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sábado, 22 de novembro de 2025

Guiné 61/74 - P27452: Os nossos seres, saberes e lazeres (710): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (231): Por casualidade, o fotógrafo interessou-se por tal momento, por ele considerado esplendente - 3 (Mário Beja Santos)

Mário Beja Santos, ex-Alf Mil Inf
CMDT Pel Caç Nat 52

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Outubro de 2025:

Queridos amigos,
Há uma nota curiosa de visita de amigos estrangeiros, tudo quanto se passa em Lisboa trazem completamente listado, desde o elétrico 28, os comes e bebes, os passeios pela Baixa Chiado e Bairro Alto, os miradouros. Uns vêm com o Michelin, outros trazem livros focados na arte, uns querem ver os azulejos, em visita anterior houve alguém que me pediu para ver algo que até então nunca ninguém pedira, a Basílica da Estrela, e não foi por causa dos presépios do Machado Castro. Desta feita, o casal alemão, que não é a 1.ª nem a 2.ª vez que visita Portugal, falou explicitamente em Tomar, Óbidos e Alcobaça. Procurei satisfazer os seus intentos, aqui fica uma síntese desse dia, esta itinerância continuará, pedem-me para no dia seguinte irmos visitar o Museu Nacional dos Coches, custa-lhes a acreditar que Portugal tenha o maior património de viaturas de aparato, como é que é possível um país tão periférico da Europa? Viram e confirmaram, não escondiam o entusiasmo.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (231):
Por casualidade, o fotógrafo interessou-se por tal momento, por ele considerado esplendente – 3


Mário Beja Santos

Passeios inusitados ou programados a Tomar, Óbidos e Alcobaça, para mostrar belezas a amigos estrangeiros que me vieram visitar, deram-se a agradável oportunidade de captar imagens com forte apelo cultural, até pretextos houve para tirar fotografias a estes amigos, que depois as colocam nas redes sociais. Vejamos o que resta de três passeios, todos eles me encheram a alma, volto lá se necessário for, há para ali, na arquitetura, na escultura e na pintura dedadas da nossa identidade, ali se exibem as nossas maneiras de ser, tratando carinhosamente algum património, desdenhando de outro.

Vamos começar por uma peça magnífica que nunca foi concluída, a Casa do Capítulo de Tomar, onde, no primeiro andar e no terraço subsequente se aclamou Filipe II de Espanha como Filipe I de Portugal. É obra de João de Castilho, um mestre de obras e arquiteto hispano-português, homem com formação gótica que irá ter um papel determinante no estilo renascentista em Portugal e nos seus últimos anos de vida pendeu para o classicismo sob a forma maneirista. Ele encontra-se ligado a cinco monumentos históricos classificados pela UNESCO como Património Mundial: o Mosteiro dos Jerónimos, o Convento de Cristo, o Mosteiro de Alcobaça e a construção da Fortaleza de Mazagão. Trabalhou duas vezes em Tomar (provavelmente entre 1516 e 1530) e um segundo período que decorre na década de 1930, em que trabalhou no Claustro Grande, vários claustros interiores, como o da Hospedaria, Corvos e Micha, concedeu esta Casa Capitular em mistério a desvendar as razões que impediram a sua conclusão.

O que o leitor vê são as paredes robustas, a fotografia que foi tirada da zona do arco triunfal e do altar, vê-se a antecâmera por onde entravam os frades. Caiu completamente o piso que separava a sala dos frades da sala dos cavaleiros. Aquela porta que se vê na torre dos cavaleiros estava prevista para ser a porta de acesso a esses cavaleiros; ao fundo vemos o topo da Charola e uma nesga da Igreja.

