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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P22959: Agenda cultural (798): Apresentação do livro "Guerra, Paz... e Fuzilamentos - Guiné 1970-1980" da autoria de Manuel Bernardo, dia 15 de Fevereiro, pelas 15h00, na Livraria-Galeria Municipal Verney, Rua Cândido dos Reis, 90 - Oeiras. A obra será apresentada pelo Coronel Tirocinado Comando Raul Folques

C O N V I T E


GUERRA, PAZ... E FUZILAMENTOS - GUINÉ 1970-1980

Da autoria do Cor. Manuel Amaro Bernardo

BARROSO da FONTE

Por ocasião dos 28 anos da inauguração do Monumento Nacional aos Combatentes do Ultramar, situado junto ao Forte do Bom Sucesso, em Belém, Lisboa, chega aos escaparates das melhores livrarias do país, a obra: GUERRA, PAZ... E FUZILAMENTOS - GUINÉ 1970-1980.

Assina este livro de livros, o Coronel Manuel Amaro Bernardo que nasceu em Faro, em 1939 e que é «um oficial reformado do Exército Português. Desde 1977, passou a fazer investigação sobre a História Contemporânea mais recente, tendo publicado nove livros até 2013». Extratos desses livros relacionados com a Guiné, mais aditamentos posteriores, reaparecem, em 472 páginas, algumas das quais já faziam parte de outra obra com idêntico título, em 2007.

Não conheci pessoalmente este meu coetâneo, ele do quadro permanente e eu miliciano. Mas a sua vasta obra, coerente, patriótica, disciplinada e rigorosa sempre me alentou a formar e a formatar essas virtudes culturais e cívicas que me nortearam, como jornalista e autor, nestes 68 anos de militância ininterrupta que completo em 24 deste mês. Na minha biblioteca pessoal, exposta ao público, na Cidade Berço, que chegou a ter vinte e três mil títulos, antes de enviar partes para Timor, Câmara de Montalegre e associações periféricas, consegui adquirir, cerca de um milhar de obras de militares de todas as ideologias. Prefaciei várias, editei dúzias (como editor) e como recensor literário, li muitos mais.

Confesso que uma leitora que pessoalmente não conheço mas que me privilegia com a sua amizade e a qual considero, uma espécie de anjo da guarda de todos, frequenta, em Lisboa, os centros culturais recomendáveis para as apresentações de livros.

A Editora Âncora, por exemplo, pegou no programa «Fim do Império» que foi criado pelo Coronel Manuel Barão da Cunha, quando foi funcionário da Câmara Municipal de Oeiras, no sector Cultural.

A maior parte dos livros dos militares de Abril, quer do quadro quer milicianos, primam pela entrega das obras que nos últimos 25 anos se têm publicado. Os amigos do livro, já conhecem os locais das apresentações. E, mal sabem de mais um, logo partilham essa presença, mesmo à distância.

Com mais esta obra assim aconteceu. Acabei de ler, reler e anotar elementos para uma recensão. Manuel Amaro Bernardo, Alberto Ribeiro Soares, Jorge Golias, Jorge Lage, Manuel Barão da Cunha, todos coronéis da Guerra do Ultramar, são figuras de alto nível intelectual e académico que aprecio ter à mão para reconhecer que todos fizemos parte do mesmo ciclo. Esse ciclo prejudicou a todos, quer os profissionais das armas, quer os milicianos. Aqueles viram interrompidas as suas carreiras às portas do generalato. No meu caso que foi o de muitos milhares, que atrasaram os seus cursos superiores o seu casamento, a reconstrução das suas vidas familiares. Nunca, alguém, corrigiu esta aberração. Mas ela existe desde que a democracia ficou institucionalizada. Esse quisto, quicá furúnculo gangrenoso, é irreversível

Compensações? Somente os 310 ex-políticos e juízes que durante toda a sua vida receberão, mensalmente, pensões de luxo, entre 883 e os 13.666 euros. Mas estas verbas, conhecidas por «subvenções mensais vitalícias» nada têm a ver com os restantes rendimentos do trabalho profissional desses sortudos.

Este livro de um comentador bem documentado, obriga a uma reflexão sobre os 48 anos de democracia em construção. Edição da Âncora - programa Fim do Império.

Barroso da Fonte

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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE JANEIRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P22932: Agenda cultural (797): Museu do Aljube, Resistência e Liberdade, Lisboa: exposição temporária, de 13/1 a 20/3/2022: "A Guerra Guardada: Fotografias de Soldados Portugueses em Angola, Guiné e Moçambique (1961-74)

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Guiné 61/74 - P20619: Notas de leitura (1261): Longas Horas do Tempo Africano, por Manuel Barão da Cunha; 10.ª edição, revista e reestruturada, Oeiras Valley, Município de Oeiras, 2019 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 30 de Janeiro de 2020:

Queridos amigos,
Manuel Barão da Cunha, um caso sério de reincidência na literatura da guerra colonial, um apóstolo da sua difusão organizando tertúlias entre Lisboa e Oeiras, desta vez convoca um elevado número de testemunhos que referenciam o homem e a sua obra.
Tendo começado a escrever ainda no Estado Novo, sobressaiu pelo cuidado posto na exaltação dos seus soldados, na satisfação expressa pela obra feita. Vê-se claramente que tem o seu coração repartido por Angola e pela Guiné. E é admirável este seu trabalho alquímico de mexer e remexer nas coisas do passado, o chamamento que faz de vivos e mortos que pertencem à sua história, participantes de toda a sua vida militar e até civil.
Deve-se a Manuel Barão da Cunha uma enorme gratidão coletiva por ser um porta-bandeira sem rival no dever de memória, trazendo-nos à presença toda e qualquer pessoa que calcorreou o império ou nele combateu. É uma dívida de peso, impagável. Mas ele também não se importa.

Um abraço do
Mário


Longas horas do tempo africano, por Manuel Barão da Cunha

Mário Beja Santos

Num estudo recente sobre as cartas de guerra, uma investigação de Joana Pontes intitulada Sinais de Vida, Tinta-da-China, 2019, esta conhecida investigadora e jornalista observa que a generalidade da correspondência estudada confina-se a um tempo demarcado, o da comissão militar, aos lugares que o combatente percorreu ou onde vive, não há um entendimento do fenómeno da guerra no seu todo, as motivações de fundo, acrescendo que com o passar dos anos, um pouco como o passar dos meses da comissão militar, é percetível o desalento e a vontade de regressar. Serve este preâmbulo para abrir caminho a uma outra consideração: toda a literatura da guerra colonial tem que ser ponderada no tempo em que se publicou, conheceu sucessivas etapas. Não é homogénea, o que se escreve sobre a Guiné tem particularidades, não se encontra na literatura de guerra angolana ou moçambicana. Qualquer relato remete-nos para a localização e a natureza do inimigo. Um exemplo mínimo: quem escreve sobre a Guiné inclui, inevitavelmente, rios e rias, lodo, diferenças de maré, humidade excessiva, calcorrear quinze quilómetros nos emaranhados de uma floresta-galeria provocam uma exaustão sem paralelo; quem escreve sobre Angola e Moçambique fala em longas distâncias, viagens de centenas de quilómetros, operações com montes e vales.

