1. Mensagem, de 18 do corrente, do nosso camarada ribatejano Carlos Pinheiro, sempre atento, mandando-nos mais um "recorte de jornal":
Assunto: "Golden Gate - Um quase diário de guerra" é "um livro de memórias da guerra colonial, da autoria do médico e compositor José Niza
O Mirante, semanário regional > 18 de outubro de 2012 > "Golden-Gate", de José Niza, apresentado em Santarém
[,Reprodução aqui, com a devida vénia]
O livro de José Niza [, lisboa, 1938- Santarém, 2011,] (*) é apresentado no dia 25 de Outubro, em Santarém, na livraria Leya-Caminho. A iniciativa está marcada para as 18h30 e o cantor Manuel Freire foi convidado para falar sobre esta obra póstuma do compositor, poeta, músico, médico e político, falecido no dia 23 de Setembro de 2011.
"Golden Gate - Um quase diário de guerra" [Lisboa, D. Quizote, 2012] é "um livro de memórias" de uma guerra colonial que "aconteceu durante 13 anos", escreveu o autor no prefácio. Os textos ali reunidos resultam da correspondência diária que manteve com a mulher durante o período em que esteve "naquele mato de Angola, húmido e quente", no aquartelamento de Zau Évua, entre 1969 e 1971.
Das cartas enviadas à mulher, foram retirados extractos que são apresentados nesta obra como páginas de um suposto diário. José Niza fora destacado para o contexto da guerra no Norte de Angola como médico. "Uma guerra onde o médico e o capelão eram os terapeutas do espírito mais ou menos primário e sempre psicologicamente descompensado, daqueles mancebos que, por exclusivas razões de idade, foram incumbidos de defender a Pátria contra o fluir da História". Segundo afirma, "na consulta havia sempre mais gente que na missa", a única excepção era a missa de Natal.
Apesar da dureza das condições que enfrentou, José Niza nunca perdeu o sentido de humor. Numa carta com data de 10 de Dezembro de 1970, dá conta dos presentes de Natal que os militares receberam, enviados pelo Movimento Nacional Feminino (MNF): "Um pacote de amêndoas, o que dará uma por cada soldado; meia dúzia de lâminas de barbear; o que dará uma lâmina por cada caserna; e ainda meia dúzia de pastas de dentes, o que só dará para os desdentados". "Apeteceu-me escrever à Cilinha [Cecília Supico Pinto, líder do MNF] a agradecer a amêndoa que me coube. E, como deixei crescer a barba, vou oferecer a minha parte da lâmina a quem necessitar".
___________
Notas do editor:
Último poste da série > 15 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10533: Agenda cultural (223): Lançamento do livro "Palavras de um Defunto... Antes de o Ser", de Mário Tito, dia 27 de Outubro de 2012, pelas 16h00, na Livraria - Bar Les Enfants Terribles, em Lisboa
___________
Notas do editor:
Último poste da série > 15 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10533: Agenda cultural (223): Lançamento do livro "Palavras de um Defunto... Antes de o Ser", de Mário Tito, dia 27 de Outubro de 2012, pelas 16h00, na Livraria - Bar Les Enfants Terribles, em Lisboa
José Niza |
(i) Nasceu em Lisboa e morreu em Santarém;
(ii) Foi médico, poeta, letrista, músico, compositor e deputado (**);
(iii) Estudou em Coimbra, onde se matriculou em medficina em 1956; em 1961 fundou a Orquestra Ligeira do Orfeon Académico de Coimbra, conjuntamente com José Cid, Proença de Carvalho, Joaquim Caixeiro e Rui Ressureição; em Coimbra conheceu também músicos como José Afonso e Adriano Correia de Oliveira (de quem será mais tarde produtor);
(iv) Licenciado em Medicina em 1966 pela Universidade de Coimbra, especializou-se em psiquiatria, especialidade que exerceu em Coimbra;
(iv) Foi alferes miliciano médico no norte de Angola (1969/71), integrando o BCAÇ 2877;(vi) Em 1971 passa a ser responsável pela produção da editora Arnaldo Trindade, Lda. (Discos Orfeu); nessa qualidade produziu diversos trabalhos de cantores portugueses, como Fausto, Carlos Mendes, Paulo de Carvalho, Vitorino, José Afonso e Adriano Correia de Oliveira;
(vii) Foi co-vencedor de quatro Festivais RTP da Canção (1972, 1974, 1976 e 1987); é o autor da letra da canção E Depois do Adeus (que Paulo de Carvalho levou ao Festival da Canção e foi a "senha" na rádio para o 25 de Abril de 1974);
(viii) Foi militante e deputado do Partido Socialista, no pós-25 de abril;
(ix) Os direitos de autor do livro de memórias "Golden Gate", publicado a título póstumo (Lisboa, D. Quixote, 2012), foram oferecidas pela família à ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas.
(**) Escreveu ele em texto autobiográfico :(...) "À excepção da minha mulher e da opção pela Medicina, tudo o resto veio ter comigo, paulatinamente enriqueceu e comandando a minha vida. Nunca me passou pela cabeça ser deputado, ou director de programas da RTP, ou escrever cerca de 300 canções, ou estar dois anos numa guerra. Por tudo isto agradeço à vida o que me deu. Não tenho livro de reclamações a não ser para lutar pelos direitos dos pobres, dos humildes e para que haja mais justiça e solidariedade em Portugal.
Ler mais: http://visao.sapo.pt/jose-niza-1938-2011-sete-vidas=f623989#ixzz2A75AZORW