Caldas da Rainha, este meu ilustre desconhecido – 1 (Mário Beja Santos)

sábado, 5 de abril de 2025

Guiné 61/74 - P26655: Os nossos seres, saberes e lazeres (676): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (199): O Museu de Cerâmica das Caldas da Rainha, este meu ilustre desconhecido – 1 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 1 de Novembro de 2024:

Queridos amigos,
Que bela surpresa, tantas vezes visitei as Caldas da Rainha na completa ignorância de que havia este fabuloso museu à minha espera. Aqui fica a advertência para quem visitar as Caldas, é destino irrecusável, os tesouros cerâmicos são mais do que primeira classe. Deve haver ali uma grande falta de dinheiro para a manutenção dos parques e há degradações no interior do edifício, é pena porque todo aquele ambiente tardo-romântico, se for bem preservado, tem todo o direito de ser apresentado pelo turismo como uma grande casa de cultura. E temos que agradecer ao visconde de Sacavém este fenomenal legado, ainda bem que ele possuía um gosto eclético tão apurado; e as coleções ligadas à Fábrica Rafael Bordalo Pinheiro são magníficas, deixam-nos embasbacados. Pois bem, a visita vai continuar.

Um abraço do
Mário


Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (199):
O Museu de Cerâmica das Caldas da Rainha, este meu ilustre desconhecido – 1


Mário Beja Santos

Para ser sincero, das muitas vezes que passei pelas Caldas da Rainha, e durante anos os meus padrinhos ofereceram período de férias na Foz do Arelho, o que havia a visitar na cidade era o parque, o Museu José Malhoa, naquele tempo funcionava a Fábrica da Secla, era um prazer ir ver aquelas belas peças, muitas delas únicas, desenhadas por uma húngara que ali trabalhou, Hansi Staël, e inevitavelmente entrar na Igreja de Nossa Senhora do Pópulo. Ora, em 1983, abriu ao público o Museu de Cerâmica de que eu nunca ouvi falar. Há uns tempos, visitando a loja da Fábrica Bordallo Pinheiro, veio à conversa um comentário sobre os tesouros ali existentes, curioso, perguntei onde era o museu, é só subir até o Avenal, encontrará facilmente uma velha moradia numa área em que há centro de artes. E lá fui, bem me regalei, como passo a contar. Sobre a história deste museu vale a pena citar alguns parágrafos do que vem no site oficial deste templo da cerâmica:
“Encontra-se instalado no antigo Palacete do Visconde de Sacavém, no Avenal, mandado construir na década de 1890 pelo 2.º Visconde de Sacavém, José Joaquim Pinto da Silva (1863-1928), colecionador, ceramista e importante mecenas dos cerâmicos caldenses.
Encontra-se rodeado por jardins com alamedas, canteiros, floreiras, lagos e um auditório ao ar livre, sendo de realçar a decoração profusa que ornamenta todo o conjunto e inclui azulejos do século XVI ao século XX, elementos arquitetónicos cerâmicos e estatuária.
O acervo do Museu integra diversas coleções representativas da produção das Caldas da Rainha e de outros centros cerâmicos do país e do estrangeiro. As coleções compreendem peças da cerâmica antiga caldense dos séculos XVII e XVIII e núcleos da produção do século XIX e primeira metade do século XX. São de salientar os trabalhos da barrista Maria dos Cacos, autora de peças utilitárias antropomórficas, e de Manuel Mafra.

Merece um especial destaque o núcleo de obras da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro, um dos conjuntos mais representativos da produção do grande mestre da cerâmica caldense e que documenta a intensa laboração da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, entre 1884 e 1905. Apresentam-se também núcleos de faianças da Real Fábrica do Rato, de olaria tradicional e de produção local de escultura e miniatura dos séculos XIX e XX.
Destaca-se, um núcleo de cerâmica contemporânea de autor, que inclui, entre outros, peças de Llorens Artigas, de Júlio Pomar e de Manuel Cargaleiro. O Museu possui ainda uma coleção de azulejaria que integra produção portuguesa, hispano-mourisca e holandesa do século XVI ao século XX, constituída por cerca de 1200 azulejos e 40 painéis.
O Museu apresenta ainda uma coleção de 40 peças contemporâneas, ilustrativas de design e produção de cerâmica e vidro do século XX, que fazem parte de uma doação feita em 2007, constituída por 1205 peças.”




