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quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27161: Seis jovens lourinhanenses mortos no CTIG (Jaime Silva / Luís Graça) (5): Carlos Alberto Ferreira Martins (1948-1971), sold pqdt, CCP 123 / BCP 12 (jun 70 / abr 71) - Parte II





Lourinhã > Largo António Granjo > Monumento aos Combatentes do Ultramar > 6 de setembro de 2014 > I Encontro dos Paraquedistas do Oeste > Estandarte da Associação de Pára-quedistas Tejo Norte, com sede em Oeiras, e cujo lema é "Icarus Ultra Mortem" (Ícaro além da morte, traduzindo à letra). Nesse encontro foi também homenageado o sold pqdt Carlos Alberto Martins Ferreira, CCP 123 / BCP 12 (Guiné, 1970/71)

 Infografia:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)

Guiné > Carta de Cabuca (1959) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Canjadude, estrada Nova Lamego -Cheche, e Ganguirô, a sudoeste de Cabuca, e próximo do rio Corubal, numa zona já de pequenas colinas.

Infografia; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)


1. Graças ao génio da cartografia portuguesa (um domínio onde historicamente temos ou tivemos pergaminhos, fomos pioneiros e fomos grandes!) é possível mostrar, aos nossos leitores, onde morreram os nossos bravos, pelo menos no TO da Guiné...

Ganguirô, uma antiga tabanca, ligada a Canjadude por uma velha picada... Lá no cu de Judas, na região mais desértica e desolada da Guiné!!!... Mais um topónimo, anódino, anónimo, que não ficará na história da guerra, mas que também fez parte  do nosso calvário, e que pelo menos figura  como "marcador" no nosso blogue... Para que a gente (e a gente que há vir a seguir a nós!) não se esqueça: que hoje soldados portugueses (e guineenses)   que morreram em Ganguirô, já próximo da região do Boé, que os portugueses consideraram, erradamenmte, um região sem valor estratégico...

Foi aqui, em Ganguirô, que os camaradas da CCP 123 / BCP 12, no final de um patrulhamento ofensivo (sem contacto), e os da CCAÇ 5, os "Gatos Pretos" (que vieram a picar o itinerário e vieram buscar os páras, com viaturas,) foram surpreendidos pelo IN (que terá vindo, sorrateiramente, no seu encalce)...

Da emboscada, em Ganguirô,  resultaram 2 mortos para a CCP 123 / BCP 12, e vários feridos... Um das vítimas mortais foi o lourinhanse Carlos Alberto Martins Ferreira (*).

No livro do Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1), e na "ficha" correspondenye ao Carlos Alberto Martins Ferreira, não há excertos do Auto de Averiguações ao Acidente pela simples razão de que não consta do processo individual do infortunado militar, morto em Ganguirô, em 15 de abril de1971. (O processo individual foi consultado no Arquivo Geral do Exército.)

 Em parte para colmatar esta lacuna, e para se saber um pouco mais sobre as circunstâncias da morte do nosso camarada paraquedisat, recorremos  a postes já publicados no nosso blogue, em 2014 (*)


2. Comentário do nosso colaborador permanente José Marcelino Martins, ex-fur mil trms, CCAÇ 5(Canjadude, 1968/70):

Extrato da História da Companhia de Caçadores nº 5, estacionada em Canjadude. Acção de apoio ao Páras.

15 de Abril de 1971. Acção tipo patrulha de combate com emboscada, à região de Liporo, constituída por 1 grupo de combate, sob o comando do Alferes Miliciano Alexandre Rodrigues Martins. Resultados: As NT foram emboscadas durante o encontro com as tropas paraquedistas tendo resultado um ferido, que veio a falecer no HM 241.

Carlos Alberto Martins Ferreira
(Toledo, Lourinhã, 1948 - Ganguirô,
 Guiné-Bissau, 1971)
3. Comentário do nosso editor LG:

Zé Martins, grande "gato preto" da CCAÇ 5 (Canjadude, 1968/70):

Essa história parece estar mal contada, como muitas outras passadas na nossa "querida Guiné"... Ou pelo menos, parece haver versões diferentes dos acontecimemtos que provocaram o ferido grave da CCAÇ 5. a que te referes (e que posteriormente veio a morrer, no HM 241, em Bissau)... bem como da emboscada que se seguiu, e que provocou 2 mortos e vários feridos entre os páras, quando se preparavam para subir para as viaturas, no regresso a Nova Lamego... 

Entre os mortos está o meu conterrâneo Carlos Martins que era do 3º pelotão da CCP 123 (e que habitualmente fazia serviço na messe de graduados da CCP 123, em Nova Lamego).

A versão que me contou o ex-1º cabo Santos, apontador da MG 42, do 4º pelotão da CCP 123, um camarada aqui do Sobral da Lourinhã, não coincide totalmente com a versão "oficial"...

O homem da CCAÇ 5 (aquartelada em Canjadude) que foi gravemente ferido (e que viria a morrer mais tarde) seria um guia e picador, africano, que terá sido confundido com um "turra"...

A emboscada à CCP 123 / BCP 12  (e às forças da CCAÇ 5 que trouxeram as viaturas, e que vinham a picar a estrada para Canjadude) ocorreu depois deste "incidente", já terminada a operação em que estiveram envolvidos os páras...

O Santos disse-me que os turras levaram as duas armas dos mortos da sua companhia... e que o resultado poderia ter sido bem pior se o grupo inimigo emboscado tivesse esperado que as forças da CCP 123 tivessem tomado os seus lugares nas viaturas...

Esta foi versão que ouvi  da boca do ex-1º cabo Santos, no estádio municipal da Lourinhã, enquanto esperávamos os saltos de paraquedas, por ocasião do I Encontro de Paraquedistas do Oeste (Lourinhã, 6 de setembro de 2014) (**)...

Mas temos sempre que sujeitarmo-nos ao "contraditório" quando ouvimos versões de acontecimentos de guerra que ocorreram há mais de 40 anos...

Vou tentar procurar o Santos para reconfirmar a sua versão que reproduzo aqui por alto...

De qualquer modo, aqui vai a minha solidariedade para com os camaradas da CCP 123/BCP 12 que sogfreram este revés na região de Canjude, bem como para os "Gatos Pretos" (CCAÇ 5). Desconhecia completamente as circunstâncias em que morreu o meu conterrâneo Carlos Martins.

domingo, 7 de setembro de 2014 às 23:44:00 WEST 


4. No vídeo com alocução do antigo comandante da CCP 123 / BCP 12, o hoje major general ref Avelar de Sousa, faz-se o elogio das qualidades humans e  militares do sold pqdt Carlos Martins, mas não há informação detalhada sobre as circunstàncias em que morreu, juntamente com outro camarada (**).

(Revisão / fixação de texto, negritos, itálicos: LG)

________________

Notas do editor LG:

7 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13581: Convívios (622): I Encontro de paraquedistas do Oeste... Lourinhã, 6 de setembro de 2014... Parte I: As primeiras imagens

9 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13589: Convívios (624): I Encontro de paraquedistas do Oeste... Lourinhã, 6 de setembro de 2014... Parte III: Homenagem ao sod paraquedista Carlos Alberto Ferreira Martins (1950-1971), da CCP 123/BCP12... Vídeo com a alocução do seu antigo comandante, hoje maj gen ref Avelar de Sousa

18 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13622: Convívios (630): I Encontro de paraquedistas do Oeste... Lourinhã, 6 de setembro de 2014... Parte VI: Discurso do Jaime Bonifácio Marques da Silva > 2ª Parte: homenagem ao sold paraquedista lourinhanense, natural de Toledo, Vimeiro, Carlos Alberto Ferreira Martins (1950-1971), morto em combate em Ganguirô, Canjadude, região de Gabu, Guiné, em 15/4/1971

domingo, 3 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27084: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (12): Ercília Ribeiro Pedro, ex-srgt grad enfermeira paraquedista, do 2º curso (1962)

 



Ercília Conceição Silva Ribeiro Pedro, ex-srgt graduada enfermeira paraquedista do 2º curso (1962). Esteve em Angola, em 1962, integrada no BCP 21. Casou em Luanda com um militar paraquedista, Ribeiro Pedro.

