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quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Guiné 61/74 - P27488: Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci... (Jaime Silva, ex-alf mil pqdt, BCP 21, Angola, 1970/72) (6): o primeiro e o único morto do meu pelotão, o sold pqdt António da Silva Ramos (1947-1970), natural de Santo Tirso



Angola > Norte - Montes Mil e Vinte > 26 de junho de 1970 > Heli SA-330 Puma na recuperação do 3º Pel da 1ª CCP /BCP 21 (1970/72)... Nesta operação, "Não Esquecemos"  morreu um soldado do meu pelotão, o António da Silva Ramos. O primeiro e o único.




Foto à direita: Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1), 235 pp.

Jaime Silva (ex-alf mil paraquedista, BCP 21, Angola, 1970/72, membro da nossa Tabanca Grande, nº 643, desde 31/1/2014, tendo já cerca de 130 de referências, no nosso blogue; reside na Lourinhã, é professor de educação física, reformado, foi autraca em Fafe, com o pelouro de "Desporto e Cultura": residiu lá durante cerca de 4 décadas): Tem página pessoal do Facebook




Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci (6) > o primeiro e o único morto do meu pelotão, o sold pqdt António da Silva  Ramos

por Jaime Silva


Não esqueci nunca… nunca… o único morto do meu pelotão, o António da Silva Ramos, soldado Paraquedista nº108/67. 

Foi na Operação "Não Esquecemos”, realizada no dia 25 de junho de 1970, na zona de ação entre os rios Onzo e Quifusse,  nos Montes 1020, no Norte de Angola.

Nesse dia fatídico, o grupo de combate foi transportado num helicóptero SA 330. Entretanto e, simultaneamente com o nosso lançamento, dois avões de combate T6 da Força Aérea despejavam quatro bombas de napalm sobre a base guerrilheira.

Dá-se um confronto, com tiroteio, rebentamentos, o comum nestas circunstâncias. Pouco depois do início desse confronto, o soldado Ramos apanha um tiro certeiro nas carótidas que lhe ceifou, imediatamente, a vida.

Foi evacuado por um Alouette III. Passámos a noite no mato e, no dia seguinte, quando nos preparávamos para sair do local, na direção da zona de recuperação, sofremos, de novo, uma forte emboscada. Valeu-nos a intervenção do helicanhão que metralhou a zona, permitindo que o helicóptero SA 330 nos recuperasse em segurança.


Fonte: Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1), pãg. 87




Sold pqdt António da Silva Ramos (1947-1970)

Morto em combate em Angola (Onzo, região de
Nambuangongo), em 25 de junho de 1970.
Nasceu a 3 de fevereiro de 1947, na freguesia de
Muro, concelho de Santo Tirso, distrito do Porto.
Frequentou o Curso de Paraquedismo nº 46,
 tem o Brevet nº 6140.
Encontra-se sepultado no cemitério da freguesia de
Modivas, concelho de Vila do Conde, distrito do Porto.


(Revisão / fixação de texto, edição de imagem,  título: LG) 

_____________

Nota do editor LG:

Último poste da série > 23 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27455: Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci... (Jaime Silva, ex-alf mil pqdt, BCP 21, Angola, 1970/72) (5): a mina A/P que ceifou a perna do soldado radiotelegrafista Santos, alentejano

Postes anteriores:

13 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27417: Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci... (Jaime Silva, ex-alf mil pqdt, BCP 21, Angola, 1970/72) (4): o meu batismo de fogo e a praxe ao alferes “maçarico”

6 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27390: Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci... (Jaime Silva, ex-alf mil pqdt, BCP 21, Angola, 1970/72) (3): estive sempre no "gastalho", em guerra comigo e contra o IN

31 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27369: Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci... (Jaime Silva, ex-alf mil pqdt, BCP 21,Angola, 1970/72) (2): perante a hipótese Comandos, decido pelos Paraquedistas

29 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27363: Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci... (Jaime Silva, ex-alf mil pqdt, BCP 21,Angola, 1970/72) (1): A minha (im)possibilidade de desertar

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Guiné 61/74 - P27468: Efemérides (378): foi há 55 anos a Op Abencerragem Candente (25 e 26 de novembro de 1970, subsetor do Xime), com meia dúzia de mortos de um lado e do outro




Seco Camará, guia e picador das NT.
Morto em 26/11/1970. Está sepultado
em Nova Lamego /Gabu
 Foi vouvado a título póstumo
pelo cmdt do CAOP2, em 28/1/71,
e pelo Cmd-Chefe, em 16/4/71
Foto: Torcato Mendonça (2007)


(...) Um, dois, três, quatro, cinco, seis homens 
vão morrer daqui a três ou quatro horas,
às 8h50,
em vinte e seis de novembro de mil novecentos e setenta,
no cacimbo da madrugada,
na antiga picada do Xime-Ponta do Inglês.
Cinco brancos e um preto,
a lotaria da morte, em L,
numa emboscada que é cubana,
numa roleta que é russa,
com os RPG, amarelos, "made in China"...
no corrocel da morte que é, afinal, universal! (...) (*)



1. Um dos maiores desaires das NT, no Sector L1 (Bambadinca), no meu tempo (CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, junho de 1969/ março de 1971) foi a Op Abencerragem Candente  (subsetor do Xime, 25 e 26 de novembro de 1970). 