Imagens da entrada principal do edifício e das suas traseiras
O maravilhamento azulejar começa logo à entrada, haverá esplendorosa cerâmica em toda o palacete do 2.º Visconde de Sacavém
Uma das maravilhas do azulejo do século XVIII, pois então
Placa comemorativa do palacete do visconde de Sacavém
Um outro olhar sobre o palacete
É indesmentível que o senhor visconde tinha muito bom gosto e uma boa museografia faz o resto
Esta composição do Adamastor acompanha as ilustrações de Os Lusíadas, há gente assombrada e aterrada com o gigante, Vasco da Gama está firme, vai mesmo passar o Cabo das Tormentas.
Eu guardo lembrança deste Rafael Bordalo Pinheiro no museu do seu nome, ali no fim do Campo Grande, onde um conjunto de amigos reuniu numa moradia exemplares do seu génio. Um dia, numa entrevista, perguntaram à Paula Rego qual fora o maior artista plástico do século XIX, ela respondeu sem qualquer hesitação: Rafael Bordalo Pinheiro.
Gosto da ousadia do museógrafo que é capaz de transformar um recanto de uma cozinha num espaço de fascínio, uma iluminação perfeita, uma boa adequação de objetos, um passado renovado, com sensibilidade e inteligência.
Escultura de Nossa Senhora com o Menino, autor desconhecido, século XVII
Não há lambril do palacete que não esteja revestido, achei de enorme beleza estes três cavaleiros, parece que estão a pousar para nos impressionar com a sua arte equestre
O mínimo que se pode dizer desta bela fonte bordaliana é que é uma maravilha
A orelha faz parte da tradição da cerâmica caldense e a legenda é uma séria advertência para pessoas que andam descuidadamente a fazer comentários em voz alta: as paredes têm ouvidos.
Painel de Azulejos, Querubins, Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 29 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26627: Os nossos seres, saberes e lazeres (675): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (198): Bruscamente, no Natal passado, uma viagem relâmpago a Ponta Delgada – 2 (Mário Beja Santos)

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26519: Os nossos seres, saberes e lazeres (670): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (193): From Southeast to the North of England; and back to London (12) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Outubro de 2024:

Queridos amigos,
A Galeria Courtauld tem cerca de 33 mil objetos de arte, mas tudo quanto se exibe neste discreto edifício está exposto com um belo aparato museográfico e museológico, desde o período medieval, o renascimento e o barroco, e daqui para as correntes do romantismo, chega-se ao ponto alto da coleção, impressionistas e os pós-impressionistas, e grandes artistas com alvo de pequenas mas bem expressivas exposições como aquela que é dedicada a desenhos de Henry Moore à volta da Segunda Guerra Mundial e a fotografia do aclamado Roger Mayne, um aclamado artista que tem aqui uma exposição sobre os jovens nas décadas de 1950 e 1960, isto para já não falar de uma mostra de recentes aquisições de desenhos e gravuras que vão desde o século XVII à atualidade. Deixa-se no texto referências de consulta para quem queira conhecer melhor no computador os extraordinários tesouros da Galeria Courtauld.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (193):
From Southeast to the North of England; and back to London – 12

Mário Beja Santos

Tudo começou com um grande colecionador que se revelou um entusiasta pelos movimentos impressionista e pós-impressionista. O seu legado é a constituição de um instituto de arte a que se associaram outros amantes das artes plásticas. Hoje em dia, a coleção da galeria Courtauld abrange cerca de 33 mil objetos que vão do período medieval até ao presente século, pinturas, desenhos, cerâmica e escultura de todos os géneros e é possível fazer a exploração deste tesouro grátis através de uma plataforma digital com imagens de alta-definição. Sugerimos a quem quer saber mais o site: http://gallerycollections.courtauld.ac.uk ou ver a bela apresentação que o ator Bill Nighy faz da coleção em: https://www.youtube.com/watch?v=_MFrNueRZqU.
A galeria tem muitas exposições, apresentação de aquisições recentes, conferências, tive a sorte de visitar a exposição do genial escultor Henry Moore com os seus desenhos que elaborou durante a Segunda Guerra Mundial. Por ordem cronológica vamos subindo no tempo, pela galeria medieval no 1.º andar, o renascimento e o barroco no 2.º, o impressionismo e os modernos no 3.º. Como gostos não se discutem, procurei ir diretamente para um conjunto de obras-primas de referência.

