1. Em mensagem do dia 16 de Setembro de 2008, o nosso camarada José Martins, ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5 - Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70, enviou-nos um resumo da História da Companhia de Terminal e do Batalhão de Intendência.
Nunca é demais agradecer a disponibilidade do José Martins sempre pronto para nos fornecer dados importantes sobre a história da guerra colonial na Guiné.
Guiné > Região de Tombali (Catió) > Cufar > Rio Cumbijã >1973 > Foto que documenta as brutais consequências do accionamento de uma mina, colocads pela guerrilha do PAIGC junto ao cais acostável de Cufar, onde havia um destacamento do PINT (Pelotão de Intendência) 9288 ... A mina, escondida no lodo, foi accionada por um barco, ao atracar ao cais. O barco, que levava carga da Intendência, pegou fogo e ficou destruído...
Companhia de Terminal
Identificação CTerm
Comandantes:
Cap SGE [1] Herman Mendes Schultz Guimarães
Cap SGE Luís dos Santos Figueiredo
Inicio: 01NOV72
Extinção: Finais de SET74
Síntese da Actividade Operacional
A subunidade foi criada a partir do Destacamento de Terminal existente no CTIG [2], a título experimental, desde 01ABR72.
Após aprovação do respectivo QO [3] por despacho ministerial de 07JUN72, ficou na dependência directa da Chefia do Serviço de Transportes da Guiné.
Desenvolveu a actividade inerente à sua especialidade, relativas às tarefas de estiva, transportes exteriores e internos por meios rodoviários, fluviais e aéreos, despacho e desalfandegamento de todos os materiais e bagagens transportados por via aérea ou marítima; para o efeito dispôs de secções de cargas no cais da Bolola e na BA 12 [4]
Em finais de SET74 foi extinta e desactivada.
Glossário
1. SGE - Serviço Geral do Exército.
2. CTIG - Comando Territorial Independente da Guiné
3. QO – Quadro Orgânico
4. BA – Base Aérea
Acidente ocorrido em 02 de Março de 1974, com o rebentamento de uma mina anticarro, por um batelão carregado de gasolina, ao acostar ao cais de Cufar.
Morreram, de imediato, os seguintes civis assalariados/estivadores em serviço na Companhia de Terminal – Cufar. A causa da morte foi considerada resultante de Ferimentos em Combate, e os seus corpos foram inumados no cemitério de Cufar:
AISSELÉ IÉ, número 579, filho de Aliam Cá e Oqueamione Ié, natural da freguesia de Biombo, concelho de Bissau;
AUGUSTO AJUPKIQUE, número 289, filho de José Ajuplique e Maria Sábado, natural da freguesia de Caio, concelho de Teixeira Pinto;
AUGUSTO FERNANDES, número 747, casado com Dabedi Sanha, filho de Fernando João e Enguesse Pauiça, natural da freguesia de Encheia concelho de Bissorã;
INDOM Á CÓ, número 56, filho de Indato Có e Odiquiu Ié, natural da freguesia de Biombo, concelho de Bissau;
JOSÉ DA SILVA IÉ, filho de Lefem Ié e Equidjoque Ié, natural da freguesia de Biombo, concelho de Bissau;
OCANTE DJÚ, número 418, filho de Acevelo Djú e Maria Djú, natural da freguesia de Bigene, concelho de Farim;
ODAILÓ IÉ, número 295, filho de Odor Ié e Anhola Dju, natural da freguesia de Biombo, concelho de Bissau;
Nesse mesmo dia, 02 de Março de 1974, depois do acidente acima descrito, rebentou uma mina antipessoal seguida de emboscada, que feriu o assalariado/estivador LONA INSALA, casado com Insuli Cabi, filho de Insala Ungué e Sidú Indami, natural da freguesia de Santa Ana, concelho de Mansoa, que veio a falecer a 07 de Março de 1974, no Hospital Central de Bissau, por ferimentos em combate, tendo sido inumado no Cemitério de Bissau.
Também ficaram feridos no rebentamento da mina anticarro:
CARLOS ALBERTO PITA DA SILVA, Furriel Miliciano de Intendência, com o número mecanográfico 12957372, do Pelotão de Intendência nº 9288, mobilizado no 2º Grupo de Companhias de Administração Militar, em Lisboa, solteiro, filho de Teodoro Boaventura Pita da Silva e Maria Isabel Ivens Ferraz Pita da Silva, natural da freguesia do Monte, concelho do Funchal – Madeira, tendo falecido em 17 de Março de 1974 no Hospital Militar de Bissau, vitima de ferimentos em combate, tendo sido inumado no Cemitério de Nossa Senhora das Angústias, no Talhão dos militares falecidos no ultramar.
RODRIGO OLIVEIRA SANTOS, Soldado - Caixeiro, com o número mecanográfico 18070469, do Pelotão de Intendência nº 9288, mobilizado no 2º Grupo de Companhias de Administração Militar, em Lisboa, solteiro, filho de Manuel Gomes dos Santos e Gracinda Alves de Oliveira, natural de Fafião, freguesia de Romariz, concelho da Feira, faleceu, vitima de ferimentos em combate, tendo sido inumado no Cemitério de Romariz.
BInt, cuja divisa era, Bene Servire Maxima Gloria Est
Batalhão de Intendência da Guiné
Identificação BInt
Comandantes:
Major SAM [1] Carlos Gonçalves
Major SAM António Monteiro
Major SAM Augusto Soares Pinheiro
Major SAM José Maria Teixeira
Major SAM António Monteiro Alves dos Santos
Major SAM António Avelino de Abreu Parente
Major SAM António Madeira Peste
Major SAM António Alberto Bravo Ferreira
Major SAM Emídio José Brandão dos Santos Marques
2.ºs Comandantes (a partir de 01AGO67)
Capitão SAM Manuel de Oliveira Rego
Capitão SAM José Luís de Sousa Jorge
Capitão SAM António José Calvo de Almeida Pereira
Capitão SAM Manuel António Duran dos Santos Clemente
Início: 01JUN64
Extinção: 14OUT74
Síntese da Actividade Operacional
O BInt foi criado com base em QO [2] aprovado por despacho ministerial de 21NOV63 e englobou uma Companhia de Intendência, uma Companhia de Depósito, então constituídas, e os quatro destacamentos de Intendência, então existentes em Bissau, Tite, Bula e Bafatá, este instalado depois em Bambadinca, a partir de 02JUN66, e, mais tarde, outro pelotão instalado em Farim, a partir de 01JAN67, sendo considerado uma unidade da guarnição normal.
Em 01ABR68, as funções de Companhia de Depósito passaram a ser executadas por um novo órgão, então criado, o Depósito Base de Intendência e a partir de 01SET68, o batalhão passou a ser constituído pelas subunidades designadas por Companhias de Intendência de A/D [3], Companhias de Intendência de A/G [4], e Pelotões de Intendência, tendo ainda sido instalado outro pelotão em Cufar, a partir de 01AGO73.
Nesta situação, forneceu apoio logístico às unidades e subunidades em serviço na Guiné, efectuou a reparação dos meios de frio, máquinas de escritório e de bobinagem, entre outros, para o que dispunha também de equipas itinerantes.
Ministrou também instrução de formação de especialidade de intendência de padeiros, magarefes, caixeiros e outras. Manteve ainda as reservas de combustíveis e lubrificantes e accionou o funcionamento dos centros de fabrico de pão e de abate.
Em 14OUT74, após entrega das instalações e equipamentos ao PAIGC [5], o batalhão foi desactivado e extinto.
1. SAM – Serviço de Administração Militar
2. QO – Quadro Orgânico
3. A/D – Apoio Directo
4. A/G – Apoio Geral
5. PAIGC – Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde
José Martins
Fotos: © Fernando Franco(2006). Direitos reservados.
_______________
Nota de CV
Vd. poste de 12 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3196: Em busca de...(39): Companhia Terminal (Bissau, 1973/74) (Daniel Vieira)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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terça-feira, 23 de setembro de 2008
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Guiné 63/74 - P3196: Em busca de...(39): Companhia Terminal (Bissau, 1973/74) (Daniel Vieira)
Guiné > Região de Tombali (Catió) > Cufar > Rio Cumbijã >1973 > Foto que documenta as brutais consequências do accionamento de uma mina, colocads pela guerrilha do PAIGC junto ao cais acostável de Cufar, onde havia um destacamento do PINT (Pelotão de Intendência) 9288 ... A mina, escondida no lodo, foi accionada por um barco, ao atracar ao cais. O barco, que levava carga da Intendência, pegou fogo e ficou destruído... Terão morrido quase duas dezenas de africanos. Este episódio também é descrito no libro do nosso camarada António Graça de Abreu, Guiário da Guiné: Sangue, Lama e Água Pura (2007). Na altura ele estava em Cufar, como Alf Mil, no CAOP1.
Às vezes esquecemo-nos destes valorosos camaradas da Intendência que também corriam riscos de vida nos seus destacamentos e nas viagens que faziam pelas rios e braços de mar da Guiné, ou acompanhando as colunas logísticas por terra... O 1º Cabo Enf António Baia, amigo do Fernando Franco, ambos membros da nossa Tabanca Grande, pertencia a este PINT e assistiu a esta tragédia (aliás, dupla, por que uma outra mina destruiu, no mesmo dia, um viatura militar e matou malta nossa).
O Fernando Franco, em Bissau, fez Guarda de Honra, até ao Hospital, ao cortejo fúnebre com os restos mortais dos dois soldados do PINT que morreram na explosão da mina anticarro.
Foto: © Fernando Franco (2006). Direitos reservados.
Telefonou-me o ex-Fur Mil Daniel Vieira, que fez parte da Companhia Terminal, sediada em Bissau, mais exactamente na antiga Fábrica da Cana de Açúcar, por detrás do Cemitério, em instalações que outrora terão pertencido à Casa Gouveia. Lembram-se ?
Eu nunca ouvira falar desta Companhia Terminal, cuja missão era fazer os reabastecimentos das unidades espalhadas pelo TO da Guiné, por ar, terra, rio e mar… Iam a todo lado, de Buba a Bambadinca...
Pois bem, pelo que o Daniel Vieira me contou ao telefone, e que eu aqui reproduzo, ele chegou à Guiné, em rendição individual, em Março de 1973 e foi um dos últimos militares a abandonar o território, em Outubro de 1974.
Pelo meio, aí por volta de 12 ou 13 de Março de 1974, foi ferido no Rio Geba, por ocasião de um ataque do PAIGC, no Geba Estreito, entre o Xime e Bambadinca, a um batelão carregado com 24 toneladas de munições. Morreu um cabo da Companhia Terminal, para além de 13 ou 14 africanos (civis ou militares, não faço ideia). Ele depois poderá contar mais pormenores: não sei se o batelão foi ao fundo, se houve explosões em cadeia, etc.
O Daniel Vieira (Fur Mil Vieira, como era conhecido) esteve três dias no HM241, em Bissau, e, depois da convalescença, terá sido colocado no aeroporto de Bissalanca.
Ele procurou-me por que nunca mais teve notícias dos seus camaradas da Companhia Terrminal. E anda à procura de pistas que o levem a reencontrar a malta dessa unidade, que não pertencia ao BIG – Batalhão de Intendência Geral (*) e que, estranhamente, não tinha número. Diz-me ele que era uma espécie de companhia ad hoc, formada nessa altura (1973), em Bissau, com malta de rendição individual…
Ele próprio era atirador de infantaria, tendo passado pelas Caldas da Rainha, Tavira e Castelo Branco (tal como eu...). Lembra-se que o comandante da Companhia Terminal era um capitão do quadro permanente, já entradote na idade, com os seus 50 e tal anos, natural da região de Viseu. Muitos anos depois do 25 de Abril, quando o tentou localizar, já tinha morrido.
Dos seus camaradas furriéis milicianos lembra-se do Barradas, que era alentejano, do Vilaça, que morava em Cascais, e do Mestre, que seria de Sacavém ou de Alhandra (já não pode precisar bem). Dos Alf Mil lembra-se do Tenrinho e do Morais. Do 1º cabo que morreu do Geba, tem o nome, em documentos que não tinha ali à mão.
Nunca mais encontrou esta malta, para grande desgosto seu… E gostaria ainda de ter essa alegria. Costuma ir aos almoços-convívios dos Antigos Combatentes da Guiné, que se realizam todos os anos a 5 de Outubro, e que são organizados pelo Isaías Peralta. A última edição, o 26º almoço-convívio, em 2007, foi em Viseu. E o próximo será em Pombal. Mas até à data ainda não conseguiu localizar ninguém da sua Companhia Terminal.
É por essa razão que se dirigiu ao nosso blogue. Foi a filha, psicóloga, que lhe falou em nós. E da possibilidade de, através da Internet, obter pistas sobre os seus antigos camaradas. O filho, por sua vez, que está a tirar um curso de informática, ajudou-o a fazer pesquisas no nosso blogue. E daí o contacto, telefónico, que estava a efectuar.
Ficou entusiasmado com o conteúdo do nosso blogue e a nossa vasta rede de contactos. Pediu-me se o ajudava. Naturalmente, respondi-lhe que sim: é essa a nossa missão (e vocação). Convidei-o a integrar a nossa Tabanca Grande. Aguardo o envio de algumas fotos digitalizadas, em formato jpg, que me vai enviar através do filho.