O que se vai espelhar na literatura, consoante o palco e a experiência vivida pelo combatente. Ler Armor Pires Mota, Álvaro Guerra, José Martins Garcia, Álamo Oliveira, Cristóvão de Aguiar, José Brás, Luís Rosa, é perceber como estes homens falam de um tempo, de lugares, de situações distintas, como distintas foram as perceções que eles registaram da guerra que viveram. E o mesmo se pode dizer de escritores como João de Melo ou António Lobo Antunes, em Angola, ou Carlos Vale Ferraz ou António Brito, em Moçambique.

E o fenómeno literário também é irradiante, pois abarca romance e conto, memórias, ensaio, poesia, reportagem, história e diários. Atenda-se que um significativo número de escritores faz uma só “viagem”, memórias ou romance, escreve-se uma vez e não se regressa. Há os reincidentes, caso de Armor Pires Mota e Manuel Barão da Cunha. Curiosamente, ambos escreveram na fase de arranque, sob a forma de epopeia, de gesta, da glorificação da obra do soldado, da exultação da camaradagem e do destemor de gente humilde que apanhou o início das guerras.

Manuel Barão da Cunha 

Manuel Barão da Cunha tem vasta obra, todo começou com um livro memorial, Aquelas Longas Horas, 1968, edição da Mocidade Portuguesa. Combateu em Angola, ali estava em 1961, conheceu ásperos tempos, irá intervir em regiões cruciais, como Nambuangongo, participou na operação Viriato. Estará na Guiné, anos depois, na intervenção direta, fazendo operações em santuários do PAIGC e depois na quadrícula, no Leste, no regulado de Pachana. Em 1972, reciclou o que escrevera, com novos averbamentos, e publicou Tempo Africano. Escreverá posteriormente A Flor e a Guerra, em 1974, na Parceria António Maria Pereira. É um registo distinto, tem pouco de épico ou glorificador, ressalta uma visão amargada, é um homem doente, ferido, seguramente a desiludir-se, se tivermos em conta o que escreveu.

Depois, como um alquimista, passou a torcer, a retorcer e a distorcer as diferentes narrativas de guerra. O essencial das suas memórias tem a ver com a Angola de 1960 a 1962 e a Guiné de 1964 a 1966. Foi um pioneiro desta escrita, faça-se-lhe justiça. Já uma vez escrevi como ele fala dos seus soldados, das obras que deixarão em vários pontos de Angola e da Guiné, segundo um princípio axial: “A obra ficava, o homem partia. A obra ficava para outros homens e o homem partia para outras obras”. Fazendo e refazendo o Tempo Africano foi tratado como farinha espoada, a narrativa passou a compartimentar-se em andamentos, e onde o autor se distanciava de tudo quanto contava, foi-se gerando uma aproximação autobiográfica, com o recurso a um alter-ego, Pedro Cid, que vai dialogando com um jovem, em variadíssimas situações que metem repastos e encontros com outros veteranos de guerra. O jovem, Francisco Adão, pergunta, Pedro Cid responde, ao sabor da cronologia. Tudo começa em Angola, estamos em janeiro de 1960, Pedro é um “dragão”, um jovem alferes que comanda mancebos naturais ou residentes em Angola. E assim chegamos aos acontecimentos de fevereiro de 1961, com os ataques a Luanda e musseques periféricos. Pedro é um observador privilegiado, cabe-lhe ir a Nambuangongo com os seus “dragões”, seguir-se-ão outras dolorosas missões, e mesmo autobiográfico retoma-se a atmosfera de Aquelas longas horas, dando ênfase aos comportamentos militares de exceção. Gente que aparece agora a depor, entre muitíssimos outros depoimentos na obra mais recente de Manuel Barão da Cunha, "Longas Horas do Tempo Africano", 10.ª edição, revista e reestruturada, Oeiras Valley, Município de Oeiras, 2019.

Pedro regressa a Portugal, estará em Lamego nas Operações Especiais. E em 1964, parte para a Guiné, na CCAV 704. No início, faz parte das forças de intervenção, vai ao Sul e depois ao Morés, volta agora a falar nesta operação Tornado que durou cerca de 80 horas. E depois passa para a quadrícula, estará no Leste, fala em Bajocunda e Copá, vive em Amedalai, sede do regulado da Pachana, deixarão obra. Pedro Cid regressará a Angola entre 1969 e 1971.

O seu novo livro recolhe depoimentos de amigos, de companheiros de estrada, de camaradas que o admiram, alguns deles foram seus militares: o escritor João Aguiar, o General Rocha Vieira, o Engenheiro Anacoreta Correia, o Professor Henrique Coutinho Gouveia, entre tantos outros. A edição é ricamente ilustrada com desenhos do pintor Neves e Sousa. Uma autobiografia num livro de consagração do escritor. Fala-se da sua preparação, o Colégio Militar é uma referência. É meticuloso nas suas referências. Quando fala da operação Viriato, anota: “Durante 36 dias e 36 noites e ao longo de 1419 km deparámo-nos com mais de 20 ações de combate, incluindo emboscadas, muitas das quais não foram registadas por terem sido atingidos militares de outras unidades, num total de 3 mortos e 38 feridos; mais de duas centenas de obstáculos, alguns constituídos por 4 e 5 árvores empilhadas ou embondeiros gigantes, fazendas destruídas, incluindo casas e viaturas; abrigos próximos da picada, para facilitar a emboscada".

Livro de uma vida militar, nele acorreu um conclave de diferentes protagonistas de todo este itinerário que depois se prolongou pela vida civil, um trabalho proficiente na Livraria Verney, onde começaram as afamadas tertúlias Fim do Império, que hoje se derramam por diferentes espaços, acolhendo apresentação de obras de múltiplos olhares, tal e tanto é o incansável dever de memória a que Manuel Barão da Cunha se entrega.
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Nota do editor

Último poste da série de 31 de Janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20610: Notas de leitura (1260): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (43) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20362: Agenda cultural (714): 26 de novembro, 3ª feira, na Livraria-Galeria Municipal Verney, Oeiras, lançamento da 10ª edição do livro "Longas Horas do Tempo Africano", de Manuel Barão da Cunha. Prefácio de Isaltino Morais, presidente da CM Oeiras.


