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terça-feira, 26 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24700: Facebook...ando (36): António Medina, um bravo nativo da ilha de Santo Antão, que foi fur mil na CART 527 (1963/65), trabalhou no BNU em Bissau (1967/74) e emigrou para os EUA, em 1980, fazendo hoje parte da grande diáspora lusófona - Parte I: da Ribeira Grande a Mafra e Tavira, e de Lamego a Bissau


Cabo Verde > Ilha de Santo Antão > Foto tirada na varanda da nossa casa com o meu saudoso pai e minhas duas queridas irmãs, Maria Fernanda e Candida Julieta | 2 de Dezembro de 2013
 


Cabo Verde > São Vicente > Mindelo >   Já lá vão 54 anos que esta foto foi tirada à frente do Liceu Gil Eanes, 1959. Refere-se à turma do quinto ano B. Infelizmente alguns desses colegas já não pertencem a este mundo pelo que aqui mesmo presto a minha sincera homenagem e uma eterna saudade da boa camaradagem vivida. | 4 de Dezembro de 2013.


Cabo Verde > Ilha de Santo Antão > Ribeira Grande  > Um grupo de amigos. Nesta foto se vê dois irmãos meus, o Fausto e o CésarAlberto | 3 de Dezembro de 2012 .


Portugal > Lamego > 1963 (na altura em passou pelo Centro de Operações Especiais de Lamego) | 3 de Dezembro de 2012 


Guiné > Bissau > c. 1967/74 > Colegas do BNU, a Esplanada do Restaurante Solmar | 3 de Dezembro de 2012 


Guiné > Bissau > c< 1967/74 >  Com um velho amigo em Bissau | 3 de Dezembro de 2012


Guiné Bissau > Nhacra | 3 de Dezembro de 2012 

Fotos  (e legendas): © António Medina (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné.]


1. Seleção de fotos do nosso camarada Antonio Càndido da Silva. Medina, para a série "Facebook... ando" (*):

(i) ex-fur mil inf, CART 527 (Teixeira Pinto, Bachile, Calequisse, Cacheu, Pelundo, Jolmete e Caió, 1963/65);

(ii)  natural de Santo Antão, Cabo Verde;

(iii)  estudou no Licei Gil Eanes, no Mondelo, São Vicente; 

(iv)  foi funcionário do Banco Nacional Ultramarino (BNU), Bissau, de 1967 a 1974; 

(v) emigrou para os EUA onde trabalhar, de 1989 a 2005, no East Cambridge Savings Banl  (como  Assist Vice President);


(vii) tem página no Facebook (António Medina)

(viii) faz anos hoje, 26 de setembro,
 

 2. O António Medina tem mais de 3 dezenas de referências no nosso blogue, tendo-se apresentado a à Tabanca Grande, em 15/2/2014,  nestes termos: 

(...) Sou de Infantaria com a especialidade de Atirador, tendo frequentado em 1961 a Escola Prática de Infantaria em Mafra e o Centro de Instrução de Sargentos Milicianos em Tavira.

Dei instrução no Regimento de Infantaria 10 em Aveiro, seguindo em 1962 para Cabo Verde, donde sou natural, para mais tarde (1963) ser mobilizado.

Regressei a Portugal para o Centro de Operações Especiais em Lamego.  para depois seguir para a Guiné, fazendo parte da Companhia de Intervenção - Artilharia,  CART 527.

O meu batismo de fogo foi em Fajonquito quando estávamos estacionados no Olossato.

Convém mencionar que depois de terminada a comissão,  regressei à Guine onde fui admitido como empregado bancário em Bissau. Dez anos depois, e com a Independência, segui para Lisboa como bancário.