Temos 3 dezenas de  referências no nosso blogue a esta operação. Em contrapartida, há um estranho silêncio nos livros da CECA (Comissão para o Estudo das Campanhas de África), como já em tempos referimos. Silêncio em relação  este revés das NT bem como a outros... 

De facto, não há sequer uma linha no livro relativo à atividade operacional no CTIG em 1970: vd. CECA - Comissão para o Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da actividade operacional: Tomo II - Guiné - Livro II (1.ª edição, Lisboa, 2015), 

A Op Abencerragem Candente (envolvendo 8 Gr Comb, 3 da CART 2715, 3 da CCAÇ 12 e 2 da CART 2714) foi  há 55 anos atrás (4 dias depois da Op Mar Verde).

Terá sido, no subsetor do Xime, a mais sangrenta das operações ali realizadas, durante a guerra colonial, pelo lado das baixas contabilizadas para as NT: 6 mortos e 9 feridos graves. O IN, por sua vez, terá tido outros tantas baixas.

_______________

Notas do editor LG:

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Guiné 61/74 - P27447: Cerimónia Comemorativa do 107.º Aniversário do Armistício da Grande Guerra e 51.º Aniversário do Fim da Guerra do Ultramar, 18 de novembro de 2025: Simbolismo das coroas de flores depositadas no Monumento aos Combatentes do Ulramar (Luís Graça ) - Parte I


Foto nº 1 > Ministério da Defesa Nacional


Foto nº 2 : Forças Armadas de Portugal


Foto nº 3 > Força Aérea Portuguesa


Foto nº 4 > Marinha Portuguesa



Foto nº 5 > Exército Portuguès


Foto nº 6 > Deputados da Comissão de Defesa da Assembleia Nacional


Foto nº  7 > Guarda Nacional Republicana (GNR)



Foto  nº 8  > Liga dos Combatentes 



Foto nº 9 > Grupo de Adidos Militares Estrangeiros Acreditados em Portugal


Foto nº 10 > Ambassade de France au Portugal / Embaixada de França em Portugal


Foto nº 11 > Cruz Vermelha Portuguesa (CVP)



Foto nº 12  > Associação Nacional dos Prisioneiros de Guerra


Foto nº 13 > Amicale des Anciens Combattants et Militaires Français au Portugal (AACMFP)  / Associação dos Veteranos e Militares Franceses em Portugal


Figura nº 14 > Associação dos Deficientes das Forças Armadas (?)


Foto nº 15 > Coroas de flores no Monumento aos Combatentes do Ultramar (1)


Foto nº 16 > Coroas de flores no Monumento aos Combatentes do Ultramar (2)


Foto nº  17 > Coroas de flores no Monumento aos Combatentes do Ultramar (3)


Foto nº 18 > Coroas de flores no Monumento aos Combatentes do Ultramar (4)

Lisboa > Belém> Forte do Bom Sucesso > 18 de novembro de 2025 > 10h00 > Cerimónia Comemorativa do 107.º Aniversário do Armistício da Grande Guerra e 51.º Aniversário do Fim da Guerra do Ultramar, Coroas de flores junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar

Fotos (e legendas): © Luís Graça  (2025). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: Bogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


1. Fui, como convidado, e pela primeira vez (que me lembre!), participar numa cerimónia comemorativa do fim de uma guerra, aliás duas, a da I Grande Guerra (1914/18)  e a da Guerra do Ultramar (1961/74),  organizada pela centenária Liga dos Combatentes (LC).

A cerimónia decorreu entre as 10h00 e as 12h30 do passado dia 18 de novembro. Tendo chegado um pouco mais cedo, pus-me a observar e a fotografar as coroas de flores (mais de uma dúzia) colocadas na base  do Monumento aos Combatentes do Ultramar, localizado junto ao Forte do Bom Sucesso, em Belém, Lisboa. Ao centro, e alinhada com a "passadeira vermelha" para os VIP, estava a coroa do Ministério da Defesa Nacional, organizador do evento em conjunto com a Liga dos Combatentes. A cerimónia foi presidida, se não erro, pelo Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas.

Por (de)formação profissional, gosto de pôr a mim próprio, mentalmente,  questões sobre o que vejo ou apreendo: o quê, onde, quando, como, porquê, por quem e para quem... 

De entre as formas de homenagem aos combatentes mortos nas guerras avulta a tradicional  deposição de coroas de flores funerárias. De repente intrigou-me a forma,  as cores e o tipo de flores das coroas funerárias, bem como a sua disposição espacial, na base do monumento, e em torno de um tapete vermelho por onde circulariam depois os representantes das entidades oficiais. 