O aparatoso pátio de Somerset House
Estudo para ‘Le Déjeuner sur l’herbe’, Édouard Manet, cerca de 1863.
Trata-se de um trabalho preparatório para um dos quadros mais famosos do século XIX, provocou escândalo na época pintar duas mulheres nuas e dois homens vestidos. Manet rejeitou soluções do tipo renascentista e deu maior atenção aos pormenores ambientais, como as árvores
Bailarina olhando a planta do seu pé direito, bronze de Edgar Degas, 1919-20.
Nas suas esculturas de bronze Degas aspirava captar o corpo em movimento ou em difíceis posições baléticas
Mulher com chapéu de sol, Edgar Degas, cerca de 1870
Montanha de Santa Vitória com pinheiro alto, Paul Cézanne, cerca de 1887.
A Montanha de Santa Vitória domina toda esta região de Aix-en-Provence, Cézanne vivia aqui e pintou numerosas vezes paisagens da montanha do povo da região, em diferentes perspetivas. A sua ousadia passa pelas cores, a importância dada à árvore em primeiro plano, a extensão dos campos e o cuidado na conjugação das cores entre o azul, o verde e os cinzentos acastanhados.
Os jogadores de cartas, por Paul Cézanne, cerca de 1892-96.
Cézanne passou muitos anos a desenhar e a pintar trabalhadores rurais quando viveu em Aix-en-Provence. Esta obra é uma das cinco pinturas que ele elaborou com homens a jogar às cartas. Supõe-se que o pintor da esquerda é um autorretrato. Ele esboçou figuras alongadas, desproporcionadas, tudo com uma pincelada muito viva e variada. Os dois homens estão absorvidos e concentrados no seu jogo. Ao contrário da pintura anterior em que os trabalhadores apareciam nas tabernas a jogar às cartas entre vinho e cerveja, Cézanne revela aqui uma visão diferente, são figuras monumentais e dignificadas, como duas estátuas que sofreram o desgaste do tempo.
Georges Seurat, Estudo para um quadro de dançarinos a dançar o Cancan, cerca de 1889.
O Cancan era muito popular nos nightclubs parisienses no final do século XIX. Seurat foi um dos consagrados pintores pontilhistas, conseguindo obter uma composição cheia de divertimento e alegria.
Georges Seurat, Praia de Gravelines, 1890
O que aprecio profundamente nesta obra é o velado anúncio da arte abstrata, o mestre usou contidamente poucas cores, separa a água e o céu com o traço ténue, e regista na perfeição uma atmosfera de nevoeiro, típica do Norte de França. Olhamos para estes grãos de areia e fica-nos na imaginação que o pintor tudo elaborou junto a uma janela.
Paul Gaugin, Nevermore, 1897
Gauguin pintou este quadro quando viveu no Taiti, uma ilha no Sul do Pacífico colonizada pela França. A imagem do nu reclinado tem uma longa tradição artística, o que há aqui de singular é o exotismo, a jovem não está propriamente em repouso, está ansiosa e atenta a duas figuras atrás dela. Sabe-se que o modelo era a companheira de Gauguin, Pahura, uma jovem de 15 anos.
Henri de Toulouse-Lautrec, Jane Avril a entrar no Moulin Rouge, cerca de 1892.
Jane Avril era uma dançarina estrela num dos mais célebres cabarés parisienses, o Moulin Rouge. Toulouse-Lautrec desenhou-a em conhecidos pósteres, aqui dá-se a particularidade de ela não aparecer em espetáculo ou no camarim mas à entrada do local de trabalho, bem indumentada. Não era usual Toulouse-Lautrec pintar quadros tão estreitos como este.
Édouard Manet, Um bar nos Folies-Bergère, 1882.
Os Folies-Bergère era um outro muito popular local de diversão noturna parisiense. Podemos ver a enorme variedade de bebidas e o que há de verdadeiramente espantoso nesta obra-prima é vermos a animação ao fundo, é um reflexo de um enorme espelho que projeta o interior. A barmaid chamava-se Suzon, é o centro da atenção de Manet, as suas costas estão refletidas no quadro, tem uma expressão enigmática. Trata-se de um trabalho complexo pela composição absorvente e os críticos consideram-nos uma das pinturas icónicas onde se projeta a vida moderna.

Está na hora de preparar o regresso, em vez de ir pelo Strand propriamente, caminha-se à beira do Tamisa em direção ao Parlamento. Foram essas imagens que reservamos para a despedida de uma viagem que começou no condado de Oxford, seguir para o norte, e veio por aí abaixo até Londres e manda que se diga a verdade, dentro de horas regressa-se a Lisboa com uma grande carga de nostalgia, ficava-se aqui sem qualquer problema não sei quantos mais dias.

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 15 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26498: Os nossos seres, saberes e lazeres (669): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (192): From Southeast to the North of England; and back to London (11) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26203: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (44): Passeio à ilha de Orango Grande, com passagem por Bubaque - II ( e última) Parte

Foto nº 12  > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 >  Ação de fiscalização aos pescadores dentro do Parque Nacional de Orango (1)


Foto nº 13  > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 > Ação de fiscalização aos pescadores dentro do Parque Nacional de Orango (1)

Foto nº 14> Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós >   Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 >  Praia junto ao hotel (1)


Foto nº 15 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 >  Praia junto ao hotel (2)


Foto nº 16 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 >  Orango Parque Hotel

Foto nº 17 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós >  Viagem Bubaque -Orango > 23 de novembro de 2024 >  Sede do Parque Nacional de Orango: Mural com mapa


Foto nº 18> Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 > O atual régulo de Orango e a sua mulher, que nos vieram fazer uma visita de cortesia...

 
Foto nº 19> Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque . Orango > 23 de novembro de 2024 > O Patrício Ribeiro,de óculos escuros, e o régulo que vaio dar ínício à cerimómia do derrame de aguardente de cana no chão... 
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Foto nº 20 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 > ... "a pedir ao irá, que a nossa visita tenha sucesso. E por termos voltado com saúde, etc."



Foto nº > Foto nº 14> Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque . Orango > 23 de novembro de 2024 >  

Foto nº 21 > Foto nº 14> Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque . Orango > 23 de novembro de 2024 > Moranças da tabanca de Eticoga



 Foto nº 22 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 > As descendentes da Rainha Pampa... Nn tabanca existe um túmulo com objectos enterrados, em que só os regulos podem mexer. Uma delas faz-nos menção com a mão para não nos aproximarmo-nos mais...
 

Foto nº 22A > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 >  Mesmo desfocada, a imagem dá para ver que a guardião do túmulo da rainha Pampa  náo quer nada com o fotógrafo.
 

Foto nº 23 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque . Orango > 23 de novembro de 2024 > Núcleo museológico na sede do Parque: saia bijagó,  que as mulheres mais antigas ainda usam


 Foto nº 24 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque . Orango > 23 de novembro de 2024 > Núcleo museológico na sede do Parque:  artesanato bijagó



Foto nº 25 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque . Orango > 23 de novembro de 2024 > Núcleo museológico na sede do Parque:  utensílios bijagós



Foto nº 26 > Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama - Bijagós > Viagem Bubaque - Orango > 23 de novembro de 2024 > Núcleo museológico na sede do Parque:  mais peças


Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné-Bissau > Arquipélago Bolama -Bijagós > Ilha de Orango > 7 de outubro de 2008 > O Patrício Ribeiro no Orango Parque Hotel, na ilha mais atlântica da Guiné-Bissau, a 100 km de Bissau, ou seja, a 7 horas de canoa "nhominca", de Bissau..

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Parque Nacional de Orango, criado em 2000, com 1582 km2, cobrindo as ilhas de Orango, Menegue, Canogo, Imbone e Orangozinho. Um exytraordinária biodiversidade e paisagens únicas.

Imagem: Wikipedia (com a devida vénia...) 



1. Reportagem fotográfica que o nosso
Patrício Ribeiro fez, para nós,  nos passados dia 23  do corrente, na sua viagem a Orango: "Foi um passeio no último fim de semana.Viagem entre Bubaque e Orango, de bote rápido, do Parque Nacional de Orango".

Ele é o "nosso embaixador" na Guiné-Bissau, onde vive há quatro décadas. É um histórico do nosso blogue (está connosco desde 1 de junho de 2006)...Tem 170 referências. É autor da série "Bom dia desde Bissau" (iniciada em 3 de abril de 2017).

(Revisão / fixação de texto, edição das fotos: LG)