Entretanto, aqui vai o resto da sua história. Tendo sido ferido em serviço, em combate, no ataque acima referido, no Geba Estreito, acabou por lutar pelo seu direito à reintegração nas Forças Armadas. Há seis anos (se percebi bem…) foi reintegrado, no Exército, como 1º sargento. Passou os últimos quatros anos nos serviços de saúde militar, aqui em Lisboa, Campolide. É amigo do nosso camarada Manuel Rebocho, com que fez o curso para a Sargento-Mor. Está entretanto reformado como Sargento-Mor, DFA.
O Daniel Vieira, novo membro da nossa Tabanca Grande, vive em Porto de Mós, distrito de Leiria, e autorizou-me a divulgar os seus contactos: Telefone > 244 402 876 ; Telemóvel > 65 274 287.
Se alguém tiver alguma informação sobre a Companhia Terminal (Bissau, 1973/74), entre em contacto com o Daniel Vieira ou com os editores do blogue. Um por todos e todos por um, como no nosso tempo de Guiné.
Luís Graça, editor
__________
Nota de L.G.:
(*) Sobre o BIG, representado na nossa Tabamca Grande pelo Fernando Franco e pelo António Bais (cito de cor...), vd. os postes de:
20 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2462: Convívios (38): Minitertúlia da Intendência / Administração Militar, Belém, Lisboa, 18 de Janeiro de 2008 (Fernando Franco)
16 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1284: A Intendência também foi à guerra (Fernando Franco / António Baia)
16 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1283: Os nossos intendentes, os homens da bianda (Fernando Franco / António Baia)
20 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1195: Ameira: O nosso encontro fez-me bem à alma (Fernando Franco)
Guiné > Bissau > Batalhão de Intendência Geral (BIG) > 1974 > O Fernando Franco, 1º cabo Caixeiro. Esteve em Bissau entre 1973 e 1974 numa CIAG (Companhia de Intendência de Apoio Directo). É muito provável que conhecesse a Companhia Terminal e o nosso Daniel Vieira.
Também temos outro camarada, o Diamantino Figueira, que pertenceu ao BIG, Bissau, 1971/73. Telefone de contacto: 214752070 (restaurante, na região de Cascais).
Foto: © Fernando Franco (2006)
Vd. último poste da série de 7 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3182: Em busca de... (38): Causas da morte do Alf Mil Manuel Sobreiro (Mampatá, 1968) Parte II (José Martins)
Às vezes esquecemo-nos destes valorosos camaradas da Intendência que também corriam riscos de vida nos seus destacamentos e nas viagens que faziam pelas rios e braços de mar da Guiné, ou acompanhando as colunas logísticas por terra... O 1º Cabo Enf António Baia, amigo do Fernando Franco, ambos membros da nossa Tabanca Grande, pertencia a este PINT e assistiu a esta tragédia (aliás, dupla, por que uma outra mina destruiu, no mesmo dia, um viatura militar e matou malta nossa).
O Fernando Franco, em Bissau, fez Guarda de Honra, até ao Hospital, ao cortejo fúnebre com os restos mortais dos dois soldados do PINT que morreram na explosão da mina anticarro.
Foto: © Fernando Franco (2006). Direitos reservados.
Telefonou-me o ex-Fur Mil Daniel Vieira, que fez parte da Companhia Terminal, sediada em Bissau, mais exactamente na antiga Fábrica da Cana de Açúcar, por detrás do Cemitério, em instalações que outrora terão pertencido à Casa Gouveia. Lembram-se ?
Eu nunca ouvira falar desta Companhia Terminal, cuja missão era fazer os reabastecimentos das unidades espalhadas pelo TO da Guiné, por ar, terra, rio e mar… Iam a todo lado, de Buba a Bambadinca...
Pois bem, pelo que o Daniel Vieira me contou ao telefone, e que eu aqui reproduzo, ele chegou à Guiné, em rendição individual, em Março de 1973 e foi um dos últimos militares a abandonar o território, em Outubro de 1974.
Pelo meio, aí por volta de 12 ou 13 de Março de 1974, foi ferido no Rio Geba, por ocasião de um ataque do PAIGC, no Geba Estreito, entre o Xime e Bambadinca, a um batelão carregado com 24 toneladas de munições. Morreu um cabo da Companhia Terminal, para além de 13 ou 14 africanos (civis ou militares, não faço ideia). Ele depois poderá contar mais pormenores: não sei se o batelão foi ao fundo, se houve explosões em cadeia, etc.
O Daniel Vieira (Fur Mil Vieira, como era conhecido) esteve três dias no HM241, em Bissau, e, depois da convalescença, terá sido colocado no aeroporto de Bissalanca.
Ele procurou-me por que nunca mais teve notícias dos seus camaradas da Companhia Terrminal. E anda à procura de pistas que o levem a reencontrar a malta dessa unidade, que não pertencia ao BIG – Batalhão de Intendência Geral (*) e que, estranhamente, não tinha número. Diz-me ele que era uma espécie de companhia ad hoc, formada nessa altura (1973), em Bissau, com malta de rendição individual…
Ele próprio era atirador de infantaria, tendo passado pelas Caldas da Rainha, Tavira e Castelo Branco (tal como eu...). Lembra-se que o comandante da Companhia Terminal era um capitão do quadro permanente, já entradote na idade, com os seus 50 e tal anos, natural da região de Viseu. Muitos anos depois do 25 de Abril, quando o tentou localizar, já tinha morrido.
Dos seus camaradas furriéis milicianos lembra-se do Barradas, que era alentejano, do Vilaça, que morava em Cascais, e do Mestre, que seria de Sacavém ou de Alhandra (já não pode precisar bem). Dos Alf Mil lembra-se do Tenrinho e do Morais. Do 1º cabo que morreu do Geba, tem o nome, em documentos que não tinha ali à mão.
Nunca mais encontrou esta malta, para grande desgosto seu… E gostaria ainda de ter essa alegria. Costuma ir aos almoços-convívios dos Antigos Combatentes da Guiné, que se realizam todos os anos a 5 de Outubro, e que são organizados pelo Isaías Peralta. A última edição, o 26º almoço-convívio, em 2007, foi em Viseu. E o próximo será em Pombal. Mas até à data ainda não conseguiu localizar ninguém da sua Companhia Terminal.
É por essa razão que se dirigiu ao nosso blogue. Foi a filha, psicóloga, que lhe falou em nós. E da possibilidade de, através da Internet, obter pistas sobre os seus antigos camaradas. O filho, por sua vez, que está a tirar um curso de informática, ajudou-o a fazer pesquisas no nosso blogue. E daí o contacto, telefónico, que estava a efectuar.
Ficou entusiasmado com o conteúdo do nosso blogue e a nossa vasta rede de contactos. Pediu-me se o ajudava. Naturalmente, respondi-lhe que sim: é essa a nossa missão (e vocação). Convidei-o a integrar a nossa Tabanca Grande. Aguardo o envio de algumas fotos digitalizadas, em formato jpg, que me vai enviar através do filho.
Entretanto, aqui vai o resto da sua história. Tendo sido ferido em serviço, em combate, no ataque acima referido, no Geba Estreito, acabou por lutar pelo seu direito à reintegração nas Forças Armadas. Há seis anos (se percebi bem…) foi reintegrado, no Exército, como 1º sargento. Passou os últimos quatros anos nos serviços de saúde militar, aqui em Lisboa, Campolide. É amigo do nosso camarada Manuel Rebocho, com que fez o curso para a Sargento-Mor. Está entretanto reformado como Sargento-Mor, DFA.
O Daniel Vieira, novo membro da nossa Tabanca Grande, vive em Porto de Mós, distrito de Leiria, e autorizou-me a divulgar os seus contactos: Telefone > 244 402 876 ; Telemóvel > 65 274 287.
Se alguém tiver alguma informação sobre a Companhia Terminal (Bissau, 1973/74), entre em contacto com o Daniel Vieira ou com os editores do blogue. Um por todos e todos por um, como no nosso tempo de Guiné.
Luís Graça, editor
__________
Nota de L.G.:
(*) Sobre o BIG, representado na nossa Tabamca Grande pelo Fernando Franco e pelo António Bais (cito de cor...), vd. os postes de:
20 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2462: Convívios (38): Minitertúlia da Intendência / Administração Militar, Belém, Lisboa, 18 de Janeiro de 2008 (Fernando Franco)
16 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1284: A Intendência também foi à guerra (Fernando Franco / António Baia)
16 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1283: Os nossos intendentes, os homens da bianda (Fernando Franco / António Baia)
20 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1195: Ameira: O nosso encontro fez-me bem à alma (Fernando Franco)
Guiné > Bissau > Batalhão de Intendência Geral (BIG) > 1974 > O Fernando Franco, 1º cabo Caixeiro. Esteve em Bissau entre 1973 e 1974 numa CIAG (Companhia de Intendência de Apoio Directo). É muito provável que conhecesse a Companhia Terminal e o nosso Daniel Vieira.
Também temos outro camarada, o Diamantino Figueira, que pertenceu ao BIG, Bissau, 1971/73. Telefone de contacto: 214752070 (restaurante, na região de Cascais).
Foto: © Fernando Franco (2006)
Vd. último poste da série de 7 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3182: Em busca de... (38): Causas da morte do Alf Mil Manuel Sobreiro (Mampatá, 1968) Parte II (José Martins)
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