Ora tudo isso não acontecia por acaso. Quis saber o simbolismo e o significado profundo que tem o uso das coroas de flores  na nossa cultura e na nossa sociedade, em cerimónias como estas em que se homenageiam os mortos caídos pela Pátria.

Com a ajuda das ferramentas de IA (ChatGPT e Gemini) e outras consultas na Net, fui respondendo a algumas das minhas questões. Para já fiquemos pela primeira parte: cores e espécies de flores, forma e estrutura das coroas. 

Numa segundo poste, falaremos da ordenação espacial das coroas das flores, que devem obedecer a um protocolo institucional. (A tropa tem horror ao  vazio e ao improviso, embora na Guiné, em teatro de guerra,  nos mandasse "desenrascar"...)


1. Têm um simbolismo que vai muito além da estética: representam memória, valores, emoção e, em última análise, a forma como uma sociedade encara o sacrifício (supremo) dos seus soldados. O uso de coroas funerárias remonta à Antiguidade Clássica, Greco-Romana. Afinal, já fomos escravos e colonizados pelos romanos.  (Não sabemos a língua que falava o nosso Viriato.)

Embora cada cultura possa ter nuances próprias, há alguns sentidos amplamente reconhecidos para as cores:

(i) Vermelho=sacrifício, coragem, heroísmo e sangue derramado

O vermelho é uma das cores mais usadas, sobretudo em rosas, cravos, antúrios, gerberas Representa:
  • o sangue derramado pelos combatentes;
  • a nobreza;
  • a coragem no campo de batalha;
  • a lembrança viva do sacrifício;
  • amor eterno e admiração.

É por isso tão comum no Dia do Armistício, no 10 de Junho, no Dia da Memória e outras efemérides, em vários países.

(ii) Branco=paz, pureza, reverência, e respeito


É cor mais comum, simbolizando:
  • o desejo de paz duradoura após o conflito;
  • a pureza das intenções dos combatentes;
  • luto e reverência.

É uma forma de homenagear não só quem morrer, mas também a esperança de que os infaustos eventos, como a guerra (incluindo a guerra civil), não se repitam.

(iii) Amarelo=lembrança e esperança

Em algumas culturas, o amarelo representa:
  • lembrança perene;
  • esperança na reunião espiritual;
  • luz e eternidade.
Já o amarelo, na sua forma dourada (amarelo-ouro), é um símbolo forte de nobreza, riqueza, sucesso e poder, reforçando a ideia de glória e eternidade.

(iv) Roxo=luto profundo e espiritualidade

O roxo, poço usado em arranjos florais, está muitas vezes associado a:
  • cerimónias mais solenes;
  • respeito espiritual;
  • reflexão sobre a morte e o seu significado;
  • luto.

2. Porque se usam flores em homenagens fúnebres ?


Para além das cores, as próprias flores têm um profundo significado:
  • são símbolos de vida, beleza e fragilidade;
  • lembram-nos que a vida dos combatentes foi preciosa e efémera; 
  • representam a continuidade, a passagem de testemunho, a partilha;
  • mesmo após a morte, a memória floresce; e a vida renasce;
  • criam um momento de beleza num contexto doloroso, um gesto de humanidade face à brutalidade da guerra e do sacrifício da própria vida,

O sentido mais profundo: no fundo, estas cores não são apenas  um elemento meramente decorativo; são signos, são uma linguagem simbólica que permite expressar:
  • respeito e gratidão;
  • memória coletiva;
  • humanização do luto;
  • compromisso com a vida, com a liberdade e com a paz.

É uma forma silenciosa, mas poderosa, de dizer que os mortos não ficam "inumados na vala comum do esquecimento" (como gostamos de dizer na Tabanca Grande) e que o seu sacrifício tem significado na história das famílias, dos grupos, da comunidade, do País.

 3. As cores usadas nas cerimónias e flores não são apenas escolhas simbólicas tradicionais, mas também refletem frequentemente as cores dos brasões e insígnias das entidades que prestam a homenagem (chefe de estado, assembleia da república, governo, forças armadas, associações de combatentes...). E isso acrescenta um significado institucional e histórico muito forte.

(i) Representação institucional

Quando o exército, o governo, as ligas de combatentes, embaixadas ou outras entidades colocam coroas ou arranjos florais, é comum que:
  • escolham as cores do seu próprio brasão oi insígnias;
  • usem as cores da bandeira nacional;
  • ou combinem ambas.

Isto serve para:
  • mostrar que a homenagem não é apenas pessoal, mas oficial e coletiva, institucional;
  • marcar que a entidade assume publicamente a memória dos seus combatentes;
  • dar continuidade a uma tradição cerimonial formal.

 (ii) Identidade e continuidade histórica

A utilização das cores dos brasões reforça o vínculo entre:
  • os combatentes homenageados;
  • a instituição ou a arma a que pertenciam (exército, marinha, força aérea):
  • e a história da própria instituição ou da arma.

