Cabo Verde > Ilha de S. Tiago > Praia > Junho de 1941 > O 1º cabo Feliciano Delfim Santos, da 1ª companhia do 1º batalhão expedicionário do RI 11 [Setúnbal], na linha da frente, é o terceiro a contar da direita para a esquerda. (*) Este batalhão foi colocado na Ilha do Sal, integrado no RI 24.
Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Cabo Verde > São Vicente > MIndelo > RI 23 > 1º Batalhão Expedicionário do RI 7 (Leiria) > 10 de setembro de 1944 > Chão de Alecrim > O 1º cabo Ângelo Ferreira de Sousa, recordação da despedida de Cabo Verde, com dois 2ºs cabos nativos, seus amigos. (**)
Foto do álbum do pai do nosso camarada Luís Dias [ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872,´Dulombi e Galomaro,1971/74]
Foto (e legenda): © Luís Dias (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
José Martins, nosso colaborador permanente;
ex-fur mil trms, CCAÇ 5, "Gatos Pretos" (Canjadude, 1968/70);
profissionalmemnte foi revisor oficial de comtas,
vive em Odivelas,
1. Mensagem.com data de ontem, José Martins, ex-fur mil trms, CCAÇ 5, "Gatos Pretos" (1968/70), nosso colaborador permanente:
Proposta de leitura do livro "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", da autoria de Adriano Miranda Lima (edição de autor, Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, 2020, 241 pp.) (****)
Se me fosse
proposto resumir, numa simples frase, o livro “Forças Expedicionárias a Cabo
verde, na II Guerra Mundial”, seria:
A história escrita com paixão, memória e coração.
Cabo-verdiano
de nascimento e nabantino ou tomarense por opção, Adriano Moreira Lima, coronel
da situação de reforma e nosso camarigo, transmite-nos, ao longo das quase duas
centenas e meia de texto e fotografias da época, a forma de vida e sentimentos
de dois povos: o metropolitano, na medida em que foi representado pelos
militares que para o arquipélago foram destacados; e o povo cabo-verdiano, nas
populações que tão bem souberam receber os que ali aportaram.
No início dos
anos quarenta do século XX, com o eclodir da II Guerra, numa atitude dissuasiva
do governo português, apesar da neutralidade declarada, enviou para as ilhas
atlânticas milhares de militares, não deixando de continuar a embarcar para
África – Angola e Moçambique – destacamentos de reforço às guarnições locais.
O
maior contingente foi destinado ao arquipélago dos Açores, com cerca de 30.000
militares, sendo o envio para a Madeira de uma força de mais ou menos 1.000
militares, como reforço das unidades recrutadas localmente.
Cabo
Verde foi o destino de quase 6.000 militares, a serem distribuídos pelas ilhas
de S. Vicente, cerca de 3.000; para o Sal, em número de mais de 2.000; e para
Santo Antão, mais de 700 militares.
Não
podemos esquecer que a plataforma continental poderia ser, aliás como se veio a
provar, pretendida não só pelos espanhóis como pelos alemães, para expansão do
território no primeiro caso, apesar da Tratado Ibérico, e na segunda hipótese,
para obstar o desembarque, de forças inglesas, nas costas de Portugal.
Caso
algum desses cenários se verificasse, o governo português rumaria para os
Açores, mas havia que assegurar um efectivo militar que activasse o
retardamento das tropas invasoras, quer pela destruição de estradas e pontes com
utilização de explosivos, pela engenharia, quer pela utilização de forças
combinadas, infantaria e artilharia, em acções de emboscadas
[Ver Rós Agudo, Manuel – A Grande
Tentação, Os Planos de Franco para Invadir Portugal - Casa das Letras, Setembro
de 2009, páginas 228 e 328 a 333, e «https://en.wikipedia.org/wiki/Operation_Felix»
(consultado em 10/09/2020)].
No aspecto social,
não há duvida alguma do impacto que a chegada dos militares teve na vida das
populações. A população da ilha de São Vicente, estava estimada em cerca de
15.000 habitantes; com a chegada de 3.000 militares, houve uma alteração
demográfica, ainda que temporalmente, de mais 20% dos habitantes.
Capa do livro de Adriano Miranda Lima: Preço de capa (incluindo portes
de correio: 12 €). Pagamento através de transferêmcia bancária:
IBAN PT50 0035 0813 00010554900 36
Pedidos ao autor: endereço de email:
limadri64@gmail.com
Como indica no
texto, inicialmente, Adriano Lima, tinha em mente descrever a acção do seu RI
15, mas acaba por fazer menção às outras unidades, a tal ponto que, tendo eu
investigado sobre o batalhão do RI 7 (Leiria), acabarei por encontrar mais
elementos e fotos que, ou me escaparam ou não me “empenhei” tanto quanto devia,
apesar da minha investigação não ser só sobre o período de 1941 a 1944. Há
referências aos batalhões de infantaria saídos de Tomar (RI 15), Caldas da
Rainha (RI 5), Leiria (RI 7), Setúbal (RI 11) e Abrantes (RI 2), assim como de
outras armas, mormente artilharia, que foram guarnecer Cabo Verde.
