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terça-feira, 13 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24396: Efemérides (395): Leça da Palmeira comemorou, mais uma vez, o 10 de Junho e homenageou os seus Combatentes caídos em Campanha (Núcleo de Matosinhos da LC / Carlos Vinhal)

10 de Junho de 2023 - Cemitério n.º 1 de Leça da Palmeira - Talhão dos Combatentes


Realizou-se em Matosinhos - Leça da Palmeira, a cerimónia de comemoração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, promovida pelo Núcleo, em colaboração com a União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira.

Pelas 10H15 iniciou-se a cerimónia com a concentração dos participantes em frente ao edifício da Junta, sendo de seguida içada a Bandeira Nacional pelo representante do Presidente da União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, Sr. Fernando Monteiro e pelo Vogal da Direção, José Oliveira.

Ao mesmo tempo que o grupo de sócias e sócios do Núcleo entoava o Hino Nacional, o clarim dos Bombeiros de Matosinhos e Leça da Palmeira, solicitado para o efeito, fez os toques adequados àquela cerimónia.

Pelas 10H30 foi dada continuidade ao programa no cemitério local - Talhão Militar da Liga, onde se encontravam posicionados o porta-guião, o clarim e uma Guarda de Honra composta por sócios combatentes.

Procedeu-se à chamada dos combatentes leceiros mortos na Guerra do Ultramar pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral, seguida da deposição de duas coroas de flores no Talhão pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral e pelo representante do Presidente da União de Freguesias.

A cerimónia continuou com o Toque de Homenagem aos Mortos e foi guardado um minuto de silêncio com cântico de um salmo pelos sócios presentes para o efeito, terminando com a evocação religiosa pelo Rev. Padre Francisco Andrade.

Posteriormente foi lida pelo Vice-Presidente do Núcleo uma mensagem do Presidente do Núcleo, em virtude de não poder estar presente, e o Sr. Fernando Monteiro fez uma alocução alusiva ao ato.

Tanto a mensagem lida como a alocução feita realçaram a importância de homenagear a memória de todos aqueles que, ao longo da nossa História, tombaram no campo da honra, nomeadamente na Guerra do Ultramar.

Para terminar, foi cantado o Hino da Liga dos Combatentes na presença de dezenas de sócios, seus familiares, combatentes e público em geral que estiveram presentes nesta atividade cívica e patriótica.

Fez-se cumprir assim, mais uma vez, a tradição de uma iniciativa de um grupo de combatentes leceiros (que são presentemente sócios da Liga) que, antes da existência do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, a realizavam anualmente em Leça da Palmeira, no dia 10JUN.
Grupo de sócios do Núcleo de Matosinhos da LC que emprestou a sua voz na entoação do Hino Nacional durante o hastear da Bandeira Nacional no edifício da Junta de Freguesia.
Guarda de Honra composta por alguns dos Antigos Combatentes presentes
Hastear da Bandeira pelo senhor Fernando Monteiro e pelo Vogal do Núcleo, Combatente Francisco Oliveira
O Combatente Ribeiro Agostinho faz a chamada dos Combatentes leceiros falecidos em Campanha
O Combatente Ribeiro Agostinho, Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Núcleo, deposita uma coroa de flores no Talhão dos Combatentes.
Minuto de silêncio e entoação do salmo pelo grupo coral presente.
Evocação religiosa que esteve a cargo do Pároco de Leça da Palmeira, Rev. Francisco Andrade
O senhor Fernando Monteiro, em representação da União das Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, durante a sua alocução.

Texto e fotos do Núcleo de Matosinhos da LC
Edição e legendagem das fotos da responsabilidade do editor

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Nota do editor

Último poste da série de 9 DE JUNHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24382: Efemérides (394): 10 de junho de 2023: XXX Encontro Nacional de Combatentes, em Lisboa, Belém, junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24393: Blogoterapia (312): Noites de Santo António em Leça da Palmeira, marcadas pela saudade lá longe em Bissau (Ribeiro Agostinho, ex-Soldado Radiotelefonista / Condutor Auto e Escriturário da CCS/QG/CTIG, 1968/70)

Marchas Populares 2019 - Com a devida vénia a lisboa.pt

Nesta noite de Santo António, noite que eu vivia intensamente na minha Leça da Palmeira, nas Icas, Aldeia Nova e Corpo Santo, quis a tropa que eu lembrasse hoje outras épocas marcadas pela saudade. Eram marcantes os bailes em Leça da minha terra e a saudade quando estava longe.

Quando em Bissau, em 1969, passei por momentos fortes de grande saudade, e hoje recordo esses momentos vividos com companheiros que já cá não estão e outros que estão mas que não vejo, por serem emigrantes ou outros motivos.

Certo dia fui convidado por um amigo da tropa, de Aveiro, de nome Alfaro, que nunca mais vi ,a não ser numa reportagem na TV há vários anos, para o substituir no Restaurante O Nazareno, frequentado pela elite de Bissau e onde actuavam, o Marco Paulo, o Conjunto das Forças Armadas, o Fernando Milho, entre outros. O programa acontecia ao sábado à noite sempre com este elenco.

Aceitei o convite e o Alfaro foi-me apresentar aos donos do Nazareno. Ali fiz muitas noites de sábado, tendo como companhia alguns amigos leceiros que me iam ajudar a passar o tempo. Depois do fecho, íamos todos a cantar, pelas trevas das ruas de Bissau, nada do reportório do Marco Paulo mas do Fernando Milho (fadista lisboeta), de quem nunca mais ouvi falar:
"Bairro Alto aos seus amores tão dedicado
Quis um dia dar nas vistas
E saiu com os trovadores mais o fado
P'ra fazer suas conquistas."


Nesta noite de Santo António deu-me saudades dessas noites de sábado que eram Noites de Santo António à Fernando Milho.

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Nota do editor

Último poste da série de 6 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24203: Blogoterapia (311): A sombra do jagudi (Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887, Canquelifá e Bigene, 1966/68)

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18291: Convívios (839): XII Encontro dos Combatentes da Guerra do Ultramar do Concelho de Matosinhos, dia 3 de Março de 2018 em Leça da Palmeira (Carlos Vinhal)


No próximo dia 3 de Março, os Combatentes do Concelho de Matosinhos da Guerra do Ultramar (Angola, Guiné e Moçambique, 1961/74) vão realizar o seu XII Almoço/Convívio em Leça da Palmeira.

O programa do dia começa às 11h30 com uma Missa de Sufrágio pelos camaradas e amigos falecidos em campanha, e já na vida civil, na Igreja dos Franciscanos, em Leça da Palmeira.

O almoço será servido às 13 horas no Tryp Porto Expo Hotel, junto à Exponor, com o mesmo preço do ano passado, 20,00€.

Antes do almoço proceder-se-á à habitual foto de família para memória futura.

Passa palavra e traz o teu camarada e amigo. Traz a tua boina e as tuas insígnias.

As inscrições, extensivas aos nossos familiares, deverão ser feitas impreterivelmente até ao dia 28 de Fevereiro (quarta-feira) para o email combatentesdematosinhos@gmail.com ou para os números 916 032 220 (Vinhal) e 969 023 731 (Agostinho).

A partir da data limite, as inscrições ficarão sujeitas à aceitação por parte do hotel.

A comissão organizadora
Abel Santos
José Francisco Oliveira
Ribeiro Agostinho
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18224: Convívios (838): 35º almoço-convívio dos "magníficos" da Tabanca da Linha, desta vez abrilhantado com a presença de mais de uma dúzia de "periquitos", incluindo cinco "bandalhos" do Bando do Café Progresso, Porto... As primeiras fotos

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16057: In Memoriam (257): José Eduardo dos Santos Alves, o "Leça" (1950-2016), ex-sold cond auto, CART 6250, Mampatá (1972/74): homenagem da Tabanca Grande


José Eduardo dos Santos Alves, o "Leça" (1950-2016)
Sold Cond Auto, CART 6250/72, "Os Unidos de Mampatá", Mampatá, 1972/74 (*)


Leiria > Monte Real > Ortigosa > Quinta do Paul > IV Encontro Nacional da Tabanca Grande > 20 de junho de 2009 >  Aspeto parcial dos participantes no encontro que totalizou cerca de centena e meia de presenças


Leiria > Monte Real > Ortigosa > Quinta do Paul > IV Encontro Nacional da Tabanca Grande > 20 de junho de 2009 > A Maria da Conceição Alves, à esquerda, assinalada com um rectângulo a amarelo; a seu lado, a Isaura Resende (esposa do nosso camarada Manuel Resende) e a Lígia Guimarães (esposa do David Guimarães), e por detrás desta a Cyndia, a neta do Valentim Oliveira,


Leiria > Monte Real > Ortigosa > Quinta do Paul > IV Encontro Nacional da Tabanca Grande > 20 de junho de 2009 > Dois casais idos de Leça da Palmeira, da esquerda para a direita: o José Eduardo Alves, a esposa Maria da Conceição, e depois a Elisabete e o marido Ribeiro Agostinho.

Fotos (e legendas): © Blogue Luís Graça & Canaradas da Guiné  (2009). Todos os direitos reservados


Tabanca de Matosinhos > Almoço de 4ª feira > 23 de abril de 2009 > O casal Alves, a Conceição e José ("Leça") que ainda recentemente foram e voltaram à Guiné de carro; ao lado, à esquerda, o nosso autarca de serviço.. o Carvalho de Mampatá.

Foto (e legenda): © Blogue da Tabanca de Matosinhos  (2009). Todos os direitos reservados


1. Deixou, há dias, a "terra da alegria" (como diria o poeta Ruy Belo) o nosso camarada José Eduardo Alves (1950-2016), também conhecido pela sua alcunha da tropa, o "Leça". Nasceu em Cabeceiras de Basto e morreu em Leça da Palmeira, Matosinhos, para onde veio com 12 anos para marçano. Deixa viúva a nossa amiga Maria da Conceição. Tinha ainda um filho, que vive na Suíça.  

Deixou-nos a todos, tristes e inconsolados. Morreu cedo demais, já que, sendo um camarada e amigo da Guiné, ele merecia tudo, ou seja, muita saúde e longa vida. No momento da partida (derradeira), cabe-nos lembrar e honrar o homem bom, simples e solidário que ele foi, amigo do seu amigo, camarada do seu camarada. A Tabanca de Matosinhos, a nossa Tabanca Grande e os "Unidos de Mampatá", a antiga CART 6250, perdem um bravo soldado, um dos melhores de todos nós.

Na singela homenagem que lhe quisemos fazer, juntamos aqui alguns fotos mais antigas, alguns comentários de camaradas que o conhecerem melhor e ainda um pequeno texto que ele escreveu em tempos para o blogue, mostrando todo o seu amor à Guiné e ao seu povo.

O "Leça" ficará sempre connosco, na nossa memória, no nosso blogue, enquanto a gente por cá andar e tiver ganas de continuar a partilhar memórias e afetos, à sombra do nosso mágico e fraterno poilão, tendo por pano de fundo a Guiné que conhecemos entre 1961 e 1974, nas duras condições de uma guerra (*)...  LG


2. Viajar por (e sentir) a Guiné

por José Eduardo Alves (1950-2016)

Camaradas,

Depois de me ter remetido ao silêncio, mas sempre ativo nas leituras do blogue, hoje acho que está na hora de escrever sobre a viagem que fiz à Guiné este ano [de 2010], e vou fazê-lo porque há sempre alguém que gosta que se fale destas aventuras.

O ano passado também tinha ido à Guiné, mas apanhei a “caravana” nos últimos dias da sua preparação e, pelo caminho, em conversa com alguns dos Camaradas que já lá tinham ido mais vezes, ouvi dizer: “Vais ter uma desilusão,  pois quem lá conhecias já morreu tudo!”

Mas, felizmente, não foi assim e ainda encontrei bem viva muita gente do meu tempo. Fiquei então com vontade de lá voltar e voltei este ano, mais bem preparado e com mais coisas para dar aquelas crianças, que necessitam de tudo (, muito do que nós esbanjamos).

No ano passado tínhamos ido até Mampatá,  quatro homens da minha Companhia - a CART 6250: o [António] Carvalho, o Zé Manuel [Lopes], o Francisco Pereira Nina e eu. Todos ficamos surpreendidos pelo grau de abandono do nosso antigo quartel.

Este ano só fui eu. Como não podia deixar de ser, voltei ao velho quartel de Mampatá, e encontrei em curso obras de recuperação, vendo-se já diferente e renovada a sala do soldado (de pedra e cal), o paiol (que o ano passado nem se via) estava limpinho, a antiga enfermaria (que já não tinha telhado) está a ser recuperada para enfermaria local, os balneários dos soldados estão transformados numa escola, que eu apoiei no que pude e vou continuar a ajudar.

Mas não parei aí e,  como levava uma encomenda, e um pedido do nosso camarada e amigo Vasco da Gama,  para Cumbijã, segui viagem e visitei a Fonte de Iroel (que data de 1946) [, a 2 km de Mampatá, e de que não existe uma única imagem no nosso blogue!], Colibuia e Cumbijã.

Cumbijã, onde um dia encontramos a CCAÇ 18 e outras NT que lá estavam encurraladas. Quem conhece a zona entende o porquê deles estarem encurralados, é que a estrada Mampatá - Nhacobá  não tem saída para lado nenhum.

Depois visitei Guileje, Gadamael e Cacine, regressando a casa por Mampatá, Nhala, Buba, seguindo pelo Quebo, Bissau, S. Domingos, Casamança, Gâmbia, Senegal, Mauritânia, Marrocos, Espanha e, finalmente, Leça da Palmeira (onde vivo).

Vou continuar a trabalhar para levar mais alguma coisa àquelas crianças. Vou lá quando puder e penso que não é uma forma de neocolonialismo.

Vou dizer algumas palavras que ouvi a uma Guineense: "Ó Leça, só vieste agora, foste embora zangado e vieram estes (…), para o vosso lugar. Vocês entregaram isto a um (…) armado, que era uma minoria e cujos cabecilhas nem eram Guineenses, eram de outro país.”

Penso eu que, se calhar, o governo Português ainda um dia há-de pedir desculpas à parte daquele povo que ensinou a pegar e usar uma arma, depois tirou-lha e abandonou-a à mercê de uma sorte cobarde, traiçoeira e macabra.

Agora, quero levar luz eléctrica a Mampatá, especialmente para a dita enfermaria e posto de rádio, que foram inauguradas pelo sr. Pepito, no dia em que nós lá estivemos (...).

Se alguém quiser contribuir com objectos, equipamentos e medicamentos, tudo o que nos entregarem será bem aceite. Lembrem-se que muita coisa que para nós já não tem valor, nem aplicação faz falta àquele bom povo da Guiné. Nós, eu e a minha esposa [, Conceição,], pedimos mais precisamente roupas de criança e material escolar, assim como medicamentos (dentro do prazo de validade, como é evidente).

É a minha esposa que se ocupa da recolha, selecção e embalagem destas coisas, foi uma vez à Guiné e quer lá voltar. (...) (**)


3. Algumas das mensagens de camaradas que conheceram melhor o José Eduardo Alves (*):


(i)  António Carvalho [Carvalho de Mampatá]

Sempre optimista e esperançoso, a nada se vergava ele, José Eduardo, mesmo quando perdeu uma filha, há alguns anos, logo se reergueu com novo ânimo. Por sorte, também a esposa Conceição o acompanhava nas jornadas de solidariedade para com o povo da Guiné, especialmente da área de Aldeia Formosa e Mampatá, que visitava, todos os anos, desde 2009. Mas a morte não escolhe só os maus nem só os bons, leva-nos a todos, quando calhar. Cada vez ficamos mais reduzidos, até que o último morrerá também, inexoravelmente.

Para toda a família, a minha homenagem


(ii) Um seu conhecido e amigo [que, por lapso, não se identificou]

Não estive convosco na Guiné, estive em Angola e é fácil de entender o espírito de grande camaradagem entre vós. Há uns anos atrás criei um slogan que diz:

AS ARMAS TAMBÉM UNEM OS HOMENS

Neste momento, quero dizer que conheci o Eduardo há poucos anos, mas além de grande trabalhador, era um homem de carácter e amigo.

O seu grande coração dividia-se pela Guiné. Falava deste país com uma alegria e vaidade por bem conhecer.

Neste ano da Misericórdia que o Papa Francisco bem instituiu, o nosso amigo Eduardo e a sua esposa Conceição, muito bem lá cabem. Que Deus lhe dê coragem para enfrentar este desenlace, bem como a seu filho que os amigos tenham o discernimento adequado para os ajudar. Enfim, vamos dar as mãos para ultrapassar este momento tão difícil, mas a vida é isto e não para.


(iii)  Manuel Carvalho

Homem de carácter e de forte personalidade mas simples e amigo do seu amigo.Gostava de olhar olhos nos olhos e cumprimentos de mão bem apertados.Sempre preocupado com o seu semelhante e passou os últimos anos da sua vida a ajudar os seus amigos da Guiné.
Que Deus o tenha num bom lugar que bem merece.
Um dia nos encontraremos por aí.
Para a esposa e filho as minhas sentidas condolências.


(iv) José Manuel Matos Dinis

Tive oportunidade de conviver com o casal numa deslocação à Guiné, e eram de facto pessoas simpáticas e solicitas. Agora o Zé acabou a caminhada, como um dia vai acontecer-nos.
Aproveito para apresentar as minhas condolências pelo infeliz evento.
Um beijo para a D. Conceição com votos de coragem e resignação nesta hora, e para o Zé fica um abraço a aguardar agenda.


(v) António Murta

O José Eduardo Alves, o "Leça", foi meu contemporâneo em Mampatá, mas só o conheci verdadeiramente (e à sua esposa), no encontro da CArt 6250 em julho do ano passado. Era a simplicidade em pessoa mas de carácter firme.

À sua esposa e restante família, envio as minhas sentidas condolências. Aos seus amigos e camaradas, especialmente o Zé Manel e o Carvalho de Mampatá, envio um abraço solidário.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P14977: O segredo de... (21): O que custa(va) ser periquito numa terra como a Guiné (Ribeiro Agostinho, ex-Soldado da CCS/GG/CTIG)


Messe de Oficiais do Quartel General em Sta. Luzia, hoje transformada em Hotel. Ainda dá para ver parte de uma mangueira das muitas que ladeavam os arruamentos.
Foto e legenda: © António Teixeira (2011). Todos os direitos reservados


1. Mensagem do nosso camarada Ribeiro Agostinho (ex-Soldado Radiotelefonista / Condutor Auto e Escriturário da CCS/QG/CTIG, 1968/70), com data de 30 de Julho de 2015:

Boa noite Camarigos
Após vista de olhos, habitualmente diária, acabei de ler a história do António Medina, que me fez lembrar uma passagem também secreta, na época, que vou agora descrever, e que se acham que interessa, podem publicar.

Quando cheguei à Guiné, em rendição individual, desembarquei e fui apresentar-me nos Adidos em Brá.
Na secretaria foi-me dito que a Companhia, à qual ia destinado, tinha regressado à Metrópole havia dois dias (18-08-1968 no UÍGE), estávamos a 20-08-1968.
Então o Sargento da Secretaria perguntou-me se eu tinha carta de condução pois poderia ficar lá como condutor do Comandante, o que eu de imediato aceitei.

Foi preciso ir ao QG, a Santa Luzia, para pedir a minha colocação e lá fomos os dois. Em conversa com o chefe da Secretaria do QG, o Sr. Major Vilas Boas Mouzinho de Albuquerque, apercebendo-se de que eu tinha estado na Secretaria do Comando do RI 6 no Porto, disse que precisava de mim lá e que se arranjaria um condutor para o Sr. Comandante dos Adidos, outro que não eu.
Acabei por cumprir toda a comissão na secretaria do QG, que só foram 16 meses, pois soube contornar os obstáculos, como manda a tropa, desenrascando-me da melhor forma, mas isso contarei noutra oportunidade. Agora vamos ao tal segredo.

Um belo dia estava eu à porta da Secretaria, no corredor do QG, quando ia para entrar e vejo chegar, pela porta principal, um periquito (camuflado novinho ainda sem lavagem) cheio de pompa.
Fiquei ali parado a vê-lo passar cheio de cagança e reparo que era Capitão. Eu que trabalhava sem boina, fui ocupar o meu lugar na secretária, num gabinete só meu, com vista para a parada e refeitórios da CCS e da PM, por trás do balcão onde trabalhavam outros colegas que atendiam quem vinha do corredor.

Ainda não me tinha sentado quando ouço perguntar pelo soldado que estava há pouco ali à porta, pensei logo de quem se tratava, do periquito, pois eu não lhe bati a pala.
O Sargento que chefiava a parte do balcão, chama-me e eu apareço por trás da parede divisória dando de frente com o Sr. Capitão, que de pronto dispara:
- Oh pá, não me conheces? Não me respeitas?

Eu, já em sentido, peço-lhe desculpa e digo-lhe a todo o momento estamos em contacto com patentes superiores às nossas e é normal proceder assim.
Ele virou-me as costas a remoer qualquer coisa e foi-se.
Retomei o meu trabalho, que era o registo de toda a correspondência que entrava no QG, à excepção da Secreta, que era tratada pelo meu chefe directo, o Sr Major Mouzinho de Albuquerque, do qual tenho saudade e de quem gostaria de saber, pois me despedi dele com um grande abraço, deixando-o a chorar. Era da Póvoa de Varzim, mas não mais soube dele.

Estava eu a retomar o trabalho no registo de correspondência e de novo ouço a perguntar algo ao balcão, e o Sargento indica que é ali atrás que deve dirigir-se. Aparece-me outra vez, de repente, o periquito. Desta feita para me perguntar se eu tinha alguma correspondência relativa a ele próprio. Perguntei-lhe o nome e respondi-lhe que não tinha nada relacionado com ele, ao que ele me pergunta como é que eu sabia. Eu explico-lhe que normalmente fixo o que escrevo e com aquele nome não tinha passado lá nada. Ele replica que tinha urgência em tratar do assunto e de novo lhe digo que logo que apareça, eu despacho para a repartição a que vier destinada.
Ele lá sai a falar sozinho e eu, de imediato, procuro a correspondência que tenho na secretária e encontro um envelope que era mesmo o que ele queria e escondo-o no fundo da gaveta. Primeiro irei despachar todos os outros e depois vou pensar o que irei fazer com o dele.

Ainda estou a pensar no caso, quando de repente me aparece o Major, meu chefe, e o periquito de novo. O Major com todo o respeito, como era seu hábito, cumprimenta-me, pois estava noutro gabinete e pergunta-me se eu não teria a dita correspondência que o nosso Capitão pretendia.
- Meu Major, pois se o nosso Capitão ainda há pouco esteve aqui e eu lhe disse que não tenho.

Lá me recomendou que mal chegasse, despachasse de imediato, pois o nosso Capitão tinha muita urgência.
Mais tarde, com calma, lá analisei o assunto e como não havia registos que me comprometessem até ter chegado ali esse envelope, e como o assunto que já nem sei de que se tratava, não era tão importante, e só me comprometeria se o registasse, não o fiz. Rasguei pura e simplesmente.
O que custa ser periquito numa terra como a Guiné.

Foi caso único aquele rasgar de correspondência, mas atrasei vários casos, de alguns oficiais que entravam por lá dentro e ao deparem com um soldado disparavam com o: Óh pá tens aí este processo, ou esta correspondência, ou isto, ou aquilo?... Se tivesse passado, dizia que já estava em tal repartição. Se não tivesse passado, quando me chegasse às mãos, ficava mais uma ou duas semanas à espera, dependendo de onde me chegasse essa correspondência, se da Província se da Metrópole.

O respeito é muito bonito e alguns não tinham mesmo categoria nenhuma, apesar de terem galões a pesar nas suas responsabilidades. Mas depois dessas entradas desses oficiais, quando viravam costas, normalmente a seguir vinham com a cunha do meu Chefe, ao que eu já estava habituado e ao que sabia dar a volta.

Mais um segredo que fica contado. Façam o que entenderem.

Um abraço a cada um de vós.
Ribeiro Agostinho
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P14962: O segredo de... (20): Fernando Brito (1932-2014), ex-1º srgt, CCS/BART 2917 (1970/72): quadro, em "folha de capim", do seu infortunado filho (, morto mais tarde num trágico acidenrte, em 2001), pintado pelo caboverdiano Leão Lopes, em Bambadinca, 1971 (Cláudio Brito, neto)

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12728: Convívios (560): VIII Almoço de confraternização de ex-Combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos, dia 1 de Março de 2014, em Leça da Palmeira



VAI-SE LEVAR A EFEITO NO PRÓXIMO DIA 1 DE MARÇO DE 2014, EM LEÇA DA PALMEIRA, O VIII ALMOÇO/CONVÍVIO DOS EX-COMBATENTES DA GUINÉ DO CONCELHO DE MATOSINHOS

Como vai sendo hábito, as inscrições estão abertas também aos nossos camaradas ex-combatentes da Guiné dos concelhos limítrofes.
De salientar que este ano, para que se inicie uma aproximação entre todos os ex-combatentes do nosso Concelho, as inscrições são abertas aos três teatros de operações: Angola, Guiné e Moçambique.
Assim, receberemos com prazer todos os nossos conterrâneos que combateram em África na Guerra do Ultramar que queiram confraternizar connosco.

O programa terá este alinhamento:

11h30 - Concentração do pessoal junto à marginal da Praia de Leça, onde se fará a foto de família.

12h00 - Missa de sufrágio na Capela do Sagrado Coração de Jesus, mais conhecida por Capela do Ruas, sita na Rua António Nobre, pelos camaradas caídos em campanha e pelos que, regressados vivos e sãos, ao longo da vida nos foram deixando.

13h00 - Almoço no Restaurante Luso-Brasileiro, sito na Trav da Agra.
Custo do almoço - 19 €uros.

Passa palavra e inscreve-te

Os organizadores do Encontro
Ribeiro Agostinho
José Oliveira
António Maria
Abel Santos
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 7 DE FEVEREIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12691: Convivios (559): Tabanca do Centro, Leiria, Monte Real, 31 de janeiro de 2014: 4º aniversário, 33º encontro, 80 convivas: um caso de sucesso, um futuro "case study" a ser seguido pelas academias militares de todo o mundo (Miguel Pessoa / Luís Graça)

sábado, 28 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9819: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (17): Um momento alto: o lançamento do livro do Idálio Reis (Parte II): Mais fotos da sessão de autógrafos


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > O escritor e os seus ajudantes: da esquerda para a direita, Joaquim Gomes, José Teixeira e Giselda Pessoa. A intervenção oral do Idálio Reis será oportunamente publicada no nosso blogue.





VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Primeira parte da sua alocução.


Vídeo (2' 32''): Alojado em You Tube > Nhabijoes


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > O Silvério Lobo (Matosinhos), tendo atrás de si, na fila para o autógrafo, a Alice Carneiro (Alfragide / Amadora), o Manuel Lema Santos (Massamá /Sintra) e o José Barros Rocha (Penafiel).


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > O Carlos Eduardo (Porto), filho do nosso co-editor Eduardo Magalhães Ribeiro que, por sinal, aparece de costas na imagem.




VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > O Jorge Araújo (Almada) e, atrás dele, com um sorriso de orelha a orelha, o nosso Hélder Sousa, colaborador permanente do nosso blogue.


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > O nosso fadista, e alentejano de Lisboa, José Luís Vacas de Carvalho, presença habitual dos nossos encontros, desde 2006 (Ameira, Montemor-o-Novo, que aliás é a sua terra natal).



VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > O avô Benjamim Durães, que trouxe com ele cinco dos seus netinhos...



VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > O Ribeiro Agostinho (Leça da Palmeira / Matosinhos).





VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Isto é o que se chama "diretamente do produtor para o consumidor", sem intermediários parasitários, que fazem encarecer um livro n vezes mais... Temos de aprender com a experiência do Fernando Gouveia e do Idálio Reis em matéria de edição de autor... (Este livro, com cerca de 260 páginas, 30 fotografias,  e capa brochada, e tiragem de 500 exemplares, ficou por menos de 4 euros, se não me engano!!!).... Há livros, no mercado,  sobre a temática da guerra colonial caríssimos, inacessíveis à generalidade das nossas bolsas... A Tabanca Grande tem que começar a produzir os seus próprios livros, ou a apoiar a edição de autor. Aqui na foto, o Artur Soares (Figueira da Foz).



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 – P9462: Convívios (393): VI Encontro dos ex-combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos, dia 3 de Março de 2012 (Carlos Vinhal)


VI ENCONTRO DOS EX-COMBATENTES DA GUINÉ DO CONCELHO DE MATOSINHOS

Caros camaradas, ex-combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos e não só.

Vai ter lugar no próximo dia 3 de Março de 2012 o VI Encontro dos ex-Combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos.

Como é habitual, contamos com a presença, não só dos camaradas do nosso Concelho, mas também com a dos ex-combatentes da Guiné de qualquer ponto do país que connosco queiram confraternizar.

As inscrições, que terminarão no próximo dia 25 de Fevereiro, poderão ser feitas desde já para os telefones:


969 023 731 e 229 996 510 (Ribeiro Agostinho)
916 032 220 e 229 959 757 (Carlos Vinhal),

e ainda para os endereços:

mailto:mjr.agostinho@gmail.com%22 
mailto:carlos.vinhal@gmail.com%22.


Cada camarada, se assim o desejar, poderá fazer-se acompanhar de um familiar.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 5 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9444: Convívios (313): 16º Encontro/Convívio da CCAV 8351 - “Os Tigres de Cumbijã”