Por exemplo: o Exército pode usar o verde e vermelho (cores nacionais) ou detalhes dourados e pretos das suas insígnias; a  Liga dos Combatentes utiliza as cores do seu emblema, reforçando a missão de preservar a memória; embaixadas estrangeiras  usam frequentemente as cores da bandeira do país que representam, simbolizando respeito internacional.

(iii) Um gesto simbólico e protocolar

Ao usar as cores dos brasões:
  • reforça-se a ideia de que os combatentes não foram esquecidos pela Pátria;
  • mostra-se a unidade entre Estado, instituições militares e sociedade civil, incluindo associações de veteranos;
  • cumpre-se o protocolo cerimonial militar e diplomático.

(iv) Complemento ao simbolismo emocional das flores

Assim, há dois níveis de significado:
  • emocional e universal; cores que expressam luto, sacrifício, paz e memória;
  • institucional e histórico: cores dos brasões que reforçam a identidade e a responsabilidade da entidade homenageante.
Ambos se complementam para criar uma homenagem mais completa e cheia de significado.


4. Mas não são apenas as cores, mas também as formas e a estrutura das coroas que carregam simbolismo. Em cerimónias militares e de Estado, a forma da coroa ou arranjo floral transmite mensagens subtis, ligadas à tradição, ao protocolo e à identidade da entidade que presta homenagem. Muitas vezes estas coroas são extremamente elaboradas e visualmente muito atrativas, porque representam não só o luto, mas também a honra, a hierarquia e a memória colectiva.


(i) Formas geométricas com significado

As coroas podem ser circulares, ovais, em escudo, em coração, em cruz ou mesmo em arranjos verticais.

 Círculo= eternidade e continuidade

A coroa circular: é a forma mais tradicional e o símbolo primordial da eternidade e da imortalidade da alma e da memória:

  • simboliza a vida eterna, ou o eterno retorno;
  • representa a memória que não tem início nem fim;
  • transmite a ideia de unidade nacional e de solidariedade intergeracional.

Coroa de louros=honra, vitória e glória

Variante da coroa circular, a coroa de louros é um símbolo clássico de honra, vitória e glória, remontando ao mito de Apolo e Dafne, e sendo historicamente associada a conquistas e estatuto elevado; é frequentemente usada em homenagens a militares e figuras de Estado em Portugal.

Forma de escudo=honra militar

Algumas coroas são feitas à maneira de um brasão ou escudo militar:
  • reforçam a ligação ao corpo ou Ramo das Forças Armadas;
  • simbolizam proteção e bravura;
  • recordam que o combatente serviu uma instituição com identidade própria.

 Formas religiosas (cruz, palma, espiga)
  • usadas sobretudo por entidades com tradição cristã;
  • simbolizam fé, sacrifício e esperança na vida espiritual, ressurreição;
  • muito usadas por governos ou associações que seguem protocolos históricos.
Outras formas, como o  Coração (amor profundo e afeição) também podem ser usadas, embora a forma circular ou de louros seja mais prevalente em cerimónias públicas militares.


(ii)   Coroas elaboradas com detalhe e complexidade

As coroas mais ornamentadas aparecem geralmente quando:
  • a entidade é de alto nível (Presidente da República, Governo, Chefes militares, Embaixadas);
  • a cerimónia é oficial ou de Estado;
  • o local é de grande significado (Túmulo do Soldado Desconhecido, Mosteiro da Batalha ou  dos Jerónimos, Monumento aos Combatentes do Ultramar, campos de batalha, cemitérios militares, outros monumentos nacionais).

Estas coroas:
  • reforçam a solenidade;
  • representam a dignidade do cargo que presta homenagem;
  • procuram traduzir visualmente o respeito máximo.

(iii) Elementos específicos que acrescentam significado:

Muitas coroas possuem detalhes que parecem apenas decorativos, mas não são:

 Fitas com inscrições

Contêm:
  • nome da instituição;
  • palavras como “Homenagem”, “Glória”, “Honra”, “Memória”;
  • cores da bandeira ou brasão ou insígnia da entidade.

Ramos de louro ou oliveira

Muito usados em coroas militares:
  • o louro simboliza vitória e honra;
  • a oliveira simboliza paz e reconciliação.
 Outras flores e folhagens (verdura) 

  • por exemplo,  o verde (folhagens): representa renovação e esperança;

  • as flores podem ser escolhidas, para além da sazonalidade,  pelos seus significados simbólicos, que se adaptam ao contexto de homenagem a um combatente.

 
 Elementos dourados ou metálicos

Reforçam:
  • a solenidade;
  • o carácter oficial;
  • a antiguidade histórica da instituição.

 (iv)  O significado mais profundo das formas elaboradas

No fundo, a forma da coroa é uma linguagem simbólica, tão importante quanto as palavras proferidas no discurso de homenagem. Cada forma e detalhe transmite a mensagem de que:
  • o combatente é lembrado com identidade, respeito e história;
  • a sua morte não é apenas um facto individual, mas um elemento da memória coletiva do país;
  • a homenagem é proporcional à importância do sacrifício.

5. Simbolismo das coroas funerárias (síntese)

ElementoSignificado
comum
Contexto militar/Honra
LouroVitória, Honra, GlóriaEssencial em coroas militares, simboliza o triunfo e o sacrifício; remonta ao mito de Apolo e Dafne
Sempre-
-Vivas
Força, Resistência, Memória EternaRepresentam a permanência da memória e a resistência do espírito 
Carvalho (Folhas)Sabedoria, Força, RobustezAssociado a Zeus (na mitologia helénica) ,  simbolizando a resiliência
Rosas
Brancas
Reverência, Respeito, Pureza, PazA escolha clássica para expressar respeito profundo e paz espiritual 
Rosas VermelhasAmor, Respeito, Coragem, SacrifícioSimboliza o amor profundo e a coragem, especialmente relevante para um combatente 
Lírios
Brancos
Pureza, Tranquilidade, Paz EspiritualUsados para transmitir serenidade e a renovação da alma / espírito
Crisân-
temos
Luto e Homenagem (em muitas culturas)Usados tradicionalmente em funerais, simbolizam a nobreza da alma / espírito

  (Continua)


Pesquisa LG + Net + IA (ChatGPT, Gemini) 
(Condensação, revisão / fixação de texto, negritos e itálicos: LG)

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27366: O início da guerra (Armando Fonseca, ex-sold cond, Pel Rec Fox 42, mai 62 / jul 64) - VI (e última) Parte: Depois de Sangonhá, Cacoca (em 24 de junho de 1964)...A 2 de julho, emboscada em Cumbijã com duas minas, uma autiometralhadora e um granadeiro destruídos, 2 mortos, 3 feridos graves... O fim da comissão.



 ´
Guiné > Zona Sul >  Região de Tombali > Setor de Cacine > Cacoca > CART 1692 (1968/69) > " Um dos nossos condutores, o António Andrade Júnior, que, por opção, 'viviam' em Cameconde. O outro era o Alcides Pereira de Lima (Unimog 404), de quem não sabemos nada".

A CART 640, a que se refere o monumento, foi mobilizada pelo RAP 2, partiu para o TO da Guiné em 25/2/1964 e regressou em 27/1/66. Passou por Bissau, Farim, Sangonha, Cacoca e Bissau. Comandante(s): Cap art Carlos Alberto Matos Gueifão; e cap art José Eduardo Martinho Garcia Leandro.

A ocupação de Cacoca e o início da instalação das NT datam de 24/6/1964. 

Foto (e legenda): © António J. Pereira da Costa (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legtendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Zona Sul > Região de Tombali > Sangonhá, a sul de Gadamael-Porto > c. 1967/68 > Vista aérea do destacamento, "uma espécie de fortim do faroeste", com um heliporto, uma pista de aviação, barracões e três poilões...  Um sítio desolador...

Na altura estava a chegar uma coluna militar [lado esquerdo]. Foto, provavelmente tirada de uma aeronave DO 27, de autor desconhecido. Proveniência: Álbum fotográfico Guiledje Virtual. Cortesia do nosso saudoso amigo Pepito (1949-2014), cofundador e líder da AD - Acção para o Desenvolvimento (Bissau) até à data da sua morte (em Lisboa). Foto, entretanto, modificada por LG.


Foto (e legenda): © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados (2007)  




Guiné > Mapa da província >  Escala 1/500 mil (1961) > Detalhe: Posição relativa de Sangonhá e Cacoca, junto à fronteira com a Guiné-Conacri, a sudeste. Estes dois destacamentos e tabancas foram abandonados pela CCAÇ 1621 em 29/7/1968

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015)


1. O Armando Fonserca, de alcunha o "Alenquer", ex-soldado cond cav, Pel Rec Fox 42 (1962/64), foi dos primeiros militares de cavalaria a chegar à Guiné, quando "oficialmente" ainda não havia guerra. 

Para a nossa historiografia militar, para a CECA - Comissão de Estudo das Campanhas de África, e para a "hagiografia" do PAIGC, a guerra só começa... em 23/1/1963, em Tite; mas não para nós, aqui no blogue,  em 1961 e 1962 já havia  guerra, uma guerra surda e suja, de um lado e do outro, se bem que não haja registo de mortos, entre as NT, nos anos de 1961 e 1962, segundo a CECA. O primeiro comandante do PAIGC a morrer, apanahdo numa "rusga" militar, foi o Vitorino Costa, em meados de 1962.

O Armandino Fonseca teve uma comissão de serviço relativamente tranquila desde que chegou a Bissau, em 28/5/1962, até setembro de 1963...

Permaneceu em Bissau mais de um ano até finais de agosto de 1963, fazendo segurança à cidade e ao aeroporto em Bissalanca. No início de setembro de 1963 até jullho de 1964, vai percorrendo uma boa parte da Guiné. E conhecendo a guerra, pura e dura. Descobre o inimigo mais temido da sua autometralhadora Fox, a mina anticarro.

Ajuda a ocupar e a construir os primeiros aquartelamentos na zona de fronteira, a sudeste, importante corredor de infiltração do PAIGC: Guileje, Ganturé, Sangonhá, Cacoca...

A sua narrativa acaba aqui (*), Já não nos dá pormenores sobre a ocupação e o início da construção do aquartelamento de Cacoca, em 24 de junho de 1964. Em 2/7/1964, o Pel Rec Fox 42, praticamente na véspera do seu regresso à Metrópole, sofre o seu mais duro revés, no Cumbijã (ação IN também não referida no livro da CECA, 2014, na parte respeitante a atividade operacional do ano de 1964).

Eis aqui o relato do "Alenquer" (que vive na Amadora, desde 1965, mas de quem não temos tido notícias mais recentemente):

 
(..) "Seguiram-se os destacamentos de Sangonhá e Cacoca e até aqui embora tenham havido várias emboscadas, e tenham sido descobertas várias minas anticarro, do meu pelotão só eu tinha sido ferido na cara por duas vezes, sempre coisa de pouca gravidade. 

No dia 2 de julho de 1964 foi montada pelo inimigo uma emboscada, onde rebentaram duas minas destruindo por completo uma autometralhadora e um granadeiro, matando dois camaradas nossos e ferindo com muita gravidade mais três, os quais levaram algum tempo para reconstruir os órgãos afectados e ainda hoje sofrem dessas maleitas.

A partir desta data nós ficamos totalmente desanimados e já não fizemos mais nada, até porque já tínhamos ultrapassado o tempo previsto para a nossa comissão. 

Regressámos então para Bissau numa lancha da marinha a fim de aguardar o regresso que teve lugar no dia 21 no Paquete Índia, chegando a Lisboa a 30 de julho.

À chegada esperavam-me os meus familiares que me receberam com toda a alegria e eu mais alegre estava porque em determinadas alturas pensava que já não regressava para os tornar a ver.

Nesse dia não pude seguir com eles visto que ainda tive que ir a Castelo Branco fazer o espólio dos fardamentos que trazia e receber as guias que permitiam passar à vida civil e só no dia 30 regressei.

Nesse dia tinha então todos os meus familiares e amigos à minha espera e começou aí uma nova vida". (...)



Guiné > Bissau > Cemitério Municipal > Talhão dos Combatentes Portugueses > s/d > 

Fonte: CECA (2001)


Os dois camaradas nossos, do Pel Rec Fox 42, terão sido os dois primeiros militares  de unidades de específicias de cavalaria (EREC / Pel Rec),  a morrer no CTIG, em 2/7/1964, no Cumbijã. 

Os seus corpos tiveram destinos diferentes, devido provavelmenmte à condição socioeconómica das respetivas famílias:

  • o 1º cabo AM Panhard Vitorino António Costa, natural de Monchique, ficou inumado no cemitério de Bissau, no talhão dos antigos combatentes portugueses, campa nº 956,
  • o sold AM Panhard José Carlos Firme Pires, natural de Lisboa, foi inumado no cemitério de Dois Portos, Torres Vedras.

Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro I; 1.ª Edição; Lisboa (2001), pp. 65/66.


No final de 1964, o CTIG dispunha já de um total estimado de 15150 militares ( incluindo tropas do recrutamento local):  eram 9650 em 1963 e serão  já 17100 em 1965. O número de mortos já ascendiam a 129 (em 1964) (contra 51 no ano anterior).

Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp. 359.



Guiné > Regão de Tombali > c. agosto de 1968 > Sangonhá destruída. Aqui está a prova do que restou de Sangonhá. Esta foto tem Direitos de Autor. Foi tirada com uma CANON

Foto (e legenda): © Mário Gspar (2015). Todos os direitos reservados (Edição:: L.G.).






Guiné > Carta da província >  Escala 1/500 mil (1961) > Detalhe: Posição relativa de Sangonhá,  Cacoca e Cameconde, junto à fronteira com a Guiné-Conacri, a sudeste.  

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015)

domingo, 19 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27332: Seis jovens lourinhanenses mortos no CTIG (Jaime Silva / Luís Graça) (6) José João Marques Agostinho (Reguengo Grande, 1951 - Bula,1973): era 1º cabo at cav, CCAV 8353/72 (Cumeré, Bula e Pete, 1973/74)





Guião da CCAV 8353/72 (Cumeré, Bula e Pete, 1973/74)




Guiné > Zona Oeste > Regiãode Cacheu > Carta de Bula (1953) / Escala 1/50 mil > Posição relativa de Bula, Binar, Capunga, Pete... E a nordeste, Choquemone, Pelabe, Dungor...O lourinhanense, 1º cabo at cav José João Marques Agostinho morreu entre Dungor e Choquemone,  no  dia 5/5/1973, sábado.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)


I. Continuamos a reproduzir, com a devida vénia, alguns excertos do livro recente do Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1), pp.189-190. (*)




JOSÉ JOÃO MARQUES AGOSTINHO
(24.12.1951 - 05.05.1973)

Localidade do falecimento - Guiné
1º Cabo atirador cavalaria nº E – 151117/ 72
Naturalidade - Reguengo Grande
Local da sepultura - Cemitério do Reguengo Grande, Lourinhã



1. REGISTO DE NASCIMENTO

José João Marques Agostinho nasceu a 24 de dezembro de 1951, às vinte e duas horas e vinte minutos no lugar e freguesia de Reguengo Grande. 


Filho legítimo de Francisco Ribeiro Agostinho de 26 anos, casado e com a profissão de moleiro, natural de Roliça, concelho de Bombarral e de Maria Augusta Ferreira Marques de 21 anos de idade, casada, doméstica e natural de Reguengo Grande e domiciliados no lugar de Reguengo Grande. (...)


A declaração do registo de nascimento foi feita pelo pai, às dez horas do dia vinte e um, de janeiro de 1952 no Posto do Registo Civil de Reguengo Grande. Teve como testemunhas João Ferreira Marques, solteiro, maior, jornaleiro, Maria do Carmo Hipólito casada, doméstica e Narcisa Silva Boavida Rocha, casada, doméstica e todos residentes em Reguengo Grande.


O Registo foi lavrado, em substituição do Conservador, por Diamantina do Carmo Salvador, não tendo o declarante e as testemunhas assinado por não saberem escrever. Registo realizado a 21 de janeiro de 1952 na Conservatória do Registo Civil da Lourinhã

2. REGISTO MILITAR

Recenseamento: o José João Marques Agostinho foi recenseado pelo DRM 5 em 1969 com 18 anos. Solteiro, com a Profissão de Pintor de construção civil, tinha como habilitações literárias o exame do 2º Grau (4º classe do ensino primário).


Inspeção Militar: apresentou-se a 22 de julho de 1971. Tinha 1.57 de altura, pesava 68 kg. Foi “apurado para todo o serviço Militar”, tendo sido alistado na mesma data e sendo-lhe atribuído o Número mecanográfico: E – 151117 /72. 


A 2 de janeiro de 1973 marcha para Estremoz a fim de se apresentar no Regimento de Cavalaria 3, para onde foi transferido, para frequentar a IE/4º T/72, sendo colocado na CCAV 8353/72,  com o nº 1785/72 (OS 8). 

A 21 de fevereiro termina com aproveitamento a IE /4º T/72 (OS 84) e, a 25 de fevereiro de 1973, finaliza com aproveitamento e com a classificação de 15.30 valores a Escola de Cabos na especialidade de Atirador de Cavalaria (OS 48).

2.1. Comissão de serviço no ultramar, Guiné

Mobilizado a 26 de fevereiro de 1973, é nomeado por imposição para servir no CTIG, nos termos da alínea c) do artº 20 do Dec.49107, de 07.07.69, com destino à CCAV 8353 / RCAV 3 (OS 50).


Embarque: a 16 de março de 1973, pelas 07H00, fazendo parte da CCAÇ 8353, marcha para Lisboa a fim de embarcar para o CTIG por via marítima (OS 73). É promovido nesta data ao posto de 1º Cabo.


Desembarque: a 22 de março de 1973 desembarcou na Guiné, desde quando conta 100% de tempo de serviço.


Data do falecimento: 5 de maio de 1973.


Causas da morte: ferimentos recebidos em combate.


Local do acidente: Entre Dungor e Choquemone


Abatido ao efetivo: a 5 de maio de 1973 foi abatido ao efetivo da CCAV 8353 por ter falecido por ferimentos recebidos em combate.


Despacho do Comando Militar: 23 de maio de 73, por despacho do Exmo Brigadeiro Comandante Militar do CTI Guiné foram considerados como adquiridos em combate os ferimentos sofridos e que motivaram a sua morte em 5 de maio. (Nota nº 7372, de 30 de maio, SJD/QG/CTI Guiné).


Local da operação: Dungor – Choquemone


Tempo de serviço:1972, 69 dias.1973, 124 dias


Local da sepultura: Cemitério Paroquial de Reguengo Grande


Unidades onde prestou serviço: BCAÇ 8, 24.10.1972. RCAV 3, 03.01.1973


Contagem do tempo de serviço: 1972, 69 dias. 1973,124 dias

2.2. Registo disciplinar: condecorações e louvores

Medalha: segunda classe de comportamento (Artº 188º do RDM) é lhe atribuída em 24 de outubro de 1972

3. PROCESSO DE AVERIGUAÇÕES AO ACIDENTE: ANOTAÇÕES E CONTEXTO

(No seu processo, consultado no AGE, não consta o Auto de Averiguações ao acidente que lhe provocou a morte.)


Fonte: Excerto de 


II. Até à data, o único representante do da CCAV 8353/72 na nossa Tabanca Grande é  o Armando Ferreira, ex-fur mil cav, ribatejano de Alpiarça, reconhecido artista plástico,  escultor e pintor (vd. página no Facebook).