No serviço de
saúde, que além de servir a população militar foi estendida à população civil,
havia além das enfermarias regimentais, Hospitais Militares em São Vicente e
Sal, tendo como Hospital de retaguarda, o Hospital Militar da Estrela, para
onde seriam enviados os militares que necessitassem de cuidados mais
especializados ou prolongados.
Os que
morreram devido a doença ou acidente, e que foram inumados nos cemitérios
locais, lá estão todos enumerados. Porem o número de baixas mortais poderá ter
sido superior, pois pode ter havido casos de morte nos evacuados para o .HMP [, Hospital Militar Principal, Lisboa].
Os
“protagonistas” deste livro, é a geração imediatamente anterior â nossa. Daí
haver entre os combatentes, que fazem parte da Tabanca Grande, membros cujos
pais ou tios, estiveram nesta expedição.
O livro refere
que não há muita informação, oficial ou oficiosa, que nos permita estudar a
presença de militares portugueses nesta expedição. Tal facto pode resultar da
destruição ou extravio da documentação gerada nesse período, Os batalhões
expedicionários ao serem constituídos, passavam a ter “Ordens de Serviço”
autónomas às dos regimentos; por outro lado, no caso da infantaria que era para
ser constituída em “Comando de Batalhões”, evoluiu para a constituição de dois
Regimentos de Infantaria, os números 23 (São Vicente) e 24 (Sal), agregando as
forças dos batalhões, originando nos arquivos militares, novas cotas.
Faço votos para que, com o aparecimento deste
livro, os descendentes destes militares – nós, os nossos filhos/sobrinhos e
netos – recuperem dos baús da memória, e óptimo seria com fotos com legendas, a
documentação que “está ali” à espera de uma oportunidade para ver a luz do dia.
Sim, porque memórias na primeira pessoa já não deve haver, mas há, ainda, quem
se recorde de factos contados nas reuniões de família, ou naquelas alturas em
que vinham à memória “as mornas de Cabo Verde”, e a saudade «falou para os mais
novos», na altura.
Apesar de ter
sido esse a solicitação do Luís Graça, por não estar tão envolvido nestes
factos como o Luís pois, os seus escritos e o acervo fotográfico foram, sem
dúvida, uma “mais valia” para o texto que nos é apresentado, sendo também, uma
homenagem a quem, até ao fim dos seus dias, sempre recordou a sua passagem por
aquelas paragens agrestes.
Não me achei
com a capacidade de escrever a recensão do Livro (*****), mas tão só uma pequena nota a
incentivar a leitura do mesmo. E não estou tão “longe ou afastado” deste tema,
apesar de não ter tido familiares à época, em condições de ser mobilizado.
Porém, as “buchas” que introduzi neste apontamento, são fruto, de alguma forma,
devidas, ao estudo da matéria em questão.
O livro
“Forças Expedicionárias a Cabo Verde”, reúne e amplia alguns textos do blogue
“Praia do Bote”, assim como se suporta no excelente espólio de “Luís Graça e
Camaradas da Guiné” através da rubrica “Meu pai, meu velho, meu camarada”.
Resumindo:
Dentro de vinte anos comemorar-se-á o centenário desta expedição.
A História Militar deste país pouco tem sobre a matéria, mas os homens que escreveram
estas páginas de glória, não podem ficar no esquecimento.
Esperemos que
as entidades militares e civis, unam esforços, recuperando nos arquivos que
existem – ordens regimentais, cadernos de recenseamento, processos individuais –
o nome de quem foi para as ilhas atlânticas, e se possa dar à estampa, novos
factos e nomes de Portugal.
10 de Setembro de 2020
____________
Notas do editor
(*) Vd. poste de 29 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17000: Meu pai, meu velho, meu camarada (50): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1º cabo, 1º Comp /1º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto Silva Santos) - Parte I: A caminho da ilha do Sal, com chegada, a 23/6/1941 à Ilha de Santiago, no vapor "João Belo"...
(**) Vd. poste de 9 de setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4926: Meu pai, meu velho, meu camarada (12): 1º cabo Ângelo Ferreira de Sousa, S. Vicente, 1943/44 (Hélder Sousa)
(***) Vd. poste de 25 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9657: Meu pai, meu velho, meu camarada (26): Porfírio Dias (1919-1988), ex-sold aux enf, Cabo Verde, São Vicente, Mindelo (de 18 de julho de 1941 a 7 de maio de 1944) (Luís Dias)
(****) Vd. poste de 8 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21336: Agenda cultural (728): "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", de Adriano Miranda Lima: o livro pode ser adquirido a 12 € por exemplar, incluindo portes de correio.
(*****) Último poste da série > 10 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21344: Notas de leitura (1303): "O Cântico das Costureiras", de Gonçalo Inocentes (Matheos) - Parte II (Luís Graça)