Hoje sou imigrante nos USA desde 1980, residindo no Estado de Massachusetts.(...)
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 15 de setembro de 2023 >  Guiné 61/74 - P24655: Facebook...ando (35): A "morança" do pessoal do 19º Pel Art (obus 14), em Buba, onde se comia o melhor petisco da região, búzios de cebolada (António Alves da Cruz, ex-fur mil at inf, 1ª C/BCAÇ 45613/72, Bula, 1973/74)
 
(**) Vd. poste de  26 de setembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24699: Parabéns a você (2210): Amílcar Mendes, ex-1.º Cabo Comando da 38.ª CComandos (Guiné, 1972/74) e António Medina, ex-Fur Mil Art da CART 527 (Teixeira Pinto, 1963/65)

terça-feira, 18 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17256: Meu pai, meu velho, meu camarada (55): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1.º cabo, 1.ª Comp /1.º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto Silva Santos) - Parte VI (e última): a seca, a fome, a miséria na ilha de Santo Antão



Foto nº 28 A


Cabo Verde > Ilha de Santo Antão > 1943 > "A fome, a miséria"...  (Foto nº 28)


[Este é  o retrato das condições miseráveis em que vivia grande parte da população, no interior da ilha de Santo Antão... Em 1940 e depois em 1942 e anos seguintes a seca prolongada foi responsável por uma das maiores catástrofes demográficas da história de Cabo Verde: este é o pano de fundo do romance "Hora di Bai", publicado em 1962, pelo escritor português Manuel Ferreira (Gândara dos Olivais, Leiria, 1917-Linda a Velha, Oeiras, 1994), também ele mobilizado como expedicionário em 1941, com o posto de furriel.  (*)

[Manuel Ferreira (, foto à esquerda, com a devida vénia ao blogue Literatura Colonial Portuguesa), é também autor, entre outros,  de "Morna" (1948), livro de contos,  e "Morabeza" (1958), romance, obras depois reunidas em 1972 num único volume, "Terra Trazida".

[Depois do 25 de Abril de 1974, Manuel Ferreira fez carreira académica, e nomeadamente leccionou  na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde introduziu a cadeira Literatura Africana em Língua Portuguesa. É autor de inúmeros ensaios e de publicações nesta área: destaque para a sua obra "Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa" (editada em dois volumes, pelo ICALP, em 1977). Celebra-se este ano o 1º centenário do seu nascimento, estando a sua cidade, Leiria, a preparar uma exposição a cargo do professor e investigador João B. Serra].


Cabo Verde > Ilha de Santo Antão > 1943 > Foto nº 27 > "A fome, a miséria"... A grande seca de 1943 foi evocada no romance de Manuel Ferreira, ele próprio expedicionário, "Hora di Bai"... O título diz tudo sobre o dramático dilema que enfrentava o cabo-verdiano de ontem (e de hoje): a vontade de ficar, a necessidade imperiosa de partir... 




Cabo Verde > Ilha de Santo Antão > 1943 > Foto nº 29>  "Feiticeiro"



Cabo Verde > Ilha de Santo Antão > 1943 > Foto nº 26 > "Pesca de um grande tubarão"



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 1943 > Foto nº 33 > "Tartaruga que deu à costa".


Fotos (e legendas): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Sexta (e última parte) do álbum fotográfico do pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73, tendo antes da tropa trabalhado na marinha mercante, e nomeadamente nos navios de transporte de tropas para o ultramar).

Recorde-se que o Augusto Silva Santos disponibilizou, ao nosso editor Luís Graça (que também teve o pai, Luís Henriques, 1920-2012, como expedicionário na Ilha de São Vicente), 33 fotos, digitalizadas, do seu pai, Feliciano Delfim Santos (1922-1989) [, foto à direita] e dos seus camaradas da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11 (Setúbal), que estiveram na ilha do Sal, aquartelados em Pedra de Lume, entre meados de 1941 e 15 de março de 1943 , e o resto do tempo, até final de 1943, na ilha de Santo Antão (*).

Os "expedicionários do Onze" partiram do Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, no vapor "João Belo", a 16 de junho de 1941, com desembarque na Praia, ilha de Santiago, a 23 do mesmo mês. Estiveram grande parte do tempo (cerca de 20 meses) na então desoladora ilha do Sal, em missão de soberania, em plena II Guerra Mundial.

As últimas fotos, que publicamos hoje, são da ilha de Santo Antão (fotos nºs 26, 27, 28, 29).  A foto nº 33 é da ilha de São Vicente, bem como as fotos nºs 30, 31 e 32 (já publicadas no poste P17002, de 30/1/2017).(*)

No final da comissão, o pessoal do "Onze" fez um passagem pela ilha de Santo Antão (de meados de março a dezembro de 1943), para retemperar forças antes do regresso a casa. Ao todo estes "nossos pais, nossos velhos e nossos camaradas" cumpriram cerca de dois anos e meio de comissão de serviço em Cabo Verde. O RI 11 teve 16 mortos por doença na ilha do Sal. 

