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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9512: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (1): O caso de Buruntuma e o ultimatum de Bobo Keita, comandante do PAIGC


p. 222




p. 223


p. 224

 p. 225




p. 226

Reprodução de excertos do livro de Norberto Tavares de Carvalho, De campo a campo: conversas com o comandante Bobo Keita. Edição de autor, 2011, pp.  222-226. Sublinhados, a vermelho, de L.G.



Capa do livro de Norberto Tavares de Carvalho, De campo a campo: conversas com o comandante Bobo Keita. Edição de autor, Porto, 2011, 303 pp. (Impresso na Uniarte Gráfica, SA; depósito legal nº 332552/11). Posfácio de António Marques Lopes.


1. Os acontecimentos acima referidos por Bobo Keita (ou Queta) passam-se com as NT estacionadas em Buruntuma (sector de Pirada), mas também na Ponte Caium (que dependia do batalhão de Piche). Os interlocutores portugueses aqui referidos deveriam ser o capitão de Buruntuma e o tenente-coronel que comandava o batalhão sediado em  Piche (já que o destacamento de Caium dependia de Piche).

Em 25 de Abril de 1974, havia o batalhão,  com comando e sede em Pirada, era o BCAV 8323/73: mobilizado pelo RC 3, partiu de Lisboa em 22/9/1973 e regressou a 10/9/1973. Comandante: ten cor  cav Jorge Edurado Rodrigues y Tenório Correia Matias.

Deste batalhão faziam parte:  

- a 1ª C/BCAV 8323/73, que guarnecia Bajocunda (Comandantes: Cap Cav Ângelo César Pires Moreira da Cruz; Cap MIl Cav Fernando Júlio Campos Loureiro);

- a 2ª  C/BCAV 8323/73, que esteve em Piche, depois Buruntuma e de por fim de novo em Piche. depois da retirada de Buruntuma, em 5 de juolho (Comandantes: Cap Mil Cav Aníbal António Dias Tapadinhas; Alf Mil Cav António Jorge Ramos Andrade);

- e ainda 3ª C/BCAV 8323/73, que esteve (sempre) em Pirada (Comandante: Cap Mil Cav Ernesto Jorge Sanches Martins de Brito).

O batalhão que estava em Piche, em julho de 1974, era o BCAÇ 4610/73, que foi render o BCAÇ 3883 (Piche, 1972/74).  Mobilizado pelo RI 16, partiu para o TO da Guiné em 11/4/1974 e regressou a 14/10/1974. Esteve em Bissau, Piche, Bula e Bissau. Comandantes: ten cor inf Paulo Eurico de Lacerda e Oliveira Martins; ten cor inf César Emílio Braga de Andrade e Sousa.  

Terá sido um destes dois oficiais superiores que terá proferido ameaças ao Carlos Fabião (último Governador da Guiné, de 7 de maio a 15 de outubro de 1974, com-chefe do CTIG, além de representante da Junta de Salvação Nacional na Guiné), a acreditar no depoimento do Bobo Keita. 

 

O BCAÇ 4610/73 era constituído por 3 companhias:

- 1ª C/BCAÇ 410/73: esteve em Camajabá, Piche, Bissau, Nhamate e Bissau. Comandante: Cap Mil Inf Manuel Cunha Pereira Machado;

- 2ª C/BCAÇ 410/73: esteve em Camajabá, Piche, Bissau, Tite e Bissau. Comandante: Cap Mil Inf José Emídio Barreiros Canova;

- 3ª C/BCAÇ 410/73: esteve em Piche, Bula e Bissau. Comandante: Cap Mil Inf Marcos António Blanch Machado.

Buruntuma foi a primeira guarnição da zona leste a ser desocupada pelas NT e ocupada de imediato pelo PAIGC, por  uma força comandanda pelo Bobo Keita, em 5 de julho de 1974. Camajabá e Canquelifá foram desocupadas a seguir, a 6 e a 7 de julho, respetivamente. 

As restantes guarnições do leste só foram desativadas em Agosto e Setembro, respeitando os planos de retração do nosso dispositivo militar (aprovado pela 3ª Rep/QG/CCFAG) :  

Madina Mandinga (20 de agosto), 
Paunca (21), 
Bajocunda (22), 
Pirada (25), 
Piche (25), 
Saltinho (27), 
Cancolim (1 de setembro), 
Contuboel (2), 
Fajonquito (2), 
Nova Lamego (4), 
Galomaro (5) 
e Bafatá (7).