Capa da 10ª edição de "Longas Horas do Tempo Africano", do nosso camarada Manuel Barão da Cunha, cor cav ref,  que foi cmdt da  CCAV 704 / BCAV 705, Guiné, 1964/66. Em 1961, esteve em Angola  como alferes. Já em tempos foi-lhe feito um convite para integrar a nossa Tabanca Grande. Embora honrado pelo convite,  declinou, face às suas responsabilidades como animador de outras tertúlias.  Tem 70 referências no nosso blogue.


Manuel Barão da Cunha (n. 1938),
Alf cav,  Angola, c. 1961.
Foto de Fernando Farinha-


LANÇAMENTO DO LIVRO “LONGAS HORAS DO TEMPO AFRICANO”

O Município de Oeiras vai proceder ao lançamento da 10ª edição do livro “Longas Horas do Tempo Africano”, de Manuel barão da Cunha, no dia 26 de novembro, às 15:00, na Livraria-Galeria Municipal Verney. Rua Cândido dos Reis, 90, em Oeiras, cenro históricvo.

A apresentação estará a cargo de dr. Isaltino Morais, general Tomé Pinto, coronel Ataíde Montez e Daniel Gouveia, editor.



 

PREFÁCIO DE DR. ISALTINO MORAIS
PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE OEIRAS

Alguém disse um dia que, nos bons livros, os prefácios sobejam e, nos maus, pouco adiantam. Incluindo desde já Longas Horas do Tempo Africano no rol dos títulos com qualidade, darei o melhor para que estas linhas possam, ainda que muito discretamente, valorizar esta edição reestruturada que agora se apresenta ao público.

Prefaciar este livro de Manuel Barão da Cunha representa para mim, quer como Presidente de Câmara, quer como simples cidadão, uma total
identificação com aquilo que sustento no dia-a-dia: uma Oeiras sempre a afirmar-se no terreno da promoção e da divulgação da Educação, da Cultura, do Conhecimento e do Multiculturalismo.

Enquanto narrativa literária, Longas Horas do Tempo Africano sustenta-se também no multiculturalismo e na interculturalidade,
evidenciando uma arquitetura centrada à volta da guerra e envolvida por um discurso ritmado, bem estruturado e tendencialmente autobiográfico.

Além disso, não tenho dúvidas que se trata de um título que dá visibilidade ao conceito de lusofonia no sentido em que, de forma lúcida e competente, aborda sonhos e inquietações da comunidade de povos e de etnias na antiga África de expressão portuguesa, designadamente de Angola e da Guiné-Bissau.

Ocorre que, da mesma maneira que nem todos estamos aptos a pintar uma tela ou a esculpir a pedra, a aptidão para a escrita é privilégio só de alguns. E se nem todos sabemos escrever livros, será certamente porque para isso é necessário motivação e talento, a par de uma boa dose de experiência, de maturidade, enfim, de “mundo”.

Quem se atrever a contar uma história sem tais atributos corre sérios riscos de ver desaparecer os leitores. E um livro sem leitores é como uma livraria sem livros. De facto, para contar uma história há que saber cativar a atenção de quem lê, porque contar uma história é saber reproduzir emoções e sentimentos. É saber interpretar o mundo que nos rodeia. E Manuel Barão da Cunha abalançou-se, com sucesso, a essa árdua tarefa em Longas Horas do Tempo Africano.

Feito nómada por via da condição de militar de carreira, desde muito cedo e em contexto de guerra, começou a pôr à prova a sua capacidade para, nos diversos cargos e funções por si desempenhadas, liderar e
desenvolver um conjunto de esforços para ajudar e cooperar na ajuda às populações africanas mais carenciadas. Em certo sentido poder-se-á dizer que Barão da Cunha praticou no terreno aquilo que alguns se limitam a defender na teoria: mesmo durante a guerra soube construir o bem comum, ajudando terceiros, por paradoxal que isto possa parecer.

Vem à colação recordar que Oeiras acolheu e realojou aquela que será provavelmente a maior comunidade cabo-verdiana na diáspora, ou seja, se o município de Oeiras se preocupou – e continuará a preocupar – com questões relativas ao bem-estar e à coesão social, também Manuel Barão da Cunha, em pleno teatro de guerra, sentiu a preocupação de contribuir para a melhoria da qualidade de vida das populações angolanas e guineenses com as quais contactou de perto, o que, naturalmente, merece desde logo o nosso franco louvor.

No meio de metralhadoras, de carros de combate e de morteiros, este militar dinâmico, culto e meticuloso, reaprendeu, digamos assim, tudo aquilo que sabia do mundo, no meio do mato. Tal como no cinema há uma educação apoiada a partir do olhar, e na filosofia uma reflexão sobre as mais diversas situações, Barão da Cunha terá reaprendido a ver o mundo, baseando-se no poder da interrogação e no poder do silêncio. Na esteira dos velhos filósofos, também o autor de Longas Horas do Tempo Africano faz caber a essência humana dentro dos quatro elementos naturais. O mesmo é dizer que conhecimento, energia, matéria e sentimento, estáveis ingredientes deste livro, se fundem com Ar, Fogo, Terra e Água, somados a muito esforço e a muita dedicação.

Parece ser que o autor se antecipou ao grande desafio do século XXI: a construção de novas formas de colaboração entre todos, em lógicas adequadas às complexas e exigentes expectativas dos tempos modernos.

Veja-se portanto em Longas Horas do Tempo Africano um belíssimo exemplo da proximidade entre povos e entre culturas, e em Manuel Barão da Cunha um novo explorador do continente africano, no sentido etnográfico e antropológico da palavra, fazendo-me até recordar Almada Negreiros no Portugal Futurista, obra com mais de 100 anos mas sempre atualíssima. Dizia Almada: «Eu não pertenço a nenhuma das gerações revolucionárias. Eu pertenço a uma geração construtiva».

Para nosso deleite este é um livro alimentado por uma narrativa bem medida e melhor organizada, confirmando estarmos na presença de alguém que domina a língua portuguesa e que sabe comunicar de forma interessante as suas ideias. De alguém que terá tido, na sua juventude, bons mestres na aprendizagem do idioma materno. Basta verificar como, ao longo de todas as páginas de Longas Horas do Tempo Africano,a estética direta e despretenciosa da frase coteja com a elegância e o rigor da análise, pormenor só mesmo ao alcance dos bons escritores.

Como se este atributo não fosse bastante, Barão da Cunha revela-se mestre na arte da observação de territórios e de almas, compondo ideias, descrevendo cenários, retratando gentes, criando diálogos e não se cansando nunca de refletir sobre vivências e de se interrogar sobre a natureza humana. Do mesmo modo que Almada, também Barão da Cunha pertence a uma geração construtiva. Associado à sua sensibilidade, tudo isto se traduz num inegável contributo para a historiografia portuguesa contemporânea sobre um dos acontecimentos mais impactantes da vida do nosso país: a guerra colonial ou a guerra de África (1961-1974) que, nos seus 14 anos de duração, mobilizou quase um milhão de jovens portugueses e que − 45 anos depois da “Revolução dos Cravos” − ainda terá abundantes feridas por cicatrizar e traumas por sarar.