Casa Capitular a requerer com urgência trabalhos de conservação e restauro.
Sempre que acompanho amigos a Óbidos, falo-lhes de uma extremosa pintora de origem espanhola e filha de um artista que deixou obra em Portugal, Josefa de Óbidos, ela tem obra num altar lateral da Igreja Matriz e está também representada no Museu Municipal de Óbidos. Noto que os visitantes vão ali também admirar um túmulo e o impressionante forro azulejar da igreja, a mim cativa-me aquele Santo António bonacheirão e o Menino de braços abertos, gosto particularmente daquele teto pintado com tanta simplicidade, é como o emaranhado de uma renda que faz suspender Nossa Senhora guardada pelos anjos.
Este é um pormenor da pintura do teto do nártex da igreja.
Eram as últimas horas de sol, consultados os visitantes, houve acordo em visitar a igreja do Mosteiro de Alcobaça, deixamos para a próxima visita o precioso Museu. Mesmo habituados a este gigantismo das paredes do gótico-alemão que se pode encontrar desde o mar Báltico até perto de França, o casal alemão estava boquiaberto com a sobriedade da igreja, a solução dos pilares estarem reforçados por botaréus, tomaram nota que as riquezas vieram depois. D. Pedro I tomou esta igreja como seu mausoléu, tratou de igual maneira a sua apaixonada, Inês de Castro, túmulos de uma enorme beleza, marcados pelo vandalismo das invasões francesas.
No altar-mor atraiu-me prontamente esta Virgem de manto barroquizado, parece que pedala, tem umas linhas muito elegantes, gabo-lhe a Majestade e o panejamento em movimento.
Com as limitações da minha câmara foi esta a imagem que consegui da dimensão entre o nártex e o altar-mor.
Túmulo de Dona Inês de Castro, deste lado os danos são menos evidentes.
Conjunto escultórico que dá pelo nome Retábulo da Morte de São Bernardo, é todo em terracota policromada, obra de monges barristas do mosteiro, finais do século XVII.
Túmulo de D. Pedro, aqui o vandalismo é mais do que evidente.
Trata-se do sarcófago de Dona Urraca, mulher de D. Afonso II, está depositado no Panteão Régio, obra concluída em 1782 e atribuída ao engenheiro William Elsden, foi a primeira obra neogótica em Portugal. O panteão primitivo localizava-se na galilé que existiu à entrada da igreja. Posteriormente os túmulos foram transferidos para o transepto sul onde permaneceram até ao final do século XVIII.

Aqui se dá por terminada esta itinerância, segue-se outra que nos fará viajar até ao Museu Nacional dos Coches.

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 15 de Novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27423: Os nossos seres, saberes e lazeres (709): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (230): Por casualidade, o fotógrafo interessou-se por tal momento, por ele considerado esplendente - 2 (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24760: Ser solidário (261): Fundação João XXIII - Casa do Oeste, Ribamar, Lourinhã: parafraseando Friedrich Schiller, "não temos em nossas mãos a solução de todos os problemas da Guiné-Bissau, mas perante os seus problemas temos as nossas mãos" - Fotogaleria (2014) - Parte I















Facebook da Fundação João XXIII - Casa do Oeste > Fotogaleria > 2014 > Algumas das ações solidárias: Clínica Bom Samaritano - Centro materno-infantil de Ondame (a sudoeste de Quinhamel, região de Biombo), Biblioteca de Ondame, Cooperativa Agrícola dos Jovens de Canchungo e Cooperativa Escolar de S. José de Mindará (com várias escolas), fundada em 1987 pelo prof Raul Daniel da Silva.






A frase é do pensador alemão Friedrich Schiller (1759-1805): "Não temos nas nossas mãos as soluções para todos os problemas do mundo, mas diante de todos os problemas do mundo temos as nossas mãos."..
.

Friedrich Schiller é  mais conhecido por ser o autor do O Hino da Alegria (em alemão Ode an die Freude), poema escrito em 1785: é tocado no quarto movimento da 9.ª sinfonia de Ludwig van Beethoven (de quem era amigo). Tornou-se, em 1972, por decisão do Conselho da Europa  igualmente o hino europeu (tocado só  com a música do Beethoven).






Os voluntários da Fundação João XXIII - Casa do Oeste são gente de Mafra, Lourinhá, Óbidos, etc. (como 0 Abílio Salvador, que morreu em 2019 , e para quem a Guiné era a sua "segunda paixão": é o primeiro da esquerda na foto de grupo; e aqui está, ele, na foto de cima, de guarda, à noite, de caçadeira na mão, ao material que acabava de chegar no contentor;  era de Leiria, vivia em Óbidos; é possível que tenha sido um antigo combatente no TO da Guiné)...


Gente solidária que "djunta mon" (junta mãos) para dar uma ajuda aos guineenses, nomeadamente no chão manjaco (região de Biombo), a resolver alguns dos seus problemas básicos, como a educação, sa saúde, a alimentação.


(Seleção / edição / legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)

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Nota do editor:

Último poste da série > 15 de outubro de 2023 > Guiné 61/74 - P24759: Ser solidário (260): Fundação João XXIII - Casa do Oeste (Ribamar, Lourinhã): mais de 30 anos de solidariedade com a Guiné-Bissau (Ofélia Batalha)

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P22990: Os nossos seres, saberes e lazeres (491): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (37): Óbidos, diferentes povos, presenças régias, rico maneirismo, restauros e omissões (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Dezembro de 2021:

Queridos amigos,
Há riscos que se correm quando se visita um lugar histórico e não se tem a faculdade de olhar sem ver o que está por detrás das alterações arquitetónicas e urbanísticas. Há evidentemente vestígios da vila medieval em Óbidos, basta percorrer a Rua Direita, foi sempre a coluna vertebral da povoação. O que é mais evidente é período quinhentista e seiscentista, não é por acaso que se volta a visitar o Museu Municipal e a esplêndida Igreja Matriz, marcada por uma obra-prima do Renascimento e a pintura do pai de Josefa d'Óbidos e dela própria. Mas é tanta a riqueza, há tanto para olhar sabendo ver, que um dia destes voltaremos a este magnífico lugar onde a Rainha D. Leonor veio chorar a morte do seu único filho.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (37):
Óbidos, diferentes povos, presenças régias, rico maneirismo, restauros e omissões

Mário Beja Santos

É sempre um prazer voltar a Óbidos: a tal fortificação que parece assentar num castro celta, por aqui houve mouros e judeus e cristãos, depois da conquista pelos portugueses; mirar as suas torres, percorrer as suas muralhas, determo-nos na Porta da Vila, encimada pela inscrição “A Virgem Nossa Senhora foi concebida sem pecado original”, deambular por ruas tortuosas, visitar os seus templos, em particular a Igreja de Santa Maria, bisbilhotar vestígios do passado, portais góticos ou janelas manuelinas, andar de lupa em riste à procura de cruzes, azulejos, insculturas, a peregrinação é fértil. Desta feita, entra-se para a visita com um trabalho publicado sobre arquitetura e urbanismo referente aos séculos XVI e XVII, de autoria de Teresa Bettencourt da Câmara, dissertação de mestrado, edição de 1989, da autarquia e da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, e volta-se ao museu municipal à procura que o novo olhar propicie novas surpresas.
Castelo de Óbidos
Porta da Vila

Fala-se da vila medieval, seguramente que o foi, mas o que hoje se oferece ao visitante tem fundamentalmente a ver com edificações dos séculos XVI e XVII, os múltiplos restauros depois do terramoto de 1755 e das intervenções proporcionadas pela Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais em 1952. Em jeito introdutório à sua tese de mestrado, Teresa Câmara refere a presença de grandes maciços calcários a dominar a paisagem, acrescentando que “Em épocas não muito recuadas toda a zona ribeirinha desde Óbidos até Leiria era constituída por terrenos recentemente conquistados ao mar, que originaram novos espaços de cultura e de floresta e até povoações como Peniche, Baleal e Alfeizeirão. Situada numa colina despida e seca, que contrasta fortemente com a zona plana que a rodeia, de grande riqueza florestal e solo fértil, a vila de Óbidos tem a protege-la ventos e pestes um dos grandes maciços estremenhos: a serra de Montejunto”. Fala-se muito da Rainha D. Leonor e menos da Rainha D. Catarina que, beneficiou largamente a vila de Óbidos, oferecendo-lhe o aqueduto, um enorme progresso.
Mas que não se pense que os tempos medievais não foram marcantes, obviamente que foram, dada a excecional posição defensiva de Óbidos, as suas muralhas foram refeitas por reis da primeira dinastia, como mais tarde D. Manuel, D. João III e D. João IV. Mas é irrecusável que o que o visitante tem à mostra é mais resultado das transformações urbanísticas operadas a partir do século XVI até às grandes operações de restauro datadas de 1952. Segue-se com prazer as descrições que a mestranda faz das alterações da Rua Direita, o pelourinho e o chafariz, a praça que envolve a igreja de Santa Maria, de que um pouco mais à frente iremos falar. E permita-me o leitor que nesta Rua Direita entre para de novo visitar riquezas artísticas que tanto aprecio, com eles as partilhando.

Aqueduto de Óbidos e da Usseira, é aqui que está a mãe d’água, três quilómetros que custaram 32 mil cruzados à Rainha D. Catarina de Áustria
Museu Municipal, fundando em 1970. Foi a casa onde viveu pintor Eduardo Malta, que a cumulou de azulejaria e obras de arte. A coleção de arte testemunha a ação das colegiadas religiosas e o enriquecimento cultural marcado por encomendas a alguns dos maiores nomes da Arte Portuguesa. Destaca-se a coleção de pintura dos séculos XVI e XVII, onde constam obras de André Reinoso e Josefa d’Óbidos.
Escultura de São João Baptista
Uma natureza morta assinada por Josefa d’Óbidos
Lamentação sobre o Cristo morto, por Josefa d’Óbidos
Um belíssimo retrato
A mulher de Eduardo Malta pintada pelo artista
Crucifixo indo-português
Interior da igreja de Santa Maria, foi transformada em Mesquita durante a ocupação dos mouros. O interior é revestido de azulejos atribuídos a Gabriel del Barco. Igreja profusamente decorada com quadros de pintores locais. Os quadros nas paredes atribuem-se ao pintor obidense Baltazar Gomes Figueira (pai de Josefa d’Óbidos). As oito pinturas sobre madeira, no altar-mor, são do pintor, também obidense, João da Costa.
No altar colateral sul, há 5 pinturas assinadas por Josefa d’Óbidos, veja-se este pormenor.
Pormenor do altar-mor, quadros de Baltazar Gomes Figueira
Túmulo de D. João de Noronha, alcaide de mor de Óbidos, obra executada em pedra de Ançã, este túmulo é considerado das primeiras e mais belas obras do Renascimento Português. A autoria do trabalho é polémica, há quem o atribuía a João de Ruão ou a Nicolau de Chanterenne
Pormenores do teto da igreja de Santa Maria de Óbidos

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 5 DE FEVEREIRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P22970: Os nossos seres, saberes e lazeres (490): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (29): Numa Lisboa de fronteira, soluções ousadas com gente saloia e corrida de touros (Mário Beja Santos)

domingo, 20 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22300: Tabanca Grande (518): João Rodrigues Lobo, ex-alf mil, cmdt Pelotão de Transportes Especiais / BENG 447 (Bissau, Brá, dez 1967/fev1971)... Fez o 1º COM, em Angola, Nova Lisboa. Vive em Torres Vedras. Senta-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 841.



João Rodrigues Lobo, ontem (1968) e hoje (2021)



Guiné > Bissau > Brá > BENG 447 > c. janeiro de 1971 > Imposição das medalhas comemorativas das campanhas da Guiné.


Guiné > Bissau > Brá > BENG 447 > c. dez 1968 / fev 1971 > O alferes miliciano de transportes rodoviários, comandente do PTE (Pelotão de Transportes Especiasis=, junto do novo jipe sul-africano,


Guiné > Bissau > Brá > BENG 447 >1970 > Prestes a sair com a coluna de transporte de máquinas.

Fotos (e legendas): © João Rodrigues Lobo (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Joaquim Costa / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de João Rodrigues Lobo, novo membro da Tabanca Grande com o nº 841

Data - sexta, 18/06, 14:07  

Assunto - BENG 447, Guiné

Boa tarde,

Então conforme solicitaste (*). aqui vai:

(i) Duas fotos em anexo, uma de 1968 e outra actual.

(ii) Breve resumo,  se é que interessa (Talvez nem tudo tenha interesse em ser publicado)

Sou o João José Lourenço Rodrigues Lobo. 
Natural de Óbidos, atualmente residente em Torres Vedras.

Estudei no ERO (Externato Ramalho Ortigão) nas Caldas da Rainha. Vivi em Angola. Como depois chumbei no exame de admissão ao  IST (Instituto Superior Técnico),  tive como prémio a chamada para o SMO (Serviço Militar Obrigatório).

Actualmente sou aposentado, depois de 30 anos como Chefe de Repartição dos SA (Serviços de Aprovisionamento) do CHTV (Centro Hospitalar de Torres Vedras).

Fui incorporado em 9 de outubro de 1967 na EAMA (Escola de Aplicação Militar de Angola - Nova Lisboa), 1º COM (Curso de Oficiais Milicianos), em Angola. Na altura residia em Luanda.

Como Cadete jurei bandeira em 23 de dezembro de 1967. Tirei a especialidade de Transportes Rodoviários no CICA - GAC 1, em Luanda.

Como Aspirante,  fui instrutor de condução auto no CICA. de Nova Lisboa (hoje Huambo) e depois colocado no Quartel General de Angola - 4ª Repartição, sendo comandante de MVL (Movimento de Viaturas Logísticas)  ao norte de Angola.

Inesperadamente, e a pretexto de uma mobilidade entre Províncias Ultramarinas (assim chamadas á data) fui mobilizado para a Guiné. Fui colocado como Alferes Miliciano a comandar o PTE (Pelotão de Transportes  Especiais)  do BENG 447,oonde cheguei em rendição individual em Dezembro de 1968 na véspera de Natal.

O Pelotão de Transportes Especiais (PTE) era constituído por: um alferes miliciano, dois sargentos do QP,  quatro furrieis milicianos e cerca de noventa condutores auto (quase uma companhia...)

Nas fotografias que anexo, veem-se parte dos nossos militares, pois muitos, guineenses, estavam dispensados do batalhão nesse dia, As fotografias de grupo foram tiradas quando as viaturas estavam quase todas no Batalhão para se prepararem e seguirem novamente para as obras.
 
O PTE  era responsável pelo transporte do pessoal de Engenharia,  das Máquinas de Engenharia, e de todos os materiais de construção para e nas obras de estradas, aquartelamentos e reordenamentos. 

O PTE também recepcionava todos os materiais militares que eram recebidos em navios fretados e carregava os materiais nas LDG e LDM da Marinha, no cais do Pijiquiti, para distribuição pelos aquartelamentos por estas servidos. 

O trabalho desenvolvido pelo nosso PTE foi, sem falsa modéstia, um exemplo de organização e dedicação de todos os seus elementos, que contribuiu para o meritório trabalho realizado por todos os militares, engenheiros e profissionais do BENG 447. Os condutores auto estavam sempre onde era preciso, sem eles NADA SE MOVIA !

E até levámos um louvor e a medalha comemorativa das campanhas da Guiné.

Dependendo diretamente do Comando,  prestei serviço com o Tenente Coronel Pires Pombo e Major Diogo da Silva e com o Tenente Coronel Lopes da Conceição e Major Santos Maia Era Comandante Militar do CTIG o Brigadeiro António de Spinola.

Acabei a Comissão em Janeiro de 1971 e passei à disponibilidade em 11 de fevereiro de 1971.

Vou reenviar umas fotos que não foram bem digitalizadas para, se interessar, substituir as que já estão no blog.

Vou enviar mais algumas novas para recordação.

E, vamos reavivar as memórias do BENG 447, Grande Batalhão que concretamente FEZ OBRA !

João Rodrigues Lobo

2. Resposta do editor LG:

João, obrigado. Como te prometi na sexta-feira passada, aqui vai a tua apresentação, comme il faut", ou seja,  "como deve ser e tu mereces".  Mas só o faço agora, porque tive este fim de semana tive um pequeno percalço de saúde (, espero que seja apenas uma vulgar virose...).

Vejo que, além da Guiné e da vizinhança, temos a afinidade da saúde... E também Angola (!)... Fui professor da ENSP/NOVA durante quase 4 décadas. Aposentei-me aos 70, em 2017, mas continuo ligado à saúde pública, nomeadamente através da "Portuguese Journal of Public Health". Tive alunos oriundos do Centro Hospitalar do Oeste, e tu deves ter lidado com administradores hospitalares e outros profissionais de saúde que passaram pela nossa Escola e tiveram aulas comigo. O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca é Grande.

Por outro lado, somos praticamente contemporâneos no CTIG: eu cheguei em finais de maio de 1969 e regressei a casa em meados de 1971. Não sei se alguma vez estiveste em Bambadinca, mas somos contemporâneos do reordenamento de Nhabijões (um dos maiores, se não o maior, então em construção: cerca de 300 moranças).

Temos naturalmente muito carinho e apreço pelo BENG 447. Temos 9 dezenas de referências no nosso blogue à tua unidade. Mas é a primeira vez, se não erro, que nos aparece aqui um representante do PTE...Desconhecia, de resto, a sua existência como não sabia o que tu agora acabas de nos contar sobre a tua experiência angolana... Tudo somado, Angola e Guiné, o teu tempo de serviço militar obrigatório utrapassa os 40 meses... É muito tempo das nossas vidas!

Já conheces a organização e o funcionamento do nosso blogue: tens aqui as 10 regras da política editorial do blogue... Está também à vontade para falar das tuas vivências em Angola, 

Formamos também uma tertúlia, e convivemos de vez em quando. A Tabanca Grande é a mãe de muitas outras tabancas... Espero que, finda a pandemia,  nos possamos conhecer pessoalmente e partilharmos mais memórias (e afectos). Tens já o meu nº de telemóvel.

Ficas, entretanto,  "sentado" no lugar nº 841, à sombra do nosso poilão (**).Publicarei a seguir um outro poste com as fotos que me mandaste, deviamente editadas e legendadas. Vou-te mandar também os contactos da malta do BENG que está registada no nosso blogue.

Que os bons irãs te protejam, 

Um alfabravo (ABraço) do  Luis Graça, demais editores, colaboradores e restantes membros da Tabanca Grande.

PS - Se quiseres que a gente te dê os parabéns pelo teu aniversário natalício, tens que nos autorizar e indicar a data de nascimento. O nosso coeditor Carlos Vinhal tem esse pelouro.

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(**) Último poste da série >  


29 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P22048: Tabanca Grande (517): Jean Soares, ex-1º cabo de radiolocalização, Batalhão de Reconhecimento de Transmissões (Trafaria, e Maquela do Zombo, 1972/75): enfermeiro psiquiátrico reformado, a viver em França, em Caen, Normandia, e que está a tentar a recuperar a nacionalidade portuguesa que perdeu... Nasceu em Pirada... Senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 839.