Também faziam parte da "zona leste", tal como o Saltinho, Galomaro e Cancolim, mas aparecem na "zona sul" (, no relatório da 2ª rep, certamente por lapso, ) as seguintes guarnições: Mansambo (2 setembro), Bambadinca e Xime (9 de setembro).

Os fatos acima relatados pelo Bobo Keita são confirmados pelo relatório da 2ª rep. O ultimatum de Bobo Keita às NT em Buruntuma é vista uma clara violação ao acordo de cavalheiros estabelecido pelas NT e o PAIGC no que respeito à retirada, planeada, ordenada e concertada (a nível local), dos nossos aquartelamentos e destacamentos. Alega-se que Bobo keita estaria "mal esclarecido" sobre esse acordo e os seus trâmites. Por outro lado, as instalações das NT eram particularmente apetecidas pelos combatentes do PAIGC, na zona leste, mais árida, com menos vegetação do que no sul, e em plena época das chuvas. No relatório da 2ª rep, diz-se explicitamente que o comportamento indisciplinado dos homens de Bobo Keita se devia também, em parte, ao facto de serem "periquitos", de serem novos na região e na guerrilha, viverem em condições precárias e estar-se na época das chuvas.

Por outro lado, o capitão de Buruntuma deveria ser Cap Mil Cav Aníbal António Dias Tapadinhas (que, por curiosidade,  foi camarada do nosso camarigo A. Marques Lopes, no 2° Pelotão da 3.ª Companhia do Curso de Oficiais Milicianos do 1.º turno/janeiro de 1966, na EPI, Mafra).

 



Reprodução de um excerto das pp. 52/53 do Relatório da 2ª Rep / CCFAG: de 1jan73: relativo ao período de 1jan73 a 15out74 (*)


Confirma-se que a força do PAIGC que cercou Buruntuma era comandada Bobo Queta (ou Keita), sendo Eduardo Pinto muito provavelmente o comissário político. Nas entrevistas nunca é referido, por Bobo Keita, o nome de Eduardo Pinto. No supracitado relatório, avança-se com a tese da existência de 2 linhas dentro do PAIGC, no que diz respeito ao processo de transferência de soberania: (i) uma mais dura, que se manifestou no leste (com as pressões sobre Buruntuma, Canquelifá, Dunane, Camajabá, mas também Madina Mandinga, Dara, Pirada, Bajocunda, além das barragens de controlo das nossas colunas militares) e que foi protagonizada por Bobo Keita; e (ii) uma linha mais conciliatória e sensata, que terá sido seguida no sul.

Apesar de "todo o processo de retração do dispositivo e desocupação dos aquartelamentos das NT" ter sido "fértil em diferendos com os grupos das FARP ocupantes" (veja-se o caso de Buruntuma),   foi sempre possível evitar incidentes de maior, recorrendo-se ao diálogo em vez da confrontação direta. Em suma, imperou o bom senso e fez-se valer a capacidade de negociação e comunicação das duas partes.

Bobo Keita acabou por ser 'desautorizado'  por Aristides Pereira e por 'Nino' Vieira, que reprensentavam o poder político a que se deviam subordinar os operacionais do PAIGC. (Vd. a pp. 197/198, do livro do Norberto Tavares de Carvalho,  as apreciações críticas que o Keita faz sobre os defeitos de caráter do 'Nino'). 

Recorde-se, por outro lado,  que Bobo Keita é um dos três comandantes que integram a delegação do PAIGC na primeira ronda de negociações de paz em Londres (de 25 a 31 de Maio) e depois em Argel (13-14 de junho): ele representava a Frente Leste, os outros comandantes eram o Lúcio Soares (Norte) e o Umaru Jaló (Sul). O chefe da delegação era o Pedro Pires. Entretanto, a 8 de setembro Bobo Keita é o primeiro a entrar em Bissau com os seus homens (não sabemos quantos), vindos do leste. Aqui, e até à partida do último governador português do território, em 13 de outubro, a relação do Bobo com as NT parece ter sido correta e até cordial. 



Reprodução de um excerto da pág. 51 do relatório da 2ª rep (*)

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de

15 de fevereiro de 2012 >
Guiné 63/74 - P9486: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VIII): pp. 37/46

terça-feira, 26 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8607: Convívios (364): 2º Almoço-Confraternização do BCAÇ 4610/73, 3 de Setembro de 2011 em Pombal (José Romão)

1. O nosso Camarada Jaime Calado Mendes, ex-1º Cabo Escriturário da 2ª CCAÇ, do BAÇ 4610/73, Camajabá, 1973/74, enviou-nos o programa da próxima festa do seu batalhão, com pedido de publicação.