Conveniente será destacar que a contribuição de Manuel Barão da Cunha é, neste campo, muito robusta. Basta ver a sua biobibliografia onde, para além de Longas Horas do Tempo Africano avultam – entre outras - obras como A Flor e a Guerra e Radiografia Militar. Depois, há também as dinâmicas preponderantes que impôs ao projeto editorial designado por Colecção Fim do Império, uma iniciativa de responsabilidade tripartida por Câmara Municipal de Oeiras, Liga dos Combatentes e Comissão Portuguesa de História Militar, com o propósito cívico de evitar o esquecimento sobre matéria tão dominante e tão influente na nossa História. Aos militares – e não militares – participantes neste projeto, aqui ficam as minhas mais sinceras felicitações.

Como antes afirmei, mais do que um mero exercício de escrita como memória de um mundo que tão bem conheceu, a obra que concentra agora a minha atenção, comporta-se como um registo autobiográfico ao espelhar a personalidade do autor. Na verdade Barão da Cunha convive bem com este conceito de memória cultural pois não tem qualquer fixação traumática com o passado, procurando tão-só que este funcione como uma espécie de bagagem necessária para que a sociedade saiba construir melhor o seu futuro. Consegue até evitar que aquilo vulgarmente designado por “passado negativo” se transforme em memória verdadeiramente ativa. E se o faz é justamente para não despertar revanchismos já que a memória pode ser perigosa e destrutiva caso desenterre ódios e rancores. Felizmente, nada disso sucede nesta obra de Barão da Cunha.

Longas Horas do Tempo Africano é, pois, um repositório de tolerância, bem como uma coletânea sobre confiança e sobre liderança.

Desperta-nos igualmente para três outras realidades: a primeira tem a ver com a importância do coletivo, em contraponto com o “cada um por si” ou com o “salve-se quem puder”. A outra relaciona-se com a necessidade de nós, em todas as circunstâncias – não nos limitarmos à compreensão de apenas uma parte do problema. Temos de fazer sempre o possível para compreendermos o todo. Mal comparado, será como olharmos para um puzzle tentando encaixar umas peças nas outras até encontrarmos uma imagem final que nos permita compreender todo o painel. Por último, uma terceira realidade: o peso e o valor de rápidas decisões, pese embora as tensões e as pressões do momento.

Longas Horas do Tempo Africano tem o mérito de tratar sensatamente todas estas questões. Todavia, em minha opinião, a virtudemmaior vai direitinha para a capacidade do autor, ele próprio um ex-combatente, analisar as fronteiras dos atos de bravura ou de cobardia.

Atente-se agora, com maior profundidade, no início do título escolhido por Manuel Barão da Cunha para esta obra: Longas Horas... São duas palavras que avançam a ideia de que, numa guerra, a momentos de extrema violência podem seguir-se horas de tédio e tremendo fastio.

Enfim, Manuel Barão da Cunha nesta sua revisitação de terras africanas deixa também antever muita imaturidade em termos de organização no dealbar de tudo, o que não deixa de ser natural num país que, quase de repente, se viu confrontado com uma guerra em três frentes:Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Curiosamente, também António Lobo Antunes, no seu romance Até que as pedras se tornem mais leves que a água, 2017, escreve sobre a vivência dos nossos jovens soldados, muitas vezes submetidos às desorientações e aos caprichos dos seus superiores.

Mas a guerra aprende-se a fazer e, passados os anos iniciais, cerraram-se fileiras e as tropas portuguesas tornaram-se num extraordinário exemplo de coragem e de superação.

Sei do que falo porque estive “lá”. Sei que a guerra nos afeta a todos, embora afete mais diretamente quem está no terreno. Dói mais na alma de quem, por força das circunstâncias, tem de estar alerta para tanto sacrifício e para tanta tormenta e desespero. E aquela terrível dúvida sempre a vir à superfície “naquelas longas horas”: para quê lutar? Porquê lutar? Incertezas a atravessarem-se no espírito dos soldados, como relata Manuel Barão da Cunha.

Quando se faz a guerra há que conhecê-la por dentro como Manuel Barão da Cunha procurou sempre fazer nos teatros de operações por onde passou. Acredito que não será fácil conhecê-la, nem será fácil esquecê-la.

Lembro-me ainda do impacto que tiveram Os Cus de Judas ou Memória de Elefante, outros notáveis livros de Lobo Antunes sobre esta temática.
– Mas porquê falar da guerra e escrever sobre a guerra? Porquê revisitá-la? Por catarse? Para se experimentar a liberdade em relação a uma memória opressora? Não sei, mas de uma coisa tenho a certeza: os efeitos traumáticos da guerra colonial ainda não deixaram de ser um assunto tabu em Portugal, talvez pelo sentimento de perda de que se reveste. Por isso mais valor dou a Longas Horas do Tempo Africano e a toda a historiografia da guerra colonial. Parabéns, Dr. Manuel Barão da Cunha, quer por este livro, quer pela Cruz de Guerra que lhe foi atribuída, premiando atos e feitos de bravura, por si praticados em campanha.

Concluo, esperando com este Prefácio não ter sido formal e redundante. Pela minha parte podem crer que procurei ser útil, objetivo, compreensível e conciso q.b. Muito mais poderia ser dito, é certo, sobre o livro, sobre o autor, sobre a guerra colonial e sobre regimes políticos. Até sobre o Município de Oeiras poderia ter falado um pouco mais. Vontade não me faltou… mas já fico feliz se tiver conseguido motivar todos para a leitura das páginas que se seguem, pois o autor merece-o.

E enquanto ficamos à espera do próximo livro de Manuel Barão da Cunha, deixem-me então findar o Prefácio – que vai longo – citando o Acto Constitutivo da UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura: «Nascendo as guerras no espírito dos homens, é no espírito dos homens que devem ser criados os baluartes da paz». Nada mais verdadeiro!»

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FICHA TÉCNICA:

10.ª Edição: Câmara Municipal de Oeiras (CMO).

Título: Longas Horas do Tempo Africano.

Autor: Manuel Barão da Cunha (mbaraocunha@gmail.com , MBC).

Prefácio: dr. Isaltino Afonso de Morais, presidente da CMO.