IIa. Excerto da ficha unidade:

Unidade Mob: RC 3 - Estremoz
Cmdt: Cap Mil Cav António Mota Calado
Divisa: "Primus lnter Pares"
Partida: Embarque em 16Mar73; desembarque em 22Mar73 | Regresso: Embarque em 30Ag074

Síntese da Actividade Operacional


Após a realização da IAO, de 26Mar73 a 22Abr73, no CML, em Cumeré, seguiu em 23Abr73 para Bula, a fim de efectuar o treino operacional sob orientação do BCav 8320/72. 

Em 09Mai73, assumiu a função de intervenção e reserva do BCav 8320/72, com a sede em Bula e, a partir de 23Mai73, assumiu, cumulativamente, a responsabilidade do subsector de Bula, em substituição da 1ª Comp/BCav 8320/72. 

Em 16Dez73, destacou dois pelotões para realização dos trabalhos do reordenamento da Ponta de S. Vicente e promoção socioeconómica das populações.

Em 24Mar74, substituída pela 2ª Comp/BCav 8320/72, assumiu a responsabilidade do subsector de Pete, com destacamentos em Capunga, João Landim e Mato Dingal, mantendo-se integrada no dispositivo e manobra do BCav 8320/72.

Em 17Abr74, rendida no subsector de Pete pela 3ª Comp/BCav 8320/72, seguiu para Ilondé, a fim de ser integrada nas forças de reserva à disposição do Comando-Chefe, em substituição da 2ª Comp/BCaç 4516/73, tendo então efectuado escoltas a colunas de reabastecimento a Farim.

Em 29Abr74, foi deslocada para Bissau, a fim de reforçar o dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações e de manutenção da ordem pública, sob dependência do COMBIS, e onde se manteve até ao seu embarque de regresso.

Observações Tem História da Unidade (Caixa n." 107 - 2ª Div/ 4ª Sec, do AHM).

 Fonte: Excerto de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 522.


IIb. Vídeo (11' 29'') do Armando Ferreira, nosso grã-tabanqueiro nº 704, disponível no You Tube > Armando Ferreira. Faz homenagem aos 4 mortos e 13 feridos da emboscada do dia 5/5/1073.


A CCAV 8353/72 veio substituirm en Bula,  a companhia do cap cav Salgueiro Maia, a CCAV 3420 (Bula, 1971/73). 

 Neste vídeo, de mais de 11 minutos, o Armando faz um emocionado e emociante relato do historial da sua companhia, declamando em "voz off" um dramático e longo texto poético, a que deu significativamente o título "A ternura dos 20 anos"...

O vídeo foi colocado no You Tube, 42 anos depois do "batismo de fogo" do Armando e dos seus camaradas, a trágica emboscada que a companhia sofreu em 5/5/1973, a nordeste de Bula, entre Dungor e  Choquemone, de que resultaram as 17 primeiras baixas da companhia, 13 feridos e 4 mortos (a seguir listados):

(i) fur mil cav Serafim de Jesus Lopes Fortuna, natural da Madalena, Vila Nova de Gaia, e que era um dos seus grandes amigos;

(ii) 1º cabo at cav José João Marques Agostinho, natural de Reguengo Grande, Lourinhã;

(iii) Sold at cav João Luís Pereira dos Santos, natural de Brejos da Moita, Alhos Vedros, Moita; e

(iv) Sold at cav Quintino Batalha Cartaxo, natural de Castelo, Sesimbra.

Mais tarde, em 4/11/1973, da mesma companhia morrerá, também em combate, Madaíl Baptista, natural de Carvalhais, Ponte de Vagos, Vagos. (Dados do portal UTW - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar).

Esta ação de 5/5/1973, é referida no livro da CECA, sobre a atividade operacional dos anos de 1971/74, nos seguintes termos:

Acção - 05Mai73

Forças dos Pel Mil 291, 293 e 341 (BCav 8320/72) realizaram patrulhamento conjunto com emboscada na região do Choquemone, 01-A. Tiveram três contactos com o ln, sendo o último à tarde, de que resultou no segundo, 3 mortos e 1 desaparecido do Pel Mil  293. 

Naquela altura acorreram em auxílio forças de 1 GCombl /  1ª C/BCav8320/72 e 2 GComb  / CCav 8353/72, que realizavam um patrulhamento em Ponta Mátar, l Pel (-) / ERec 3432 e APAR (apoio de artilharia). 

Quando as NF se dirigiam de Ponta Mátar para a região da emboscada, em Petabe,  o 2° GComb / CCav8353/72 estabeleceu contacto com o ln em Bula 2H2.80, sofrendo 4 mortos, 5 feridos graves e 3 ligeiros.

Na batida feita posteriormente foram recolhidas peças de equipamento e fardamento, munições de armas ligeiras, géneros alimentícios e detida l mulher. O ln teve baixas prováveis comprovadas por grandes manchas de sangue.

Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp. 300/301    (Com a devida vénia...).

(Revisão / fixação de texto, negritos: LG)