Foto: Página do Facebook "Quem Vai à Guerra" (documentário de 2011, da realizadora Marta Pessoa) (Com a devida vénia.)



Brasil > 2012 > Grupo de militares portugueses e suas esposas, em visita a diversos estabelecimentos do exército brasileiro, no qual se incluiu o cor art e docente da Academia Militar, Morais da Silva. Foto reproduzida com a devida autorização do autor. A senhora assinalada com círculo a vermelho foi identificada pela Maria Arminda Santos como sendo a Ercília Ribeiro Pedro (*).

Foto (e legenda): © António Luís Morais da Silva (2012 ). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné]



Ercília (Fonte: página do Facebook
de Fernando Miranda,
com a devida vénia

1. Durante a guerra de África, guerra do ultramar ou guerra colonial, formaram-se 46 enfermeiras paraquedistas, depois graduadas em alferes ou sargentos... Num total de 9 cursos,  o último  já em 1974 (que apenas formou uma enfermeira, que já não chegou a ser mobilizada). Só nos primeiros quatro cursos, de 1961 a 1964, formaram-se 58,7% dos efetivos (n=27) (*).

A Ercílio Ribeiro Pedro é do 2º curso (1962).  Sabemos pouco sobre a sua biografia. O nome completo, de casada, é Ercília Conceição Silva Ribeiro Pedro. Provavelmente foi curta a sua "carreira" como enfermeira paraquedista. Logo em 1962 foi mobilizada para Angola e era a  única mulher, militar, no seio do BCP 21. 

Foi o teatro de operações que mais a marcou, Angola, não tendo estado em mais nenhum outro, presumimos nós, porque  entretanto se casou, em Luanda, com um paraquedista, Ribeiro Pedro. 

Recorde-se que as enfermeiras paraquedistas, ao tempo, e pelo menos até 1963. tinham que ser solteiras ou viúvas sem filhos, tal como as restantes enfermeiras. Admitimos a hipótese que a Ercilia tenha continuado a trabalhar como enfermeira do Hospital Militar da Força Aérea.

No livro coletivo "Nós, as enfermeiras paraquedistas" (ed. lit., Rosa Serra) (Porto, Fronteira do Caos Editores, 2014, 2ª ed., 439 pp.), a Ercília tem 3 contribuições memorialísticas, todas relativas à sua comissão em Angola, integrada no BCP 21:

  • Viagem para um destino exótico (pp. 164-1760);
  • Um jovem alferes sem interesse pela vida (pp.  276-278);
  • Uma ida ao "cabaret" (pp. 361/363).


2. Do citado livro, reproduzimos, com a devida vénia, o depoimento da Ercília, inserido no cap XII, "Olhando para trás"... 

A minha inscrição na Força Aérea como enfermeira paraquedista veio alterar e condicionar  todo o resto da minha vida. E sempre para o Bem...

Este foi um tempo de sonho, onde valores que muito prezo como o da Amizade e da Solidariedade,  estiveram sempre presentes. Mas nessa etapa da minha vida também houve dificuldades,  sobretudo quando sofri a dureza da formação, em Tancos, e quando experimentei, pela primeira vez, em Angola, o quão amarga é por vezes a profissão de enfermeira no tratamento de feridos de guerra.

Mas essaas dificuldades e amarguras foram a têmpera para moldar e reforçar o meu ânimo, por forma a poder mais tarde enfrentar obstáculos, contrariedades e riscos difíceis de imaginar, mas que passaram a ser as constantes da minha vida.

Posso afirmnar, sem qualquer dúvida, que foi este período militar das Tropas Paraquedistas que me fortaleceu como ser humano e como enfermeira.

Costumo dizer, por brincadeira,  que cumpri o meu serviço militar obrigatório nas Tropas Paraquedistas. Depois, namorei e casei com um militar paraquedista, e fiz questão que o enlace ocorresse na igreja de Nossa Senhora  do Carmo, em Luanda, onde  ia rezar pelos "meus  doentes e pelos meus feridos", quando era "alferes enfermeira paraquedista".

Terminada a guerra do Ultramar, e sendo os meus filhos já adultos e independentes, imbuída do espírito altruista e de missão que criara nas Tropas Paraquedistas,  decidi abraçar  o voluntariado, fazendo missões humanitárias integradas em várias ONG...

Estive no meio de várias guerras: no Iraque,  durante a guerra do Golfo; depois na Guiné (Boé) e em Angola no tempo da guerra civil, e em Timor e Moçambique.

Em todas estas missões passei frequentemente por situações de grande risco e tive de assumnir  pesadas responsabilidades. Mas sempre  me saí muito bem... Consegui lidar com essas situações pondo  em prática o que tinha aprendido e vivido na Força Aérea como enfermeira paraquedista em África,

E assim decorreu uma vida - a minha vida... Hoje, quando a recordo, posso afirmar que tenho muito orgulho do meu passado.

Ercília

Excerto de: "Nós, as enfermeiras paraquedistas" (ed. lit., Rosa Serra), 2ª ed.  (Porto, Fronteira do Caos Editores, 2014), pp. 393/394. (**)

(Revisão / fixação de texto: LG)

_____________________

Notas do editor LG:

(*) Vd. poste de 2 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27079: (De)Caras (237): Ercília Ribeiro Pedro, ex-enfermeira paraquedista, do 2º curso (1962), reconhecida pela Maria Arminda em foto de grupo, tirada no Brasil, em 2012, e pertença do álbum do cor art ref Morais da Silva

terça-feira, 24 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26951: O Cancioneiro da Nossa Guerra (26): "Quero Ir para Lisboa", paródia cantada pela malta do BCP 12, em Cacine, em junho de 1973, ao tempo da CCAÇ 3520 (Abílio Magro, ex-fur mil amanuense, CSJD/QG/CTIG, 1973/74),




Crachá da madeirense CCAÇ 3520, disponibilizado em formato digital pelo nosso grão-tabanqueiro Juvenal Candeias, ex-alf mil.

Foto: © 
 Juvenal Candeias (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Há 13 anos atrás o  Abílio Magro (ex-fur mil amanuense, CSJD/QG/CTIG, 1973/74), na sua série "Um Amanuense em Terras de Kako Baldé" (*), escerevia, bem humorado:



(,,,) Decorria o mês de junho de 1973. Eu ainda era muito "pira", não tinha completado ainda 3 meses de Guiné. Vinha do "ar condicionado" e encontrava-me em Cacine, no meio de grande confusão, tropas páraquedistas, fuzileiros, Marcelino da Mata, etc.

Felizmente em Cacine não faltava nada. Não faltava cerveja morna, não faltava uma pedra de gelo, por cabeça, às refeições, não faltava o arroz de "rolhas" (arroz com muito colorau e meia dúzia de rodelas de salsicha), etc., etc..