Outros textos: drs. João Aguiar e M. Beja Santos; ten gen A. Tomé Pinto, V. Rocha Vieira, A. Sousa Pinto e J. Chito Rodrigues; alm J. Ribeiro Pacheco; gen A. Ramalho Eanes; eng.º M. Anacoreta Correia; prof. doutor H. Coutinho Gouveia; cor tir J. Costa Matos; drs. M. Homem de Mello, Sena e Silva, Luís Rosa e António Carrelhas; pintor e poeta A. Neves e Sousa, profs. doutores António Barreto, Manuel Belchior, Teresa Rita Lopes e René Pélissier; jornalista J. Paulo Guerra; ator Michael Caine; cor Ruben Domingues, José A. Montez, L. Dias Antunes, Álvaro Varanda e Paulo Domingos; outros: combatentes Fernando Farinha, Hélder Teixeira, Armando Inácio, Constantino de Brito, Edgar Silva, Vítor de Jesus, Manuel Dá Mesquita e Góis Pinto; luso-angolanas Teresa Richter, Açucena Arruda e Helena Pinto Magalhães; luso-moçambicana escultora Maria Morais.

Fotografia da capa: rapariga macua do Norte de Moçambique, de Pedro Cunha.

Edições anteriores:

Aquelas Longas Horas, narrativas sobre a atual epopeia africana, Serviço de Publicações da Mocidade Portuguesa, 1968.12, 1.ª edição, 115 pp, 4.000 exemplares;

Aquelas Longas Horas, 2.ª edição revista, do Autor, depositária EditorialmAster, Lisboa, 1970.12, 3.000 exemplares;

3.ª edição revista, do Autor, distribuição Didática Editora, Lisboa, 1971.12, 3.000 exemplares;

4.ª edição revista, do Autor, distribuição Agência Internacional de Livros e Publicações, Lisboa, 1972, 2.500 ex.; num total de 12.500.

1.ª e 2.ª Edições de Tempo Africano: Lisboa, Didática Editora, 1972, 3000 + 3.500 exemplares, 175 pp, num total de 6.500;

Tempo Africano, aquelas longas horas em sete andamentos, 3.ª/7.ª edição reorganizada e aumentada, Câmara Municipal de Oeiras, 2008.11, 368 pp, 500 exemplares; 

Tempo Africano, aquelas longas horas em 8 andamentos, 4.ª/8.ª edição
revista e aumentada, coleção Fim do Império, n.º 2, DG Edições, 2010.11, 508 pp,750 exemplares; 

Tempo Africano, aquelas longas horas, 5.ª/9.ª edição reestruturada, coleção Fim do Império, n.º 2, DG Edições, 2016, 366 pp, 300 exemplares; num total de 1.550 ex.; 

e um total global de 12.500 + 6.500 + 1.550 = 20.550 exemplares.
Composição e maquetagem: DG Edições.

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Nota do editor:


segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Guiné 61/74 - P19276: Agenda cultural (664): 14.ª Tertúlia de Artes e Letras, dia 13 de Dezembro de 2018, pelas 15 horas no Clube Alto da Barra, comemorando os 50 anos de carreira literária de Manuel Barão da Cunha

C O N V I T E

14.ª Tertúlia de Artes e Letras 
13 de Dezembro de 2018, 5.ª feira, 15h00, 
Clube Alto da Barra
50 anos de carreira literária de Manuel Barão da Cunha

Estimados Sócio, Utentes e Convidados,

A Direção do CAB vem convidá-los para assistirem à 14.ª Tertúlia de Artes e Letras, coordenada pelo nosso sócio Cor. Dr. Manuel Barão da Cunha,

Temas:


"Tempo Africano, Aquelas longas horas", 5.ª edição, de Manuel Barão da Cunha, DG Edições; a 1.ª edição do livro Aquelas Longas Horas foi lançada há 50 anos, no Palácio da Independência; capa de Pedro Cunha;



"Radiografia Militar e os 4 DDDD?", do mesmo autor, de Âncora Editora e Programa Fim do Império; capa de Pedro Cunha.

Apresentação por General Sousa Pinto, Presidente da Comissão Portuguesa de História Militar e autor da nota prévia à 4.ª edição de Tempo Africano, de prefácio de Radiografia Militar e os 4 DDDD?, e de apresentação deste livro no Porto; articulada com passagem de fotografias de Daniel Gouveia e Pedro Cunha;

Com os nossos melhores cumprimentos.

P'la Direção
Maria Helena Chaves Ferreira
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19275: Agenda cultural (663): Convite para o lançamento do livro "O Homem do Cinema", de Lucinda Aranha Antunes, dia 13 de Dezembro de 2018, pelas 19h00, na Biblioteca Municipal de Torres Vedras

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19130: Agenda cultural (653): 1.º Encontro Nacional de Militares Escritores, Coimbra, FL/UC, 4.ª feira, dia 24 (Manuel Barão da Cunha)



Amanhã, 4.ª feira, dia 24 de outubro, realiza-se, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), o 1.º Encontro Nacional de Militares Escritores. O evento insere-se no âmbito das comemorações do Dia do Exército Português. A sessão vai contar com os seguintes palestrantes: Coronel Manuel Barão da Cunha, Coronel Carlos de Matos Gomes, Coronel Nuno de Lemos Pires, Tenente-Coronel Pedro Marquês de Sousa, Tenente-Coronel Luís Brás Bernardino e Sargento-Chefe Jorge da Silva Rocha.

A sessão decorrerá no Teatro Paulo Quintela (FLUC – 3.º Piso), a partir das 15 horas.



1.º ENCONTRO NACIONAL DE MILITARES ESCRITORES

FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

24 de outubro de 2018


PROGRAMA


14H50 – Receção dos convidados e ocupação de lugares no Anfiteatro

15H00 – Chegada de Sua Excelência o General CEME

15H05 – Início da Conferência

– Intervenção de Sua Excelência o General CEME

– Intervenção do Magnífico Reitor da Universidade de Coimbra

– Troca de lembranças institucionais


15h30 – Primeira Mesa

– Moderadores: 
Prof. Dra. Manuela Ribeiro | Prof. Dr. António Ventura

– Palestrantes: 
Cor Matos Gomes | Cor Lemos Pires | TCoR Marquês de Sousa

– Debate

16H30 – Intervalo

16H45 – Segunda Mesa

– Moderadores: 
Prof. Dra. Manuela Ribeiro | Prof. Dr. António Ventura

– Palestrantes: 
Cor Barão da Cunha | TCor Brás Bernardino | SCh Silva Rocha

– Debate

17H45 – Entrega de lembranças aos Moderadores e Palestrantes e Fim do Encontro
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1.º ENCONTRO NACIONAL DE MILITARES ESCRITORES 

FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

24 DE OUTUBRO DE 2018


PALESTRANTE
OBRA
EDITORA
Coronel Manuel Júlio Matias Barão da Cunha
Radiografia Militar e os 4 DDDD? Fim do Império, anverso e reverso?
Âncora Editora
Coronel Carlos Manuel Serpa de Matos Gomes (Carlos Vale Ferraz)
A Última Viúva de África
Porto Editora
Coronel Nuno Correia Barrento de Lemos Pires
Cartas de Cabul
Tribuna da História
Tenente-Coronel Pedro Alexandre Marcelino Marquês de Sousa
Bandas de Música na História da Música em Portugal
Fronteira do Caos
Tenente-Coronel Luís Manuel Brás Bernardino
Timor Leste. Da Guerrilha às Forças de Defesa
Mercado de Letras
Sargento-Chefe Jorge Manuel Lima da Silva Rocha
PLANEAMENTO DE DEFESA E ALIANÇAS
Portugal nos primeiros anos da Guerra Fria 1945 - 1959
Comissão Portuguesa de História Militar
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Nota do editor:

Último poste da série > 23 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19128: Agenda cultural (652): DocLisboa 2018, 16º Festival Internacional de Cinema...Todo o cinema do mundo: 243 obras, de 54 países... Uma sugestão do nosso blogue: vejam o filme "Para la guerra", de Francisco Marise, na Culturgest (Grande auditório), na 5ª feira, dia 25, às 19h.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18441: Bibliografia de uma guerra (86): “África, Quatro Ases e uma Dama”, por Fernando Farinha, Daniel Gouveia, Conde Falcão, Pedro Cunha e Maria Morais; Programa Fim do Império, Âncora Editora, 2017 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 22 de Dezembro de 2017:

Queridos amigos,
Projeto bem esgalhado, este, imagens da guerra e da paz, da extrema tensão e violência à transbordante atitude do cuidado e registo da ternura. É só de lamentar não aparecerem imagens da guerra e da paz na Guiné onde se combateu, o mais surpreendente é que imagens não faltam. E o projeto é bem coroado com aquela dama que nos explica o porquê de uma escultura em pedra para homenagear que lá longe combateu, e que podemos venerar em Oeiras.
Um acervo de imagens onde há relicários como as fotografias de Fernando Farinha ou o constante olhar deslumbrado de Daniel Gouveia.
Um livro que vale muitíssimo a pena por isso.

Um abraço do
Mário


África, quatro ases e uma dama

Beja Santos

O título do livro, tratando-se de uma coleção que se prende com testemunhos da presença portuguesa no espaço imperial português, não deixa de ser intrigante. No introito, é referido que dos quatro ases de um baralho de cartas, dois são negros, cor fria (ou ausência de cor), “espadas” e “paus”, e podem ser relacionados com violência, guerra; os outros dois são vermelhos, cor quente, “copas” e “ouros”, podendo lembrar afetos e riqueza. Terá havido de tudo isto nessa errância portuguesa; e quando à dama, acolhe-se o testemunho de uma escultora que talhou na pedra uma homenagem ao militar português. É um livro de imagens selecionadas de diferentes títulos. Logo o ás de espadas, a figura central é o grande repórter de guerra Fernando Farinha, um nome obrigatório da guerra de Angola.

Fernando Farinha, ex-sargento miliciano do Grupo de Dragões de Angola, foi jornalista e fotojornalista em Angola e Lisboa. O ás de ouros cabe por inteiro a Daniel Gouveia, que foi alferes miliciano no Norte de Angola e que publicou nesta mesma coleção dois livros primorosos, um dos quais integra um cd com 198 fotografias. Não se admirará o leitor de ver nestas imagens o feitiço africano, a comoção muitas vezes contida no encontro de culturas, no registo da solicitude ou pelo deslumbramento da natureza. O ás de paus coube ao Coronel de Cavalaria Conde Falcão, deixa-nos fundamentalmente lembranças de Nancatári, Norte de Moçambique, com ligações a Mueda e Montepuez. E se até agora tínhamos o registo da guerra, o ás de copas é atribuído a Pedro Cunha que fotografou em Moçambique e Guiné, afetos e valores no pós-guerra, são imagens que devemos associar a países independentes. A dama de copas é a escultora Maria Morais que nos irá falar e mostrar um conjunto escultórico que homenageia os combatentes que morreram em África e fala-nos demoradamente do embondeiro.
É este, em síntese, o aliciante de “África, Quatro Ases e uma Dama”, por Fernando Farinha, Daniel Gouveia, Conde Falcão, Pedro Cunha e Maria Morais, Programa Fim do Império, Âncora Editora, 2017.

O acervo de Fernando Farinha, insista-se, fala do vendaval angolano, logo uma fotografia no rio Lifune, cenário de dramática jornada integrada na operação Viriato, da reconquista de Nambuangongo, assistimos igualmente a trabalhadores bailundos a abandonarem fazendas, registos épicos das tropas a retomar posições quando a guerrilha debandou, os grupos especiais preparados para o combate, e também os Dragões de Angola e os seus cavalos.

Daniel Gouveia tem outro registo. Aliás, basta ler o que aqui escreve a preludiar as suas sugestivas imagens: “Ideias estereotipadas eram destruídas num simples relance. Por exemplo, que os nativos eram pouco asseados. Mentira. A dada altura, transplantou-se uma população de 700 almas que estava sendo incomodada pelos grupos independentistas e forçada a apoiá-los em logística e recrutamento de jovens para futuros guerrilheiros. Foram trazidos para junto do nosso quartel, até aí deserto de população civil. As instalações militares situavam-se no alto de uma colina. No fundo do vale, 200 metros abaixo, passava um ribeiro. Pois as mulheres, todas as manhãs, faziam essa viagem de ida e volta duas vezes. A primeira, para trazer água para dar banho às crianças. Só depois disso voltavam, para ir buscar água para a comida”.

Conde Falcão entremeia viaturas nas picadas, cenas de aldeamento, somos confrontados com uma árvore enorme envolvida por planta parasita, muitas crianças. Com Pedro Cunha temos testemunhos do quotidiano, é de uma enorme beleza a imagem que nos deixa de pescadores no rio Cacheu.

Monumento 'Presença do Soldado Português em África' - inaugurado em 21 de Junho de 1997 . Localizado no Jardim do Ultramar, em Oeiras.
Foto: Com a devida vénia a Maria Morais

E chegamos a Maria Morais que nos conta com enorme delicadeza a evolução do seu projeto, a sua matéria-prima foram três grandes blocos de pedra semi-rijo que vieram de uma pedreira de Porto Mós. Trabalho de fôlego, como ela descreve: “O material eleito foi a pedra; cinzelar a pedra requer, para além de força de braços, a utilização de máquinas rebarbadoras pesadas, martelos pneumáticos, retificadoras, freses diamantadas, escopros e macetas, um local sujeito ao ruído provado pelo rasgo desferido na pedra pelo movimento mecânico, assim como requeria igualmente um local arejado que permitisse evacuar as constantes de nuvens de pó que me cobriram”.
E quanto ao resultado, a escultura que hoje podemos contemplar em Oeiras, dá uma explicação: “Procurei transmutar para a escultura em pedra as memórias de África, através das minhas memórias. No fundo, este conjunto escultórico é uma colagem tridimensional dessas memórias perpetuadas naquele material nobre – a pedra. O embondeiro aparece numa atitude tutelar, pela sua grandeza, magnificência. As pedras verticais e oblíquas representam capim, tantas vezes trilhado pelos nossos homens e quem sabe se, por entre esse capim, não terá ficado para sempre o murmúrio do adeus sem regresso de muitos deles”.
Espraia-se pelo assombro com que olha o embondeiro, conhecido pelos nomes de adansónia, calabaceira, bombácea, imbondeiro e mais, e dá-nos informações úteis, vale a pena registar algumas: “Dependendo da sua idade, esta árvore pode atingir entre 5 a 25/30 metros de altura; o seu diâmetro pode alcançar até 7/11 metros. No Zimbabué existe um embondeiro cujo diâmetro corresponde ao abraço estendido de 30 homens. O tronco é oco e resistente ao fogo. Nos meses de maior pluviosidade serve de reservatório de água. Algumas espécies podem armazenar até 120 mil litros de água, constituindo assim uma fonte de subsistência rural para as povoações limítrofes. Abriga inúmeros seres vivos nos buracos dos seus longos e esguios troncos, mas é o morcego que poliniza a sua única flor anual. Uma flor de rara beleza formal, grande e pesada, com vistosos pedúnculos, pétalas brancas sedosas e com estames aglomerados esfericamente, que nas extremidades terminam num pompom de cor púrpura”.

Grupos especiais em operação

O engenho das crianças não tem limites

Netinha conduzindo a sua avó cega

O Programa Fim do Império foi coordenado até há pouco tempo pelo Coronel Manuel Barão da Cunha e teve a ele associado a Liga dos Combatentes, a Comissão Portuguesa de História Militar e a Câmara Municipal de Oeiras.
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Nota do editor

Último poste da série de 31 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18271: Bibliografia de uma guerra (85): “O céu não pode esperar”, por António Brito; Sextante Editora, 2009 (Mário Beja Santos)

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P17998: Agenda cultural (609): Tertúlia do Programa Fim do Império, 1.º Encontro no Clube do Alto da Barra, dia 24 de Novembro, 6.ª feira, às 15h00 (Manuel Barão da Cunha)

Tertúlia do Programa Fim do Império
Clube do Alto da Barra

1.º Encontro: dia 24 de Novembro, 6.ª feira, 15h00, no salão do Clube

Integrando apresentação de livros, com participação de autores:
da coleção Fim do Império, da autoria do editor Daniel Gouveia, frequentador do Clube, alferes miliciano em Angola, elemento do Quinteto Académico, 5.º/Arcanjos e bons demónios, reedição, de DG Edições, e 19.º/Cartas do Mato, de Âncora Editora (cada exemplar custa 12€, mas quem comprar os dois só paga 20€, sendo 20% para o CAB);



e “Caminhando pelas ilhas açorianas”, dos sócios eng.ª química Maria Antonieta e farmacêutico dr. Eduardo Barata (combatente em Angola, professor da Academia Sénior de Oeiras).


O Clube do Alto da Barra (CAB) fica situado no complexo urbanístico Alto da Barra, na extremidade mais próxima de Carcavelos e da universidade em construção, em frente à Feitoria do Colégio Militar e praia da Torre. 
O complexo é constituído por cinco blocos, dois mais próximos da avenida marginal (B e E) e três na retaguarda (A, C e D). 
O CAB tem a entrada próximo do bloco D. Entra-se no complexo junto ao bloco A, após rotunda debaixo da Marginal, para quem vem de Cascais, e próximo do INATEL; ou junto ao bloco C, após saída da Marginal, para quem vem de Lisboa e após semáforos.

Informação encaminhada, como sempre, pelo Coronel de Cav Ref, Manuel Barão da Cunha 
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17994: Agenda cultural (608): Uma grande festa de amor, amizade e camaradagem, a do lançamento do livro "A Caminho de Viseu", do Rui Alexandrino Ferreira, nas instalações do RI 14, Viseu, em 4 do corrente - Parte II

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P17957: Louvores e condecorações (12): Atribuição da Medalha da Defesa Nacional de 1.ª Classe ao Programa Fim do Império, em cerimónia que se vai realizar amanhã, sábado, 11 de Novembro, às 10h15, no Forte do Bom Sucesso

Oeiras, 2010.11.18, General Ramalho Eanes entrega um exemplar do 2.º livro, da coleção Fim do Império, em lançamento, ao combatente Manuel Dá Mesquita, que também participa nesse livro e que viria a falecer pouco depois; reconhecendo-se, também, editor Daniel Gouveia e autor e coordenador M. Barão da Cunha.


A propósito da cerimónia da atribuição da Medalha da Defesa Nacional de 1.ª Classe ao Programa Fim do Império, que se vai realizar amanhã, sábado, 11 de Novembro, às 10h15, no Forte do Bom Sucesso, aqui se deixa um texto e algumas fotos que resumem a actividade deste Programa, criado em 2009, iniciativa da Liga dos Combatentes (LC), Comissão Portuguesa de História Militar (CPHM) e Câmara Municipal de Oeiras (CMO), com coordenação do Coronel Manuel Barão da Cunha


O Programa Fim do Império foi criado em 2009.01.19, com o fim de promover a divulgação e publicação de obras literárias relacionadas com o período histórico do final do nosso 4.º Império, considerando o 1.º, do Norte de África; o 2.º, do Oriente; o 3.º, do Brasil…

Foi uma iniciativa da Liga dos Combatentes, da Comissão Portuguesa de História Militar e da Câmara Municipal de Oeiras (CMO), tendo como coordenador, em regime de voluntariado, o coronel e dr. Manuel Barão Cunha (sócio da Liga dos Combatentes, assessor principal reformado da CMO).

O Programa integra duas vertentes, a das tertúlias e a da coleção literária.

A das tertúlias iniciou-se na Livraria Galeria Municipal de Oeiras/Verney, em 2009.01.19, onde continua a decorrer, normalmente, à 3.ª terça-feira, 15h00 («333»); em 2010 começou em Lisboa, no Palácio da Independência, onde se desenvolve, em princípio, na 4.ª segunda-feira, às 15h00 («423»), com apoio da Sociedade Histórica da Independência de Portugal; a 3.ª tertúlia iniciou-se, no Porto, na Messe Militar situada na Praça da Batalha, em 2011, na 2.ª quinta-feira, 15h00 («253»); a 4.ª tertúlia começou em 2017.04, no Centro de Apoio Social das Forças Armadas, em Oeiras, desenvolvendo-se na 1.ª quarta-feira; e esperamos começar a 5.ª no Clube do Alto da Barra, em Oeiras, na 4.ª sexta-feira.

Nestes quase nove anos do Programa realizaram-se, até à data de 2017.11.08, 185 sessões em tertúlias regulares, já referidas, e pontuais, nomeadamente, em Abrantes, Coimbra, Estremoz, Évora, Lagoa, Leiria, Linda-a-Velha, Lisboa, Pinhal-Novo, Porto e Setúbal...

Na vertente da coleção literária, publicaram-se 30 títulos até à data, incluindo seis reedições, quatro edições geminadas e cadernos sobre bibliografia temática e o próprio Programa, em articulação com DG Edições, Caminhos Romanos, Esfera Poética e Âncora Editora. Prevêem-se mais edições, nomeadamente:
em 2017.11.27, 2.ª edição de 23.º livro, Luvuéi, de sargento comando Antero Pires (Angola);
em 2017.12.12, 31.º título, África, quatro ases e uma dama, de fotógrafos Fernando Farinha, Daniel Gouveia, Conde Falcão e Pedro Cunha e escultora moçambicana Maria Morais (Angola, Guiné, Moçambique e Cabo Verde).

Como autores existem oficiais do Exército, Marinha e Força Aérea, mas também sargentos e militares não profissionais e, ainda, civis, homens e mulheres. A maioria escreve como testemunho, mas também há trabalhos de investigação.

Em reconhecimento do trabalho desenvolvido até hoje, vai ser agraciado no próximo dia 11 de Novembro, pelas 10h15, no Forte do Bom Sucesso, pelo Presidente da República, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, com a Medalha da Defesa Nacional de 1.ª classe (ver Diário da República em anexo).

E será referido no programa Mar de Letras. da RTP África, emitido no dia 06 de dezembro com o seguinte horário:
Praia: 20h30;
Lisboa, São Tomé e Príncipe e Bissau: 21h30;
Luanda: 22h30;
Maputo: 23h30.


Oeiras, 2012.04.17, na mesa: Coronel Ataíde Montez; Dr. Vieira Pinto, autor; Ten-General Chito Rodrigues; Prof. Doutor Adriano Moreira e coordenador, Coronel Manuel Barão da Cunha.

2014.11.05, Fundação Marquês de Pombal: Mestre Georgina de Mello, Diretora-Geral da CPLP; editor Daniel Gouveia; Superintendente Isaías Teles; coordenador, Coronel Manuel Barão da Cunha; Almirante Castanho Paes e Dra Paula Saraiva.

2016.05.28, na Livraria Municipal de Oeiras, comemoração de Dia de África, com lançamento de 5.ª edição de 2.º livro, "Tempo Africano". Na mesa: Superintendente Isaías Teles; Embaixadora de Cabo Verde, Dra Madalena Neves; Vereadora da CMO, Doutora Marlene Rodrigues; Vice-Presidente da CMO, Carlos Morgado; na assistência, Vice-Presidente de Associação Cabo-Verdiana de Lisboa, Dr. Offner Almada…

Oeiras, 2016.10.18, Capitão Comando Mamudo Seidi e Mesa, com: Ten-Generais, Figueiredo Valente e Chito Rodrigues; Coronel Ataíde Banazol; Dr. Dias Antunes e coordenador, Manuel Barão da Cunha.

Livraria Municipal, 2016.11.15, lançamento de 25.º livro: coordenador, Manuel Barão da Cunha; Vice-Presidente da CMO; Generais, Ramalho Eanes e Rocha Vieira; Dra Manuela Eanes e Vereadora, Doutora Marlene Rodrigues.


Com a devida vénia, publica-se parte da página 14234 do Diário da República, 2.ª Série - N.º 131 - 10 de Julho de 2017 com um louvor conferido ao Coronel Manuel Barão da Cunha pelo seu trabalho de coordenador do Programa Fim do Império: 

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Nota do editor

Último poste da série de 22 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17385 Louvores e condecorações (11): CCAV 252 (Bafatá, Bula, Mansabá e S. Domingos, 1961/63) (Mário Magalhães, grã-tabanqueiro nº 742, um dos nossos "veteraníssimos")

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17816: Agenda cultural (587): Apreciação dos 3.º e 27.º livros da coleção Fim do Império, da autoria do Major Piloto-Aviador Carlos Acabado, "Kinda" e "Histórias de uma Bala Só" (Manuel Barão da Cunha)

18.º CICLO DE TERTÚLIAS FIM DO IMPÉRIO, EM OEIRAS
CENTRO DE APOIO SOCIAL DAS FORÇAS ARMADAS 

181.ª Tertúlia Fim do Império

Apreciação de livros do Major Piloto-Aviador Carlos Acabado
 coleção Fim do Império:

3.º livro, "Kinda", por Carlos Acabado

27.º livro, "Histórias de uma Bala Só", por Carlos Acabado
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Nota do editor

Último poste da série de 23 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17790: Agenda cultural (586): Conferência "Guiné-Bissau - Roteiro da Memória", dia 4 de Outubro de 2017, pelas 17 horas, na Associação 25 de Abril, em Lisboa

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17335: Agenda cultural (559): Apresentação do livro "25 de Novembro - Reflexões", coordenação do Coronel Manuel Barão da Cunha, dia 11 de Maio de 2017, pelas 15 horas, na Messe Militar do Porto, sita na Praça da Batalha



 


O nosso camarada Manuel Barão da Cunha, Coronel de Cav Ref, que foi CMDT da CCAV 704 / BCAV 705, Guiné, 1964/66, dá-nos notícia da apresentação de mais uma tertúlia Fim do Império, a levar a efeito na próxima quinta-feira, 11 de Maio de 2017, na Messe Militar do Porto.




17.º CICLO DE TERTÚLIAS, PORTO

174.ª TERTÚLIA

11 DE MAIO DE 2017 - 15 HORAS

MESSE MILITAR DO PORTO



Organização da Liga dos Combatentes, Núcleo do Porto, presidido pelo Coronel Comando José Manuel da Glória Belchior, coadjuvado pelo Capitão Delgado; em articulação com o coordenador do Programa; na Messe Militar, na Praça da Batalha, apresentação do 25.º livro Fim do Império, "25 de Novembro - Reflexões", coordenação do Coronel e Dr. Manuel Barão da Cunha.
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17330: Agenda cultural (558): Sessão de lançamento do livro de Graça Fernandes, “Aparições em Fátima – 1917”, hoje. dia 8, 2ªf, às 17:30, na Sociedade de Geografia de Lisboa. Um dos apresentadores é o cor inf ref e escritor Manuel Bernardo