Segundo o nosso camarada Augusto Silva Santos, o seu pai, na sua passagem pelo Sal e por Santo Antão, chegou a  viver maritalmente com uma cabo-verdiana,  de seu nome Maria Helena Almeida, de quem viria a ter um filho chamado Fernando Almeida Santos (hoje teria 75 anos de idade). Ambos faleceram prematuramente por doença, sem que ele os pudesse valer. (**)
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Notas do editor:

(*) Postes anteriores da série >

20 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17064: Meu pai, meu velho, meu camarada (54): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1.º cabo, 1.ª Comp /1.º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto Silva Santos) - Parte V: Restos de espólio: o orgulho de ter pertencido ao Onze... E mais duas fotos de Pedra de Lume

10 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17039: Meu pai, meu velho, meu camarada (53): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1.º cabo, 1.ª Comp /1.º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto Silva Santos) - Parte IV: Ilha do Sal, Feijoal

2 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17016: Meu pai, meu velho, meu camarada (52): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1º cabo, 1º Comp /1º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto Silva Santos) - Parte III: Fotos de Pedra Lume, Morro Curral e Espargos, na ilha do Sal

30 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17002: Meu pai, meu velho, meu camarada (51): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1º cabo, 1º Comp /1º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto Silva Santos) - Parte II: "Colá San Jon", na Ribeira de Julião, ilha de São Vicente, 1943


terça-feira, 4 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17205: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte X: Foram mil e regressaram menos de quinhentos... Recordações do Fernando Pais, emigrado nos Estados Unidos da América





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1. Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE ref José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à direita].(*)

José Rebelo, capitão SGE reformado, foi em plena II Guerra Mundial um dos jovens expedicionários do RI I1, que partiu para Cabo Verde, em missão de soberania, então com o posto de furriel (1º batalhão, RI 11, Ilha de São Vicente, ilha do Sal e ilha de Santo Antão, junho de 1941/ dezembro de 1943).

O nosso camarada Manuel Amaro diz do José Rebelo:

(...) "Por volta de 1960, fez a Escola de Sargentos, em Águeda e, após promoção a alferes, comandou a Guarda Nacional Republicana em Tavira, até 1968. Como homem de cultura, colaborava semanalmente, no jornal "Povo Algarvio", onde o conheci, pessoalmente. Em 1969, já capitão, era o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa." (...).

Não temos informações atualizadas sobre este nosso velho camarada que é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão. É pouco provável que ainda hoje seja vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. No caso de já ter morrido, estamos a honrar a sua memória e a dos seus camaradas, onde se incluiram os pais de alguns de nós, mobilizados para Cabo Verde, por este e por outros regimentos.

A brochura, de grande interesse documental, e que estamos a reproduzir, é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).


[Foto, à direita,  do então furriel José Rebelo, expedicionário do 1º batalhão do RI 11]


Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, dos antigos expedicionários ainda vivos, tem 76 páginas, inumeradas. Por se tratar de zincogravuras, a qualidade das imagens que reproduzimos, infelizmente, é fraca ou muito fraca.

O batalhão expedicionário do RI 11, Setúbal, com pessoal basicamente originário do distrito, partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santiago, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.

As páginas que publicamos hoje [de 42 a 45] não vêm numeradas no livro. Destaque para a transcrição de um excerto do diário de um dos expedicionários, Fernando Pais (, entretanto emigrado na América):

"(...) A Ilha [do Sal] é seca, árida e arienta, outras vezes parece terra queimada, da sua origem vulcânica; andamos mil metros, temos a visão da miragem; depois essa miragem desaparece. Aqui não há hortaliças, nem legumes nem frutas, pois que ela não possui água, dado que não chove. A que existe  em pequena quantidade é salobra e salgada; os meus companheiros diziam que ela era boa, digestiva e purgativa, mas no fim de uns três dias tivemos que a deixar, pois as diarreias  de sangue e as fortes dores intestinais e depois as baixas à Enfermaria, onde os medicamentos próprios não abundavan, a tal nos obrigavam.

"Parece que a desolação e a morte caíram sobre algumas palhotas que enconteri num pequeno morro ao norte da Terra Boa, isto entre a Palmeira e a Pedra Lume" (...)