Camaradas,

Antes de mais quero enaltecer o vosso excelente trabalho em prol deste blogue.

Sou um pira de Camajabá, viajei com o Magalhães Ribeiro e muitos outros camaradas no Uíge, no regresso de Bissau a casa.

Agora quero pedir que publiquem a seguinte nota.

2º Almoço-Confraternização do BCAÇ 4610/73
3 de Setembro de 2011

Camaradas do Batalhão de Caçadores 4610/73, vai realizar-se no dia 3 de Setembro deste ano, o 2º Almoço-Confraternização no restaurante Manjar do Marquês, EN nº 1, em Pombal.

Os contactos para a inscrição no evento são:

Jaime Calado Mendes (1º Cabo Escriturário) da 2ª CCAÇ. Telef. 212 536 691 ou Telemóvel: 966 459 752.

Custódio Rodrigues (1º Cabo Escriturário) da 1ª CCAÇ. Telef. 263 853 567 ou Telemóvel: 965 766 536.

P.S. - Ainda me encontro a trabalhar e tenho pouco tempo para me inscrever na Tabanca Grande.

Jaime Mendes
1º Cabo Escriturário da 2ª CCAÇ do BCAÇ 4610/73
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Nota de MR:


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8145: Tabanca Grande (278): Jorge Manuel Magalhães Coutinho, ex-Alf Mil OpEsp/RANGER da CCS/BCAÇ 4610/73 (Piche, Bissau – 1974)




1. É com muita satisfação que acolhemos mais um Camarada que aceitou o convite para se juntar a nós - o Jorge Manuel Magalhães Coutinho -, ex-Alf Mil Op Esp/RANGER da CCS/BCAÇ 4610/73 - Piche, Bissau -, 1974.

Conta-nos ele no seu e-mail:

Embarcamos em 11 de Abril de 1974 no navio Niassa e chegamos a Bissau no dia 17, tendo seguido para o Cumeré onde ficamos instalados, com destino à frequência do habitual I.A.O. - Instrução de Aperfeiçoamento Operacional.

Duas semanas depois, deu-se o 25 de Abril e, após alguns dias, fomos destacados para fazer a segurança em Bissau, tendo aí acampado durante uns 15 dias.

Em seguida, o pessoal do meu batalhão seguiu para o cumprimento das missões para que tinha sido criado, render as companhias do BCAÇ 3883/72, que se encontravam aquarteladas no sector de Piche e que tinham terminado o seu tempo de serviço.

Porque me estavam atribuídas as funções de adjunto do Capitão - Oficial de Operações -, fiquei em Bissau para tentar arranjar transporte para um pelotão da 3ª CCAÇ, pois a situação estava muito complicada devido à grande movimentação de tropa, que se havia gerado com a entrega dos aquartelamentos ao PAIGC e as consequentes retiradas das Unidades para Bissau, a fim de aguardarem embarque para a Metrópole.
Ao fim de quase um mês, conseguimos embarque numa LDG, rumando a Bafatá e, de lá, para Nova Lamego de avião. Daí partimos para Piche em Berliets (quanta miséria e desgraça vimos nós naquele percurso!).
Em Piche, fui designado para adjunto do Comandante da Companhia e Chefe da Contabilidade (a minha especialidade civil), cabendo-me a tarefa de organizar a Cantina, o que me levou um mês, até vir de férias em Julho.
Infelizmente não tive muita oportunidade para estabelecer grande camaradagem e união com os homens do meu pelotão, tendo-se dessa parte encarregado os 3 furriéis RANGERS, já que, mesmo em Évora no RI 16, quase não convivi com eles por ter de preparar as operações de instrução.
Quando regressei ao batalhão, este encontrava-se em Bula e, daí, deslocamo-nos para Bissalanca (nos arredores de Bissau), após o que ficamos instalados nos Adidos.
Finalmente, embarcamos no Uíge em 14 de Outubro de 1974.
Em Lisboa, ainda gramei mais uns 3 ou 4 meses, a ultimar a comissão liquidatária, juntamente o 1º Sargento Afonso e com o Alferes Subhashandra Manishanker Bhatt (refiro o nome, porque achei sempre interessante ele ser de origem indiana - um homem impecável e de quem lamento ter perdido o contacto!)
Um abraço para todos,
Jorge Coutinho
Alf Mil OpEsp/RANGER da CCS/BCAÇ 4610/73
2. O nosso Camarada Jorge Coutinho é o 2º elemento do BCAÇ 4610/73 a aliar-se a esta nossa crescente tertúlia, já que contamos com a presença, desde 25 de Janeiro de 2010, do João Adelino Aves Miranda que foi 1° Cabo Radiotelegrafista da 1ª CCAÇ do BCAÇ 4610/73 e que se encontra actualmente emigrado na Alemanha.
3. Amigo RANGER Coutinho, como é habitual cabe-me a mim oferecer-te aqui, em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote, demais Camaradas tertulianos desta Tabanca Grande, os nossos melhores votos de boas-vindas e transmitir-te que ficamos a aguardar que nos contes alguns episódios da tua estadia na Guiné, que ainda recordes (dos locais, das pessoas, seus hábitos e costumes, dos combates, dos convívios, etc.) e, se tiveres mais fotografias daquele tempo, que nos as envies, para as publicarmos.