A CCAÇ 3520  [ "Estrelas do Sul", ou "Os Homeopáticos Cacine´", mobilzados pelo BI 17, Funchal, dez 71 / mar 74, com pelotões destacados em Cameconde, Guileje. Cacine, 1971/74 ] era um companhia farta. Farta de ali estar, farta de comer arroz de "rolhas", farta de esperar pela rendição. Julgo que não cheguei a completar 4 semanas de "férias" naquela "estância balnear", mas foi o suficiente para imaginar uma estadia de 23 meses!

Tenho ideia de só ter comido arroz de "rolhas" durante aquele período. Posso estar enganado. Comecei a dar mais valor ao "pessoal do mato". Antes 527 serviços de Sargento da Guarda!

O major Leal de Almeida  
 [ comandnate do COP 5 ?]  lá continuava a fazer incursões por Gadamael e levava habitualmente consigo o outro furriel. O major, além de me ter pedido, no início, para lhe dar um jeito no "estaminé", pouco mais me pediu para fazer. Apenas um ou outro "mail" para Bissau.

E eu... andava por ali a ver as "bajudas"! (...) Entretanto, eu ia jogando a "lerpa", bebendo umas "bejecas" mornas e convivendo com os sargentos paraquedistas (ah gente do "catano"!).

Recordo-me bem de um convívio noturno na "messe" de sargentos. Houve de tudo! Aguardente, fados, poesia, etc., tudo a roçar o "hard-core", claro! Gente espetacular, camaradagem excelente e com uma disciplina extraordinária, nomeadamente com o armamento.

Guardei na memória alguns versos de um fado cantado pelos "páras" com música do hino académico "Amores de Estudante" e que, salvo erro, rezavam assim:

Quero, quero ir para Lisboa,
Ai, ai, eu quero,
Nem que seja de canoa,
Eu quero ir
P'ra terra santa querida,
Dizer adeus a esta merda
P'ro resto da minha vida.

Pára-quedistas, homens nobres,
Tanto ricos como pobres,
Avançando pela mata (...)

(e de mais não me recordo)




Crachá do BCP 12. Cortesia da página do Facebook Álbuns de  


2.  Ao fim destes anos todos (!), sem qualquer "feedback" da malta do BCP 12, conseguimos recuperar o resto da letra, graças à ajuda do assistente de IA / Perplexity...


(...) Sim, reconheço a canção a que te referes! Trata-se de uma canção popular entre militares portugueses, especialmente associada aos paraquedistas. Muitas vezes é conhecida simplesmente como "Quero ir para Lisboa" ou "Canção dos Paraquedistas". A letra que apresentaste é uma das versões que circulam oralmente, sobretudo entre antigos militares que serviram nas guerras coloniais portuguesas.(...)

Letra Completa (Versão Tradicional)  (embora haja variantes);

Quero, quero ir para Lisboa,
Ai, ai, eu quero,
Nem que seja de canoa,
Eu quero ir
P’ra terra santa querida,
Dizer adeus a esta merda
P’ro resto da minha vida.

Paraquedistas, homens nobres,
Tanto ricos como pobres,
Avançando pela mata,

Com a espingarda na mão,
Sempre prontos para a luta,

Com coragem e devoção.

O assistente de IA / Perplexity deu-nos duas fontes cujos URL, segundo confirmámos, já foram descontinuados. Devem ter tido vida efémera. Nem no Arquivo.pt conseguimos recuperá-los, mas aqui fica o seu registo:
 

https://www.paraquedistas.com/forum/.

Blog "Os Paraquedistas"

https://osparaquedistas.blogspot.com/


3. A letra aqui parodiada pelos páras (de uma das 3 companhias do BCP 12, não sabemos exatamenmete qual, talvez a CCP 122 ou CCP 123) passa a  fazer  parte integrante do Cancioneiro da Nossa Guerra (**),

A autoria da letra é mais provável que seja dos páras (envolvidos na batalha dos 3 G, e que aguentaram Gadamel). A CCAÇ 3520 era madeirense, e era a unidade de quadrícula de Cacine.

De qualquer modo, a letra pdoer ser vista como uma homenagem aos bravos do BCP 12 ("sempre prontos para a luta / com coragem e devoção"), mas também diz muito sobre o "estado de espírito" e o "moral" das NT no terrível período dos três G (Guileje, Gadamael, Guidaje), em maio/junho de 1973. 

Tanto a letra como a música nada têm a ver com os "hinos guerreiros" que podemos encontrar noutras fontes da Net sobre os nossos camaradas paraquedistas...e com os quais reforçam o seu "espírito de corpo".

Eles, o BCP 12, tal como nós, "tropa-macaca" ou (ou do "arre-nacho"), todos estavávamos fartos daquela... "merda" (sic), não se vendo, em meados de 1973,  qualquer luzinha no fim do túnel.. O general Spínola vai "bater com a porta"  na cara de Marcelo Caetano...

Implícita há uma mensagem: o poder político, na altura, usou e abusou da extraordinária capacidade de sofrimento, abnegação, coragem e patriotismo do soldado português. E não esteve decididamente à altura da história!...

O BCP 12, não é preciso recordá-lo,  tem um  brilhante historial no CTIG... Cite-se, pro exemplo,  o sítio dos Boinas Verdes

(...) A competência e eficiência com que os Paraquedistas cumpriram na Guiné as missões atribuídas, de 1961 a 1974, foi paga com a morte em combate de 56 paraquedistas (47 praças, 6 sargentos e 3 oficiais). (...)


4. A letra que reproduzimos acima é uma paródia (e, afinal, não mais do que isso), que se cantarolava enter dois copos e duas saídas para o mato...


(...) Quero, ficar sempre estudante,
P'ra eternizar
A ilusão de um instante.
E sendo assim,
O meu sonho de Amor
Será sempre rezado,
Baixinho dentro de mim. (...)


(Revisão / fixação de texto: LG)

_______________

Notas do editor LGF:


(**) Último poste da série > 30 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25582: O Cancioneiro da Nossa Guerra (25): Os Gandembéis - Canto IV, Estrofes de I a XI (Fim) (CAÇ 2317, Gandembel, Ponte Balana e Nova Lamego, 1968/69)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26236: Operação Grande Empresa, a reocupação do Cantanhez e a criação do COP 4, a partir de 12 de dezembro de 1972 - Parte II: O BCP 12, o "112" do Com-Chefe


Foto nº 1 > Guiné > Região de Tombali > Caboxanque >  Dezembro de 1972 > CCAV 8352 >  Álbum do cap mil Rui Pedro Silva > Gen Spínola no perímetro defensivo, nos primeiros dias da Op Grande Empresa (*).


Foto nº 2 > Guiné > Região de Tombali > Caboxanque >  Dezembro de 1972 > CCAV 8352 >  Álbum do cap mil Rui Pedro Silva > A “messe” de oficiais  e também a minha primeira “secretária” . Da esquerda para a direita alf  Pratas e Sousa, furriel Urbano,  alf Nobre Almeida e alf Santos. Ao fundo as tendas  que nos “abrigaram” durante os primeiros meses.


Foto nº 3 > Guiné > Região de Tombali > Caboxanque >  Dezembro de 1972 > CCAV 8352 >  Álbum do cap mil Rui Pedro Silva > Distribuição da refeição pelos grupos de combate, secção por secção. O primeiro da fila a organizar a distribuição é o Alf Duarte.


Fotos (e legendas): © Rui Pedro Silva  (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Foi uma aposta tardia, a de Spínola, a de transferir para a região de Tombali, e em especial a pensínsula do Cubucaré (Cantanhez), o jogo de xadrez contra o Amílcar Cabral ( mas também contra os "ultras" do regime). 

