Mensagem do Vitor Junqueira:
Luís Graça;
Acabo de receber um simpático (mais um!) e-mail do Lema Santos de onde respiguei o parágrafo que se segue:
"Talvez inédito para vós, junto um pormenor da sala de visitas do Tancroal, retirada de uma carta náutica do Instituto Hidrográfico, instituição que julgo não ter ainda sido substituída em todo o brilhante trabalho feito na hidrografia da Guiné e não só" (1).
Como profissional do mar que sou (2), tenho que realçar e reforçar, se a aleivosia me for permitida, a referência que o camarada Lema Santos faz ao distintíssimo trabalho do Instituto Hidrográfico.
Como ex-combatente, entendo que todos somos devedores de uma palavra de reconhecimento a este órgão da Marinha Portuguesa, pelo "brilhante trabalho feito na hidrografia da Guiné e não só." Julgo que toda a cartografia que utilizamos durante a campanha militar naquele território foi produzida pelo Instituto Hidrográfico. Aos homens e mulheres que, através de um trabalho dedicado, paciente e quantas vezes perigoso, tornaram mais seguros os nossos passos nas matas, rios e bolanhas da Guiné, o nosso eterno muito obrigado (2).
Vitor Junqueira
___________
Notas de L.G.:
(1) Vd. post de 7 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1571: A Operação Larga Agora, o Tancroal / Porto Batu e as cartas náuticas do Instituto Hidrográfico (Lema Santos)
(2) Julgo que toda a nossa tertúlia assina por baixo, a começar pelo nosso mecenas, o Humberto Reis, que custeou a totalidade da aquisição e digitalização das cartas... O blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné tem posto à disposição dos cibernautas as velhas cartas que resultaram do levantamento efectuado nos anos 50 e 60 pela missão geo-hidrográfica da Guiné – Comandantes e oficiais do Navios Hidrográficos Mandovi e Pedro Nunes. E em todas elas (e são já cerca de 60!) , temos feito questão de prestar "a nossa homenagem aos valorosos cartógrafos militares portugueses" (vd., por exemplo, a carta de Farim). É hoje um riquíssimo património que pertence a todos, portugueses e guineenses, e que por isso deve estar alcance de todos, ao alcance de um clique.
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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quarta-feira, 7 de março de 2007
Guiné 63/74 - P1571: A Operação Larga Agora, o Tancroal / Porto Batu e as cartas náuticas do Instituto Hidrográfico (Lema Santos)
Guiné > Carta hidrográfica do Rio Cacheu (excerto), com destaque para a região do Tancroal/Porto Batu (assinalada com um círculo a vermelho) e a foz do Rio Olossato, afluente do Cacheu (círculo a verde). Amabilidade do nosso tertuliano Manuel Lema Santos. Compare-se com a carta de Binta.
Foto: © Manuel Lema Santos (2007). Direitos reservados.
Guiné > Região do Cacheu > Rio Cacheu > A Lancha de Fiscalização Grande (LFG) a navegar no Cacheu em Janeiro de 1967.
Foto: © Manuel Lema Santos (2006). Direitos reservados.
Mensagem do Manuel Lema Santos, ex-1º tenente da reserva naval (1965-1972), que serviu como Imediato no NRP Orion (Guiné, 1966/68)(1).
Prezado Amigo e Camarada Vítor Junqueira:
A melhor escrita é como o vinho de boa qualidade. Tem sempre na origem uma boa cepa! Que a inspiração marque sempre, como no relato da tua visão da operação Larga Agora (2) , a mão com que escreves. Dispensa aditamentos, comentários e classificá-la-ia, em termos de meios envolvidos, como autêntica manga de ronco. Quanto a resultados conseguidos e, como muito bem afirmas, no dia seguinte estavam lá outra vez à espera, impiedosamente.
Os meios utilizados na recepção eram sempre os mais convincentes: RPG preferencialmente, embora houvesse a preocupação de nos agraciar com outro tipo de ruidosas condecorações. Essa marcada costela hospitaleira vinha já de 1966, ano em que, como velhos conhecidos, já éramos recebidos como habituais visitas da casa.
Talvez inédito para vós, junto um pormenor da sala de visitas do Tancroal, retirada de uma carta náutica do Instituto Hidrográfico, instituição que julgo não ter ainda sido substituída em todo o brilhante trabalho feito na hidrografia da Guiné e não só. Para nós, foi Bíblia. Reparem como, junto à foz do rio Olossato, com aquela largura exígua de rio, eram possíveis 16 m de profundidade!
Em meados de 1971 e só no decorrer desse ano, o número de ataques à Marinha já ultrapassava a dúzia e meia.
Quanto à dedicatória (2), julgo não a merecer de todo mas, sentindo-me lisonjeado, prefiro reendereçá-la aos Camaradas que lá caíram ao longo dos anos e foram alguns, mesmo na Marinha do ar condicionado.
Tenho limitado a minha intervenção no blogue a alguns retalhos soltos mas a incapacidade pessoal de gerir o tempo disponível e as solicitações responsáveis que assumi relativamente à Reserva Naval e LFG como a Orion deixam-me sem margem para me candidatar a alastrativo.
A seu tempo, espero ir enviando ao Luís Graça, que me está a ouvir, alguns retalhos ilustrados do que representou para a Marinha o imenso rio Cacheu, onde se inclui essa tão interessante, na tua convincente descrição, como de má memória para nós, região do Tancroal/Porto Batu.
Dispõe e não deixes acabar a tinta no teclado!
Um abraço,
Manuel Lema Santos
Nota - Caso o relatório final completo da operação tenha para vós algum interesse - e caso não disponham dele - julgo poder disponibilizá-lo; os destacamentos de FZE [Fuzileiros Especiais] que também participaram (DFE4, DFE12 e DFE13) integravam, todos eles, além de oficiais do quadro permanente, oficiais da Reserva Naval, como eu.
Prezado Amigo e Camarada Vítor Junqueira:
A melhor escrita é como o vinho de boa qualidade. Tem sempre na origem uma boa cepa! Que a inspiração marque sempre, como no relato da tua visão da operação Larga Agora (2) , a mão com que escreves. Dispensa aditamentos, comentários e classificá-la-ia, em termos de meios envolvidos, como autêntica manga de ronco. Quanto a resultados conseguidos e, como muito bem afirmas, no dia seguinte estavam lá outra vez à espera, impiedosamente.
Os meios utilizados na recepção eram sempre os mais convincentes: RPG preferencialmente, embora houvesse a preocupação de nos agraciar com outro tipo de ruidosas condecorações. Essa marcada costela hospitaleira vinha já de 1966, ano em que, como velhos conhecidos, já éramos recebidos como habituais visitas da casa.
Talvez inédito para vós, junto um pormenor da sala de visitas do Tancroal, retirada de uma carta náutica do Instituto Hidrográfico, instituição que julgo não ter ainda sido substituída em todo o brilhante trabalho feito na hidrografia da Guiné e não só. Para nós, foi Bíblia. Reparem como, junto à foz do rio Olossato, com aquela largura exígua de rio, eram possíveis 16 m de profundidade!
Em meados de 1971 e só no decorrer desse ano, o número de ataques à Marinha já ultrapassava a dúzia e meia.
Quanto à dedicatória (2), julgo não a merecer de todo mas, sentindo-me lisonjeado, prefiro reendereçá-la aos Camaradas que lá caíram ao longo dos anos e foram alguns, mesmo na Marinha do ar condicionado.
Tenho limitado a minha intervenção no blogue a alguns retalhos soltos mas a incapacidade pessoal de gerir o tempo disponível e as solicitações responsáveis que assumi relativamente à Reserva Naval e LFG como a Orion deixam-me sem margem para me candidatar a alastrativo.
A seu tempo, espero ir enviando ao Luís Graça, que me está a ouvir, alguns retalhos ilustrados do que representou para a Marinha o imenso rio Cacheu, onde se inclui essa tão interessante, na tua convincente descrição, como de má memória para nós, região do Tancroal/Porto Batu.
Dispõe e não deixes acabar a tinta no teclado!
Um abraço,
Manuel Lema Santos
Nota - Caso o relatório final completo da operação tenha para vós algum interesse - e caso não disponham dele - julgo poder disponibilizá-lo; os destacamentos de FZE [Fuzileiros Especiais] que também participaram (DFE4, DFE12 e DFE13) integravam, todos eles, além de oficiais do quadro permanente, oficiais da Reserva Naval, como eu.
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Notas de L.G.:
(1) Vd. post de 21 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXIII: Apresenta-se o Imediato da NRP Orion (1966/68) e 1º tenente da reserva naval Lema Santos
(2) Vd. post de 6 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1567: Operação Larga Agora, na região do Tancroal, com a CCAÇ 2753 (Vitor Junqueira)
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