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quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26442: As nossas geografias emocionais (37): A Fulacunda do meu tempo (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3ª C/BART 6520/72, 1972/74)








Foto nº 1, 1A e 1B



Foto nº 2 e 2A


Foto nº 3 e 3A



Foto nº 4 e 4A

Guiné > Região de Quínara > Fulacunda 3ª C/Bart 6520/72 (1972/74) > Aspetos do  quotidiano da população civil de Fulacunda (Fotos nºs 2, 3 e 4); porto fluvial de Fulacunda (a 2 km a nordeste do aquartelamento): reabastecimento quinzenal: mantimentos, caixas de munições, sacos de arroz para a população, etc.  (foto nº 1).


Fotos (e legenda): © Jorge Pinto (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


1. Mandei há dias uma mensagem ao Jorge Pinto com o pedido de resposta a várias perguntas:


Dá uma vista de olhos por este poste com mais fotos tuas "melhoradas", e com alguns acrescentos meus nas legendas (*).

Confirma ou corrige, por favor:



(i) a população de Fulacunda andava à volta das 300/400 pessoas ?


(ii) a tropa, cerca de 220 ? (3ª C/BART 6250/72 + 1 Pel Mil + 1 Pel Art)


(ii) o PAIGC, quantos bigrupos teria no teu subsetor (Fulacunda) ? um ou dois, no máximo...


(iii) não havia bolanhas, não havia comerciantes... logo o arroz vinha de fora...


(iv) mancarra ou milho painço ? (a mim parece-me milho, ou sorgo, diz o Cherno Baldé);


(v) população: só biafada ? balantas também ? as milícias eram fulas ? E,se sim, originárias donde ?


Manda mais fotos destas, se tiveres... Um chicoração, Luis

PS - Sei que o Fernando Carolino, cunhado do Juvenal Amado, e que foi alferes da tua companhia, e vive am Valada de Frades, tem "slides" de Fulacunda...


Dá um jeitinho, tu e o Juvenal para ele se juntar ao blogue e partilhar essas fotos (Diz-lhe que essas fotos vão parar um dia ao lixo, os netos não vão querer saber nada da Guiné, e muito menos de Fulacunda, e nós temos o dever de as salvar...



2. Resposta do Jorge Pinto:

Data - 25/01/2025, 22:05
 
Boa noite , Luís

Hoje, decidi que não adiaria mais a resposta ao teu mail. Vou tentar responder às questões que colocas e enviar mais umas fotos de Fulacunda e Bissau...

(i) Quanto à população de Fulacunda seriam mais ou menos 400 pessoas de etnia Biafada;

(vi) Havia uma família Balanta em que chefe de família usava sempre com um chapéu de cipaio, todo o dia pedia vinho ao nosso vagomestre e estava quase sempre metido em desacatos na tabanca.(Parece que o pai é que tinha sido cipaio, ou seja,elemento da "polícia administrativa, antes da guerra.)

 Havia, ainda, uma família Fula, pacata e que caçava às vezes umas gazelas que nos vendia, bem caras. (Havia pouca caça, em redor de Fulacunda.)

(ii) Toda esta população tinha familiares nas tabancas do mato que rodeavam Fulacunda e que muitas vezes vinham de visita, nos davam algumas "informações" sobre o movimento do bigrupo de Bunca Dabó, levando em troca uns quilos de arroz.
 
O pelotão de milícias era composto por uns 35 / 40 elementos, comandados pelo alferes Malá, homem grande e muito respeitado, com uma idade aproximada de uns 55 anos.

(iii) Em Fulacunda não havia comerciantes. Existia uma "mini e velhinha loja", pertença de um libanês ausente em Bissau e que às vezes um "rapazola" da tabanca abria para vender à população uns panos (tecidos) que ele enviava pelo barco que nos reabastecia.
 
Havia muito pouca atividade agrícola. Apenas era cultivada a área em redor do arame farpado que circundava todo o aglomerado. Cultivavam principalmente mancarra e algum milho painço. O alimento da população era basicamente o arroz fornecido pela tropa. (Os homens eram milícias, as mulheres lavadeiras... Enfim,. "economia de guerra"...)

Envio 5 fotos. A última foi tirada em Bissau, um ou dois dias antes do nosso regresso, por volta de 23 de agosto de 1974. Quem não conhece esta esplanada?!!!
[Será publicada noutro poste.]

As outras foram sendo tiradas em Fulacunda, durante os dois anos de comissão. (**)

Forte abraço e desejo de boa saúde, Jorge.


3. Em conversa o telefone, o Jorge Pinto adiantou ainda mais as seguintes informações adicionais:

Fulacaunda era uma terra importante amntes da guerra. Tinha um porto fluvial a 2 km, no rio Fulacunda, afluente do Geba (e, portanto,com fácil ligação a Bissau). 

Além disso, era um ponto de cruzamento de várias estradas, conforme se pode ver na carta da antiga província da Guiné (1961) (escala 1 /500 mil):

  • para oeste/noroeste, Enxudé, Jabadá. Tite, Bissássema..); 
  • para sudoeste (São João, Bolama); 
  • par sul/ sudeste: Nova Sintra, Buba, Aldeia Formosa, Empada)...

A leste tinha formidável barreira do rio Corubal, cujas margens e bolanhas eram controladas pelo PAIGC (pelo menos até 1972, ano em que foi reconquistada a península de Gampará, a nordeste de Fulacunda).

Antes da guerra havia uma numerosa população (uns 4 tabancas) à volta da vila, que era sede de circunscrição, com casas de estilo colonual, uma delas a do administrador. A população refugiou-se no mato, ficando sob controlo do PAIGC. A restante (c. 400) foi a que ficou em Fulacunda. Tudo a gente com família no mato (na guerilha ou na população sob controlo do PAIGC=...

Havia, para leste, junto ao rio Corubal, margem esquerda, duas grandes bolanhas, que continuaram a ser cultivadas, e que eram uma importante fonte de abastecimento de arroz para o PAIGC (tral como as bolanhas do outro lado rio, no sector L1, subsetores de Xime, Mansambo e Xitole):  Guebambol e Canturé (a tropa chamava-lhe Cantora, nesse tempo, diz-me o Jorge).

Havia cerca de 220 homens em armas em Fulacaunda: 

  • a 3ª C/BART 6520/72;
  •  1 pleotão de milícias (comandado pelo prestigiado alf de 2ª linha Malan;~
  •  1 pel art, com 3 obuses 14 cm.

O PAIGC tinha um  bigrupo na zona, comandando pelo Bunca Dabó. 

________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 18 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26400: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (35): Jorge Pinto (ex-alf mil, 3.ª C / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74) - Parte V

(**) Último poste da série > 27 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26429: As nossas geografias emocionais (36): Fulacunda, sempre!... (Henk Eggens, médico neerlandês, a viver em Portugal)

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26435: Memórias de um "Serrote" (Fernando Carolino, ex-alf mil, 3ª C/BART 6520/72, Fulacunda, "Os Serrotes", 1972/74) (1) Periquito, de rendição individual, e confuso logo à chegada a Bissau, em relação à pragmática da tropa...




Guiné > Bissau > Agosto de 1974 > Sem legenda: "Confeitaria", café-esplanada... Av da República  (hoje Av Amílcar Cabral)  (?)... O Jorge Pinto tem uma foto igual, tirada uns dois ou três dias da regresso da 3ª C/BART 6520/72.  


Foto: © Fernando Carolino (2025). Todos os direitos reservados, [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. O Fernando Carolino  já aqui publicou,  há uns largos anos (*), um poste com fotos do seu álbum, relativas a Fulacunda, onde fez a sua comissão de serviço, como alf mil, de rendição individual, na 
3.ª CART/BART 6520/72, "Os Serrotes" (Fulacunda, 1972/74)

Afinal,ele é contemporâneo (e conterrâneo!) do nosso Jorge Pinto, também ele alf mil, desta subunidade, e membro da nossa Tabanca Grande.

Fernando Carolino,
setembro de 1973
O Fernando Carolino, que é natural de Alcobaça, mas vive em Valado de Frades, Nazaré, mandou-nos, através do seu cunhado, o Juvenal Amado, um primeiro texto e fotos da Guiné. 

Estou a aguardar o seu OK em relação à sugestão que lhe fiz para criar uma série com o seu nome, e à sua aceitação do nosso convite (que já vem de 2016) para integrar a Tabanca Grande.

Para já vamos publicar um primeiro texto, nesta série, com título provisório, "Memórias de um Serrote". Também já lhe sugerimos outros títulos: 

(i) "Em rendição individual, colocado no fim do mundo (Fernando Carolino, ex-alf mil, 3ª C/BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)";

(ii) "Des(a)venturas de um alferes miliciano (Fernando Carolino, 3ª C/BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)";

(iii) "Memórias de Fulacunda (Fernando Carolino, ex-alf mil, 3ª C/BART 6520/72, 1972/74)".

 Recorde-se que a 3ª C/BART 6520/72 publicava um jornal de caserna, mensal, "O Serrote", de que era diretor o Jorge Pinto. 


Periquito, de rendição individual, e confuso logo à chegada a Bissau,
 em relação à pragmática da tropa...

por Fernando Carolino



Primeiro episódio de uma passagem pela Guiné

Pleno inverno, talvez novembro, muito frio em Lisboa, quando embarquei em avião da TAP rumo à Guiné.

Ia em rendição individual, preencher o lugar deixado “vago” por outro alferes miliciano no aquartelamento de Fulacunda, que seria para mim na altura um qualquer fim de mundo.

Chegado o aparelho voador ao aeroporto de Bissau, porta aberta e vamos sair. O impacto do ar exterior deixou-me quase em choque: o corpo ficou de imediato molhado com a roupa a colar-se ao corpo, numa sensação de enorme desconforto.

Refleti: será que vou aguentar isto…. ?

Lá fui andando de indumentária número dois (ou um) com sapato fino, boné de pala e galões de alferes a condizer.

Levava comigo uma guia de marcha que mencionava QG e Fulacunda,  se bem me lembro, mas que eu não sabia bem o que eram ou onde as encontrar.

Fui seguindo de mala de viagem na mão, não sabendo bem para onde, esperando encontrar talvez um militar que me pudesse dar uma ajuda.

Não era difícil afinal encontrar militares. Havia muitos pela rua para onde quer que olhasse. Mas, comecei a sentir-me deslocado: é que todos que vi estavam vestidos de camuflado e eu com fatinho “chique”. 

Senti-me terrivelmente mal, a ponto de decidir imediatamente alterar a situação. Lá consegui encontrar uma espécie de “café”, entrei, devo ter pedido qualquer coisa para beber (não me lembro), e procurei uma casa de banho para mudar de farda. Abstenho-me de descrever a qualidade ou o estado do local.

Mudei-me e voltei para a rua muito mais confiante. Estava como todos os outros: fato de
trabalho…quer dizer de combate.

Percorridos uns poucos metros parou junto de mim uma viatura da PM. Mostraram intenção de falar comigo e parei. Pediram-me a identificação e mostrei-lhes tudo o que tinha, nomeadamente a guia de marcha. Logo verificaram que se tratava de um oficial, fizeram a respectiva continência e… de forma muito correcta informaram: 

− O meu alferes desculpe mas está em trânsito, não está de serviço, e não pode por isso estar de camuflado.

Não queria acreditar! 

− Acabei de mudar-me agora mesmo − expliquei. 

− Pois, mas não pode. Se quer ir para o QG é melhor vir connosco na viatura.

−  Pois então calha bem. Não terei que ir a pé para um sítio que não sei onde fica.

E lá fomos. Chegados ao local, apresentações num gabinete, explicação da situação e, em pouco tempo tudo se resolveu. O superior hierárquico ali presente decidiu: 

− Como o senhor é novo aqui, fica de oficial de dia e, estando de serviço,  já a farda fica a condizer.

E assim já não tive que voltar a mudar de indumentária.

Foi um primeiro episódio de uma longa estadia por terras da Guiné.

Gostaria que todos os episódios que se seguiram fossem tão pacíficos.

(Revisão / fixação de texto: LG)

__________________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 17 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15761: Memória dos lugares (334): Fulacunda (Fernando Carolino, ex-alf mil, 3.ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74; natural de Alcobaça, a viver em Valado dos Frades, Nazaré)

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26429: As nossas geografias emocionais (36): Fulacunda, sempre!... (Henk Eggens, médico neerlandês, a viver em Portugal)





Foto nº 1 e 1A > Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) >  Vista aérea da pista, do heliporto, do aquartelamento e da tabanca de Fulacunda... São visíveis o perímetro do aquartelamento, os espaldões do obus 14 e outras armas pesadas (que já identificámos noutro poste)... Podem-se contar inclusive as moranças civis e as instalações da tropa...  Tinha também valas e abrigos... Assinalada a amarelo, a "morança" que o nosso amigo dr. Henk Eggens, médico, cooperante, neerlandès, habitou em 1980/82 (e que integrava as antigas  instalaçóes das NT).

Segundo informação recente do nosso amigo e camarada Jorge Pinto, a população de Fulacunda andaria à volta de 400 pessoas de etnia biafada, em 1972/74 . Havia uma família balanta e outra fula,   "Toda esta população tinha familiares nas tabancas do mato que rodeavam Fulacunda e que muitas vezes vinham de visita, nos davam algumas 'informações' sobre o movimento do bigrupo de Bunca Dabó, levando em troca uns quilos de arroz"... Não havia comerciantes, nem colonos... A atividade agrícola era residual,,, "O alimento da população era basicamente o arroz fornecido pela tropa".


Foto (e legenda):  © Jorge Pinto (2025). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: LG/HE]



 Foto nº 2> Guiné-Bissau > Região de Quínara > Fulacunda > 1980 >   "Casa do médico, Land Rover do projeto,  mota da noiva e carro 404 privado".


Foto: (e legenda) © Henk Eggens (2024). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: LG/HE]




Foto nº 3 > Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) >  Uma "peladinha"... em frente à futura casa do dr. Henk Eggens.

 
Foto (e legenda);  © Fernando Carolinbo  (2025). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: LG/HE]


1. Mensagem do nosso amigo Henk Eggens (*), com data de  18/1/2025, 16:53

Olá Luís, kuma di kurpu? 

Gostei de ver mais fotografias da minha tabanca de então.(**)

A primeira fotografia que mando junto, com círculo a amarelo,  mostra onde morei; um ano fiquei sozinho, depois um ano vivi com a minha 'noiva', que depois ficou esposa/companheira de vida durante 26 anos antes de falecer há 19 anos.

A "morança" compostaq de duas casas, nós uma, e o chefe da aldeia, Carlitos, com a sua família na outra.

Não sei quem ocupava este prédio durante a época colonial. Como o prédio era dentro do quartel, seria um oficial do exército português? Ou era um escritório?

A segunda fotografia mostra a nossa casa em 1980, com os meios de transporte disponíveis para nós.

Também achei interessante a fotografia e o comentário sobre filhos de povos mistos (mulheres guineenses e soldados portugueses) (**). O que aconteceu com a maioria destas crianças? Os pais reconheceram a paternidade? Ficaram na tabanca ou foram para Portugal para serem criadas e educadas? Tens informação sociológica sobre este assunto?

Na altura tinha um assistente de laboratório, Manuel, de origem cabo-verdiano, que me ajudava em Fulacunda. O povo lhe chamou de burmedjo. Foi totalmente aceite na tabanca. Mas ... quando houve o golpe de Estado em 1980, liderado por 'Nino' Vieira, com tendências anti-caboverdianas (o presidente Luís Cabral foi preso por um ano depois do golpe), o pobre Manuel ficou em baixo da sua cama por três dias, com medo. Depois tudo voltou ao normal.

Em Cabinda (Angola, onde vivi, de 1976-1978), pessoas de cor mais clara (podiam ser mestiços) eram chamados mwana mundele (na língua Lingala), criança do branco. De vez em quando estas palavras eram utilizadas como insulto.

Bem, mando-te um AB e mantenhas (mantenha-se),

Henk.

PS -  Podes publicar este texto no blog se quiseres, na esperança de ter respostas às minhas perguntas.

(Revisão / fixação de texto, pontual: LG)


2. Comentário do editor LG:

Obrigado, Henk, pelo que temos falado, és cidadão do mundo, e um grande "africanista" (cem qualquer conotação colonial)... Para além da Guiné-Bissau, trabalhaste em Angola, Indonésia, etc,. como especialista em medicina tropical, e muito em particular na área da prevenção e controlo da lepra. Tens uma visão integrada e global da saúde pública.  E depois escreves muitissimo melhor o meu portuguès do que eu o teu neerlandês...

Deixa-me,  antes de mais dizer-te que lamento que tenhas ficado viúvo tão cedo e com duas filhas órfãos... Tens, no entanto, uma história de vida rica...Vamos "partindo" (partilhando, em crioulo)  memórias, boas e más, das nossas "geografias emocionais": é o que eu e todos nós aqui, "amigos e camaradas da Guiné", te podemos oferecer... (***)

Acabo de publicar a tua mensagem com a tua autorização. É bom para todos: cá está a tal blogo...terapia, que tu querias saber o que era:  tens que acompanhar o nosso blogue...para perceber uma dos "slogans"; "O Mundo é Perqueno e a nossa Tabanca é Grande"... (Tabanca é a nossa tertúlia, ou comunidade virtual, que se se reune à sombra de um simbólico poilão, e onde cabemos todos com tudo o que nos une e até cm aquilo que nos pode separar...)

Sem querer dar uma definição (sempre redutora), direi que esta "terapia" ou "catarse", pela palavra e a imagem, pela partilha de memórias e afetos, num grupo de pares (antigos conmbatentes), funcionou muito bem nos primeiros anos do blogue...

Como sabes,  os antigos combatentes são sempre mal tratados em todas as guerras, aqui, na tua terra, em Timor, na Guiné, em Angola, em Moçambique, em França, nos EUA... Como deves imaginar, a guerra colonial, a seguir ao 25 de Abril de 1974, foi silenciada, esquecida,. branqueada, escamoteada... O mesmo aconteceu, pelo menos, aos guineenses que pagaram um elevado "imposto de sangue" na luta pela independência da sua terra (e, por tabela, de Cabo Verde).

Sobre as rivalidades (e graves conflitos) entre os guineenses e a nomenclatura cabo-verdiana do PAIGC,  não vou falar agora. Nem sobre os filhos que os militares portugueses deixaram na Guiné (uma estimativa aponta para umas escassas centenas, infelizmente um valor demasiado alto: o Portugal, democrático0, do pós-25 de Abril, não teve nem a coragem nem a lucidez  nem a compaixão de reconher estes filhos da guerra, eufemisticamente também conhecidos como "filhos do vento", por analogia com os "dust children" daa guerra do Vietname)... 

Ficará a conversa para mais tarde, que os dois assuntos são c0mplexos e delicados.

(Revisão / fixação de texto, superficial: LG)

_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 28 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26209: Ser solidário (275): Quatro anos como médico cooperante (1980-1984), em Fulacunda e em Bissau (Henk Eggens, neerlandês, consultor internacional em saúde pública,
reformado, a viver em Santa Comba Dão)

(**) Vde. poste de 18 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26400: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (35): Jorge Pinto (ex-alf mil, 3.ª C / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74) - Parte V

(***) Último poste da série > 20 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26292: As nossas geografias emocionais (35): Helsínquia, Finlândia (António Graça de Abreu)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15761: Memória dos lugares (334): Fulacunda (Fernando Carolino, ex-alf mil, 3.ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74; natural de Alcobaça, a viver em Valado dos Frades, Nazaré)


Foto nº 2


Foto nº 2 A


Foto nº 1

Foto nº 1 A



Foto nº 3


Foto nº 7 > Mercado


Foto nº 5 > Tabanca


Foto nº 4 > Jorge Pinto (à esquerda) e Fernando Carolino, ambos do concelho de Alcobaça



Foto nº 6 > O Fernando

Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) 


Fotos (e legendas): © Fernando Carolino (2016). Todos os direitos reservados. [Edição:  L.G.]



1. Fotos enviadas em 13 do corrente pelo Juvenal Amado, com a seguinte indicação: 



Fernando Carolino, setembro de 1973.
Cortesia do blogue
Vallado de Frades, Um Século de Fotos
"Carlos e Luís, o meu cunhado Fernando [Lopes] Carolino prestou serviço em Fulacunda como alferes miliciano onde foi colocado em rendição individual entre 72 e 74. [Foto à esquerda, setembro de 1973]

Foi camarada do Jorge Pinto, membro do blogue. Estas são algumas fotos que pedi ao meu cunhado para publicar,"

2. Resposta do editor LG, em 21 do corrente:

Juvenal: obrigado, é o contributo do teu cunhado para o nosso património memorialístico. 

Acho que em troca ele deve passar a figurar doravante na lista alfabética dos membros da 
Tabanca Grande. Não sei se tu ou ele têm qualquer objeção... 
Não sei se ele nos acompanha, e se tem endereço de email.
 Fala com ele. Diz-lhe que a sua entrada nos honraria a todos.. 
Podes ser tu a apresentá-lo ao pessoal... Duas ou três linhas,,, 
Não arranjas uma foto atual ?...

Se ele é do tempo do Jorge Pinto (que é de Alcobaça,), e da mesma companhia, então havia dois alferes da mesma terra (ou vizinhos) em Fulacunda... Verdade ?...  Ab. Luis

3. Resposta do Juvenal Amado:

Ele vive Valado dos Frades que fica entre a Nazaré e Alcobaça , 6 km para cada lado. Valado dos Frades pertence à Nazaré. Mas ele nasceu em Alcobaça, foi novo para o Valado dos Frades. Eu vou falar com ele porque ele tem mais fotos mas em "slides".

____________

Nota do editor: