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terça-feira, 12 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27115: Felizmente ainda há verão em 2025 (15): Camaradas, perguntar não ofende: "Pode a CPLP vir a transformar-se em CPLB" ?... E a gente a pensar que em bom português "nois sintendi"... (António Rosinha, ex-colon, ex-retornado de Angola, ex-cooperante na Guiné-Bissau)


1. Mensagem de António Rosinha, ex-colon, ex-retornado de Angola, ex-emigrante no "Brasiu", ex-cooperante na Guiné-Bissau do Luís Cabral e do 'Nino' Vieira, beirão,  portuguès dos sete costados, grão-tabanqueiro de pedra e cal (comn 154 referências no blogue)... Mesmo tendo sido expulso do paraíso em 1974, não perde o bom humor...


Data - segunda, 11/08/2025, 18:22 

Assunto - CPLP a transformar-se em CPLB?


E se, quando ao telefone, ouvimos uma voz feminina de um call center a comunicar-nos em paulista, ou carioca ou baiano, nos fizessemos desentendidos aqui em Portugal, que não entendemos aquele sotaque, como no Brasil dizem que não entendem os portugueses?

Será que pelo menos elas se esforçariam para dobrar um pouquinho mais a língua?

Gosto de ouvir o Lula ou o tal Bolsonaro,quando em Nova York na ONU, se exprimem num português perfeitamente paulista ou carioca.

Ao contrário de todos os nossos políticos, que falam em qualquer língua , conforme seja o ouvinte para quem falam nem que seja da Cochinchinha. Mas em português nunca... 

Quem me inspirou esta ideia de não abdicarmos do português de Portugal, foi um treinador de futebol. Já tinha ouvido um treinador com sotaque do norte em São Paulo a mandar vir com jornalistas brasileiros. Mas com sotaque da Camacha bem fechadinho, foi um madeirense , aos microfones num jogo do brasileirão e os jornalistas entenderam tudinho, pelo menos não pediram para repetir.

Se, com doutores, são acordos atrás de acordos ortográficos, transformando um idioma ao sabor não se sabe de quem, quando há falantes de português em angolano, em cabo-verdeano, em África são 5, e ainda lá longe, Timor, e no próprio Brasil tem gauchos, nordestinos, baianos...e muitos mais, cada um com seu jeito, porque não manter a ortografia toda como está?

E entreguem o problema ao pontapé na bola, que como todo o Brasil, terra do Rei Pélé, já verificou, com este processo, "nois sintendi".

E a uniformização e globalização serão menos complicadas não mexendo na matriz, que já se mexeu demais. E os doutores,e os políticos que metam a viola no saco de uma vez por todas.

A matriz devia ser sempre respeitada.

Mas é muito difícil para todas as origens de brasileiros, entender "como é que se chegou aqui".


Há sempre o argumento que a razão está do lado da maioria, o que não faltará quem imagine um dia transformar a CPLP em CPLB.

Não estariamos com estes problemas de acordos ortográficos, se os ventos não tivessem desviado aquela "regata" de Cabral 
que ia a caminho da Índia, e foi parar às terras de Vera Cruz.

Mas com ou sem acordo, os brasileiros lá vão escrevendo a sua história, mas em português, por enquanto.

Cumprimentos,  Antº Rosinha


2. A expressão "nois sintendi" é uma forma coloquial de dizer "nós entendemos" no português falado do Brasil.

Ela combina dois desvios da norma culta: 

(i) "nois" → forma popular de "nós" (comum em fala informal de algumas regiões); 

(ii) "sintendi" → variação fonética de "entendemos" ou "entendi", provavelmente influenciada pelo som nasal e pela troca de vogais.

O uso dessa expressão costuma ser intencional para criar um efeito humorístico, caricato ou para imitar a fala de determinadas regiões ou grupos, especialmente em memes e redes sociais.

A expressão "nois sintendi" ficou popular principalmente por causa de memes brasileiros que exageram erros gramaticais e fonéticos para criar humor.

(a) Origem e contexto:
  • surgiu de uma mistura de estereótipos linguísticos de fala rural, sertaneja ou dio interior com erro intemcional de conjugação verbal.
  • começou a aparecer em fóruns, páginas de humor no Facebook e depois no Twitter e TikTok por volta de 2018–2019;
  • é usada para ironizar uma compreensão óbvia ou reforçar que algo foi entendido de forma exagerada.

(b) Função caricatural / humorística:

  • não é só um erro de português, é uma marca de personagem, o tal “brasileiro simples e direto” (sic) que não liga p'rá gramática e fala do jeito que acha mais fácil;
  • assim como "pobrema" (problema) ou "menas" (menos), vira um meme linguístico que circula mesmo entre quem fala corretamente 
  • outras expressões de português deturpado,  muito comuns no Brasil, em linquagem coloquial: "Prástico" → plástico. | "As criança" → as crianças. | "A gente vamos" → a gente vai. | "Pruquê" → por que. | "Dibre" → drible (famoso por causa do jogador Denílson). | "Almoçei" → almocei, mas dito com “l” bem marcado. | "É memo?" → é mesmo? | "Nois vai" → nós vamos)

Essas expressões aparecem muito em memes, bordões de humoristas e piadas de internet, e geralmente a graça está em “fingir” que se fala errado. Para o falante do portuguès de Portugal, é uma... "algarviada" do camandro... E a  gente a pensar que em bom português "nois sintendi"...


(Pesquisa: IA / ChatGPT + LG | Revisão / fixação de texto, negritos, título, links: LG)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12403: O que é que a malta lia, nas horas vagas (9): O único título que lembro é o "Diário de Lisboa" (Vasco Pires)

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72) com data de 4 de Dezembro de 2013:

Caríssimos Luís e Carlos,
Cordiais saudações.

Excelente a ideia: O que a malta lia..., para melhor documentar o nosso quotidiano em terras Africanas. Lamentavelmente, pouco posso colaborar, pois, apesar do meu pai se preocupar com a minha saúde, física e mental, enviando regularmente, alimentos, jornais, revistas e livros, o único título que lembro é o "Diário de Lisboa", também não encontrei no fundo do baú nenhuma foto lendo (também não tem nenhuma com canhão).

Mas, como disseste noutra data: "as palavras são como as cerejas", associado com a campanha do "NÃO ao Acordo Ortográfico", pensei na língua que a malta vai ler (escrever).
Plenamente consciente, que a minha opinião é minoritária, gostaria de fazer algumas perguntas.

Qual a língua que queremos, não diria para os nossos filhos, mas, para os nossos netos e bisnetos?
Uma língua que escreveremos "Orgulhosamente sós", como o homem de Santa Comba, mandou "martelar" os nossos ouvidos?
Ou pelo contrário, escreveremos numa língua de mais de 200 milhões de pessoas, praticada em todos os Continentes, uma das mais usadas línguas ocidentais?
Uma língua que pode ser ensinada em qualquer Universidade do mundo, simplesmente como LÍNGUA PORTUGUESA, e não mais como Português daqui ou dali?

"A minha pátria é a língua portuguesa", ao recusar o Acordo, não estaremos reduzindo a pátria do Senhor Nogueira Pessoa?
O acordo não é a "arte do possível"?
Ou será que que cinco Séculos depois, ainda pensamos que é nossa missão "dilatar a fé e o Império"?

A propósito, sou a favor do Acordo Ortográfico!
Alguns médicos médicos andam dizendo que a polémica, ajuda a afastar o "Doutor Alemão". Será?

Forte abraço a todos
Vasco Pires
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Notas do editor

Imagem do DL, com a devida vénia à Fundação Mário Soares

Último poste da série de 6 de Dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12398: O que é que a malta lia, nas horas vagas (8): As minhas leituras em Bajocunda (José Manuel Matos Dinis)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9304: Estórias cabralianas (70): Sambaro, o Dicionário e o Afecto (Jorge Cabral)

1. Mensagem do Jorge Cabral, que também é,  além de um notável contador de estórias, um homem de afectos (com "c", não de cão mas de coração) e um activo facebook...eiro (com cerca de 2300 amigos e amigas, incluindo guineenses, como a sua antiga aluna de serviço social, a  B. B. Ferreira, nascida em Bissau em 1980, e aqui numa foto com ele, na Universidade Lusófona, em Lisboa)...

Além de professor de direito penal, agora reformado, é conhecido na praça e no blogue por ser um  escritor lusófono que diz não ao NAO (Novo Acordo Ortográfico):



Bom Ano, Amigos!

Com o AFECTO
do Jorge Cabral


2. Estórias cabralianas (70) > Sambaro, o Dicionário e o Afecto
por Jorge Cabral





Agora que tenho tempo,  tornei-me um caminheiro. Logo pela manhã abalo pela cidade. Travessas, calçadas, pátios, becos, vilas, percorro devagar essa Lisboa escondida, quase invisível.

Foi num desses passeios que encontrei Ansumane. Um negro velho e calvo, que entre a Travessa da Lua e o Beco das Estrelas, arengava em crioulo.

Dei-lhe os bons dias e ele apresentou-se:
- Ansumane Baldé, segurança.
- Segurança? Foi militar?
- Soldado de Artilharia, Número Mecanográfico 82062962, Guileje, com os Alferes…  - e desfiou uma lista de nomes.
- Eu estive na Guiné. Era o Alferes Cabral do Pel Caç Nat 63.
- Ah! O Alfero Bigodes!
- Sim,  usava um grande bigode. Mas como sabes? Estive sempre no Leste, em Fá e Missirá!
- Quando fugimos para o Senegal,  iam muitos soldados dos Pelotões Nativos. Do teu, foi o Sambaro, que já morreu. Morávamos na mesma Tabanca e muitas vezes falávamos de vocês todos. Sambaro, o homem da bazuca. Talvez quarenta anos, forte, sério, três mulheres, muitos filhos. Queria ser cabo e estudava, estudava para ir fazer o exame da 3ª classe a Bambadinca.


Quando voltei de férias ofereci-lhe um Dicionário. E que contente ficou! E leu e releu a dedicatória: “Para o Sambaro que é quase Cabo e ainda há-de chegar a Sargento. Com Afecto”.
- Alfero,  o que é Afecto? (ele lia o “c”)
- Procura no Dicionário, Sambaro. Que é para isso que ele serve.


Isto passou-se em Fevereiro de 1971. O Sambaro,  além da bazuca,  passou a carregar o dicionário. Ainda me lembro de o ver no Mato Cão a folheá-lo…


Disse-me o Ansumane que os filhos e os netos do Sambaro vivem para as bandas de Sonaco. E que será feito do dicionário?


Imagino um dos netos a procurar nele a palavra afecto;
- Olha,  Sambaro  Neto, se te  disserem que agora é afeto, não acredites. Ninguém lhe pode tirar o “c” de coração.


Jorge Cabral
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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9223: Estórias cabralianas (69): Onde mora o Natal, alfero ? (Jorge Cabral)