Recebe pois o nosso virtual abraço colectivo de boas vindas.
Guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
Fotografias: © Jorge Coutinho (2011). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:
18 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8124: Tabanca Grande (277): Manuel Abelha Carvalho, ex-Fur Mil OpEsp / RANGER do Pel Rec, da CCS do BART 6520/72 (Tite, 1972/74)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5822: Estórias avulsas (27): Do Cumeré a Canquelifá (João Adelino Aves Miranda, ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/73)




1. O nosso Camarada João Adelino Aves Miranda, 1° Cabo Radiotelegrafista, da 1ª Cia do BCAÇ 4610/73 - Cumeré, Canquelifá, Nhamate -, 1974, actualmente emigrado na Alemanha, enviou-nos, com data de 15 de Fevereiro de 2010, a seguinte mensagem:

Camaradas,

A minha curta passagem pela Guiné está de alguma forma preenchida de recordações, na sua maioria boas.


Do Cumeré a Canquelifá


No entanto, recordo-me, por exemplo, de que quando acabei o IAO no Cumeré e me tive de juntar ao resto da Cia, creio que em Piche, eu e outros camaradas fomos enviados para o aeroporto e, quando lá chegámos, deparámos com um NorthAtlas a voltar, de uma viagem, para trás, com um problema técnico num dos motores.

Ouvimos dizer que ia ser resolvido o problema, e que, depois do avião levar ao seu destino os soldados que nele viajavam, regressaria para nos levar a nós.

Não queiram saber o desatino que foi entre a maioria da malta, ouvindo-se aqui e ali: “Eu não entro naquele avião nem morto”.

Outros chegaram à conclusão de que, se o aparelho fosse e viesse, seria sinal de que a avaria tinha sido bem reparada.

De facto a aeronave foi e veio, e levou-nos também ao nosso destino sem problemas.

Continuo na dúvida se realmente o destino do avião era Piche ou Nova Lamego, mas estou mais inclinado para a segunda hipótese.

Logo que chegamos, tínhamos à nossa espera uma coluna auto, na qual embarcamos, e vieram avisar-nos que, muito provavelmente, iríamos encontrar ao longo da picada elementos do PAIGC, mas que, em princípio, não haveria qualquer problema, já que nesta altura estávamos no pós 25 de Abril.

Por via das dúvidas acharam melhor seguirmos com a arma em pronta a fazer fogo.

De facto encontrámos alguns elementos do PAIGC, com uma cara muito séria a olhar para nós, o que me deixou muito pouco à vontade.

Enfim, chegámos a Canquelifá e fomos recebidos pelos velhinhos como verdadeiros VIPS, tivemos direito a “reportagens televisionadas pela RTP” e tudo (estão a imaginar aquelas câmaras de televisão feitas de caixas de papelão).

Depois prestaram-nos as “honras da casa”, mostrando-nos o aquartelamento e alguns buracos no chão da parada, feitos (segundo eles nos diziam) por mísseis. Como a guerra tinha acabado, não me assustei muito.

Eu pensava, até ter lido aqui no blogue que ouve tiroteio em algumas zonas da Guiné depois do 25 de Abril, que tinham cessado completamente as hostilidades na Guiné, e dizia-o, então, a toda a gente com quem conversava.

Puro engano meu, pelo que tenho vindo a constatar.

Assim, fiz a minha estadia de um mês e sete dias, se não me falha a memória, a dormir em cima de umas tábuas durante esse período, porque os velhinhos fizeram o “favor” de levar com eles os colchões do quartel.

Durante esse tempo recebíamos a visita de soldados do PAIGC, com certeza para estabelecer os trâmites da entrega do destacamento com o nosso Capitão.

Lamento não ter fotografias dessa entrega, nem qualquer outra foto de Canquelifá.


Bissau > Bissalanca > Junto do avião > Eu em pé, à esquerda, e, ao meu lado, o Sold radiotelegrafista Guimarães, o Cantineiro da Cia (cujo nome não recordo), o 1° Cabo Operador Cripto Rijo. Em baixo, o 1° Cabo Radiotelegrafista Dinis e a seu lado o Sold Radiotelegrafista Magalhães.

Um abraço,
João Miranda
1° Cabo Radiotelegrafista da 1ª Cia, BCAÇ 4610/73


Emblema e guião de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.

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Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Guiné 63/74 - P5710: Tabanca Grande (201): João Adelino Aves Miranda, ex-1.ª Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/73 (Guiné 1974)



1. O nosso Camarada João Adelino Aves Miranda, 1° Cabo Radiotelegrafista, da 1ª CCAÇ do BCAÇ 4610/73 - Cumeré, Canquelifá, Nhamate -, 1974, actualmente emigrado na Alemanha, enviou-nos com data de 24 de Janeiro de 2010, a seguinte mensagem:


Camaradas,

Chamo-me João Adelino Aves Miranda e fui 1° Cabo Radiotelegrafista da da 1ª Companhia do BCAÇ 4610/73, Canquelifá, Nhamate, tendo embarcado no navio Niassa, no dia 9 de Abril de 74, embora o navio só tenha zarpado passados dois dias, a 11 de Abril, derivado ao atentado à bomba de que foi alvo.



Chegados à Guiné, fomos para o Cumeré, onde fizemos o IAO, e, cerca de um mês mais tarde, eu e outros especialistas seguimos num NordAtlas para Nova Lamego.


Aí chegados, transitamos para uma coluna auto que nos levou para Canquelifá, onde nos juntámos ao resto da companhia.

Sei também que estive em Nhamate.

Depois à medida que íamos entregando os destacamentos ao PAIGC, fomos regressando a Bissau, a pouco e pouco, em curtas viagens e consequentes estadias.

Mas depois irei contando o pouco que ainda me lembro. Quanto ao facto de aderir à Tabanca Grande seria uma honra se mo permitissem.

Para regressarmos a Portugal, embarcamos em Pijiguiti, no navio Uíge, em 14 de Outubro de 1974.

O mais curioso e engraçado é que tu e eu viajamos juntos, neste regresso a casa, ou seja viemos juntos para Portugal, pois segundo o que acabamos de descobrir na nossa troca de e-mails, naestat viagm do Uíge embarcaram em Bissau, 3 batalhões o meu 4610/73 (4 companhias), o 4510/73 (só com 1 companhia) e o teu 4612/74 (3 companhias).


Estou a viver na Alemanha e quando vou a Portugal de férias, fico em Torres Vedras, por isso, em relação ao nosso reencontro pessoal não fica esquecido, garanto-te.

Um abraço,
Joao Miranda
1° cabo radiotelegrafista da 1ª Cia do BCAÇ 4610/73


2. Camarada João Miranda, em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote e demais tertulianos deste blogue, quero dizer-te que é sempre com alegria que recebemos notícias de um periquito, que esteve na Guiné, e, mais ainda quando ele está na diáspora.


Tal como o Luís Graça já referiu em anteriores textos colocados em postes no blogue, eu, tu e todos aqueles que constituíram a geração dos últimos “guerreiros” do Império, temos alguma coisa a contar para memória futura e colectiva, deste período sangrento da História de Portugal, que foi a Guerra do Ultramar.

Eu, pessoalmente, costumo afirmar que entregamos, incondicionalmente, ao IN aquele pedaço de terra, onde centenas de Camaradas nossos (irmãos, primos, amigos, etc.), que haviam falecido em combate, para que alguns pudessem dizer: “Isto aqui é Portugal!”

12 anos de manutenção de um legado histórico, mantido com muito sacrifício, privação de toda a ordem, dor, sofrimento, morte…

Não apontando culpas a ninguém em especial (quem sou eu para as fazer), apenas me dói, bem no fundo da alma, ver nos últimos 35 anos o modo como os políticos portugueses tratam aqueles que, nos seus 21/22/23 anos, deram o seu melhor, como podiam e sabiam, muitas vezes mal treinados e armados, sabe Deus como alimentados e enfiados em autênticos buracos feitos no lodo em meios completamente hostis e perigosíssimos…

Aguardamos que nos contes aquilo que ainda lembras e se tiveres fotografias daquele tempo, como por exemplo da entrega dos aquartelamentos, envia-nos para publicação.

Emblema e guião de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em: