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quinta-feira, 14 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23167: Humor de caserna (47): O Gasparinho, que eu... não conheci no BAC 1 / GA 7 (Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7, Bissau, 1969/71; ex-comandante do 22º Pel Art, Fulacunda, 1969/70)

1. Comentário publicado na nossa página do Facebook, Tabanca Grande Luía Graça, pelo nosso camarada Domingos Robalo, com data de 11 de abril de 2022, 21h18;

Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7, Bissau, 1969/71; foi comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70); nasceu em Castelo Branco, trabalhou na Lisnave, vive em Almada; tem 26 eferências no nosso blogue. 

[ Foto atual, à esquerda, Tabanca da Linha, Algés, 2019; foto de Manuel Resende].



Olá amigos, camaradas. 

Li os relatos do blogue (*) e algo não bate certo em termos de datas em relação ao major Gaspar. Irei confirmar, pois sou desse tempo na BAC1/GA7. 

Em março de 1969, estava eu colocado no RALIS, tendo como 2° Comandante o Coronel Ferreira da Silva. Já na altura não era militar de quem se gostasse. 

Em maio de 69 embarco para a Guiné, sendo mobilizado em rendição individual,  colocado ns BAC1, então comandada pelo capitão Moura S. 

Em novembro de 69 venho de férias e em Almada conversei casualmente com um anterior camarada do RALIS, que me informou da mobilização do Coronel Ferreira da Silva para comandar a BAC1, em vias de passar a GAC7, o que viria acontecer pouco tempo depois.

 Quando regressei de férias e me apresentei na unidade eu e o "novo comandante" já eramos conhecidos por termos tido alguns arrufos no RALIS. 

"Ó filho" era um termo muito do agrado deste militar. Um dia, o Sargento Canário do QP e encarregado das obras da unidade, já falecido, teve um caso com o " Ó filho" e foi de imediato recambiado para o mato. Disse o Coronel:  "Então Canário, as obras andam ou não andam? Resposta do Seiras,  sargento; "Meu comandante, como quer que as obras andem se não têm pernas ?". 

O Comandante não gostou do à vontade do "pobre Canário", que já teria mais de 50 anos de idade, eu era um puto com 21 anos. 

Ao tempo do capitão Moura S. era eu que participava na regulação de tiro em todos os PELART do TO juntamente com o capitão Viriato O. alternando com o capitão Fradique. O coronel, comandante da unidade resolveu ir fazer uma regulação de tiro a um PELART. Deu os elementos ao chefe de secção, furriel Monj.... fez-se a pontaria, tudo pronto?! Fogo...!!!

Granada pelo ar..., vai cair numa palhota amiga, vários feridos... Aqui deu- se a bronca. De quem foi a culpa? Dos dados mal calculados, mal introduzidos na BF ou deficiente comunicação? 

Levantou-se um auto que andou enrolado muito tempo até que chegaram mesmo a propor ao furriel que assumisse culpa e poder embarcar e passar à peluda. Só que este não aceitou porque entendeu não ter de assumir uma culpa que não sentia ter. 

Entretanto, o Coronel tinha dado baixa e regressou à Metrópole. Em maio de 71 sou desmobilizado e regresso com mais um louvor, desta feita dado pelo 2° Comandante, recém chegado de Piche, o major Mexia, já falecido. 

O major Gaspar será figura posterior à minha desmobilização. Do coronel, nunca mais ouvi referência, a não ser agora no blogue.

Os oficiais do QP, à data de maio de 71 eram ; major Mexia, capitães Viriato, Fradique, Pereira S, Evaristo e Lourenço, estes últimos da A.A. [Artilharia Anti-Aérea].

Mais estórias haveria, mas a prosa já vai longa. 

Abraço. Saudações artilheiras. Domingos Robalo.

__________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 11 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23158: Humor de caserna (46): Histórias pícaras: O Gasparinho - Parte III (António J. Pereira da Costa / Luís Faria / José Afonso / José Borrego): (vi) Picagem automática: as rajadas de G3 em vez da pica; (vii) Mensagem-relâmpago: Quem viu passar as minhas chapas de zinco, levadas pelo tornado? (viii) Informo Vexa que Sexa passou na mecha

domingo, 10 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23156: Humor de caserna (45): Histórias pícaras: O Gasparinho - Parte II (José Borrego): (v) Meu comandante, vá chamar filho a outro


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > Pelotão de Artilharia / GA 7 > Agosto de 1972 > Espetacular foto noturna do obus 14 em ação...

Algumas características técnicas do Obus 14 cm m/943: 

(i) Origem Reino Unido; 

(ii) Ano de fabrico: 1941 (entrada ao serviço: 1943); 

(iii) Calibre: 140 mm; 

(iv) Guarnição: 10 elementos; 

(v) Peso do obus 6190 Kg; 

(vi) Peso da granada HE; 40,5 Kg; 

(vii) Alcance: 15.600 m; 

(viii) Campo de tiro horizontal: -530 mil a +530 mil; 

(ix) Campo de tiro vertical; -90 mil a 800 mil; 

(x) Cadência de tiro: 2 TOM; 

(xi) Locomoção Tração Automóvel... 

Observ: Foi descontinuado em 1987, é hoje peça de museu...

Foto (e legenda): © Vasco Santos (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Temos andado a recompilar histórias do (ou atribuídas ao) cap art José Joaquim Vilares Gaspar, o primeiro de três comandantes que teve a CART 3330 (Nhamate e Bula, 1970/72), e que depois  foi promovido a major, 2º cmdt do BA 7, por volta dos finais de 1970. No CTIG, ficou conhecido pelo diminutivo Gasparinho. Faleceu por volta de 1977.  (*)

Eis mais um depoimento sobre ele,  e mais uma história (se não duas...), desta feita já aqui contada em tempos (Poste P4628, de 2 de julho de 2009), pelo nosso camarada José Francisco Robalo Borrego, ten cor art ref, que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau (GA 7) e ao 9.º Pel Art (Bajocunda 1970/72). 

É também uma boa ocasião para relembrar aqui os nossos valorosos arilheiros do GA 7 / GA 7 (Grupo de Artilharia de Campanha 7 / Grupo de Artilharia 7)


Histórias pícaras > Gasparinho

(v) Meu comandante, vá chamar filho a outro...

(...) Em fins de 1970 (Outubro?), apresentou-se no Grupo de Artilharia n.º 7 (GA7) o Senhor major Gaspar, acabado de ser promovido, para assumir as funções de 2.º comandante do Grupo. 

O major Gaspar, também conhecido por Gasparinho, comandava a Companhia de Artilharia 3330, estacionada em Nhamate e mais tarde em Bula. Era uma Companhia independente, cuja unidade mobilizadora foi o extinto Regimento de Artilharia n.º3 (RAL 3) em Évora.

O comandante do GA7 era o Senhor tenente-coronel Ferreira da Silva que tinha por alcunha o Assassino da Voz Meiga, porque ao dirigir-se aos seus subordinados fossem eles oficiais, sargentos ou praças tinha por hábito tratá-los por “filho” ("Ó filho isto, ó filho aquilo"...) mas na hora de administrar a justiça e disciplina (RDM) era um “pai” pouco meigo.

Um dia tratou o major Gaspar por “filho” e, como este gostava pouco de paternalismos, terá advertido o comandante que pai só tinha um e que não admitia que o voltasse a tratar com tal “afecto”.

Devido ao feitio do comandante, ou talvez não, o certo é que não morriam de amores um pelo outro e, segundo se dizia, tinham muitas divergências e acesas discussões.

No dia de todos os Santos era tradição fazer-se uma formatura geral com representantes dos três Ramos das Forças Armadas em frente ao Palácio do Governador da Província, salvo erro.

A representação do Exército coube ao GA7 com a incumbência de enviar uma força para a cerimónia do dia de finados, força essa, que sob a responsabilidade do major Gaspar terá chegado ligeiramente atrasada ao local da formatura, o que desagradou profundamente ao comandante perante o olhar das altas entidades.

Como cmdt e responsável máximo, o ten cor Ferreira da Silva terá feito uma chamada de atenção ao major Gaspar, que,  não tendo gostado da “repreensão” em público, desatou aos berros e com insultos ao cmdt, sendo retirado do local por um oficial conhecido, pondo termo ao espectáculo deplorável!

Para quem conhecia a personalidade do major Gaspar, aquilo foi uma atitude perfeitamente natural em linha com o seu temperamento. Para a época era, ou parecia ser, um oficial desinibido, frontal e, por vezes, desafiador da disciplina. Dizia-se que na sua folha se serviços tinha tantos louvores como castigos e que gozava de alguma simpatia, junto do Senhor General António de Spínola, devido às suas características peculiares.

No regresso à Unidade os dois comandantes discutiram o incidente anteriormente ocorrido, tendo ambos chegado, ou quase chegado, a vias de facto e a situação só não foi mais grave, porque um oficial se intrometeu entre os dois.

Perante a insubordinação do major Gaspar, o cmdt mandou chamar o Sargento da Guarda para prender o major, mas este dizia ao 1.º sargento que não podia prendê-lo, porque não estava em flagrante delito.

Este episódio durou algum tempo em que um mandava avançar o Sargento da Guarda e o outro mandava-o recuar... Houve até quem dissesse que o sargento da guarda, impaciente e nervoso, terá suplicado: "Meus comandantes, decidam-se lá, porque, segundo o Regulamento, o comandante da guarda não pode abandonar o distrito da guarda, por muito tempo". Tal era o desconforto…!

Face ao sucedido,  o escalão superior procedeu ao respectivo processo disciplinar e criminal, acabando os dois por serem punidos com penas de prisão. (...)

(José Borrego)


[ Seleção / Revisão / fixação de texto e título, para efeitos de publicação deste poste no blogue: LG ]

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22082: Em busca de... (312): Camaradas do ex-Fur Mil Art Vítor Manuel de Almeida Santos do GA 7, Buruntuma e Dara, 1972/74(?)

1. Mensagem de 6 de Abril de 2021, de Paulo Jorge Santos, filho do nosso camarada Vítor Manuel de Almeida Santos, ex-Fur Mil Art do GA 7, Buruntuma e Dara, 1972/74 (data estimada pelo editor), procurando camaradas de seu pai:

Prezados Senhores
Estou à procura de informações sobre o serviço do meu pai na Guiné.

VÍTOR MANUEL DE ALMEIDA SANTOS

Ele ainda está vivo mas intelectualmente e fisicamente diminuído após um AVC, vive en França.
Ele fez a sua formação no RAL1 em Lisboa (tenho uma placa que lhe foi dada pelo seu peleton, mas não sei porquê)

Foi então mobilizado na artillería en Guiné como Furriel Miliciano
A única coisa de que se lembra é que serviu no GAC 7 em Buruntuma e depois em Dara.

O seu matriculo era: 16187671 o 16187670 (ele hesita no último número)

Agradeço-lhe por qualquer elemento ou ligação que me possa fornecer.

Desculpo-me pelos erros portugueses, porque infelizmente nasci em França e tenho muitas dificuldades em escrever português.

Obrigado
Paul Jorge Santos


********************
____________

Nota do editor

Último poste da série de 6 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P21976: Em busca de... (311): Ex-Soldados Instruendos do CSM - 3.º Turno de 1971, RI 5 - Caldas da Rainha, Luís Filipe Calado José da Costa e Luís Alberto Costa Pereira do 2.º Pelotão/5.ª Companhia (Carlos Jorge Pereira, ex-Fur Mil IOI)

quinta-feira, 25 de março de 2021

Guiné 61/74 - P22037: Fotos à procura de... uma legenda (146): as antiaéreas de Aldeia Formosa... Também faziam fogo terra-terra... (Joaquim Costa, ex-fur mil arm pes inf, CCAV 8351, Cumbijã, 1971/73)

 

Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > BCAÇ 3852 (1971/73,] > Antiaérea do tempo da  II Guerra Mundial... "Smulando o ataque a um avião inimigo. Cada tiro,  cada melro... pois aviões ca tem... A tropa não deixa de me surpreender: antiaéreas em Aldeia Formosa? Os "nossos amigos", ou IN, tinham mísseis terra-ar Strela (em março de 1973)", diz o Joaquim Costa... 

Que arma seria esta ? E de que calibre?  Parece ser uma peça AA 4 cm  ou 40 mm, tipo Bofors... A CCAV 8351 esteve em Aldeia Formosa entre meados de novembro de 1972 e princípios de abril de 1973... Nesta altura o pelotão AA que aqui estava,  devia pertencer à Btr AAA 7040/72 (Out 72 / ago 74).

Foto (e legenda): © Jaoquim Costa (2021). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem com data de hoje, 12h45, de Joaquim Costa (ex-fur mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74)



Bom dia, Luís

Dado o desafio que lançaste sobre as antiaéreas de Aldeia Formosa (de caça aos melros) (*),  reenvio a foto da mesmo uma ves que a que publicaste está com má qualidade.

Um grande abraço de muita amizade,
Joaquim Costa

2. Comentário do editor LG:

Obrigado, Joaquim. Confesso que não vi (nem me lembro de ouvir falar de) antiaéreas no meu tempo. Se calhar já as havia, no aeroporto de Bissalanca e junto à fronteira  (com o Senegal e com a Guiné-Canacri)... 


Sabemos pouco destas nossas subunidades e dos seus homens. Precisamos de testemunhos, fotos, histórias... (**)

Depois da perceção da "ameaça aérea" (om voos não identificados nos céus da Guiné, e do receio dos MiG da Guiné-Concri, ainda antes da Op Mar Verde, em 22 de novembrode 1970), sabemos pelos travalho de investigação do José Matos, que foi econsiderada a necessidade e a importância da defesa antiaérea da Guiné... E daí a chegada das baterias de artilharia antiaérea de que aqui ficam as respetivas  fichas de unidade... Oxalá apareça alguém destas subunidades. Penso que só temos aqui um camarada das AAA, o ex.cap art António J. Pererira da Costa, o primeiro comandante da Bateria de Artilharia Antiaérea n.º 3434.


Bateria de Artilharia Antiaérea n.º 3381

Identificação Btr AAA 3381
Unidade Mob: RAAF - Queluz
Crndt: Cap Art Vítor Marçal Lourenço
Partida: Embarque em 13Fev71 (l ." fase) e 26Mai71 (2." fase) | desembarque em 19Fev71 (1ª fase) e 31Mai71 (2." fase) | Regresso: Embarque em 24Fev73 (L" fase) e 23Mar73 (2ª fase)

Síntese da Actividade Operacional

Foi constituída e organizada para cumprimento de despacho ministerial de 18Set70, vindo a integrar dois pelotões independentes do antecedente colocados na Guiné e um outro pelotão que chegou em 2." fase. 

Foi dotada com peças AA 4cm e metralhadoras AA 12,7mm, com guarnições compostas por pessoal
de recrutamento local.

Após a realização da IAO, de 19Fev71 a 12Mar71, no CMl, em Cumeré, foi colocada em Bissau, no aquartelamento do GA 7, exercendo o comando e controlo dos pelotões de AA destacados em Bissalanca (Bissau), Nova Lamego, Aldeia Formosa, a partir de 25Ju171, e Nhacra, a partir de 1Nov71.

Os pelotões, particularmente os de Bissalanca e Nova Lamego, colaboraram na defesa próxima das respectivas pistas de aviação. 

Em 250ut71, o pelotão destacado em Bissalanca passou a integrar a BtrAAA 3434, que então assumiu
a responsabilidade da defesa AA da BA12 a baixas altitudes.

Após recolha do pelotão destacado em Nova Lamego em 18Dez72, foi substituída, em 1Jan73 , no comando e controlo dos pelotões AA pela Btr AAA 7040/72, mantendo-se, no entanto, em colaboração com esta, até ao seu embarque de regresso.

Observações: Tem História da Unidade (Caixa n." 104 - 2.ªDiv/4ª Sec, do AHM).

Bateria de Artilharia Antiaérea n.º 3382
Identificação Btr AAA 3382
Unidade Mob: RAAF - Queluz
Cmdt: Cap Art Joaquim Branco Evaristo
 Partida: Embarque em 13Fev71; desembarque em 19Fev71 | Regresso: Embarque em 13Jan73

Síntese da Actividade Operacional

Esta subunidade foi a primeira bateria AA de peças de 9,4 cm, para defesaa média altitude, instalada na Guiné.

Após a realização da lAO, de 21Fev71 a 12Mar71, no CMl, em Cumeré, foi colocada em 13Mar71 em Bissau, no aquartelamento do GA 7, onde continuou em instrução de aperfeiçoamento da especialidade e simultaneamente iniciou o estudo das posições das peças, radares e preditores de AA.

Em Jun71 iniciou a construção das posições e do aquartelamento na região de Bor (Bissau), com vista ao cumprimento da missão de defesa AA a médias altitudes da BA 12 e aeroporto de Bissalanca e de parte da cidade de Bissau, tendo ainda instalado uma posição junto aos paióis do CTIG e outra em Cumeré, tendo a sua organização operacional ficado completa em Set72. 

Colaborou ainda em escoltas, patrulhamentos e segurança das instalações e das populações da
área de Bissau, de acordo com as necessidades do COMBlS.

Em meados de Mai72, passou a ocupar as instalações de Bor, tendo assumido cumulativamente a responsabilidade daquela região, na dependência do COMBlS, com vista a garantir a segurança e protecção das instalações e das opulações da área.

Em 1Dez72, foi substituída pela BtrAAA 7041/72, mantendo, no entanto, a sua actividade em proveito do COMBIS até 8Jan73, após o que ficou anaguardar o embarque de regresso.

Observações: Tem História da Unidade (Caixa n." 99 - 2.a Div/d." Sec, do AHM).

Bateria de Artilharia Antiaérea n.º 3434

Identificação Btr AAA 3434
Unidade Mob: RAAF - Queluz
Crndt: Cap Art António José Pereira da Costa
Cap Art Vítor Manuel da Ponte Silva Marques
Divisa: "As Avezinhas"
Partida: Embarque em 26Mai71; desembarque em 31Mai71 | Regresso: Embarque em 25Mar73

Síntese da Actividade Operacional

Após efectuar a lAO, de OlJun71 a 03Ju171, no CMl, em Cumeré, ficou instalada em Bissau, no aquartelamento do GA 7, onde efectuou a instrução de adaptação da especialidade de 3 a 19Ju171. Em seguida passou a efectuar os trabalhos de construção de espaldões para as peças e radares da área do
aeroporto de Bissalanca. 

Foi dotada com peças AA 4 cm e metralhadoras AA 12,7 mm.

A partir de 250ut71, integrou o pelotão AA, do antecedente instalado em  Bissalanca e transferido da Btr AAA 3381, tendo assumido a responsabilidade da defesa AA a baixas altitudes do referido aeroporto, instalando-se em Bissalanca.

Colaborou ainda, em coordenação com a BA 12, na defesa terrestre das instalações daquela área.

Em 26Fev73, foi rendida pela BtrAAA 7042/72, colaborando, entretanto, com esta na sua missão de defesa AA e terrestre até ao seu embarque de regresso.

Observações: Tem História da Unidade (Caixa n." 99 - 2.ª Div/4.ª Sec, do AHM).

Bateria de Artilharia Antiaérea n.º 7040/72

Identificação Btr AAA 7040/72
Unidade Mob: RAAF - Queluz
Crndt: Cap Art João Batista Rodrigues Videira
 Partida: Embarque em 200ut72 (I." fase) e 27Dez72 (2." fase); esembarque em 200ut72 (I." fase) e 02Jan73 (2." fase) | Regresso: Embarque em 23, 25 e 27Ago74

Síntese da Actividade Operacional

Após ter efectuado a instrução de aperfeiçoamento e adaptação ao material do pessoal da l."fase, no GA 7, deslocou em 23Nov72 um pelotão para Nova Lamego a fim de efectuar a sobreposição com idêntico efectivo da Btr AAA 3381 até 18Dez72. 

Em seguida, assumiu a responsabilidade da defesa AA a baixas altitudes da referida pista de aviação e destacamento aéreo.

Em  1Jan73 , substituíu a Btr AAA 3381 no comando e controlo dos pelotões dispersos por Nova Lamego, Aldeia Formosa e Nhacra. Após instrução e adaptação do pessoal da 2.3 fase, destacou, em 04Fev73, dois pelotões para estas duas últimas localidades, a fim de substituirem idênticos efectivos da
Btr AAA 3381. 

Os pelotões colaboraram ainda na defesa terrestre das referidas localidades e a subunidade formou novos especialistas de 4 cm e 12,7 mm, de 2Set73 a 200ut73, para integrarem as guarnições dos materiais.

Em 1Mai74, a subunidade deveria integrar o GAAA, mas este não chegou a ser efectivamente constituído.

Após recolha dos pelotões de Nova Lamego, em 15Ago74, de Aldeia Formosa, em 18Ago74 e de Nhacra, a subunidade manteve-se em Bissau até ao desembarque de regresso.

Observações: Tem História da Unidade (Caixa n." 121 - 2." Div / 4.ª   Sec, do AHM).
 
Bateria de Artilharia Antiaérea n.º  7041/72

Identificação Btr AAA 7041/72
Unidade Mob: RAAF - Queluz
Crndt: Cap Art José Henriques Rola Pata
Cap Mil Art Luciano Avelãs Nunes
 Partida: Embarque em 160ut72; desembarque em 160ut72 | Regresso: Embarque em 30Ag074

Síntese da Actividade Operacional

Após efectuar o treino operacional, de 170ut72 a 28Nov72, em Bor (Bissau), assumiu em lDez72, substituindo a BtrAAA 3382, a responsabilidade da defesa AA a médias altitudes da BA 12 e aeroporto de Bissalanca e de parte da cidade de Bissau.

Foi dotada com peças AA 9,4 cm.

Destacou uma secção para guarnecer uma posição instalada em Cumeré. Colaborou ainda em escoltas, patrulhamentos e segurança das instalações e das populações da área de Bissau, de acordo com as necessidades do COMBIS, tendo assumido a responsabilidade do subsector de Bor.

Em 23Fev74, em virtude da inoperacionalidade do material de detecção de alvos e de tiro, a subunidade foi desactivada e, após os estudos para criação do GAAA da Guiné, o seu pessoal deveria passar a constituir, a partir de 1Mai74, a BCS do referido grupo. Não tendo este sido constituído, o pessoal mantevese na dependência do COMBIS, com vista à realização de missões de segurança e protecção das instalações e das populações da área, até ao seu embarque de regresso.

Observações: Tem História da Unidade (Caixa n." 128 - 2ª Div/4ª Sec, do AHM.
 

Bateria de Artilharia Antiaérea n.º 7042/72

Identificação BtrAAA 7042/72
Unidade Mob: RAAF - Queluz
Crndt: Cap Art Fernando de Matos Alves
 
Partida: Embarque em 27Dez72; desembarque em 2Jan73 | Regresso: Embarque em 28Ago74

Síntese da Actividade Operacional

Após efectuar a instrução de adaptação operacional, de 5Jan73 a 2Fev73, em Bissau, no aquartelamento do GA 7, assumiu em 26Fev73, substituindo a BtrAAA 3434, a responsabilidade da defesa AA a baixas altitudes da BA 12 e aeroporto de Bissau, tendo-se instalado em Bissalanca. 

Colaborou ainda, em coordenação com a BA 12, na defesa terrestre das instalações daquela área.

Em 1Mai74, a subunidade deveria integrar o GAAA, mas este não chegou a ser constituído efectivamente.

Em 27Ago74, na sequência do processo de retracção e desactivamento do dispositivo, efectuou o seu embarque de regresso.

Observações: Tem História da Unidade (Caixa n." 129 - 2ª Div/4ª  Sec, do AHM).


Bateria de Artilharia Antiaérea n.º 7043/73

Identificação BtrAAA 7043/73
Unidade Mob: RAAF - Queluz
Crndt: Cap Art Joaquim Luís Dias Antunes Ferreira
 Partida: Embarque em 17Nov73; desembarque em 17Nov73 | Regresso: Embarque em 08Set74

Síntese da Actividade Operacional


Após o desembarque, foi colocada em Bor (Bissau), a fim de efectuar a instrução de adaptação operacional e seguidamente reforçar a BtrAAA 7041/72 com vista à implementação do sistema integrado de defesa AA a médias altitudes da cidade de Bissau e aeroporto de Bissalanca, cujo estudo estava sendo efectuado. 

Foi dotada com peças AA 9,4cm.

Colaborou na segurança e protecção das instalações e das populações do subsector de Bor, sob controlo operacional do COMBIS.

Em 23Fev74, em virtude da inoperacionalidade do material de detecção de alvos e de tiro, a subunidade passou a efectuar a sua adaptação ao material AA 4cm, devendo em 1Mai74, a subunidade integrar o GAAA; não sendo este constituído efectivamente, manteve-se o seu pessoal na dependência do COMBIS até ao seu embarque de regresso.

Observações: Não tem História da Unidade.

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pp. 541/547.

___________

Notas do editor:

(*) Vd. psote de 24 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P22032: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte Vi: (i) batismo de fogo... com a reza do terço; e (ii) uma patuscada... de gato por lebre!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20586: Facebok...ando (56): As minhas 10 efemérides (Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GA 7, Bissau, maio de 1969 /maio de 1971)


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > Tabanca da Linha > 16 de janeiro de 2020 > C. Caria e Domingos Robalo... Seguramente falando de artilharia... E ambos são beirões.

Foto: ©  Manuel Resende  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7, Bissau, 1969/71; foi comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70); nasceu em Castelo Branco, trabalhou na Lisnave, vive em Almada; tem 25 eferências no nosso blogue.  


Texto publicado na página do Facebook da Magnífica Tabanca da Linha (grupo fechado) em 18 do corrente:

Olá,  camaradas. Uma vez mais estive presente no convívio trimestral de "A Magnifica Tabanca da Linha", em que foi comemorado o 10 º aniversário da sua criação. Como sou "periquito" nestas andanças, conheço poucos de vós, mas com o tempo lá chegarei. Ainda estou no meu 3º convívio e espero continuar.

Mas hoje, estou aqui a escrever para referir efemérides cinquentenárias ocorridas no período da minha comissão na Guiné (Maio de 1969 a Maio de 1971, na Bataria de Campanha nº 1, mais tarde GA7.)

Então, aqui vão as efemérides:

(i) em Fevereiro de 1970, morre em combate, em Catió,  o sargento de artilharia Issa Jau, do recrutamento local:

(ii) em Abril de 1970, deixo Fulacunda, onde Comandava o 22º Pel Art , com rumo a Bissau (BAC 1,  comandada pelo cap art M.Soares) para ser integrado na "Sala de Operações e Informações", participar nas Operações do TO que envolvessem Artilharia e continuar as acções de Instrução com as Escolas de Recruta para artilheiros;

(iii) em 20 de Abril de 1970, são assassinados os Majores; Passos Ramos, Pereira da Silva, Magalhães Osório e o Alferes Mosca. Participei no "Funeral Armas" (cemitério de Bissau) para o qual a minha unidade, BAC 1, tinha sido nomeada pelo Comandante Chefe;

(iv) em Maio de 1970, venho de férias, "à Metrópole", para contrair matrimónio;

(v) em Junho de 1970, chegam à BAC 1, 12 Alferes e 28 Furriéis, para reforço do pessoal de artilharia e libertar Alferes e Sargentos de vários pelotões de morteiros, que temporariamente serviram na artilharia depois de terem recebido a instrução necessária para reforçarem diversos pelotões de artilharia por todo o TO;

(vi) em Julho de 1970, a BAC 1, passa a GA7 com formação em parada, a que foi dado o nome do sargento Issa Jau, com a presença do General Spínola;

(vi) em 25 de Julho de 1970, morrem em acidente de helicóptero, com queda no rio Mansoa em deslocação para Bissau, 4 deputados à Assembleia Nacional; um desses Deputados tinha sido voluntário nesta delegação a fim de visitar o filho que era meu camarada na artilharia, colocado em Catió. Infelizmente não se viram.(Pinto Bull, de origem Guineense e Pinto Leite, pai do meu camarada.)

(vii) em 27 de Julho, na Metrópole, falecia Salazar;

(viii) em Julho de 1970, o Homem dava um "grande passo" ao pousar na Lua, pela primeira vez;

(ix) em 22 de Novembro de 1970, tem inicio a Operação "Mar Verde", comandada pelo Comandante Alpoim Calvão.

(x) em Dezembro é levado a efeito o reforço da Anti Aérea como protecção de um eventual ataque aéreo, como retaliação à Operação " Mar Verde". Cap Lourenço e Evaristo integram a minha Unidade, BAC1/GA7.

Foi um ano recheado de acontecimentos que nos ficam na memória. Cada uma destas efemérides têm desenvolvimento que o tempo foi apagando.

Abraço aos Camaradas,

Domingos Robalo
Furriel Miliciano Art (nº 192618/68)

[revisão / fixação de texto para efeitos de edição neste blogue: LG]

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sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20446: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte V: Em Cutia, entre Mansoa e Mansabá, barragem de artilharia sobre a mata do Morés, de 17 a 27 de julho de 1970... A 25, no regresso da visita a Teixeira Pinto, morrem quatro deputados da Assembleia Nacional, em acidente aéreo, no rio Mansoa.


Foto nº 1 > Guiné > Região do Biombo > Estuário do Rio Mansoa >  Recuperação dos restos do Heli AL III, caído por acidente na foz do rio Baboquem, afluente do rio Mansoa, em 25 de julho de 1970, e que transportava quatro deputados da Assembleia Nacional, em visita à província (além da tripulação) (**)


 Foto nº 2 >  Guiné > Região do  Óio > Mansoa > Cutia > O Domingos Robalo, em primeiro plano.

  
Foto nº 3 >  Guiné > Região do Óio  > Mansoa > Cutia > Obus 14




 Foto nº 4 >  Guiné > Região do Óio > Mansoa > Cutia > Acomodações: o "Matador", veículo pesada que rebocava o obus 14: eram precisos uns caixotes de munições para se poder ao 1º andar...



 Foto nº 5 >  Guiné > Região do Óio > Mansoa > Cutia > Rancho


 Foto nº 6>  Guiné > Região do Óio > Mansoa > Churrasco


 Foto nº 7 >  Guiné > Região do Óio  > Mansoa > Cutia >  Relaxando


 Foto nº 8 >  Guiné > Região do Óio > Mansoa > Cutia > Confraternização


Foto nº 9 >  Guiné > Região do Óio > Mansoa > Cutia > O alferes de óculos é o sobrinho do Sá Viana Rebelo, que esteve, também, comigo na operação Mabecos em fevereiro de 1971

Ação sobre a mata do Morés, levada a efeito a partir de Cutia/Mansoa entre os dias 17 e 27 de julho de 1970. Nessa altura visitava a Guiné um grupo de deputados da  Assembleia Nacional, da chamada Ala Liberal, entre eles o seu chefe de fila, Pinto Leite.

Fotos (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico (*) de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7,  Bissau, 1969/71; foi comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70); vive em Almada; tem mais de 20 referências no nosso blogue. [, Foto atual, à esquerda, Tabanca da Linha, Algés, 2019].

(...) No fim do  mês de maio de 1970, sou destacado para uma operação em Cutia, sector de Mansoa, para flagelar a mata do Morés (?). 

De 17 a 27 de julho, a artilharia flagelava de noite e a FA [Força Aérea] de dia.

Nesse período, vêm a falecer os deputados à Assembleia Nacional que nos visitaram em Cutia [, José Pedro Pinto Leite, Leonardo Coimbra, Vicente de Abreu e Pinto Bull].(**)

Os deputados à Assembleia Nacional visitaram-nos, ou melhor, passaram em Cutia, no dia 23 ou 24 de julho, vindo a falecer em consequência da queda de um dos helis que os transportava de [Teixeira Pinto]  para Bissau no dia 25 ou 26 de julho. (como curiosidade, o Salazar faleceu no dia 27 de julho.)

Um dos deputados era pai de um camarada meu da artilharia que estava colocado em Catió, razão pela qual o deputado trocou com um outro para poder visitar o filho. Deslocação inglória, porque não se encontraram. (...)



Guiné > Mapa geral da província (1961) > Escala 1/500 mil > Região do Oio > Detalhe: posição relativa de Cutia no triângulo Bissorã- Mansabá- Mansoa. Ficava  a meio, na estrada Mansoa-Mansabá.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 4 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20413: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte IV: Acção Mabecos (subsetor de Piche, 22-24 de fevereiro de 1971)

(**) Vd. postes de:

domingo, 8 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20429: Facebook...ando (55): os valorosos mecânicos de artilharia do GA 7, Bissau, 1972/74 (António Rios / Carlos Marques de Oliveira)


Obus 10.5 > O "recuperador" do obus é esse tubo [,assinalado, com uma seta amarela,] que está por cima do "cano" (, em linguagem dos "infantes"...]


Guiné > Bissau > Grupo de Artilharia nº 7 (GA 7) > c. 1972/74 > Grupo de mecânicos de artilharia

Fotos (e legendas): © António Rios (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Comentário do António Rios, ex-fur nil mecânico e Artilharia (GA 7, 1972/74), na página do Facebook da Tabanca Grande Luís Graça:

Nós, Mecânicos de Artilharia do GA7 [, Grupo de Artilharia nº 7,]  éramos três furriéis,  quatro primeiros cabos e um segundo sargento.  Alinhávamos  para o interior da Guine onde havia obuses. Tínhamos 33 Pelotões de Artilharia de Campanha.

Quando havia avarias,  alinhava o que estava em primeiro lugar na escala.  A minha primeira saída foi a Cabedu [, no sul, região de Tombali,] que tinha o  obus 10.5. Fui  substituir o recuperador em dezembro de 72.  Fiz lá a passagem de ano.

Durante toda a minha comissão,  fiz 12 saídas para  o mato. A minha pior foi em Bigene [, na fronteira com o Senegal, a Norte, região de Cacheu[,  quando deitaram abaxio [, com os Strela,] uma DO 27 e um T6.

Na foto que  junto [, vd. foto acima), pode ver-se uma parte da equipa de mecânicos de artilharia do GA 7: o 1º cabo Carcagueira  [?] era um deles. Estava em Guileje quando fugiram para Gadamael. Era tudo pessoal do Norte. Nunca consegui encontrar nenhum, só o segundo sargento Corrito, que era de Vila Real de Santo António, e  que já faleceu. O chefe de oficina era de Braga, primeiro sargento Moreira.


Legenda para a foto do almoço-convívio do HM 241, em Bissau, em 13 de junho de 1974:

Era um grupo de malta de Vila Real de Santo António. Havia um que estava colocado no Hospital e está um que era vagomestre do GA7 [Grupo de Artilharia nº 7]:  ele desenfiou do refeitório comida e fomos comer ao hospital. Eu sou o que está na fila de cima,  o da direita com bigode. A  cerveja era em lata.

Fotos (e legendas): © António Reis (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



2. Comentário de Carlos Marques de Oliveira  [, ex-alf mil arm pes inf, cmdt Pel Mort 2115 e, depois, do 5º Pel Art e do 7º Pel Art (Catió e Cabedu, 1969/71):  membro nº 796 da nossa Tabanca Grande]

Nos casos de Cabedu e sobretudo Catió os recuperadores era o material mais sacrificado pois fazíamos muito tiro para alcances máximos. Quando avariavam, pedíamos assistência e era com ansiedade que esperávamos a chegada do mecânico de artilharia que normalmente trazia um recuperador "recuperado" para substituir o avariado. Normalmente, depois da reparação ficavam connosco a aguardar transporte de regresso a Bissau. 

Tenho boas memórias dos mecânicos que nos assistiram. Boa gente e óptimos profissionais. Faziam milagres. O material estava muito cansado e sempre se aproveitava para fazer pequenas revisões e manutenção. Era uma ansiedade até que os mecânicos nos chegassem. Cabedu e Catió 69/71. O meu reconhecimento. Bem hajam.

3. Comentário do editor Luís Graça:

António. sê bem vindo!... És recebido de braços abertos, por mim, Luís Graça, fundador, administrador e editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, um blogue que vai fazer 16 anos em 23/4/2020, e que congrega a rapaziada da Guiné, de 1961 a 1974... 

A Tabanca Grande vai-te acolher, com pompa e circunstância: passas a ser o nº 801, que é o teu lugar à sombra do nosso mágico e fraterno poilão... Como sabes, em todas as tabancas da Guiné, de Bigene a Cabedu, havia sempre um ou mais poilões sagrados, centenários, onde os habitantes prestavam o culto aos seus mortos, aos seus antepassados... 

Tu tens o privilégio de ser o primeiro mecânico de artilharia a entrar para as nossas "fileiras"... Temos muitos camaradas de artilharia, incluindo malta que passou pela BAC 1 / GAC 7 / GA 7... Mas faltava-nos um mecânico de artilharia. De infantaria, de armamento de infantaria, já tínhamos... Mecânicos de rádio também já tínhamos. Mecânicos de manutenção aeronáutica também já havia... Agora, quando o obus se avariava, é que era uma gaita!...Felizmente passamos a ter o camarada António Rios, ainda por cima um "tavirense" de adopção... 

Não tenho as melhores recordações do CISMI de Tavira onde tirei, no úkltimo trimestre de 1968, a inútil especialidade de armas pesadas de infantaria, mas hoje adoro a tua cidade adotiva, Tavira, uma das mais belas de Portugal... 

Só preciso de uma foto, do tempo da tropa ou da guerra, ou seja de "menino e moço", para te apresentar à Tabanca Grande... Já fazias parte dos "amigos do Facebook", da nossa página "Tabanca Grande Luís Graça!... Mas não é a mesma coisa... O patamar a seguir, mais exigente, é a Tabanca Grande formada só pelos "amigos e camaradas da Guiné"... Estou seguro que aceitas o meu convite: preciso também do teu endereço de email, se o tiveres, ou em alternativa de um familiar, filho ou neto... Que é para a gente se poder comunicar "em privado"... Podes publicar aqui uma foto tua, do "antigamente"... A foto atual posso ir buscá-la à tua página do Facebook. 

Vejo que és um "jovem idoso" ativo e proativo, fortemente ligado à comunidade onde vives, através da Rádio Gilão e do Grupo Folclórico de Tavira. Dou-te os meus parabéns, és um exemplo salutar para todos nós!...

Mas agora que quero que colabores também no nosso blogue, partilhando mais memórias do teu tempo de Guiné, tu que foste um dos últimos soldados do Império, aqueles que "fecharam a porta da guerra"...

Diz-nos algo mais sobre a tua comissão, quando chegaste, quando regressaste a casa, os sítios por onde andaste como "doutor dos obuses"... A gente quer saber tudo, direitinho... Podes escrever, no Facebook da Tabanca Grande, se te dá mais jeito... Aqui no blogue não podes escrever diretamente, a não ser na caixa de comentários. Mas podes usar o nosso endereço de email: luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com

Um "alfabravo" (ABraço) do camarada, "infante", Luís Graça (ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).
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Nota do editor:

Último poste da série > 7 de dezembro de  2019 > Guiné 61/74 - P20423: Facebook...ando (54): António Rios, ex-fur mil mecânico de artilharia (GA 7, Bissau, 1972/74), algarvio de Vila Real de Santo António, a viver em Tavira

Guiné 61/74 - P20425: Lições de artilharia para os infantes (9): Os Pel Art, de vez em quando, tinham que "tocar uma punheta" aos obuses, por razões de manutenção... (C. Martins, ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1973/74)


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > Agosto de 1972 > Espetacular foto noturna do obus 14 em ação...

Algumas características técnicas do Obus 14 cm m/943:  (i) Origem Reino Unido; (ii) Ano de fabrico: 1941 (entrada ao serviço: 1943); (iii) Calibre: 140 mm; (iv) Guarnição: 10 elementos; (v) Peso do obus 6190 Kg; (vi) Peso da granada HE; 40,5 Kg; (vii) Alcance: 15600 m; (viii) Campo de tiro horizontal:  -530 mil a +530 mil; (ix) Campo de tiro vertical;  -90 mil a 800 mil; (x) Cadência de tiro: 2 TOM; (xi) Locomoção Tração Automóvel... Observ: Foi descontinuado em 1987, é hoje peça de museu...

Foto (e legenda): © Vasco Santos (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário do nosso camarada C. Martins (, ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1973/74; hoje médico, reformado), ao poste P20423 (*)

Foto: Cortesia de António Rios (2019)
O GA7 [Grupo de Artilharia nº 7, em Bissau]  tinha uma oficina de reparação de obuses chefiada por um 1.º sargento.

Quando avariava um ou mais obuses,consoante o tipo de avaria, podia-se eventualmente fazer a reparação no próprio local, os Pel Art  tinham material de substituição, ou então deslocava-se um mecânico de Bissau, e em último caso o obus era substituído.

Os tubos (que para os infantes são canos) tinham estrias e, após mil tiros, tinham que ser substituídos porque estas se desgastavam, mas, para evitar isso, aconselhavam avivá-las o que dava uma trabalheira do "caraças".

Os graduados dos Pel Art  tinham uns conhecimentos de mecânica dos obuses não só para a manutenção como para eventuais pequenas reparações.

Algures no sul da Guiné um alferes de um Pel Art  perdeu um "cogumelo", que era uma peça em aço da culatra cujo o formato era isso mesmo, um cogumelo, e como ia ser substituído tinha que fazer o espólio do Pel Art.

Pediu ao Pel Art  da vizinhança, que amavelmente cedeu um. Este por sua vez resolveu a falta do dito incluindo-o no relatório dos estragos feitos por um ataque, evidentemente com mais uma picareta, uma pá e tralhas várias em armazém.

Sabia-se que ninguém lia o dito relatório, e se lessem que fossem lá verificar a veracidade da coisa.

Também se tocava periodicamente uma "punheta" aos obuses que consistia na lavagem dos tubos,  e esta parecia que os tubos estavam a ejacular, daí o respectivo nome.

Mais lições de artilharia, têm que pagar, porque andei eu a queimar os neurónios para vocês passarem a saber tanto como eu, só faltava mais essa!

Ah, na foto [, à esquerda],  está-se a reparar o aparelho de pontaria que era uma avaria frequente.

Saudações artilheiras (**)
C.Martins
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 7 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20423: Facebook...ando (54): António Rios, ex-fur mil mecânico de artilharia (GA 7, Bissau, 1972/74), algarvio de Vila Real de Santo António, a viver em Tavira

(**) Último poste da série > 23 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20375: Lições de artilharia para os infantes (8): Algumas características técnicas do obus 14 e da peça 11.4 (C. Martins, ex-cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1973/74; João Martins, ex-alf mil art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69)

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16186: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (14): dois poemas ("Letargia da carne" e "Escravidão", de Armando Lopes, natural do Porto)



Detalhe da capa da brochura Caderno de Poesias "Poilão", edição limitada a cerca de 700 exemplares, policopiados, distribuídos em fevereiro de 1974, em Bissau. (*)

A obra é editada em dezembro de 1973, por iniciativa do Grupo Desportivo e Cultural (GDC) dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino (A história do GDC dos Empregados do BNU remonta à a 1924).



1. Considerada a primeira antologia da poesia guineense, esta edição (hoje rara) deve muito à carolice, ao entusiasmo, à dedicação e à sensibilidade sococultural de dois homens: 

(i) o Aguinaldo de Almeida, caboverdiano, funcionário do BNU, infelizmente já falecido; era o coordenador da secção cultural do Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do BNU - Banco Nacional Ultramarino, Bissau; 

e (ii) o nosso camarada Albano Mendes de Matos (hoje ten cor art ref; tenente art, GA 7 e QG/CTIG, Bissau, 1972/74; "último soldado do império", é natural de Castelo Branco, e vive no Fundão; é poeta, romancista e antropólogo) [, foto a seguir, em Bissau, em 1972/73].

A antologia reune 24 poemas de 11 poetas (guineenses, caboverdianos e metropolitanos, neste caso militares em servi no TO da Guiné, em 1973-74).




Albano Mendes de Matos (hoje ten cor art ref; tenente art, GA 7 e QG/CTIG, Bissau, 1972/74). Há dias soubemos notícias dele.. Aqui vai um excerto de uma mensagem de 16 de maio último: 

Caro Luís: há um ano que ando nos médicos. Duas operações à coluna, fisioterapia, pé pendente... Mas está a passar. Conduzo o carro e faço a vida normal.

O Valdemar Rocha morava em Padrão, Rebordosa, mas creio que actualmente reside em Gondomar. Vou comunicar-lhe. Aqui vai o Endereço do Valdemar [...]  O Jales está em Mondim de Basto, creio que na Câmara. Endereço do Jales de Oliveira [....]. Só há uns 3 anos tive contactos com o Jales.

Há uns anos, a professora Inocência Mata, de São Tomé, fez uma apresentação de «Poilão», no Centro Nacional de Cultura, numa sessão sobre Literatura Africana de Expressão Portuguesa. Ofereci-lhe o Caderno.

Vou enviar-te uns apontamentos de Angola e Guiné, que me serviram na apresentação do meu livro «Meninos de Mucanda», no Programa «Fim do Império», na Livraria Verney, em Oeiras.
Grande abraço do Camarada Albano Mendes de Matos.


O Luís Jales de Oliveira é membro da nossa Tabanca Grande desde 21 de janeiro de 2008. Foi  fur mil trms inf,  Agrup Trms de Bissau e CCAÇ 20 (Bissau e Gadamael Porto, 1972/74). Continua a escrever e a publicar. Falaremos dele (e dos seus livros) muito em breve. (***)




O Albano Mendes de Matos era sócio da UDIB - União Desportiva Internacional de Bissau


2. Hoje publicamos mais dois poemas. desta antologia: são de Armando Lopes, sobre o qual sabemos que era "estudante, natural do Porto", de passagem pela Guiné, onde estava a cumprir o serviço militar (no GA 7), tal como Valdemar Rocha e Jales de Oliveira. Não sabemos qual o seu paradeiro atual.



Recorde-se que o editor literário desta antologia e ele próprio poeta,  Albano Mendes de Matos, passou pelo  GA 7 e QG/CTIG, Bissau, no período de 1972/74, como tenente da arma de artilharia: foi o "último soldado do império" (**); é  natural de Castelo Branco, vive no Fundão. 



 


Armando Lopes, pp. 30-32




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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15638: Blogues da nossa blogosfera (73): No Blogue "Portugal e o Passado", A Agonia do Império, de Fernando Valente (Magro)



1. Publicamos hoje mais um texto do nosso camarada Fernando Valente (Magro) (ex-Cap Mil Art.ª do BENG 447, Bissau, 1970/72), intitulado A Agonia do Império, enviado pelo seu irmão Abílio Magro em mensagem de 8 de Dezembro de 2015, que podemos ler, além de outros, no seu Blogue "Portugal e o Passado".


A Agonia do Império

Texto publicado por Fernando Magro no seu blog "Portugal e o Passado"

O Império Colonial Português abrangia em 1960 uma superfície total de 2.031.935 Km2, correspondendo à soma das superfícies dos seguintes países europeus: Portugal Continental, Espanha, França, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Suíça, Alemanha e Inglaterra. Em área Portugal ocupava em 1960 o quarto lugar do mundo entre os impérios coloniais nessa altura. Os territórios que estavam sobre o domínio de Portugal eram, além do rectângulo europeu e das ilhas adjacentes da Madeira e dos Açores, o arquipélago de Cabo Verde, a Guiné, São Tomé e Príncipe, São João Baptista de Ajudá, Angola, Moçambique, Estado da Índia (composto por Goa, Damão e Diu), Macau (na China) e Timor (na Indonésia).

A partir porém de 1960 este vasto Império começa a desmoronar-se, devido a movimentos armados dos respectivos povos.
A primeira perda foi a de São João Baptista de Ajudá, uma presença simbólica portuguesa na costa do Daomé, uma vez que era praticamente constituída por uma fortaleza e um pequeno território a envolvê-la.

A 17 de Dezembro de 1961 a União Indiana ocupa militarmente o Estado Português da Índia e anexa Goa, Damão e Diu ao seu território. Nesse mesmo ano, em Angola é iniciada uma guerra de guerrilhas contra a nossa permanência naquela área de África, guerra que se estende rapidamente em 1962 à Guiné e em 1963 a Moçambique.

Essa guerra, em três frentes, tornar-se-á longa obrigando a um grande esforço material e humano, com sacrifício de várias gerações de jovens soldados, enquadrados por sargentos e oficiais do quadro permanente e do quadro de complemento (milicianos).

No caso da minha família (Valente Magro) todos os meus cinco irmãos e eu próprio fomos chamados a prestar serviço militar obrigatório e todos fomos mobilizados: um para Moçambique, como alferes miliciano, dois para Angola sendo um deles no posto de furriel e o outro como cabo especialista da Força Aérea e três para a Guiné, sendo eu, o mais velho, como capitão miliciano, o mais novo como furriel e o imediatamente a seguir ao mais novo como primeiro-cabo auxiliar de enfermeiro.

No meu caso particular fui duas vezes incorporado obrigatoriamente na vida militar. Em 1959 iniciei o cumprimento da minha primeira obrigação militar na escola prática de artilharia em Vendas Novas como cadete, tendo acabado como aspirante oficial miliciano no Grupo de Artilharia Contra Aeronaves n.º 3, em Paramos, Espinho. Somente regressei à vida civil em Fevereiro de 1960 como alferes miliciano, tendo sido promovido mais tarde a tenente miliciano na disponibilidade.

Estive nas fileiras do exército nessa primeira fase durante vinte meses. Depois disso entrei ao serviço do Ministério das Obras Públicas como engenheiro técnico, casei e nasceu o meu filho Fernando Manuel em 1961, precisamente no ano da invasão e anexação pelas tropas da União Indiana das possessões de Goa, Damâo e Diu.

Também em 1961 teve início a guerra colonial de Angola, que se estendeu rapidamente à Guiné e a Moçambique como já referi anteriormente.

Na altura, em 1961, ainda receei ser mobilizado como alferes [tenente], mas tal não se verificou. Mas em 1968, passados sete anos, tive conhecimento que, por haver muita falta de comandantes de companhia (capitães) o governo estava incorporando os tenentes milicianos na disponibilidade a fim de frequentarem obrigatoriamente um curso de promoção a capitães, tendo em vista a sua mobilização, nesse posto, para as guerras coloniais em África.

O aviso para me apresentar em Mafra a fim de frequentar o referido curso de promoção a capitão chegou-me a vinte e oito de Fevereiro de 1969. Em Março desse mesmo ano fui pela segunda vez incorporado no exército e só passei à disponibilidade em trinta de Junho de 1972, isto é, passados quarenta messes. Como na minha primeira incorporação tinha estado vinte meses ao serviço do exército, com esta segunda incorporação perfiz sessenta meses, isto é cinco anos de vida militar obrigatória.

Vida militar que na segunda fase compreendeu uma comissão na Guiné de 10 de Abril de 1970 a 30 de Junho de 1972. Essa comissão que inicialmente estava para a ser cumprida comandando uma companhia operacional no mato, acabou por ser levada a efeito no Batalhão de Engenharia 447, em Bissau por intervenção do Governador e Comandante-Chefe da Guiné, General Spínola, que decidiu colocar-me no referido batalhão de engenharia aproveitando a minha formação civil.

Aí chefiei os Serviços de Reordenamentos Populacionais. Tratava-se de um serviço dirigido por militares que era essencialmente destinado às populações civis. Tinha em vista proceder ao agrupamento de diversas pequenas "tabancas"(*) com o fim de constituir aldeamentos médios onde fosse rentável dotá-los com algumas infraestruturas tais como escolas, postos sanitários, fontanários, tanques de lavar, cercados para o gado, mesquitas ou capelas.
Além disso tinha-se também em vista, com a execução dos reordenamentos, a defesa e o controle das populações.

A minha actividade não estava por isso circunscrita à cidade de Bissau. Tinha por vezes que me deslocar ao interior do território para resolver localmente problemas que surgiam durante as obras dos reordenamentos populacionais. Fiz, por isso, algumas viagens para o interior da Guiné em helicóptero ou em avião militar (Dornier). Essas viagens tinham alguns riscos devido aos independentistas, a certa altura, se terem apetrechado com mísseis terra-ar e devido aos tornados que por vezes se formavam e que eram perigosos principalmente para as pequenas aeronaves.

Durante a minha estadia na Guiné ocorreu um acidente justamente com um helicóptero que transportava cinco deputados da Assembleia Nacional e que um tornado fez despenhar no rio Mansoa tendo morrido todos os seus ocupantes.
Comigo as deslocações ao interior da Guiné correram sempre sem perigo, mas para outros militares não foi sempre assim.

O Batalhão de Engenharia 447 tinha como funções dar apoio às tropas aquarteladas na Guiné no âmbito de garantir o regular funcionamento dos quartéis, promover o fornecimento de geradores eléctricos, orientar e apoiar as obras de reordenamentos populacionais, fornecer material de manutenção, construir estradas, pontes e portos de atracagem, quartéis e abrigos subterrâneos, etc. Muitos elementos do BENG 447 tinham de se deslocar ao mato frequentemente em colunas por via terrestre e alguns correram grandes riscos como podemos constatar pelo relato trágico que o Furriel Miliciano de Engenharia Pedro Manuel Santos fez no livro "A Engenharia Militar na Guiné" (no qual também colaborei) quando descreve uma emboscada que sofreu uma coluna de dez viaturas, em que ele mesmo seguia, da seguinte forma:

"No dia 22 de Março de 1974 quando regressava de Piche para Nova Lamego, em coluna militar, e após termos percorrido cerca de dez quilómetros entre Benten e Cambajá, cerca das 8:30 horas, sofremos uma emboscada de grande violência.

O PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) tinha colocado à beira da estrada cerca de 110 abrigos e outra grande quantidade de guerrilheiros em cima de mangueiros. O número de guerrilheiros estimou-se entre duzentos e duzentos e cinquenta elementos...

A nossa coluna militar era constituída por dez viaturas, sendo duas chaimites, uma white, três berliets e quatro unimogs.

Quando deflagrou a emboscada as duas chaimites da frente foram as primeiras a ser atacadas com RPGês bem como uma white e um unimog.

A primeira chaimite onde ia o Capitão Luz Afonso passou e saiu da estrada protegendo-se no mato no lado oposto ao dos guerrilheiros tendo sido ainda atingida por um rocket de raspão. A segunda chaimite, onde ia eu, apanhou uma rocketada à frente, bem como no lugar onde ia o condutor e o Furriel Soares que a comandava. Perfurou o blindado e cortou as pernas aos dois referidos camaradas que começaram a gritar por ajuda.

O Cabo Augusto Graça que ia na metralhadora, com uma enorme frieza dispara durante algum tempo até que a velha máquina se encravou. Durante uns minutos, que me pareceram anos, a chaimite começou a arder pela frente e as chamas envolveram os companheiros que tinham sido atingidos pela rocketada e que já estavam sem pernas.

Lembro-me de olhar nos olhos o Furriel Soares, que comandava a chaimite, e que me pediu para o não deixar morrer ali.

Por segundos tentei pegar num deles mas a viatura já se encontrava com um nível de calor muito elevado e o perigo de ficarmos todos lá dentro era iminente.

O Cabo Atirador Augusto Graça apenas teve tempo de abrir metade da escotilha do blindado e gritar para fugirmos. Já não pude fazer mais nada. Tive de abandonar o blindado.

Saí eu, o Capitão Miliciano Fernando e o Cabo Augusto Graça. Corri cerca de cem metros e logo atrás de mim um guerrilheiro do PAIGC tentou agarrar-me à mão. De imediato os depósitos da chaimite rebentaram e deu-se uma enorme explosão.

Ainda me lembro de ouvir as balas e as granadas que estavam dentro do blindado a rebentar e os últimos gritos dos meus dois camaradas!

Nesse momento o guerrilheiro que correu atrás de mim, em volta de um enorme morro de formigas "baga baga", desistiu, presumo que assustado pela enorme explosão da chaimite e consegui despistá-lo fugindo para o mato. A minha G3 tinha ficado no blindado.

Dentro do mato encontrei o Capitão Fernando... ele trazia uma pistola Walter e disse-me: esta pistola é para nos suicidarmos se formos agarrados à mão!

A partir de aí perdi por completo a memória, não sei por onde andei nem durante quanto tempo, mas dizem-me que foi por um dia inteiro. Tenho uma vaga ideia de ir ter sozinho à estrada e encontrar o Furriel Fidalgo que fazia segurança ao material queimado. Senti o cheiro de carne humana queimada que saía da minha chaimite e que até hoje nunca mais me saiu do nariz.

Levaram-me para Piche onde o nosso Capitão Luz Afonso já se encontrava à espera de transporte para Bissau. Segui, depois, para Nova Lamego onde fui tratado a uma perna que ficou ferida ao sair por metade da escotilha da chaimite. Fui depois evacuado para o Hospital Militar de Bissau...

A minha arma foi entregue mais tarde no BENG 447 apenas com a parte de ferro crivada das balas que rebentaram dentro da chaimite.

O Furriel Fidalgo disse-me que quando apareci do mato e o encontrei junto à estrada só gritava para ele: "Foge que vem aí os amarelos!" (referindo-me aos fardamentos do guerrilheiros do PAIGC) e que estava completamente baralhado da cabeça. Chamaram-me o "morto-vivo" por ter sido dado como morto e depois aparecer com vida.

Nesta emboscada tivemos seis mortos, dezasseis feridos muito graves e três feridos ligeiros. Tenho na memória alguns camaradas a respirar pelas costas e já sem vida. Alguns completamente desfeitos. Outros a serem tratados com garrotes.

Quando regressei à metrópole para junto da minha família... senti-me completamente abandonado e entregue a mim próprio. Ninguém me perguntou se estava bem ou mal, se precisava ou não de qualquer tipo de ajuda. Tinha de recomeçar a minha vida...

Hoje, passados quarenta anos, acho imprescindível este desabafo para que alguém com poderes para isso não deixe que a história se repita neste capítulo. Esta é apenas uma história entre outras que em dois anos sucederam e que não gosto de contar mas entendo que a devia escrever. A todos os ex-combatentes ainda vivos deixo uma palavra de coragem para acabarmos os dias que nos falta viver.

As gerações vindouras que não esqueçam a brutalidade a que o Governo de então submeteu os jovens da nossa geração. Quando se fala de ex-combatentes deve tributar-se o respeito que eles merecem pois marcaram e fazem parte de uma página da história que, em nome da Pátria, foram obrigados a cumprir e muitos a darem, inclusive, a sua própria vida."

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Notas do editor

- Sublinhado da responsabilidade do editor

- Nesta emboscada morreram 2 Soldados e 2 Furriéis do Esq Rec Fox 8840, 1 Soldaddo da CCAÇ 21 e 1 Soldado do 12.º Pel Art

Último poste da série de 18 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15631: Blogues da nossa blogosfera (72): Uma aventura em África: em 14 de novembro de 1980, eu estava em Bissau... Depois do jantar, no Hotel 24 de Setembro, fui surpreendido pelo golpe de Estado do 'Nino' Vieira (Francisco George, antigo represente da OMS - Organização Mundial da Saúde na Guiné-Bissau)