 A reconquista do Cantanhez iria fazer do rio Cacine a principal linha de defesa contra o PAIGC, reforçando Cacine, Guileje e Gadamael. Era o que se esperava. E, de facto, na sequência da Op Grande Empresa, novos quartéis vão ser instalados no coração do Cantanhez, a "joia da coroa" do PAIGC: Cadique, Cafine, Caboxanque e ainda Jemberém. Uma estrada asfaltada vai ser construída, ligando Cadique a Jemberém...

Mas nos livros da CECA a visão que o leitor tem é a de uma sequência de informação,  telegráfica e fragmentada, sobre operações, em que o principal ator é o BCP 12, e cujos resultados parecem apenas a resumir-se a uns tantos mortos, prisioneiros e armas capturadas...  Poucos meses depois, o BCP 12 está a apagar outros fogos, Guidaje, no Norte, e Gadamael, no  Sul. 

De qualquer modo, temos de reconhecer que só uma tropa especial, com elevado espírito de corpo, disciplina, "endurance" e bravura, podia ser empenhada nesta última grande contra-ofensiva do Spínola. Infelizmente, não havia mais nenhum BCP 12, de reserva, e nem esta missão era aconselhada a ser entregue ao Batalhão de Comandos, pelo melindre do choque interétnico (Fulas contra balantas e nalus)... 

De certo modo, foi a "última missão" (militar mas também política) de Spínola. Ele precisava de tempo, meios e... "manga de patacão" para ganhar aquela guerra, e sobretudo de outra liderança política em Lisboa. Mas já era tarde demais.  Não tinha comandantes operacionais nem combatentes, de reserva. Não tinha meios para subir a parada, em termos tecnológico.  Já não terá força aérea á altura (depois do "Strela"). Ele teve, em todo caso, o mérito de ver isso, mesmo na 23ª hora... (É pena que o seu biógrafo, Luís Nuno Rodrigues,   tenha falhado a parte empolgante da vida de Spínola na Guiné, resumida a um capítulo, ou a pouco mais de 100 páginas, num livro de 9 capítulos e de cerca de 750 páginas.)
 

2. Em 12 de dezembro de 1972 foi criado o Comando Operacional nº 4 (COP 4), com sede em Cufar, e com a finalidade de:

  •  proporcionar as condições para execução dos trabalhos dos reordenamentos a estabelecer nas áreas de Caboxanque, Cadique e Cafine;
  • desenvolver a adequada atividade operacional na região do Cantanhez, em área do BCaç 4510/72 e da zona de intervenção do Comando-Chefe. (*) (CECA, 2015, pág. 133).
A Diretiva nº 19/72 de 28Nov, determinava a criação do COP 4, sob o comando do ten cor pqdt  Sílvio Araújo e Sá, apoiado pelo Cmd / BCP 12. (pág. 136).


3. Atividade operacional do COP 4 (1972/73)

3.1. Operação "Grande Empresa" - 12 e 13dez72

Na região do Cantanhez, Sector S3, uma força constituída pelas CCP 121 e 122,
CCaç 5, CCaç 4540, CCaç 4541 e 2 Pel/CCaç 2792 (Cabedú), levou a efeito
um heliassalto e desembarque da CCP 121 e 122 sobre objectivos na região, na qual foram estabelecidos sete contactos pelo fogo com o inimigo.

Do resultado geral da operação destaca-se a captura ao inimigo do
seguinte material:

  • 1 LGFog "RPG-2",
  • 1 Espingara semiautomática  "Simonov",
  • 33 granadas de diversas armas de grande calibre (morteiro 60 mm, de 2 LGFog e canhão s/r )
  • e ainda material e munições diversas.

As forças inimigas sofreram 5 mortos, 2 feridos e a captura de 12 elementos.

As nossas forças sofreram 4 feridos.

3.2. Op "Cavalo Alado" - 17 e 18dez72

Na região de Cachamba Balanta-Cachamba Nalu-Uangane, COP 4, uma força constituída por 2 GComb/CCP 122 e 1 Grupo de Assalto do DFE 1, levaram a efeito um heliassalto, tendo estabelecido contacto pelo fogo com o inimigo nos dias 17 e 18 por 4 vezes.

Foi capturado ao lN:

  • 1 LGFog "RPG-2";
  • 1 metralhadora ligeira "Degtyarev";
  • 1 espingarda semiautomática  "Simonov";
  • 7 granadas de LGFog "RPG-2" e 3 de canhão s/r 75 mm, 2 granadas de mão ofensivas, 
  • carregadores e outro material, munições e equipamento diverso.
O inimigo sofreu 2 mortos. (pág. 172).

3.3. Op "Dragão Bravo" - 28 a 30dez72

Na região do Cantanhez (Santa Clara-Iem-Cachamba Balanta-Nhai), COP 4, uma força constituída pelas CCP 123, CCP 122 (2 GComb), CCP 121 (2 GComb), 1 Grupo de Assalto do DFE e 2 GComb/CCaç 6, levaram a efeito um heliassalto e patrulhamento, no decurso do qual foram estabelecidos 6 contactos pelo fogo com o inimigo.

Foram capturadas:
  • 3 espingardas automáticas "Kalashnikov";
  • 3 espingardas semiautomáticas "Simonov",
  • carregadores, granadas e cargas de LGFOg  "RPG-2", 15 espoletas de LGFog "RPG--2";
  • munições diversos.
Destruido 1 acampamento e capturados 3 homens. O inimigo sofreu 4 mortos. Um deles era o comissário político. Em 29 de Dezembro foi cercado e morreu no combate que se seguiu. (Fonte: Relatório da operação nº 47/72, Operação "Dragão Bravo", do BCP 12.) (pág. 173)

3.4.  Op "Tamarú" - ljan73

Num heliassalto, na região de Timbó, 2 GComb/CCP 122 tiveram um contacto com o lN em Bedanda 3H4.25, COP 4.

Foi apreendida uma rampa completa para lançamento de foguetões 122 mm e documentação diversa. Nossas forças tiveram 5 feridos ligeiros e o lN sofreu 4 mortos.

3.5. Operação "Falcão Dourado" - 15 a 18jan73


Na região de Cacine, COP 5, uma força constituída pelas 2ª e 3ª C/BCmds, o DFE 22 e 2 GComb/CCP 122, efectuou emboscadas nocturnas na zona.

Em 16 e 17 a referida força estabeleceu vários contactos com o inimigo, de
que resultaram 11 mortos para o inimigo e 1 ferido grave e 5 ligeiros para as NT.

Ao inimigo foram capturados:
  • 5 espingardas automáticas "Kalashnikov";
  • 1 espingarda "Mauser";
  • 10 granadas de lança-granadas foguete "RPG-2" e 6 de "RPG-7".

3.6. Op o "Gato Espantado" - 30 e 31jan

Nas regiões do Cantanhez e Cubucaré, COP 4, forças das CCP 121, 122 e 123, CCaç 6 e DFE 1, executaram patrulhamentos conjugados com montagem de emboscadas nocturnas, estabeleceram contacto com o inimigo, tendo destruído dois acampamentos.

O lN sofreu 2 feridos e as NT 4, dos quais 1 em estado grave.

Foi apreendido ao inimigo o seguinte material: 

  • 8 granadas de canhão sem recuo;
  • 1 granada de LGFog  "RPG-7";
  • 1 espingarda semiautomática"Simonov";
  •  7 granadas de canhão s/r. (pág. 303)

4. A partir de 5abr73 passaram a atribuir-se ao COP 4 os seguintes meios e ZA, além do que na altura dispunha:

  • CArt 3493
  • CCaç 4143/72
  • DFE
  • Pel Canh s/r 3079
  • 1 Sec Mort/Pel Mort 4277/72
  • 2 mort 10,7 cm a ceder pela CCaç 3566, pela CCav 8350/72;
  • e CCP 123 (a título temporário).(pág. 
- Acção - 12jun

Pelas 14h45, uma força constituída por 3 GComb/CCaç 4942/72, 2
 GComb 1ª C/BArt 6521/72, 2 GComb/CCaç 4540/72 e 1 GComb / DFE 22, em
patrulhamento com emboscada, foi alvejada duas vezes na região de Cacine, COP 4, por um grupo inimigo. 

Este sofreu 1 morto e foram-lhe capturadas 2 granadas de LGFog "RPG-2". As NT sofreram 3 feridos e 1 viatura "Berliet" ficou muito danificada (pág, 305).


5. Construção de Estradas

"No quadro da manobra de contra-subversão a conduzir de acordo com a Directiva n° 4/73, a construção da estrada Cadique-Jemberém é uma das concretizações do esforço da manobra sócio-económica quese está a desenvolver na região do Cantanhez para a recuperação das populações. "

Este é o início da Directiva n.o 5/73 de 30jan, em que é determinado:

"Que na missão atribuída ao COP 4 seja dada alta prioridade à segurança dos trabalhos de construção da estrada Cadique-Jemberém em ordem a que estes trabalhos não sofram qualquer quebra de rendimento. "


6. Em 2 de julho de 1973 foi extinto o COP 4, assumindo o BCaç 4514/72 (vd. aqui a ficha de unidade) a responsabilidade da zona de acção...

.... E o BCP 12, a 3 Companhias (um autêntico "112", às ordens do Com-Chefe) lá seguiu para Gadamael Porto,  COP 5, para "apagar outros fogos" (Op Dinossauro Preto, 2jun -17jul73) (pp. 334 e ss.)


Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp.. 113, 172/173, 257, 263, 285, 303, 305, 334 e 395.  (Com a devida vénia...).


(Revisão / fixação de texto, negritos: LG)

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terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26228: Operação Grande Empresa, a reocupação do Cantanhez e a criação do COP 4, a partir de 12 de dezembro de 1972 - Parte I: O que diz a CECA



Guiné > Região de Tombali > Rio Cumbijã > Proximidades de Caboxanque (?) > Op Grande Empresa (que começou em 11 e 12 de dezembro de 1972) > LDM > Imagens do 1º cabo apontador da HK21, Victor Tavares, CCP 121 / BCP 12, ao centro.

Fotos (e legenda): © Victor  Tavares (2022).Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. Há dois anos publiquei o poste P23910 (*), no dia a seguir ao Natal... Justamente sobre a reocupção do Cantanhez, em finais de 1972, seis anos depois de ter sido proclamada pelo PAIGC como "área libertada"... 

E aproveitei para usar estas duas fotos do álbum do nosso grande paraquedista, da CCP 121 / BCP12, o ex-1º cabo Victor  Tavares, o homem da HK21 e comentar, com a bonomia, a candura e  o pacifismo próprios da quadra natalícia, essa Op Grande Empresa em que ele e os seus camaradas do BCP 12 estiveram empenhados, bem como outras unidades, quer da Marinha quer do Exército... O que lhe escrevi, acho que merece ser relembrado, agora, a escassas três semanas do Natal de 2024 (mais um, há dois mil anos, sem paz na terra).

"Victor, há natais que nunca mais se esquecem. E menos ainda as guerras por onde andámos.  Em março de 2008 tive ocasião de conhecer o que restava do Cantanhez do teu tempo. Um verdadeiro inferno verde. Deslumbrante mas onde ainda havia marcas de guerra. Tudo nos falavava da guerra que por ali passara, há 40 an0s, mesmo no mais recôndito da floresta onde se escondiam os irãs dos nalus... 

"O silêncio da floresta não conseguia abafar os muitos anos de guerra e as bombas que lá foram largadas, incluindo as de napalm... 

"A Op Grande Empresa foi um duríssimo golpe para o PAIGC e o orgulho de Amílcar Cabral.  Caía por terra o último dos mitos, o dos dois terços de território libertado... 

"Doravante, o PAIGC iria sobretudo refugiar-se nos santuários para lá das fronteiras, na Guiné-Conacri e no Senegal, onde poderia mais facilmente usar as armas pesadas e os camiões russos.

"É claro que neste tipo de território, de extensa floresta-galeria, cruzada por míríades de cursos de água, não há áreas controladas nem libertadas... Mas a resposta do PAIGC foi a do costume: fugir para se reagrupar... A resistência das suas tropas foi fraca, não foi capaz sequer de defender a sua população... 

"Mas também é verdade que Spínola estava a gastar os seus últimos cartuchos... E um mês depois Amílcar Cabral seria abatido como um cão pelos seus homens...  (A mando de quem ?  Dos seus inimigos, internos e externos). E três meses depois, em 25 de março de 1973, há um  'strela', vitorioso, apontado ao coração da nossa Força Aérea.

 
Victor Tavares (ex-1º cabo pqdt,
apontador de HK21
CCP 121/ BCP 12, BA 12,
Bissalanca, 1972/74;
natural de Águeda,
é membro da Tabanca Grande
desde 6/10/2006)
"E tudo isto, para quê, Victor? Nada disto valeu a pena, incluindo o sacrifício inútil
de
 milhares de jovens combatentes de ambos os lados, das dezenas de milhares de mulheres, crianças e velhos da população civil, afinal as grandes vítimas do conflito... 

"Nada, de resto, que tirasse o sono ao Amílcar Cabral ou ao Sékou Touré,  ou ao Spínola ou ao Marcello Caetano, para não falar dos donos do mundo bipolarizado, a ex-URSS e os EUA, o Nixon e o Brezhnev, respetivamente.

"No que nos dizia respeito mais diretamente, Spínola estava já numa relação de divórcio litigioso com o chefe do Governo... Este por sua vez exigia que o exército continuasse a lutar na Guiné com os escassos meios que de dispunha...E até já admitia a sua derrota militar, mas o mais importante era não hipotecar, do ponto de vista jurídico e político, as conmdições a continuação da   defesa das 'joias da coroa', Angola e Moçambique... Sim, por que o resto eram 'peanuts'...

"Entende isto, Victor, como um 'devaneio de paz natalícia', e que não pretende de modo algum pôr em causa a qualidade excecional da tua subunidade (CCP 121) e da sua unidade (BCP 12) nem muito menos o grande combatente, 
de corpo inteiro, de grande coragem e estofo moral que tu foste." (...)


II. Dois anos depois, está na altura de conhecer, em mais detalhe, os planos que, os nossos "maiores", desenharam para a Op Grande Empresa... Voltaremos a falar dela...E. com graça, da maneira como um trio, Spínola e dois dos seus adjuntos, "cozinharam a coisa"... 

Um deles é membro da Tabanca Grande...E quis partilhar comigo, já por mais de uma vez, 
esse "segredo" (que já não de Estado)... 
(Refiro-me ao cor inf Mário Arada Pinheiro 
a quem já pedi autorização para publicar essa conversa, "top secret", que teve com o Spínola, o major Baptista, chefe da Repartição de Operações; era então, o major Pinheiro o comandante de 13 mil tropas africanas...).

De qualquer modo, importa sublinhar qiue a Op Grande Empresa, que se arrastou +por mais de ,meio ano (12Dez / 07Jul73), foi  "uma das mais complexas e difíceis travadas em qualquer dos três TO africanos, pelas Forças Armadas de Portugal" (...), face  à envergadura dos meios humanos e materiais necessários e empregues, oriundos do Exército, da FAP e da Marinha.(diz-se npo sítio da História dss Tropas Paraquedistas Portuguesdas). 
 
Foram empenhadas:
  • como forças de intervenção, três CCP/BCP 12 e o DFE 1 (Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 1), depois substituído pelo DFE 12; 

  • como forças de quadrícula, três Companhias de Infantaria, uma de Cavalaria, três Pelotões de Artilharia e uma Companhia de Engenharia; 

  • como força de apoio atuou um CFT (Cmd de Força Tarefa/Marinha), com duas LDG (Lancha de Desembarque Grande), quatro LDM (Lancha de Desembarque Média), uma LFG (Lancha de Fiscalização Grande), duas LFP (Lancha de Fiscalização Pequena) e, a pedido do Cmdt da operação à FAP, os indispensáveis e disponíveis meios aéreos. 
"O objetivo principal foi a reocupação da região do Cantanhez, no sul da Guiné, a qual há muito tinha sido abandonada, decorrente da retração do dispositivo militar e, como consequência, livremente ocupado pelo PAIGC, onde criara uma embrionária estrutura política e administrativa, apoiada por relevantes forças de guerrilheiros. 

"O difícil objetivo foi atingido, atuando-se em duas vertentes, a operacional através de uma intensa e permanente atividade em toda a zona, que conduziu à desarticulação da dispositivo IN, e outra vertente mais estrutural, tendo sido implantados rapidamente quatro aquartelamentos para as NT, depois mais um outro; concomitantemente foram concentradas as populações da área em aldeamentos de muito boa qualidade, construídos para o efeito, com mão de obra dos próprios e material fornecido, tudo sob orientação das NT. 

"As condições de vida asseguradas às populações, nomeadamente médico-sanitárias, e as ações psicológicas exercidas sobre as mesmas na região, afetaram severamente as forças adversas que, consequentemente, se viram privadas do apoio da população, mormente das colheiras do arroz das produtivas bolanhas. 

"Em cerca de quatro meses foi contruída também uma estrada alcatroada, com cerca de 13 Km de extensão, ligando Cadique a Jemberém, desmatando-se para tal uma zona onde apenas havia uma picada que, na sua maior parte e devido à altura da vegetação, quem nela circulava não via o céu."




Guiné-Bissau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Península de Cubucaré > Cantanhez > Cananima > 9 de Dezembro de 2009 > c. 18h > Imagens da comunidade da aldeia piscatória de Cananima, na margem direita do Rio Cacine, frente a Cacine.

Fotos (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Operação "Grande Empresa" - Parte I


A Directiva n" 19/72 de 29Nov do Comandante-Chefe tem de assunto a "Criação do COP 4". 

Transcrevem-se os primeiros quatro pontos:

"1. No quadro da manobra de contra-subversão a conduzir de acordo com a Directiva para a época seca de 1972-73, a execução de reordenamentos nas áreas de Caboxanque, Cadique e Cafine, para recuperação das populações da região do Cantanhez, é uma das concretizações de maior alcance do esforço da manobra socioeconómica que se pretende desenvolver no Sul da Província.

2. Considerando:

- que o lN pode vir a empenhar elevado potencial na região do Cantanhez, para obstar à execução daqueles reordenamentos;

- que o Sector S3 não tem capacidade de exercício de comando para o cumprimento desta missão específica, face à missão que atualmente já lhe está cometida;

determino a criação do COP 4 sob o comando do tenente-coronel Pqdt Sílvio Araújo e Sá, apoiado pelo Cmd/BCP 12.

3. O COP 4 fica na dependência directa do CCFAG, sendo-lhe atribuída a seguinte missão, meios e ZA:

a. Missão

- implanta destacamentos militares nas áreas de Caboxanque, Cadique e Cafine e desenvolve imediatamente e com a maior intensidade os trabalhos de construção de reordenamentos nas referidas áreas;

- recupera as populações sob controlo do lN e cria as condições psicológicas que permitam a aceitação voluntária dos reordenamentos;

- desenvolve adequada actividade militar em ordem a garantir a segurança das populações, trabalhos de reordenamento e meios materiais;

- limita a iniciativa militar ln na região de Cantanhez por actuação sobre os seus dispositivo militar, aparelho militar de controlo e segurança das populações e infraestrutura político-administrativa existentes na área;

- desenvolve permanente ação psicológica sobre as populações de modo a que aceitem a presença das NF, colaborem na construção dos reordenamentos e, progressivamente, adiram ao programa de promoção socioeconómica em curso na Província.

b. Meios

- 2 CCP do BCP 12

- 2 DFE (1 Destacamento a atribuir posteriormente)

- CCaç 6

- CCaç 4540/72

- CCaç 4541/72

- CCav 8352/72

- Destacamento de Cabedú

- 1 Pel Art 14 cm (T) a 2 Sec BP.

c.ZA
  • Foz do R. Cumbijã, curso do R. Cumbijã até Guileje 3 A5-I5,
  • R. Demba Chiudo, Guileje 2 G3-45, Guileje 2 F7-23, R. Dideregabi,
  • R. Cacine até à foz.

4. Atribuo alta prioridade à missão do COP 4. Consequentemente, impõe-se desde já iniciar com maior intensidade os trabalhos que permitam a instalação dos destacamentos e a execução dos reordenamentos de Caboxanque, Cadique e Cafine que, em linhas gerais, se deverá processar nas seguintes fases:

a. 1ª Fase - Preparação (desde já e até 08Dez72)

(1) Realização de ações ou operações na região do Cantanhez ou de Catió com a finalidade de aniquilar o ln e criar condições psicológicas que facilitem a aceitação por parte das populações dos futuros reordenamentos.

(2) Preparação das Unidades (pessoal e material) para a execução da 2ª. fase e transporte para Cufar dos materiais considerados indispensáveis.

b. 2ª Fase - Implantação (de 08 a 16Dez72)

(1) Transporte e desembarque das forças responsáveis pela implantação dos destacamentos e do material necessário, atendendo ao seguinte:

- Os destacamentos de Cadique e Caboxanque devem ser estabelecidos simultaneamente ou então apenas com um dia de intervalo, mas neste caso o de Cadique tem prioridade.

- Não devem concentrar-se simultaneamente em Cufar efetivos superiores a 1 Comp, além dos atualmente lá existentes.

(2) Desenvolvimento da atividade militar que garanta a necessária segurança à implantação dos destacamentos e à recuperação das populações.

c. 3ª Fase - Consolidação ( a partir de 16Dez72)

(1) Consolidação da ocupação militar e desenvolvimento dos trabalhos de reordenamento.

(2) Desenvolvimento de actividade operacional em proveito da segurança dos destacamentos e populações recuperadas. [... ]"

• Para cumprimento da Directiva n° 19/72, o COP 4, com sede em Cufar, integrando o subsector de Bedanda e a área do Destacamento de Cabedú, ambos transferidos do BCaç 4510/72, teve início em 12Dez72 e a extinção em 02Ju173 .

• Para concretizar a missão, foi decidido executar a Operação "Grande Empresa" de cujo Plano de Operações, elaborado pelo Comandante do COP 4 e datado de 01Dez72, se reproduzem as "Situação", "Missão" e "Execução".

1. Situação

a. Forças Inimigas

Anexo B (Informações) (omitida)

b. Forças Amigas

(1) CDMG

- Realiza os transportes de pessoal e abastecimentos necessários, em coordenação com o CTIG, em ordem ao cumprimento da missão.

- Atribui permanentemente 1 LDM para transportes de material e pessoal.

- Garante o apoio administrativo - logístico às suas Unidades.

(2) CZACVG

- Atribui diariamente 
  • 1 "DO-27" (DCON- TMAN) , 
  • 2 "T-6" (ATAP) 
  • e 1 "ALL III" (TMAN/TEVC) 
para apoio de fogo, ligação entre os destacamentos, e evacuações, e, quando necessário, um meio aéreo para exercício de comando e PCV

- Atribui os meios aéreos necessários à execução de operações, com:
  •  "FIAT G-91" ATAP
  • "T-6" ATAP
  • "ALL III" TMAN/TASS
  • "ALL III" ATAP
  • "DO-27" DCON

- Executa e atribui meios aéreos para intenso reconhecimento da ZA, em ordem à execução do esforço e transporte de manobra em exploração imediata de informações.

- Garante o apoio administrativo-logístico das CCP.

(3) CTIG

- Fornece os meios e serviços necessários ao apoio administrativo- logístico das Unidades do Exército, à implantação dos destacamentos, e à construção dos reordenamentos.

- Liga-se com o CDMG para efeito de transporte dos meios e serviços necessários.

(4) QG/CCFAG

- Fornece uma equipa que assegura diretamente e em permanência o suporte psicológico do cumprimento da missão, considerando como finalidade primordial desta missão a recuperação das populações do Cantanhez.

- Garante o apoio de caráter técnico e logístico aos trabalhos de construção dos reordenamentos, dentro da sua esfera de ação.

(5) BCAÇ 4510/72

- Fornece ao COP4 todo o apoio, em especial em Cufar, no que respeita a instalações de pessoal e material, e ao exercício do Comando.

- Garante a segurança dos meios aéreos e do pessoal e material desembarcado em Cufar.

- Garante o apoio administrativo-logístico do destacamento de Cabedú.

(6) COE

- Colabora na interdição das zonas de passagem mais frequentes do ln, lançando campos de minas quando tal lhe for solicitado pelo comando do COP 4.

2. Missão

- Implantar destacamentos militares nas áreas de Caboxanque, Cadique e Cafine e desenvolver imediatamente e maior intensidade, os trabalhos de construção de reordenamentos nas referidas áreas.

- Recuperar as populações sob controlo do ln e cria as condições psicológicas que permitam a aceitação voluntária dos reordenamentos.

- Desenvolver adequada atividade militar em ordem a garantir a segurança das populações, trabalhos de reordenação e meios materiais. 

- Limitar a iniciativa militar lN na região do Cantanhez por atuação sobre o dispositivo militar, aparelho militar de controlo e segurança das populações e infraestrutura político-administrativa existente na área.

- Desenvolver permanente acção psicológica sobre as populações, de modo a que aceitem a presença das NT, colaborem na construção dos reordenamentos, e, progressivamente, adiram ao programa de promoção socioeconómica em curso na Província.

3. Execução

a. Conceito da Operação

- Construir quatro Agrupamentos, com a missão específica e particular:

- Agrupamento de Forças de Intervenção (Agrup I) - Assegurar a proteção afastada dos reordenamentos, executando ações ofensivas sobre áreas fulcrais, e interdizer ao ln as "cambanças" tradicionais.

- Agrupamentos de Reordenamento (Agrup A, B e C) - Efetuam os reordenamentos em ordem ao cumprimento da missão, e as- . seguram a sua protecção imediata e próxima.

- Atribuir aos Agrupamentos de reordenamento, a organização e funcionamento das missões específicas relativas a:

- Segurança imediata e próxima dos trabalhos de cada reordenamento.

- Organização e controlo do trabalho de cada reordenamento.

- Instalação e segurança do pessoal e dos estacionamentos temporários.

- Exercer intensa ação psicológica, procurando recuperar a população da ZA.

- Atribuir a cada Agrupamento de reordenamento, um sector de responsabilidade
para manutenção da actividade normal de rotina, em ordem a garantir uma ação efetiva e contínua na segurança próxima dos trabalhos de reordenamento, ou a ela ligada.

- Atribuir à CCaç 6 um sector de responsabilidade para manutenção da atividade normal de rotina, em ordem a contribuir para a segurança afastada dos trabalhos de reordenamento.

- Com o Agrup das Forças de Intervenção, executar ações por helitransporte ou por desembarque em meios navais, nas Zonas que possam afetar a segurança dos trabalhos de reordenamento.

- Prever a alteração das Zonas de ação dos Agrupamentos, assim como a articulação das forças, de acordo com a evolução e adiantamento dos trabalhos, e a situação na ZA.

- Anexo C (Zona de acção dos Agrupamentos) (omitido)

b. Agrupamento das Forças de Intervenção

(1) CCP 122

- Articula-se a 2 Agrupamentos a 2 Grupos de Combate.

- Após helicolocação em D-l, de um dos seus Agrupamentos na Zona x e do outro na Zona y, garante a segurança afastada das Zonas ALFA e BRAVO.

- Em D+ 1 é helirecuperada para Cufar, onde fica à ordem do Comandante do COP 4 para intervenção.

- Após helicolocação em D+4 na Zona 2, garante a seguranç afastada da Zona CHARLIE.

- Em D+5 é helirecuperada para Cufar.

- A partir de D+5 fica à ordem do Comando do COP 4 para o desempenho de missões de intervenção na sua ZA.

(2) DFE 1 (-)

- A partir de D+4 faz a interdição, em permanência, da "cambança" tradicional do ln entre Darsalame e a Ilha do Como.

c. Agrupamentos de Reordenamento

(1) Agrupamento ALFA

(a) 2 GComb/CCP 121 (-)

- Após ser helicolocada em D, em Caboxanque, contacta e controla a população, e garante a segurança imediata do desembarque da CCaç 4541/72.

- Findo o desembarque da CCaç 4541/72, passa a garantir a segurança próxima do Agrupamento em íntima coordenação com aquela.

(b) CCaç 4541/72

- Após o seu desembarque em D, em Caboxanque, procede à segurança imediata do ponto de desembarque, e colabora no desembarque do material transportado. Monta a segurança imediata do estacionamento provisório, em coordenação com a CCP 121 (-).

- Com apoio do COE, coloca em D, um campo de minas na região de Bedanda C 1; em data a indicar.

- Procede aos trabalhos de consolidação da sua defesa imediata, e instalação e segurança do pessoal e dos estacionamentos temporários.

- Procede à organização e controlo dos trabalhos de reordenamento.

- Recupera a população da sua ZA, mantendo com a mesma as melhores relações; apoia-a na medida do possível, e desenvolve adequada acção psicológica em conformidade com as instruções que lhe forem dadas.

- Mantém íntima ligação com a CCP 121 (-).

(2) Agrupamento BRAVO

(a) CCP 121 (-)

- Após ser helicolocada em D em Cadique, contacta e controla a população e garante a segurança imediata do desembarque da CCaç 4540/72.

- Findo o desembarque da CCaç 4540/72, passa a garantir a segurança próxima do Agrupamento em íntima coordenação com aquela.


(b) CCaç 4540/72

- Após o seu desembarque em D, em Cadique, procede à segurança imediata do seu estacionamento provisório, em coordenação com a CCP 121 (-).

- Procede aos trabalhos de consolidação da sua defesa imediata, e instalação e segurança do pessoal e dos estacionamentos temporários.

- Procede à organização e controlo dos trabalhos de reordenamento.

- Recupera a população da sua ZA, mantendo com a mesma as melhores relações; apoia-a na medida do possível, e desenvolve adequada acção psicológica em conformidade com as instruções especiais que forem dadas.

- Mantém íntima ligação com a CCP 121 (-).

(3) Agrupamento CHARLIE

(a) DFE 1 (-)

- Após ser helicolocado em D+4 em Cafine, contacta e controla a população e garante a segurança imediata do desembarque da CCav 8352/72, após o que colabora com esta na defesa imediata do estacionamento, em íntima coordenação
com aquela companhia.

(b) CCav 8352/72

- Após o seu desembarque em D+4 em Cafine, procede à segurança imediata do ponto de desembarque, e colabora no desembarque do material transportado. Monta a segurança imediata do estacionamento provisório, em coordenação
com o DFE 1 (-).

- Procede aos trabalhos de consolidação da sua defesa imediata, e instalação e segurança do pessoal em estacionamento temporários.

- Procede à organização e controlo dos trabalhos de reordenamento.

- Recupera a população da sua ZA, mantendo com ela as melhores relações; apoia-a na medida do possível, e desenvolve adequada acção psicológica em conformidade
com as instruções especiais que lhe forem dadas.

- Mantém íntima ligação com o DFE 1 (-).

d. CCaç 6

- De D-l a D+ 1 bate a região de Cura- Braia em ordem a contribuir para a segurança afastada da Zona ALFA.

- A partir de D+ 1 efectua patrulhamentos da sua ZA, em ordem a prosseguir a mesma finalidade.

- Apoia o 17° Pel Art.

- Desempenhará missões indicadas pelo comando do COP 4 em ordem ao cumprimento de missão.

e. Destacamento de CABEDÚ

- Mantém apoio de comunicações, e logístico quando ordenado pelo Comando do COP 4.

- Apoia o 5° Pel Art.

f. Artilharia

(1) 17° PelArt (14 cm)

- Executa AID à ordem do Comando do COP 4, do PCV, ou a pedido das forças empenhadas, em operações dentro da sua ZA.

- Executa fogos noturnos de flagelação na sua ZA, à ordem do comando do COP 4.

(2) Pel Art (Eventual-Cufar) (14 cm)

- Executa AlD à ordem do Comando COP 4, do PCV, ou a pedido das forças empenhadas, em operações dentro da sua ZA.

- Executa fogos nocturnos de flagelação na sua ZA, à ordem do Comando do COP 4.

(3) 5° Pel Art

- ExecutaAID à ordem do Comando COP 4, do PCV, ou a pedido das forças empenhadas, em operações dentro da sua ZA.

- Executa fogos nocturnos de flagelação na sua ZA, à ordem do Comando do COP4. [... ]"

•A instalação no terreno teve início em 12Dez através de uma operação
 [1] .

A missão atribuída ao Cmdt do COP4 pelo Cmdt-Chefe através da Directiva n.º 19/72 de 22 de Nov foi concretizada conforme se comprova:

"As Companhias de Caçadores e de Cavalaria construíam os seus aquartelamentos em Cadique, Caboxanque, Cafal Balanta (e em Jemberém, mais tarde), cuja segurança imediata e próxima garantiam. Controlavam e apoiavam a população. Apoiavam e protegiam a execução dos reordenamentos e  faziam a protecção imediata e próxima à construção da estrada.

As três Companhias de Pára-quedistas e o Destacamento de Fuzileiros
Especiais actuavam ofensivamente sobre os grupos armados inimigos onde
eles fossem detectados, garantindo a segurança em toda a área a fim de permitirem a recuperação das populações e o seu reordenamento, bem como a construção da estrada Cadique-Jemberém. ,

A CMI- Companhia de Material e Infraestruturas do BCP 12 faria o apoio logístico imediato a todo o COP 4.

O Destacamento de Engenharia construiria a estrada Cadique-Jemberém
e apoiaria todas as restantes obras a realizar na Zona de Acção.

A Marinha asseguraria os transportes de pessoal e os reabastecimentos por via marítima e fluvial. Para este efeito, em 07 de Dezembro de 1972, o Comando da Defesa Marítima da Guiné criou uma Força Tarefa exclusivamente
para esta operação, o CTG6.

A Força Aérea asseguraria os reconhecimentos visuais, os transportes de manobra, as evacuações sanitárias e os apoios de fogo aéreos.

Em Janeiro, após as bem sucedidas instalações das Unidades que iam ocupar os novos aquartelamentos no Cantanhez, o dispositivo militar português na região ficou como segue:
  • Em Caboxanque [2] , a CCaç 4541/72 e a CCav 8352/72 ocupando as instalações e a CCP 122 fazendo a segurança afastada. O Agrupamento era comandado pelo Capitão de Artilharia Nelson de Matos.
  • Em Cadique [2] , a CCaç 4540/72 ocupando as instalações e a CCP 121 fazendo a segurança afastada. O Agrupamento era comandado pelo Major de Infantaria Carlos Gordalina.
  • Em Cafal   [3], a CCaç 3565 ocupando as instalações e o DFE 1 fazendo a segurança afastada.
 
- Em Bissau estava a CCP 123, em reserva, com uma prontidão de 15 minutos.

Começaram então as difíceis, melindrosas e persistentes acções de captação da confiança das populações, numa região que não via tropas portuguesas  há anos e onde o PAIGC se instalara em força, controlando todos os aspectos do  quotidiano das ditas populações. 

Durante os primeiros meses de 1973, paulatinamente, [... ] Caboxanque, Cadique, Cafal- e mais tarde Jemberém [4] - tornaram-se centros populacionais onde eram efectuadas muitas trocas comerciais, consequência da visita diária de muitas pessoas que ali acorriam vindas de aldeamentos vizinhos. 

De acordo com os Relatórios Periódicos de Informações do Comando-Chefe, naquele período, Caboxanque era a seguir a Tite e Pirada a localidade que, em toda a Guiné, tinha maior afluência de população vinda do exterior, geralmente para efectuarem trocas comerciais [... ]". [5]

• Integradas na "Grande Empresa" foram realizadas subsequentes operações
destacando-se entre outras:

 - "Cavalo Alado" (17 e 18Dez72) e "Dragão Bravo" (28 a 30Dez72) constantes da actividade operacional deste Capítulo);

- "Tamarú" (OlJan73) e "Gato Espantado" (30 e 31Jan73) constantes da actividade operacional do Capítulo III; 

- "Tigre Poderoso" do BCP 12 onde foi morto em combate, a 01Mai73, o Comandante de bigrupo que era simultaneamente Comandante Militar da área do Cantanhez"  [6].


Foto (CECA, 2015, pág. 235):  Operação "Grande Empresa": primeira missa em Caboxanque
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Notas da CECA:

[1] Operação "Grande Empresa" - Actividade Operacional - 2° Semestre deste Capítulo.

 [2]    Subsectores criados em 12Dez72.

 [3]    Subsector criado em 10Jan73 e a partir de 13Mar73, com uma subunidade de reforço em Cafine, Chugé e Cobumba, ambas em 7Abr73.

 [4 ]Subsector criado em 20Abr73.

 [5] CALHEIROS, José de Moura, A Última Missão, Editora Caminhos Romanos, Porto, 2010, p.336

 [6] Relatório Op. N° 15/73, 6° período, do BCP 12. pp. 225/235
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Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp. 225-235 (Com a devida vénia...).

(Revisão / fixação de texto, negritos: LG)
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 26 de dezembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23919: Facebook... ando (70): A Op Grande Empresa (reocupação do mítico Cantanhez) foi há 50 anos (Victor Tavares, ex-1º cabo ap MG 42, CCP 121/BCP 12, 1972/74)