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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8830: Notas de leitura (278): Tarrafo, de Armor Pires Mota: censura e autocensura, em tempo de guerra. Cotejando as edições de 1965 e 1970 (Parte I) (Luís Graça)


1. Não sei se é caso único, mas tem contornos algo insólitos: em 1965, o nosso camarada Armor Pires Mota, alferes miliciano, recém-regressado da Guiné [, foto à esquerda], publica em livro um conjunto de crónicas ou de excertos do seu diário de guerra, incluindo um relato relativamente circunstanciado da famosa Operação Tridente (ou batalha do Como, como lhe chamava o PAIGC), operação essa que decorreu entre 14 de Janeiro a 24 de Março de 1964, na ilha do Como… 

Diga-se, de passagem, que aquela foi a maior e a mais longa operação,  realizada pelas nossas tropas no TO da Guiné, no decurso da guerra (1963/74),  mobilizando cerca de 1200 efetivos, dos três ramos das  Forças Armadas. Já tivemos, de resto,  o privilégio de aqui  publicar, na I Série do nosso blogue, o depoimento, em primeira mão, de um dos mais experimentados combatentes  dessa longa e penosa batalha, o então Fur Mil Comando Mário Dias (Brá, 1963/66) (*).


O livro chama-se Tarrafo, é editado (ou melhor impresso) pela Gráfica Aveirense, Aveiro, em Outubro de 1965. (Em rigor, trata-se de um edição de autor). Está dividido em três partes e tem 158 páginas. A primeira parte vai da página 11 (Bissau, 25 de Junho de 1963, cinco meses depois do início da guerra) até à página 43 (Bissorã,  12 de Dezembro de 1963).

Nesse espaço de tempo, o autor (e a subunidade a que pertencia, a CCAV 488), esteve na região do Oio, passou por Mansodé (onde teve o seu batismo de fogo, em 11 de Agosto de 1963), Mansabá (Outubro/Novembro) e depois Bissorã (Novembro / Dezembro de 1963). 

A segunda parte (pp. 47-85) reporta-se à sua participação na Op Tridente (Como, de 15 de Janeiro a 15 de Março de 1964). O Alf Mil Cav Mota e o seu grupo de combate fazia parte da CCVA 488, indo integrado no Agrupamento B,  juntamente com o 8º Dest de Fuzileiros Especiais (que era comandado pelo então 1º Ten Alpoím Calvão).

Na terceira e última parte (pp.89-154), Armor Pires Mota relata a sua experiência operacional (e humana) no norte da Guiné, na região de Farim, entre Maio de 1964 e Junho de 1965. Neste período de tempo, passou por Bafatá, Sitató,  Lamel, Jumbembem, Farincó Mandinga, Canjambari, Fambantã, Cuntima, Sulucó… A última crónica é de Jumbembem, 11 de Junho de 1965 (pp. 153/154).

Ao que sabemos, estas crónicas tinham sido publicadas previamente, por episódio, cronologicamente, no Jornal da Bairrada de que o Armor Pires  Mota virá mais tarde a ser chefe de redação… Como classificar este livro ? Em que  género literário encaixá-lo ? Não é romance, não é ficção, não é jornalismo... Está próximo de coletânea de contos,  de short stories... Ou, se quiserem, da literatura memorialística...


Onde está, entretanto,  o caso ou o insólito do caso a que me referi no início deste poste ? É que o livro foi imediatamente retirado do mercado, por iniciativa direta da polícia política de então ou, possivelmente, alertada por algum censor mais sensível ao efeito “dissolvente” (como então se dizia…) e “desmoralizante” que a leitura do livro poderia ter nos mais incautos e jovens leitores portugueses (bem como nos seus pais, preocupados pela mobilização crescente dos seus filhos para os longínquos teatros de operações de África: Angola, Guiné e Moçambique),  face à realidade nua e crua da guerra da Guiné, tal como era descrita, pela primeira vez, na primeira pessoa do singular, e para mais com o inegável talento de um jovem e promissor escritor, nascido e criado na região da Bairrada…


Dedicatória a um amigo açoriano (?), com autógrafo... Tarrafo, 2ª edição, 1970... Livro comprado há alguns anos,  em segunda mão, numa feira dos usados...


Não estaria em causa, na época, o inquestionável patriotismo do autor nem sequer a sua fé inabalável na justa causa portuguesa, em terras da Guiné, cobiçadas por potências estrangeira que financiavam e instrumentalizavam os “turras” ou "bandidos" do PAIGC… 

Aliás, o livro  começa por ser dedicado “ao rude, mas heróico soldado português, sempre pronto  para todos os sacrifícios”, bem como ao tenente coronel FernandoCavaleiro, que comandou as forças terrestres na Op Tridente e que é descrito nestes termos: "audacioso, de pulsos de ferro, de têmpera mais vale quebrar que torcer ". Era, de resto, o comandante do BCAV 490, a que pertencia a subunidade do Armor Pires  Mota (CCAV 488). 

É também dedicado aos seus "pais e irmãos" bem como à "minha madrinha de guerra que sempre teve uma palavra de conforto para cada angústia,  uma frase de humor para cada dia de tédio e uma rosa para cada ferida"... 

O insólito, para mim,  está no aparecimento, cinco anos depois, de uma 2ª edição do livro, revista, (não se trata de simples reimpressão...), com a indicação explícita de se tratar da “2ª edição, autorizada” (sic).  Não se percebe de quem vem a autorização: a Direção dos Serviços de Censura, a PIDE/DGS, o Exército ?...

A editora é, desta vez, a Pax Editora, de Braga, ligada à Igreja Católica.  O autor, antigo seminarista, mantinha-se próximo dos meios católicos da época, e tudo indica, alinhado política e ideologicamente com o regime de então. Na apresentação do livro, João Bigote Chorão, crítico literário e ensaísta, escreveu:

(...) " No sofrimento e no sangue nasceu-nos um escritor, Armor Pires Mota,  cronista de uma aventura e poeta de uma epopeia onde o nosso destino se joga - e onde todos nos podemos perder ou salvar". (...) 

O livro já aqui teve, no nosso blogue, uma primeira recensão, da autoria  do Beja Santos (**), que não poupa elogios ao autor e à obra, "primeiríssimo relato literário da guerra da Guiné":

(...) "Tarrafo surpreende, 45 anos depois: pela sinceridade, pelo registo inocente, pela dureza da aprendizagem. E chegamos a Janeiro de 1964, o autor vai viver a batalha do Como, legou-nos páginas densas, emocionantes, estranhamente esquecidas" (...) (**).

Armor Pires Mota foi, de facto,  durante muito tempo esquecido e injustiçado, figurando hoje entre os nossos escritores da guerra colonial, de primeiríssima água (se considerarmos a sua obra decisiva, o romance Estranha Noiva de Guerra, de 1995).

E no entanto o seu nome não consta sequer da pioneira antologia,  editada pelo Círculo de Leitores,  em 1988,  sob a direção literária de João de Melo: Os anos da guerra...  [, vd. foto da capa, à direita]. O escritor açoriano e ele próprio ex-combatente, em Angola, considerava na época o Armor Pires Mota como um mero cronista 'patriótico'.

Eis a referência bibliográfica, relativa a Tarrafo, que consta do catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal,  obtida através da pesquisa na Porbase, onde o autor tem o número invejável de 28 registos (entre títulos de poesia, ficção, crónica e investigação historiográfica):


Tarrafo / Armor Pires Mota


AUTOR(ES): 
Mota, Armor Pires, 1939-
PUBLICAÇÃO: 
[S.l. : s.n.] 1965 ( Aveiro: -- Gráfica Aveirense)
DESCR. FÍSICA: 
158, 1 p. : il. ; 21 cm



Tarrafo / Armor Pires Mota


AUTOR(ES): 
Mota, Armor Pires, 1939-
EDIÇÃO: 
2ª edição autorizada
PUBLICAÇÃO: 
Braga : Editora Pax 1970
DESCR. FÍSICA: 
244, 18 p. : il. ; 21 cm
NOTAS: 
Tiragem 3000 ex.




2. Da primeira edição (esgotada) possuímos um exemplar fotocopiado, gentilmente oferecido pelo seu autor ao nosso camarada Beja Santos, e que faz parte atualmente do espólio da biblioteca (em construção…) da Tabanca Grande (, alimentada com os livros  que são objeto de recensões publicadas no nosso blogue).



O documento que possuímos tem a particularidade de ser fotocópia de um exemplar autografado, pertencente à Biblioteca do Seminário de Aveiro. Tem, além disso, diversas páginas com o carimbo “Confidencial” e, ainda mais interessante, inúmeros parágrafos e frases  sublinhados,  possivelmente com ordem de eliminação ou sugestão de correção. Não sabemos se são do próprio autor ou dos seus “censores"...

Por exemplo,  na 2ª edição, o autor eliminou todas as referências ao nosso armamento e equipamento, por razões que só podem ser entendidas como sendo de "segurança militar"  (por exemplo, caça-bombardeiro T-6, espingarda automática G-3, rádio transmissor AN/PRC 10)… O mesmo se passa com alguns topónimos e datas (não se percebe porquê, já que outros ficaram…).


A edição de 1970 tem o mesmo título (Tarrafo) mas mais páginas (244 pp.).  É ilustrada com 22 fotografias, a preto e branco,  legendadas, mas algumas das quais não têm nada a ver com a época (1963/65) em que o autor esteve na Guiné. 

É o caso, por exemplo, da foto nº 17, que tem a seguinte legenda: “17. Homens de outros países no auxílio ao terrorismo internacional. O capitão cubano Juan Jimenez Peralta”. [ Possivelmente tirada no Hospital de Santa Maria, Lisboa, 1970]. 

O mesmo se passa possivelmente com fotos de armamento pesado, de origem soviética ou checa, apreendido ao PAIGC em data posterior a 1965 (por ex., foto nº 8).


O livro de 1970 mantém sensivelmente a mesma estrutura (3 partes, a saber:  1. No coração do Oio; 2. Sul; 3. Norte. Há, no entanto, novos episódios, nas partes 1 e 3).

3. Pergunta-se: A que é que os “censores” eram/são mais sensíveis, em tempo de guerra ?

Como é sabido, no Estado Novo,  os livros não eram sujeitos a censura prévia  (contrariamente à  imprensa escrita e ao teatro) mas podiam ser apreendidos depois de publicados,  tarefa essa que incumbia à PIDE (mais tarde DGS), com  mandados de busca às livrarias, tipografias e bibliotecas.


 Os censores, da Direcção de Serviços de Censura (por sua vez dependentes do Serviço Nacional de Informação) eram, conhecidos (e temidos) pelo famigerado "lápis azul”, com que cortavam textos (dos jornais ao teatro de revista), muitas vez cega e arbitrariamente… Alguns censores eram militares, e a sua formação muito heterogénea. 

Quanto aos critérios da censura, não eram de modo algum uniformes. Havia, contudo,  censores mais permissivos do que outros, conforme as regiões do país.  É bem possível que o Armor Pires Mota, pelo contrário,  tenha apanhado um censor de Coimbra para quem o tema da guerra era tabu…(Eu, que fui jornalista da imprensa regional, nessa época, sei do que falo).


Também é verdade que o tema da guerra estava ao rubro, em 1965, na sequência da atribuição, pela  Sociedade Portuguesa de Escritores, do  Grande Prémio de Novelística  ao escritor Luandino Vieira, pelo seu livro Luuanda. Recorde-se que Luandino Vieira (nascido em Vila Nova de Ourém, em 1935, radicado com os pais em Angola desde os três anos e militante do MPLA) cumpria, então, uma pena de 14 anos de prisão, no  Tarrafal,  sob a acusação de terrorismo.





Excerto de Tarrafo, 1ª edição, 1965, p. 15 

Na sequência da decisão do júri que atribuiu o Prémio, a referida Sociedade Portuguesa de Escritores foi extinta, por despacho do Ministério da Educação, e a sua sede assaltada e vandalizada, em 21 de Maio de 1965. Membros do júri  - entre eles o respeitável João Gaspar Simões (1903-1987) - foram detidos e interrogados pela PIDE. A notícia, além disso, foi proibida em todos os jornais.  

Não sei se há mais livros, sobre a guerra colonial,  anteriores ao 25 de Abril de 1974,  que tenham sido objeto de censura e/ou de apreensão. O caso do Tarrafo parece-nos paradigmático.  Mas, no final, ficamos sem poder responder cabalmente à pergunta: a que é que os “censores” eram/são mais sensíveis em tempo de guerra ?



A título de amostragem, e num primeiro resumo, pode-se dizer que os censores (ou o censor...) querem esconder, escamotear ou ignorar, por exemplo,  a situação das crianças de Bissau bem como a prostituição ou a miséria em que os guineenses vivem em Bissau ou no mato, tal como era descrita de relance pelo autor, um jovem de sólida formação cristã e de indesmentível portuguesismo, chegado à Guiné em Junho de 1963… 

Querem por outro lado suavizar a própria violência da guerra (e o realismo dos combates), incluindo o comportamento dos nossos soldados debaixo de fogo… Preocupam-se com a "moral" da retaguarda, procurando de algum modo subestimar ou subvalorizar a força do inimigo... Como em toda a parte do mundo e em todas as épocas, o censor (político, militar, literário...)  sofre, antes de mais, de um problema de dissonância cognitiva…

Topónimos e datas eliminados na 2ª edição (1970)

Citem-se alguns exemplos (retirados da 1ª edição, 1965), reportados a três episódios ou crónicas:

- Ruas sem poesia (p. 22): Eliminada a referência a “Bissau, 25 de Junho de 1963”.

- Batismo de fogo (p. 30): Cai a menção a “Mansodé, 11 de Agosto de 1963”

- Sobrevivência (p. 90): O episódio deixa de ser localizado e datado (“Como, 16 de Janeiro de 1964”).

Vejamos ainda  algumas descrições (da edição de 1965, que desaparecem na edição de 1970):

“Nas ruas, tristes, como elas, brincam torrentes de crianças, semi-nuas, em altos berros: correm, saltam, olham-me curiosas. Alegres como pássaros livres, sem saber se lhes falta pão ou justiça” (p. 12).

“No Copilão, a noite, como de costume, vai ser de orgia intensa e frenética. Estranha conceção de moral. Por vezes, o dinheiro  - preço baixo de carne emprestada aos homens brancos ou de cor  que julgam apagar tristezas e desgostos, chafurdando no prazer – reverte em favor da família. As filhas chegam a entregá-lo aos pais” (p. 13).

Veja-se,  por exemplo, este diálogo entre o narrador (o alferes) e o Teodomiro (soldado), no dia do batismo de fogo, mês e meio depois da sua chegada ao TO da Guiné (p. 15): 

(…) – Descansa que não mataste nenhum inocente. Quem vive em casa de mato tem o rótulo… Não sejas idiota! Um soldado não deve ter um coração de pedra. Mas também não deve ser um medricas.
- Eu sei. Mas matar custa-nos sempre. (…)

Na segunda edição o diálogo foi reformulado e a última frase (... matar custa-nos sempre) desapareceu…

O comportamento debaixo de fogo também está na mira dos censores, obrigando o autor a reformular o parágrafo:

“Olhei. O Américo, que gritara, tinha desaparecido para trás. E cada qual teve a sua reação natural. Uns meteram a cabeça no chão e ficaram quietos como um coelho, Outros, de arma na cara, faziam pontaria. E não faltou até quem estivesse a ver milhares de bandidos, imaginariamente” (p. 15)…

No total, contei mais de uma centenas de parágrafos ou frases “censurados” (que interpreto como cortes ou sugestões de reformulação), marcados a lápis (com um ou outro, raro, comentário, ilegível na fotocópia): 

Parte 1  (pp. 1-43) – 23 “marcas”
Parte 2 (pp. 47-89) -  32 “marcas”
Parte 3 (pp. 89-154) – 50 “marcas”

(Continua)


[ Texto redigido em conformidade com o Novo Acordo Ortográfico... Com um abraço de apreço e camaradagem ao Armor Pires Mota, a quem convidei, em tempos, pessoalmente,  para integrar a nossa Tabanca Grande... Convite que ele agradeceu amavelmente, mas ao qual nunca chegou a dar resposta...  Lourinhã, Agosto de 2011. L.G.]
_________________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:
 15 Dezembro 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXII: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): Parte I (Mário Dias) 

16 Dezembro 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXV: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): II Parte (Mário Dias) 

17 Dezembro 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXX: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): III Parte (Mário Dias)


(**) Vd. postes de:
 

22 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5687: Notas de leitura (56): Armor Pires Mota (1): Tarrafo e Baga-baga, duas surpresas de um combatente repórter (Beja Santos)
 

23 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5692: Notas de leitura (57): Armor Pires Mota (2): Tarrafo, o primeiríssimo relato literário da Guerra da Guiné (Beja Santos)
 

(***) Último poste da série:

26 de Setembro de 2011 >
Guiné 63/74 - P8822: Notas de leitura (277): Golpes de Mão's, Memórias de Guerra, por José Eduardo Reis de Oliveira (Mário Beja Santos)

sábado, 27 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4594: Fichas de Unidades (3): História do BART 645 (José Martins)


1. Sobre este Batalhão existem já 2 postes no blogue (*), um do Carlos Brito e outro do Jorge Santos, pelo que aqui fica o convite ao Carlos Brito, para formar ao lado dos nossos Camaradas, contar-nos as suas estórias e aderir ao nosso “tabancal”...

2. Também registamos com apreço o nosso melhor agradecimento, pela preciosa ajuda prestada pelo nosso já habitual "colaborador permanente", o José Martins... Obrigado!

O envio da História deste batalhão ao Carlos Brito, pelo José Martins, foi antecedido de uma troca de e-mails entre estes dois camaradas e o Rogério Cardoso, do mesmo batalhão do primeiro, que a seguir expomos:

E-mail do José Martins com data de 25JUN2009 - Assunto: BART 645:
Luis,
Pediste-me, em 13JUN09 para fazer a ficha do BART 645.
Aqui vai ela em anexo, como também vai para o Carlos Brito, que ainda não entrou para a nossa tertúlia.
Parece-me, pelo seu e-mail, que está longe de nós. Será verdade?
Avança Carlos Brito, estás com a tua gente.
Um abraço,
José Martins

Na réplica o Carlos Brito escreveu:
Amigo José Martins,
Obrigado por me teres endereçado a ficha do nosso Batalhão. Não sei como conseguiste reunir tantos e preciosos elementos ao fim de 40 e tal anos, pois, penso eu, deve ter sido muito trabalhoso.
Não tenho reparos a fazer, excepto talvez no lema, que julgo ser BRAVOS, LEAIS E FIÉIS.

Até recordei alguns nomes como o do Cap Abílio dos Santos Sousa - dos Reabastecimentos -, uma excelente pessoa, que um dia encontrei em Lisboa e cujo nome já tinha esquecido.
Também não percebi esta indicação de que o Sousa Paz, era Oficial de Operações e Informações-Adjunto. Ele era sim, e sempre foi, o Oficial de Operações e Informações do BART, excepto talvez no início da sua formação, em Santa Margarida, em que, recordo, esse lugar era de outro Oficial.
Também andei estes anos todos convencido que o nosso CMDT - Sousa Paz, e o Fur Mil Graça (do BART 643), tinham sido condecorados e tal não aconteceu.
Quanto a entrar na tertúlia, estou só à espera que os "operacionais" comecem a escrever.
Um abraço,
Carlos Brito

Nova mensagem do José Marcelino Martins, para o Carlos Brito, com data de 28JUN2009 - Assunto: BART 645:
Caro Brito,
É um prazer para mim poder colocar à disposição dos camaradas, aquilo que para mim é um “hobby”.
Como já referi, noutros locais e noutras circunstâncias, apenas junto pontas soltas de história, e dou-lhes outra forma: aquela que gostaria para mim.
O cargo “Oficial de Operações e Informações-Adjunto”, suponho que quer dizer um duplo cargo: “Oficial de Operações e Informações e Adjunto do Comandante”. Terminologias militares.
Nunca seremos demais para dar a conhecer as nossas vivências em África e, mormente, na Guiné. Não esperes mais. Avança, que outros te seguirão!No texto só falta o “ex-libris” do Batalhão ou das companhias, mas não os encontrei em nenhum local.
Um abraço,
José Martins
Fur Mil Trms Inf da CCAÇ 5 (anterior 3ª CCAÇ 1) - Nova Lamego e Canjadude (JUN68 a JUN70)

E-mail resposta do Carlos Brito:
Caro José Martins,
Reenviei o documento sobre o nosso batalhão ao Rogério Martins Cardoso (um dos condecorados), que criou a Associação de Amizade do BART 645.
Ele, tal como tu, tem-se dedicado por "hobby", a escrever a história da nossa Unidade e não só.
Além disso, ele consegue reunir parte do pessoal em almoços/convívios anuais.
Se quiseres, aqui fica o seu endereço:
Rogério Cardoso,
E-mail: aguiasnegras.645@gmail.com
Obrigado e um abraço,
Carlos Brito

Novo e-mail do José Marcelino Martins, para o Rogério Cardoso, com data de 26JUN2009 - Assunto: BART 645 “Águias Negras”:
Camarada Cardoso,
Tive conhecimento do teu endereço através do e-mail abaixo, do Carlos Brito.
Este e-mail tem como finalidade convidar-te para aderires como membro à nossa TABANCA GRANDE, como é conhecido o blogue do Luís Graça e que, certamente, já conheces.
Pelo que o Brito diz, tens como “hobby” a história da Guiné (que é também a nossa história) e todos somos poucos para a escrever, senão na primeira pessoa do singular, pelo menos no plural.

Um abraço do,
José Martins


Foto do Carlos Vinhal (inserida no poste P2894), que foi Fur Mil da CART 2732, acompanhado do Salifo Seidi (conhecido por Toni), em Mansabá, junto ao Memorial com os brasões das Unidades que por lá passaram. À esquerda, em baixo, o brasão do BART 645 (Águias Negras).

BATALHÃO DE ARTILHARIA Nº 645

HISTÓRIA

Mobilizado no Regimento de Artilharia Ligeira nº 1, sito em Lisboa, teve como Comandante o Tenente-coronel de Artilharia António Braancamp Sobral, tendo também comandado esta unidade o Major de Artilharia Raul Pereira Batista. Desempenharam o cargo de 2º Comandante os Majores de Artilharia José da Glória Alves, Mário Martins Cabrita Gil, Raul Pereira Batista e Abílio dos Santos Sousa. O Capitão de Artilharia Carlos de Sousa Paz, desempenhava o cargo de Oficial de Informações e Operações, Adjunto.

Adoptou como Divisa “AGUIA NEGRAS” e “BRAVOS SEMPRE FIÉIS”, embarcando em Lisboa em 04 de Março, tendo desembarcado em Bissau em 10 de Março de 1964.

Compunham a orgânica deste batalhão, as subunidades:

Companhia de Comando e Serviços – sob o comando do Capitão de Artilharia José Manuel Lobo Silvestre Graça;
Companhia de Artilharia nº 642 – sob o comando do Capitão de Artilharia Francisco Matias Barão da Cunha;
Companhia de Artilharia nº 643 – sob o comando do Capitão de Artilharia Ricardo Lopes da Silveira;
Companhia de Artilharia nº 644 – sob o comando do Capitão de Artilharia Vítor Manuel da Ponte da Silva Marques (**). Também comandaram esta subunidade ao Capitães de Artilharia Nuno José Varela Rubim e José Júlio Galamba de Castro.

Comando e Companhia de Comando e Serviços

O batalhão ficou inicialmente sediado em Bissau, na missão de intervenção e reserva do CTIG, tendo as suas subunidades sido atribuídas a outros batalhões.

Embora mantendo o comando sedeado em Bissau, em 23 de Maio de 1964, estabeleceu um Posto de Comando Avançado (PCAv), para coordenar os subsectores de Mansabá e Bissorã, que tinham sido retirados da área da responsabilidade do Batalhão de Caçadores nº 512.

A 22 de Julho de 1964, com a saída de sector do BCAÇ 512, o BART 645 assume a responsabilidade do Sector C2, instalado em Mansoa, que abrangia os subsectores de Mansoa, Mansabá, Bissorã e Enxalé. Em 29 de Agosto de 1964 o Sector C2 é reduzido do subsector de Enxalé e, por subdivisão do subsector de Bissorã é criado, em 9 de Dezembro de 1964, o subsector de Olossato.

O Sector C2 é, em 11 de Janeiro de 1964, designado por Sector O3. Mais tarde, em 9 de Dezembro de 1965 e por subdivisão do subsector de Bissorã é criado o subsector de Olossato.

Esta unidade, com o apoio das suas subunidades orgânicas e/ou outras que lhe foram atribuídas, desenvolveu a sua actividade, abrindo o itinerário entre Mansabá e Bafatá, desenvolveu na região do Oio, que causaram baixas ao inimigo, as operações “Mansodé”, “Irã”, tendo ainda tomado parte na operação “Notável”, de 04 a 23 de Novembro de 1964, conduzida pelo Batalhão de Cavalaria nº 705.

Do material capturado durante as operações em que tomou parte, destacam-se duas metralhadoras pesadas, dez metralhadoras ligeiras, noventa e nove pistolas-metralhadoras, vinte e quatro espingardas, um lança-granadas foguete, vinte e oito minas, duzentas e três granadas de armas pesadas e dezassete mil trezentas e onze munições de armas ligeiras.

Foi rendido pelo Batalhão de Caçadores nº 1857, em 02 de Fevereiro de 1966.

Tombaram em Campanha os seguintes militares:

ANTÓNIO ABRANTES CARDOSO, Soldado Sapador nº 1612/63, solteiro, filho de Abílio Ferreira Cardoso e Maria Abrantes Cabral, natural da freguesia de Folhadosa, concelho de Seia, faleceu em 13 de Fevereiro de 1965 no Hospital Militar 241 – Bissau, vítima de acidente de viação na estrada Nhacra – Mansoa, perto da tabanca de Dugal. Foi inumado no Cemitério de Folhadosa.

JOSÉ AUGUSTO DE JESUS, Soldado Sapador nº 1614/63, solteiro, filho de Augusto Maria de Jesus Lino e Maria de Jesus, natural da freguesia de Resgatados, concelho de Montemor-o-Novo, faleceu em 13 de Fevereiro de 1965 no Hospital Militar 241 – Bissau, vítima de acidente de viação na estrada Nhacra – Mansoa, perto da tabanca de Dugal. Foi inumado no Cemitério de Bissau – Campa 1400.

JOSÉ AUGUSTO JATA, Soldado Atirador nº 40/62 (recrutamento local), solteiro, filho de Gulfata e Tambo, natural da freguesia e concelho de Mansoa (Guiné), faleceu em 5 de Março de 1965 no Hospital Militar Principal, em Lisboa, vítima de doença. Foi inumado no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa.

Distinguiram-se e foram condecorados os seguintes militares:

MAMADU BARI, Soldado de Artilharia, por acção praticada no dia 28 de Julho de 1964, foi condecorado com a medalha da Cruz de Guerra 2ª Classe, conforme Ordem do Exército nº 29, IIIª Série de 1966.
MÁRIO DE JESUS RODRIGUES DOS SANTOS, Soldado de Artilharia Condutor, por acção praticada no dia 27 de Junho de 1965, foi condecorado com a medalha da Cruz de Guerra 4ª Classe, conforme Ordem do Exército nº 13, IIIª Série de 1966.

ROGÉRIO MARTINS CARDOSO, Furriel Miliciano do Serviço de Material, foi condecorado com a medalha da Cruz de Guerra 4ª Classe, conforme Ordem do Exército nº 13, IIIª Série de 1966.

Companhia de Artilharia nº 642

Entre 13 de Abril e 04 de Maio de 1964 operou na área de Mansoa-Mansabá, sob a orientação do Batalhão de Caçadores nº 512, tendo passado para a área do seu batalhão, em 24 de Maio de 1964, como subunidade de intervenção e reserva, tendo efectuado operações nas regiões de Manhau, Cubonge e Cã Quedo.

A 12 de Setembro de 1964, rendo a CCAÇ 594 em Mansabá, assumindo a responsabilidade desse subsector, tendo instalado um pelotão na povoação de Manhau, em 9 de Junho de 1965.

É rendida em Mansabá pela Companhia de Caçadores nº 1421, sendo transferida para Bissau para integrar o dispositivo de segurança e protecção de instalações e populações da área.

Tombaram em Campanha os seguintes militares:

JOSÉ ROSA LOURO, Soldado Atirador nº 1818/63, casado com Emília Conceição Marques Louro, filho de Joaquim Louro e Josefina Rosa, natural da freguesia de Portela, concelho de Abrantes, faleceu em 2 de Maio de 1964, no Hospital Militar 241, em Bissau, vítima de doença. Foi inumado no Cemitério de Bissau, Campa nº 817.

ANTÓNIO FERREIRA DA ROCHA CASEIRO, Soldado Atirador nº 1924/63, solteiro, filho de Joaquim da Rocha Caseiro e Lúcia Pereira, natural da freguesia de Sobrado, concelho de Valongo, faleceu em 6 de Junho de 1964, vítima de ferimentos em combate em Mansabá. Foi inumado no Cemitério de Bissau, Campa nº 867.

ALVARO HENRIQUE ESPINHEIRA, Soldado Atirador nº 1826/63, solteiro, filho de Joaquim Espinheira e Conceição Oliveira, natural do Lugar de Bôco, freguesia de Lourosa, concelho de Vila da Feira, faleceu em 27 de Junho de 1964, vítima de ferimentos em combate, em Mansoa. Foi inumado no Cemitério de Bissau, Campa nº 906.

JOSÉ AUGUSTO MARTINS NETO, Soldado Atirador nº 1982/63, solteiro, filho de Rafael Augusto e Cacilda de Jesus Martins, natural da freguesia de Torre de Torrenho, concelho de Trancoso, faleceu em 16 de Dezembro de 1964 no Hospital Militar 241, vítima de acidente de viação. Foi inumado no Cemitério de, Campa nº 1281.

HUMBERTO DE JESUS JORGE, Soldado Atirador nº 2633/63, solteiro, filho de António Sacramento Borges e Augusta Martins, natural do lugar de Sobreda, freguesia de Morais, concelho de Macedo de Cavaleiros, faleceu em 30 de Maio de 1965 no Hospital Militar 241, em Bissau, vítima de doença. Foi inumado no Cemitério de Bissau, Campa nº 1727.

ANTÓNIO VIEIRA DOS REIS, Soldado Condutor Auto Rodas nº 2285/63, casado com Marinha Gomes Vieira, filho de Manuel Costa Reis e Rosalina Vieira da Luz, natural do lugar de Beire, freguesia de São João de Ver, concelho de Vila da Feira, faleceu em 19 de Outubro de 1965 no Hospital Militar Principal, em Lisboa, para onde tinha sido evacuado em 16 de Outubro de 1965, vítima de ferimentos em combate. Foi inumado no Cemitério de São João de Ver.

SIFA CÓ, Soldado Condutor Auto Rodas nº 278/63, casado com Judi Sasu, filho de Sasufini Cá e Omene Cá, natural da freguesia de Nossa Senhora da Candelária, concelho de Bissau, faleceu em28 de Dezembro de 1965 no Hospital Militar Principal, em Lisboa, vítima de acidente de viação na estrada de Bolama para o aeroporto em 24 de Dezembro de 1965. Foi inumado no Cemitério do Alto de S. João, em Lisboa.

Distinguiram-se e foram condecorados os seguintes militares:

FELIX RODRIGUES FERREIRA, 1º Cabo Artilharia, por acção praticada no dia 28 de Julho de 1964, foi condecorado com a medalha da Cruz de Guerra – 2ª Classe, conforme Ordem do Exército nº 22, IIIª Série de 1965.

FRANCISCO MATIAS BARÃO DA CUNHA, Capitão de Artilharia, por acção praticada no dia 27 de Junho de 1964, foi condecorado com a medalha da Cruz de Guerra 3ª Classe, conforme Ordem do Exército nº 20, IIª Série de 1966.

MOISES DA SILVA BASTO, 1º Cabo de Artilharia, por acção praticada no dia 28 de Novembro de 1965, foi condecorado com a medalha da Cruz de Guerra 3ª Classe, conforme Ordem do Exército nº 29, IIIª Série de 1966.

Companhia de Artilharia nº 643

Vai para a área de Gampará, em reforço do Batalhão de Caçadores nº 599, no período de 22 a 26 de Abril de 1964, seguindo, a 29 de Maio desse ano, para Mansabá, para tomar parte numa operação realizada pelo seu batalhão.

Foi deslocada, como unidade de reforço e para incrementar a actividade operacional, para o subsector de Bissorá em 8 de Junho de 1964. Assumiu a responsabilidade daquele subsector, em 8 de Junho de 1964, rendendo a CCAÇ 508, até ser rendida pela CCAÇ 1419, em 11 de Janeiro de 1966.

Em 12 de Janeiro de 1966, é transferida para Bissau para integrar o dispositivo de segurança e protecção de instalações e populações da área.

Tombaram em Campanha os seguintes militares:

ANTÓNIO EMILIO DE MELO, 1º Cabo Atirador nº 1788/63, solteiro, filho de Maria Helena de Melo, natural da freguesia de São João das Areias, concelho de Santa Comba Dão, faleceu em 16 de Agosto de 1964, vítima de ferimentos em combate em Bedanda. Foi inumado no Cemitério de, Campa nº 1055.

MANUEL BERNARDES, Soldado atirador nº 1952/62, solteiro, filho de Maria Esperança, natural da freguesia de Figueira de Lorvão, concelho de Penacova, faleceu em 7 de Novembro de 1964, no Hospital Militar 241, em Bissau, vítima de acidente, descarga eléctrica. Foi inumado no Cemitério de Bissau, Campa nº 1171.

Distinguiram-se e foram condecorados os seguintes militares:

ANTÓNIO LOPRES LOURENÇO, Alferes Miliciano de Infantaria, foi condecorado com a medalha da Cruz de Guerra 2ª Classe, conforme Ordem do Exército nº 21, IIª Série de 1966.

FRANCISCO MENDES MADEIRA, Soldado de Artilharia, foi condecorado com a medalha da Cruz de Guerra 4ª Classe, conforme Ordem do Exército nº 13, IIIª Série de 1966.

HELDER MARQUES DO CARMO ÁGUAS, Furriel Miliciano de Infantaria, foi condecorado com a medalha da Cruz de Guerra 3ª Classe, conforme Ordem do Exército nº 12, IIIª Série de 1966.

JOSÉ ANTÓNIO FERNANDES COELHO, 1º Cabo de Artilharia, foi condecorado com a medalha da Cruz de Guerra 4ª Classe, conforme Ordem do Exército nº 13, IIIª Série de 1966.

JOSÉ AUGUSTO DA SILVA MARQUES, Soldado de Artilharia, por acção praticada no dia 3 de Outubro de 1965, foi condecorado com a medalha da Cruz de Guerra 4ª Classe, conforme Ordem do Exército nº 13, IIIª Série de 1966.

RICARDO LOPES DA SILVEIRA, Capitão de Artilharia, foi condecorado com a medalha da Cruz de Guerra 3ª Classe, conforme Ordem do Exército nº 20, IIª Série de 1966.


Companhia de Artilharia nº 644

Depois de ter intervenção na área de Mansabá, no período de 13 de Abril a 4 de Maio de 1964, sob a orientação do Batalhão de Caçadores nº 512, regressa á área do seu batalhão, como unidade de reforço e para incrementar a actividade operacional, em 24 de Maio de 1964.

Em 15 de Agosto de 1964 foi substituída na guarnição de Mansabá pela CCAÇ 1421 e transferida para Mansoa, na qualidade de subunidade de intervenção e reserva, tendo efectuado operações nas regiões de Benifo e Sinre.

A 28 de Outubro de 1965, com a chegada da CART 1525, assume a responsabilidade do subsector de Mansoa, guarnecendo o destacamento de Cutia, e em 15 de Outubro de 1965, o destacamento de Encheia.

De 24 de Janeiro de a 4 de Fevereiro de 1966, troca, de novo, a posição com a CART 1486, até à chegada da CART 1525, após o que é deslocada para Bissau.

Tombaram em Campanha os seguintes militares:

MANUEL DA SILVA GAGO, 1º Cabo Radiotelegrafista nº 2409/63, solteiro, filho de Francisco da Cunha Gago e Maria Ascensão Silva, natural da freguesia e concelho do Fundão, faleceu em 15 de Agosto de 1965 vítima de acidente de viação na estrada de Mansabá – Mansoa, junto a esta localidade. Foi inumado no Cemitério de Bissau, Campa nº 1884.

LUIS CIRIACO JOSÉ VITORINO, 1º Cabo Condutor Auto Rodas nº 2203/63, solteiro, filho de Luís Fernando Vitorino e Maria José Vitorino, natural da freguesia e concelho de Faro, faleceu em 26 de Janeiro de 1965, vítima de ferimentos em combate. Foi inumado no Cemitério de Faro.


As Companhias de Artilharia nºs 642 e a 643 regressam à Metrópole em 27 de Janeiro e as restantes forças (CCS e CART 644) em 9 de Fevereiro de 1966.

(José Martins)

Texto: © José Martins (2009). Direitos reservados
Foto: © Carlos Vinhal (2009). Direitos reservados
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Notas de M.R.:

(*) Vd. outros postes do BART 645 em:

Vd. também o anterior poste desta série em:


(**) Informação adicional do Joaquim Mexia Alves, publicada sob a forma de comentário a este poste:


O Capitão de Artilharia Vítor Manuel da Ponte da Silva Marques foi mais tarde comandante da CART 3494, do BART 3873, Bambadinca, ao qual pertenci.

Tive com ele uma relação muito amiga e fiz com ele algumas viagens de Vila Nova de Gaia para Lisboa.

Era um homeme já com alguma idade para ser capitão e ao que sei chegou a estar preso na Índia quando da invasão.

Era um bom homem que andava sempre com uma espécie de bastão.

Foi substituído, salvo o erro, na CART 3494 pelo então Cap António Pereira da Costa, aqui também "atabancado".

Julgo eu que era o Cap Silva Marques que utilizava a expressão "salta-me a cabeça", e que depois o Cap Pereira da Costa continuou a utilizar.

Tinha um Alfa Romeo cheio de gadjets no interior, entre eles uma televisão. Estamos a falar de 1971, na Serra do Pilar.

Fico triste em saber que já faleceu.

Sempre me dei optimamente com ele e julgo que a sua companhia também tinha simpatia pelo Cap Silva Marques.

Abraço camarigo para todos