CTIGuiné > c. 1971 > O BINT (Batalhão de Intendência) tinha sede em Bissau e destacamentos (Pelotões de Intendência, PINT) , além de Bissau, Farim, Bambadinca e Buba e, depois em Cufar, a partir de 1/8/1973 (o Pel Int 9288/72).
Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp. 73 e 542/543
APOIO DE SERVIÇO DE INTENDÊNCIA (CECA, 2015, pp 72/74)
I. Abastecimento
(i) Víveres e artigos de cantina
As Unidades fazem os seus pedidos directamente ao Órgão de Intendência (01), que as apoiam.
Para certos artigos de cantina os pedidos são feitos à Sucursal das OGFE (Oficinas Gerais de Fardamento do Exército), em Bissau.
Os 01 requisitam à Chefia os víveres e artigos de cantina necessários à manutenção dos níveis determinados.
(ii) Combustíveis e lubrificantes
As Unidades requisitam directamente às empresas gasolineiras ou através dos Orgãos de Intendência (01).
Os 01 mantêm os níveis determinados através de requisições feitas à Chefia de Serviço, em Bissau.
A Chefia de Serviço acciona as empresas gasolineiras no sentido de fornecerem aos 01 ou às Unidades os combustíveis e lubrificantes requisitados.
(iii) Fardamento
As Unidades requisitam aos Pel Int (Pelotões de Intendência) ou Depósito Base de Intendência (DBI), conforme forem apoiados por uns ou outros, os artigos necessários.
Os Pel Int requisitam por sua vez à Chefia os artigos indispensáveis à manutenção do nível determinado.
A Chefia acciona o DBI de acordo com o solicitado pelos Pel Int.
(iv) Impressos
As Unidades requisitam os impressos directamente ao DBI. Através dos Pel Int o DBI encaminha-os para as Unidades.
A Chefia do Serviço mantém o controlo deste material junto do DBI por forma a não haver faltas.
(v) Material diverso
Os pedidos são feitos directamente à Chefia que acciona o DBI para o efeito. Este envia o material à Unidade que fez o pedido.
Os artigos críticos são pedidos à 4a Repartição/QG que os acciona em ligação com a Chefia do Serviço.
II. Evacuação
(i) Fardamento
A evacuação dos artigos de fardamento é feita das Unidades para o Pel Int que as apoiam.
(ii) Material diverso
As evacuações são feitas directamente das Unidades para o DBI.
pag 72/73
III. Síntese da actividade operacional do Batalhão de Intendência da Guiné (CECA, 2015, pp. 488/489
(...) "O BInt foi criado com base em QO aprovado por despacho ministerial de 21Nov63 e englobou uma Companhia de Intendência, umaCompanhia de Depósito, então constituidas, e os Destacamentos d Intendência (4), então existentes em Bissau, Tite, Bula e Bafatá, este depois instalado em Bambadinca, a partir de 02Jun66, e, mais tarde, outro Pelotão instalado em Farim, a partir de OlJan67, sendo considerado uma unidade da guarnição normal.
Em OlAbr68, as funções da Companhia de Depósito passaram a ser executadas por um novo órgão, então criado, o Depósito Base de Intendência e a partir de O1Set68, o Batalhão passou a ser constituídoelas subunidades designadas por Companhia de Intendência de AlD,Companhia de Intendência de AlG, e Pelotões de Intendência, tendoainda sido instalado outro Pelotão em Cufar, a partir de OlAg073.
Nesta situação, forneceu o apoio logístico às unidades e subunidadesem serviço na Guiné, efectuou a reparação dos meios de frio, máquinas de escritório e de bobinagem, entre outros, para o que dispunhatambém de equipas itinerantes.
Ministrou também instrução de formação de especialistas de Intendência de padeiros, magarefes, caixeiros e outras. Manteve ainda as reservas de combustíveis e lubrificantes e acionou o funcionamento dos centros de fabrico de pão e de abate.
Em l40ut74, após entrega das instalações e equipamentos ao PAIGC, Batalhão foi desactivado e extinto." (...)
__________________
Nota do editor LG:
(*) Vd. poste de 12 de novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5258: A tragédia de Cufar, sábado, dia do Diabo, 2 de Março de 1974 (António Graça de Abreu)
(...) "Os homens ardiam como tochas, gritavam, vinham direitos a mim. O inferno deve se um lugar bem mais agradável do que aquelas dezenas de metros de picada com pessoas a serem consumidas pelas chamas, o ar, o escuro da noite empestado por um horrível, um nauseabundo cheiro a carne humana queimada. Despi a minha camisa e com ela tentei apagar restos do fogo que cobria aqueles homens. Meti quatro negros no carro, dei a volta com o jipe e subi, acelerando em direcção a Cufar. Uma viatura blindada Fox (do Pel Rec Fox 8870/72) descia a picada com os faróis e as metralhadoras apontadas para nós.
Vd. também postes de:
21 de outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8933: Memória dos lugares (158): Cufar e o porto do rio Manterunga, extensão do inferno na terra : 2 de Março de 1974 (António Graça de Abreu)
17 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4366: Tabanca Grande (144): João Lourenço, ex-Alf Mil, PINT 9288, Cufar (1973/74)16 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1284: A Intendência também foi à guerra (Fernando Franco / António Baia)
1 comentário:
Nunca se fala dos guineenses, civis, assalariados da tropa (guias, estivadoras, etc.), que morreram na guerra... A propósito destas duas minas que explodiram no porto interior de Cufar, em 2/3/1974, originando 2 mortos entre o pessoal do Pel Int 9288/72 (1ª mina) + 3 estivadores civis (não identificadios) e um número indeterninado de mortos civis, estivadores, assalaridos da Companhia de Terminnal (2ª mina, reforçada com bomba da aviação)...
Na 1º mina que atingiu um jipe, morreram, além de 3 civis:
(i) Carlos Alberto Pita da Silva, fur mil intendência, natural do Funchal (morreu 15 dias depois, a 176, no HM 241, Bissau);
(ii) Rodrigo Oliveira Santos, de alcunha "Jeová", sold caixeiro, natural da Feira,
Eram ambos do Pel Int 9288/74, que estava em Cufar.
Na 2ª mina A/C (reforçda com uma bomba de Fiat G-91), morreram pelo menos os seguintes estivadores, civis, assalariados, da Companhia de Terminal (entre parênteses, a terra da naturalidade):
(i) Indom À Có (Biombo);
(ii) Aisselé Ié (Biombo);
(iii) Augusto Ajupkique (Teixeira Pinto);
(iv) Augusto Fernandes (Bissorã);
(v) Odailá Ié (Biombo);
(vi) Ocante Dju (Bigene);
(vii) Lona Insalá (Mansoa) (morreu no HM 241, a 7/3/1974; inumado em Bissau);
(viii) José da Silva Ié (Biombo);
(ix) Ocanta Jau (Bigene).
Foram inumados em Cufar, exceto o Lona Insalá.
Há cadávares, que por terem ficado carbonizados, não terão sido reconhecidos.
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