Para além de 16 mortos, o batalhão expedicionário do RI 11 terá tido um número impressionante de baixas por doença, cerca de metade, segundo o depoimento do nosso autor, o José Rebelo.Ao fim de 20 meses de permanência na Ilha do Sal, e na véspera de partir para a Ilha de Santo Antão, os expedicionários doOnze estavam reduzido a 16 oficiais, 22 sargentos e 460 praças...

Hoje quem escolhe a "ilha paradisíaca do Sal" como destino turístico, não faz a mínima ideia do que era esta "terra do demo" (José Rebelo) há três quartos de século atrás...

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Nota do editor:

segunda-feira, 13 de março de 2017

Guiné 61/74 - P17133: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte VI: 16 mortos, devido a doença e desnutrição, ficaram no cemitério da vila de Santa Maria


Cabo Verde > Ilha de Santo Antão > 1943 > "A fome, a miséria"... A grande seca de 1943 foi evoacad no romance de Manuel Ferreiar, ele próprio expedicionario, "Hora di Bai"... O próprio título diz tudo sobre o dramático dilema que enfrentava o cabo-verdiano de ontem (e de hoje): a vontade de ficar, a necessidade imperiosa de partir... [Foto do álbum  do pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos, o então 1º cabo  Feliciano Delfim Santos (1922-1989), da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11]

Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Cemitério de Mindelo > 1943 > Foto do álbum de Luís Henriques (1920-2012), ex-1º Cabo nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5. Esteve em Cabo Verde, no Lazareto, na Ilha de São Vicente, entre 1941/43.

Legenda no verso da foto: "Justa homenagem àqueles que dormem o sono eterno na terra fria. Companheiros de expedição os quais Deus chamou ao Juízo Final. Pessoal da A[nti] Aérea depois das cerimónias desfila fazendo continência às sepulturas dos companheiros. Oferecido pelo meu amigo Boaventura [Horta, conterrâneo, da Louri nhã,]  no dia 17-8-1943, dia em que fiquei livre da junta (hospitalar). Luís Henriques".

Foto (e legenda): © Luís Graça (2005).  Todos os direitos reservados. [Edição do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.



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1. Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do Capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à direita].(*)

José Rebelo, Capitão SGE reformado, foi em 1941/43 um dos jovens expedicionários do RI I1, então com o posto de furriel. Não sabemos se ainda hoje é vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. Em qualquer dos casos, este nosso velho camarada é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão. E, se já morreu, estamos a honrar a sua memória e a dos seus camaradas, onde se incluiram os pais de alguns de nós.

O nosso camarada Manuel Amaro diz do José Rebelo: (...) "Por volta de 1960, fez a Escola de Sargentos, em Águeda e,  após promoção a alferes, comandou a Guarda Nacional Republicana em Tavira, até 1968. Como homem de cultura, colaborava semanalmente, no jornal "Povo Algarvio", onde o conheci, pessoalmente. Em 1969, já capitão, era o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa." (...)

A brochura, de grande interesse documental,  e que estamos a reproduzir,  é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).

[Foto á direita: o então furriel José Rebelo, expedicionário do 1º batalhão
do RI 11]


Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, tem 76 páginas, inumeradas.


O batalhão expedicionário do Onze [RI 11, Setúbal] partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santigao, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.

Sabemos, por este cronista (*), que os "expedicionários do Onze" tinham um grupo cénico-musical que fez espectáculos nas ilhas por onde passou (São Vicente, Sal e Santo Antão), revertendo as reeitas para apoio às populações carenciadas, sobretudo de Santo Antão, tragicamente afetadas pela seca e pela fome que então assolava as ilhas, em plena II Guerra Mundial. 

Na ilha do Sal não chovia há cinco anos e os militares do Onze sofreram graves problemas de desnutrição. 16 expedicionários ficaram sepultados no cemitério da vila de Santa Maria, no Sal. [Na realidade, e segundo lista publicada pelo  nosso colaborador permanente José Martins, são 28 os militares inumados no cemitério de Santa Catarina, na  Ilha do Sal, durante a II Guerra Mundial, de 1941 a 1944]. Conferindo as listas e as datas, os nomes dos mortos do RI 11  seriam estes 15 mais 1 (Manuel Joaquim Marques, que não consta da lista do José Martins), falecidos entre 8/8/1941 e 16/1/1943


ALBINO FERREIRA - soldado, falecido em 8 de agosto de 1941

ABILIO A[BREU] DA FONSECA - 1º cabo, falecido em 22 de agosto de 1941

JOSÉ SIMÕES VAZ - Soldado, falecido em 12 de outubro de 1941

ÁLVARO PEREIRA BASTOS - Soldado, falecido em 19 de outubro de 1941

BERNARDINO DA SILVA CURADO [ou Covado, nalista do José Martins] - Soldado, falecido em 6 de novembro de 1941 

MANUEL COSTA - 1º cabo, falecido em 12 de novembro de 1941

CUSTÓDIO DE OLIVEIRA COXO - Soldado, falecido em 17 de novembro de 1941

JACINTO PEREIRA TEIXEIRA - Soldado, falecido em 22 de novembro de 1941

FLORINDO MIRANDA NOGUEIRA - Soldado, falecido em 28 de novembro de 1941

CARLOS MARIA DA SILVA - 1º cabo, falecido em 24 de dezembro de 1941

ANTÓNIO DA PIEDADE GOMES - Soldado, falecido em 15 de fevereiro de 1942

JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA - Soldado, falecido em 3 de Março de 1942

ADELINO DE ALMEIDA MATEUS [, Martins, na lista do José Martins] - Soldado, falecido em 22 de Abril de 1942

ÁLVARO GUERRA - 1º cabo, falecido em 9 de Maio de 1942

ARMANDO AUGUSTO DOS SANTOS - Soldado, falecido em 16 de Janeiro de 1943



"Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.)


Parte IV (pp. 26-30)



[26]


[27/28]
[29]

[Continua]

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17076: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte IV: por castigo ("falta de brio e aprumo" de alguns militares no desfile de embarque!...) , o 1.º Batalhão do Onze é impedido de ostentar a Bandeira do Exército Português... (O cmdt do Onze era o cor inf Florentino Coelho Martins, um português da "escola de Mouzinho")... Na ilha do Sal, "a vida e a morte lá iam decorrendo"...


Cabo Verde > Ilha de Santo Antão > 19943 > "Pesca de um grande tubarão". Foto nº 26 do álbum fotográfico de Feliciano Delofim Santos (1922-1989), ex-1º cabo expediionário, 1ª compangia, 1º batalhão, RI 11 (Ilha do Sal e Ilha de Santo Antão, 1941/43), pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73)

Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

[20]


"Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.)

Parte IV (pp. 19-20)



[19]



[20]

(Continua)


Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do Capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à esquerda].(*)

O autor é José Rebelo, Capitão SGE que foi em 1941/43 um dos jovens expedicionários do RI I1, então com o posto de furriel. Não sabemos se ainda hoje é vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. Em qualquer dos casos, este nosso velho camarada é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão.

O nosso camarada Manuel Amaro diz-nos que o conheceu pessoalmente: (...) "Por volta de 1960, fez a Escola de Sargentos, em Águeda e após promoção a alferes, comandou a Guarda Nacional Republicana em Tavira, até 1968. Como homem de cultura, colaborava semanalmente, no jornal "Povo Algarvio", onde o conheci, pessoalmente. Em 1969, já capitão, era o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa." (...)

O então furriel José Rebelo,
expedicionário do 1º batalhão
 do RI 11
A brochura que estamos a reproduzir é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73) (*)

Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, tem 76 páginas, inumeradas.

O batalhão expedicionário do Onze partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santigao, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.

No texto acima há referência a um castigo ao RI 11, impedido de usar a Bandeira do Exército Português, por alegada falta de aprumo, disciplina e brio de alguns militares durante o desfile de embarque a que a um ministro (não se diz qual) assistiu... O autor da brochura, o Cap  SGE José Rebelo, sugere que a punição também seria devida ao facto de o comandante do Onze, "um homem com H", não jogar no mesmo clube (sic) do ministro... Ou seja, devia ser um militar republicano (, era alferes em 1911 no BCAÇ 5), que não devia morrer de amores pelo  Estado Novo...

Na altura, o ministro do exército (ou da guerra) era o próprio Salazar, que acumulava, interinamente (1936-1944),  com o cargo de Presidente do Conselho... mas que não é crível que estivesse presente da cerimónia de despedida...

O comandante do Onze era o Coronel de Infantaria Florentino Coelho Martins, "que era daqueles portugueses da 'Escola de Mouzinho' " (sic) (página, inumerada, 1). O Comandante do Batalhão Expedicionário era o Major Abel Alfredo da Costa.

Na comunicação social (ou, pelo menos, no "Diário de Lisboa") não há notícia deste embarque de tropas para Cabo Verde.
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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17062: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte III: Mobilização do batalhão e composição das companhias (3)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16970: Em busca de... (272): Meu avô paterno, português, de seu nome Armindo da Luz (ou Cruz?) Ferreira, ex-1.° cabo n.° 300, 1.° Batalhão Expedicionário do RI 11 (Cabo Verde, Ilha do Sal e Ilha de Santo Antão, junho de 1941 - dezembro de 1943)... (Albertina Gomes, médica, Noruega)


O navio a vapor "João Belo" que transportou, em junho de 1941, o pessoal do 1.º batalhão  expedicionário do RI II (Ilha do Sal, 1941/43)


Cabo Verde >Ilha do Sal > 1942 > O Feliciano Delfim Santos (1922-1989), 1.º cabo, 1.ª Companhia, 1.º Batalhão, RI 11, à direita, com outro 1.º cabo, de que se desconhece a identidade.

Fotos (e legendas): © Augusto Silva Santos (2012). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem da nossa leitora Albertina Gomes, médica, a viver e a trabalhar na Noruega:

Data: 19 de janeiro de 2017 às 08:39

Assunto: Procuro dados ou família do ex-1°cabo n° 300 /1° Bat Exp do RI 11, Cabo Verde em 1941-1944

Sr. Luís Graça,

Com muito respeito venho por este meio contactar o senhor após ter lido o seu blog onde relata sobre o seu amigo e pai que foi um ex-expedicionário a Cabo Verde na II Guerra Mundial.

O assunto me interessa bastante assim como ao meu pai que ė filho de um ex-expedicionário a
Cabo Verde na mesma altura que o seu pai permaneceu nesse arquipélago.

Vou me apresentar: Albertina da Conceição Gomes, médica patologista, residente em Noruega, filha de Armindo Maria Gomes.

Estou à  procura de algum dado que me leve a conhecer mais a história ou família do meu avô paterno. As únicas informações que o meu pai, com 74 anos, tem do pai dele são estas:

(i) Armindo da Luz Ferreira, ex- 1° cabo n° 300,
companhia 11 [?], no período 1941-1944 (1943?)

(ii) foi colocado na Ilha do Sal (na altura tinha 21 ou 22 anos);

(iii)  meses antes do regresso a Portugal, esteve na Ilha de Santo Antão com a minha avó e o meu pai, na altura meu pai tinha 16 ou 18 meses.

Foi o pai dele que lhe pôs o nome de Armindo e que em casa devia ser chamado por Salvador (em honra do irmão mais velho do meu avô).

Numa das viagens que o meu pai fez a São Tomé,  conheceu um médico que foi grande amigo e ex-companheiro de serviço em Cabo Verde. Segundo esse amigo, o meu avô se chamava ou chama Armindo da Cruz Ferreira. Quando o meu pai viajou a Portugal, na tentativa de conhecer o pai,  não encontraram nenhum registo com esse nome de Armindo da Cruz Ferreira.

Agradeceria se pudesse ajudar-me em encontrar alguma pista do meu avô ou família.

Saudações,
Albertina Gomes.


2. Resposta do editor:

Cara amiga e doutora Albertina Gomes: as minhas melhores saudações, e votos de que  consiga as informações que procura, incluindo o contacto da família do seu avô, aqui em Portugal e em Cabo Verde. Da nossa parte, ficamos muito sensibilizados pela sua mensagem. Vamos ver em que é pudemos ajudar.

Temos um camarada nosso, membro deste blogue, Augusto Silva Santos, cujo pai, Feliciano Delfim dos Santos, era também 1º cabo e pertencia ao 1º  batalhão do Regimento de Infantaria nº 11 [, RI 11, de Setúbal, ] que esteve na Ilha do Sal, com passagem pelas ilhas de  Santiago e Santo Antão, entre 1941 e 1943. Veja aqui, se é que não viu já. o nosso poste P9674 (*).

Vou pô-la em contacto com o meu camarada Augusto Silva Santos, ele poderá ter mais informação do que aquela que publicou no poste P9674. Infelizmente, o pai do Augusto, já morreu, em 1989. (Nasceu em 1922, deveria pois ser da mesma idade do seu avô Armindo, e seguramente que se conheciam, e muito provavelmente até pertenciam à mesma companhia, 1 ª; em princípio, um batalhão tem 4 companhias, de cerca de 150/160 homens cada uma: a companhia do seu avó deve ser a 1ª e não a 11ª, que em princípio não existiria). O percurso do Feliciano Delfim deve ter sido o mesmo: ambos eram 1ºs cabos, embora pudessem não ter a mesma especialidade.

Vejamos, sumariamente, o que diz o meu camarada a respeito da vida na tropa do pai dele:

(i) nasceu em 1922, em Lisboa;

(ii) terminou a recruta em julho de 1940, no RI 11, Setúbal;

(iii) frequentou posteriormente a escola de cabos;

(iv) foi 1º  cabo, com a especialidade de Observador Telemetrista;

(v) foi mobilizado para fazer parte do 1º Batalhão Expedicionário do RI 11 (Setúbal)  / 1ª Companhia, com destino à então colónia de Cabo Verde, durante o período da 2ª guerra mundial;

(v) em meados de junho de 1941, já com mais de um ano de tropa, embarcou no navio a vapor "João Belo", tendo desembarcado na cidade da Praia, ilha de Santiago, a 23 do mesmo mês;

(vi) o Batalhão viria a ser colocado na ilha do Sal, a mais inóspita de todas as ilhas do arquipélago, "onde já não chovia há 5 anos, não havia árvores, água potável, fruta, e legumes frescos";

(vii) transitou também por outras ilhas  (Santo Antão e S. Vicente), onde a água potável para consumo diário era igualmente racionada (não chegando a um cantil) e, para banhos, só havia água salgada;

(viii) dos cerca de mil  homens que inicialmente compunham as forças do RI 11 (1º batalhão  mais a companhia de comando regimental), no final só viriam oficialmente a regressar à metrópole,  incorporados no mesmo, cerca de 500: morreram na missão perto de 20 militares (todos eles por doença), e os restantes foram regressando antecipadamente por baixa médica, na sequência das mais diversas doenças (escorbuto, tifo, paludismo, anemia, disenteria, tuberculose, doenças venéreas, etc.);

(ix) regressou à Metrópole  no início de dezembro de 1943, e a passagem à disponibilidade (, ou seja, à vida civil) foi no final do mesmo mês, ao fim de uma comissão de serviço de 30 meses (dois anos e meio: junho de 1941 / dezembro de 1943).

Cara Albertina, entre estas duas datas (junho de 1941 e dezembro de 1943), nasceu o seu pai, que esteve com o seu avô e a sua avó na ilha de Santo Antão, "meses antes do regresso a Portugal"; se o seu pai tinha 16/18 meses, o seu avô deve ter conhecido a sua avó no ano de 1942, e muito provavelmente na ilha do Sal (onde o 1º batalhão expedicionário do RI 11 passou a maior parte do tempo, se não mesmo a totalidade).

A sua avó será da ilha de Santo Antão, o seu avô deve ser do sul de Portugal, talvez Alentejo, ou até de Lisboa (como o Feliciano Delfim), tendo sido mobilizado pelo RI 11, de Setúbal.

Deixe-me ser sincero consigo: a probabilidade de o seu avô  ainda estar vivo é pequena, tendo em conta o ano do seu nascimento e a esperança média de vida da sua geração, embora eu ainda conheça alguns, raros, homens desse tempo... O meu pai, nascido em 1920 e também mobilizado nessa época para o Mindelo, por exemplo, morreu aos 92 anos, mas ainda tem um camarada vivo, com cerca de  97 anos, com quem costumavam ir aos convívios anuais do pessoal expedicionário  do RI 5,  nas Caldas da Rainha.

Também o Feliciano Delfim Santos "na sua passagem por aquelas terras, chegou a viver maritalmente com uma local, de seu nome Maria Helena Almeida, de quem viria a ter um filho chamado Fernando Almeida Santos" (...). Ambos faleceram prematuramente por doença, muito provavelmente na sequência da seca e da fome que assolaram  tragicamente  as ilhas naquela época. (*)

O pai do meu amigo e camarada Augusto Silva Santos morreu, precocemente, aos 66 anos, reformado como  civil da Marinha de Guerra portuguesa. 

Quanto ao meu pai,  Luís Henriques (1920-2012), também ele era 1º cabo, tendo estado como expedicionário,  nesta época,  em Cabo Verde,  no Mindelo, ilha de São Vicente, mas pertencia a outra unidade, o 1º batalhão do RI 5, Caldas da Rainha.  Portanto, não é uma boa pista para chegar ao paradeiro do seu avô Armindo. A maior parte das forças expedicionárias, mobilizadas para Cabo Verde, na II Guerra Mundial, concentravam-se no Mindelo.

Haverá mais informação a explorar no Arquivo Histórico Militar, do Exército Português, em Lisboa, mas de momento não tenho qualquer disponibilidade para passar por lá e fazer mais pesquisas na Net. A informação que  partilhamos consigo é toda ela oriunda do nosso blogue.

Outro camarada nosso que poderá ajudar a dra. Albertina Gomes é o Adriano Miranda Lima, natural de Mindelo, São Vicente, coronel de infantaria na reforma, residente em Tomar, que tem escrito no nosso blogue e noutros blogues sobre este período e as tropas expedicionárias portuguesas. Vou pô-la também em contacto com este camarada e com o nosso colaborador permanente, José Martins, que tem informação preciosa sobre os nossos mortos desta época (**) bem como sobre o dispositivo militar em Cabo Verde (***).

Para já, tudo indica que o seu avô tenha regressado vivo a Portugal. Para localizar a família, era importante saber a terra ou região da sua naturalidade.

Segundo o trabalho de pesquisa do nosso camarada José Martins, o número total de expedicionários metropolitanos em Cabo Verde, durante a II Guerra Mundial, era superior a 6300, mais de metade dos quais (cerca de 53%) estavam concentrados numa só ilha, a ilha de São Vicente, dado o seu interesse estratégico (porto atlântico ligando a Europa com a América Latina, a par dos cabos submarinos, na baía do Mindelo). O resto distribuía-se pela ilha do Sal (35,3%) e pela ilha de Santo Antão (11,8%). No Sal, o RI 11 tinha mais de 1100 homens (1 batalhão mais comando e serviços). Os batalhões do RI 5, RI 7 e RI 15 (uma parte)  estavam em São Vicente (e outra  parte do batalhão do RI 15 em Santo Antão).

O seu avô paterno, Armando da Luz Ferreira (ou Cruz Ferreira...) deve ter passado a maior parte do tempo na então inóspita ilha do Sal.

É tudo o que, por enquanto, lhe podemos "oferecer". Vamos responder-lhe por email, para lhe dar os contactos acima referidos. Disponha deste blogue para levar a cabo (e dar conta de) as suas diligências na pesquisa da sua história familiar (****).

Boa saúde, bom trabalho. (LG)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 29 de março de  2012 >  Guiné 63/74 - P9674: Meu pai, meu velho, meu camarada (27): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1º cabo, 1º Comp /1º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto S. Santos)

(**) Vd. poste de 21 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10284: Meu pai, meu velho, meu camarada (31): Expedicionários em Cabo Verde, mortos entre 1903 e 1946 e inumados nas ilhas de São Vicente e Sal (Lia Medina / José Martins)

(***)  20 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10282: Meu pai, meu velho, meu camarada (30): Dispositivo militar metropolitano em Cabo Verde (Ilhas de São Vicente, Santo Antão e Sal) durante a II Grande Guerra (José Martins)

(****)  Último poste da série > 3 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16553: Em busca de... (272): Major inf (hoje possivelmente cor inf ref) Carlos Graciano de Oliveira Gordalina... O meu pai, antigo fuzileiro do DFE 12, encontrou há anos umas tábuas de madeira exótica (talvez alguns salvados) com o seu nome pintado a branco... Sabemos que este oficial foi secretário da direção da Liga da Multissecular Amizade Portugal - China, em 2011/14 (Rui Ribolhos)