Mário Pinto (1945-2019): além de animador nas redes sociais, foi também um dos grandes organizadores dos convívios do pessoal da CART 2519, "Os Morcegos de Mampatá", igualmente conhecidos por "Os Coirões de Mampatá", comandados pelo cap art Jacinto Manuel Barrelas... Estiveram em Buba, Aldeia Formosa e Mampatá (1969/71), ao tempo em que era comandante do COP 4 o major Carlos Fabião.
Sobre este oficial superior escreveu o seguinte, em 10/2/2015 na página do Facebook Tabanca de Mampatá - Grupo Público:
(...) " A primeira vez que o vi, foi no meu desembarque em Buba em meados de Maio de 1969, ainda periquito e desconhecendo aquilo que teria de infrentar apartir daí. Na formatura formal de apresentação em Buba, fiquei a conhecer o então Major Carlos Fabião, comandante do COP4.
Sobre este oficial superior escreveu o seguinte, em 10/2/2015 na página do Facebook Tabanca de Mampatá - Grupo Público:
(...) " A primeira vez que o vi, foi no meu desembarque em Buba em meados de Maio de 1969, ainda periquito e desconhecendo aquilo que teria de infrentar apartir daí. Na formatura formal de apresentação em Buba, fiquei a conhecer o então Major Carlos Fabião, comandante do COP4.
Quem, como nós, CART. 2519, habituados á disciplina militar imposta pelo seu comandante, estranhou, e de que maneira, a atitude descontraída e informal de Carlos Fabião quando nos recebeu, de calções e camisa com o seu bastão, a dirigir algumas indirectas ao nosso Capitão Barrelas, avisando que no seu sector era tudo mato e não uma parada de qualquer quartel onde os militares teriam de andar sempre aprumados. No seu sector permitia que os mesmos andassem á vontade quanto a bigodes, barba e vestimenta, o que era necessário era que os homens se sentissem á vontade e com espírito guerreiro para enfrentarem as vicitudes que iriam encontrar daí para a frente. Desejou boa sorte a todos e que o nosso destino seria Mampatá e a nossa missão os trabalhos da nova estrada Buba-Aldeia Formosa.
Para mim, que estava habituado à disciplina ferrea do meu comandante de Companhia foi uma lufada de ar fresco este seu discurso... O certo é que o Capitão Barrelas nunca mais foi o mesmo daí em diante, ele próprio com algum espanto meu aderiu à moda do calção, tronco nu e chinela no pé.
Isto a meu ver, só foi possível depois do discurso de boas vindas do comandante do COP4, Major Carlos Fabião" (...)
Isto a meu ver, só foi possível depois do discurso de boas vindas do comandante do COP4, Major Carlos Fabião" (...)
"Hoje é dia de coluna, algures na estrada Buba-Aldeia Formosa 1969/71" (Mário Gualter Pinto, 12 de fevereiro de 2012, página do Facebook Tabanca de Mampatá - Greupo Público) (com a devida vénia...). Não temos a certeza se a foto era da autoria do Mário Pinto, administrador da página. De qualquer modo, passa a ser de todos nós...
1. Esta foi a primeira das "estórias do Mário Pinto" (que publicou cerca de 4 dezenas) (*)... Fomos repescá-la para alimentar esta série dos "15 anos a blogar, desde 23/4/2004" (**). É um dupla homenagem, ao nosso Mário Pinto (1945-2019), que nos acaba de deixar, e também aos nossos camaradas de etnia cigana, que passaram pelo TO da Guiné. Não sabemos quantos foram, nem muito muito os que cumpriram o serviço militar na época. Mas temos o descritor "ciganos" no nosso blogue. A "estória" vale também pelo bom humor de caserna.
No seu blogue, "CART 2519, Os Morcegos de Mampatá", em poste de 23 de agosto de 2009 , o Mário Pinto já tinha deixado esta nota de homenagem ao seu camarada Machado, o "cigano" (que, convém dizê-lo, não é uma "raça", mas quando muito um "grupo étnico": em Portugal e no resto do mundo, não há "raças humanas"; o termo "raça" era ainda usado no nosso tempo, mas sem "conotação racista", tal como o Mário Pinto o usa aqui).
(...) "Quem não se lembra do cigano, José António Pereira Machado, soldadi atirador do 1.º Grupo de Combate ?!
A sua raça e origem não permitia a convivência com os seus camaradas. Por diversas vezes, tememos a seu abandono, ou seja que o mesmo desertasse, mas o mesmo tornou-se sempre digno dos Coirões.
Por ser uma figura carismática da nossa Companhia, deixo aqui uma pequena citação ao Cigano." (...)
O soldado Machado, de etnia cigana: ' Ó Barrelas, pagas-me uma bejeca ?'
por Mário Pinto
O “Cigano”, como era conhecido o soldado Machado (creio que era mesmo da etnia cigana), foi protagonista de um episódio hilariante, mas muito real, que um dia “atropelou” o que não podia ser “abandalhada” - a rígida Disciplina Militar -, que na tropa se exige (creio que ainda hoje esta se mantém), em relação aos superiores hierárquicos.
Certo dia, o nosso capitão integrou-se num grupo de combate que ia patrulhar a nossa ZA - Zona de Acção, onde ia o nosso camarada Machado. Depois de percorrida já uma vasta área do patrulhamento habitual, e perto dum local por todos considerado de elevado risco, o Machado sai-se com esta:
- Ó meu capitão, à nossa frente estão pegadas do IN.
Isto em pleno mato... O capitão ripostou:
- Ó meu coirão, não sabes o meu nome, eu sou o Barrelas!
O patrulhamento terminou ao findar do dia e procedeu-se ao respectivo regresso ao aquartelamento de Mampatá.
Na cantina, que era comum a todos, praças, sargentos e oficiais, depois do banho, o camarada Machado tem este desplante perante a admiração de todos os presentes:
- Ó Barrelas, não me pagas uma bejeca?!
O capitão, com o seu ar autoritário - de Comandante -, virou-se para o Machado e disse:
- Ó meu coirão, já não me conheces, eu sou o teu capitão Barrelas, por isso deves tratar-me como tal. Quando te dirigires a mim, tratas-me por meu capitão!
O mesmo, atónito com a situação, retorquiu:
- Mas o senhor lá atrás disse-me para o tratar por Barrelas!...
Aqui o capitão riu-se da situação e acabou mesmo por pagar a “bejeca” ao Machado.
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Notas do editor:
(*) 25 de julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4738: Estórias do Mário Pinto (1): O soldado Machado, o "Cigano": 'Ó Barrelas, não me pagas uma bejeca?!'...
(*) 25 de julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4738: Estórias do Mário Pinto (1): O soldado Machado, o "Cigano": 'Ó Barrelas, não me pagas uma bejeca?!'...