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domingo, 29 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26324: Tabanca da Diáspora Lusófona (26): o luso-canadiano, de origem madeirense, João E. Abreu, ex-sold cond auto, CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) - Parte I

 


Foto nº 1A e 1 > Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) > s/d > Ponte Caium > "Um banho na piscina da Ponte Caium, os piores 2 meses passados da comissáo. Ainda reconheço o alferes Pinheiro, ja falecido,  o Furriel Viola,  o Enfermeiro Gouveia e também o 1º cabo Silva que durante umas férias se esqueceu de voltar à Guiné".


Foto nº 2 > Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) > 1967 > Nova Lamego, quartel de baixo: no braço, o crachá dos "Panteras".



Foto nº 3A e 3 > Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) > 1968 >  Camabajá > O João E. Abreu com o Vitor Tavares


Foto nº 4 > Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) > s/l  >  s/d >   O João E. Abreu com um crocodilo juvenil, talvez nas imediações do rio Corubal, no Boé.


Foto nº 5A e 5 > Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) > 1968 >  Natal de 68 em Buruntuma.





Foto nº 6 e 6A> Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) > 1967  > "Jangada a atravessar o rio Corubal a caminho de Madina de Boé, fins de 1967."

Fotos (e legendas): © João E. Abreu  (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O João E. Abreu é um luso-canadiano que eu gostaria de ver integrar a Tabanca da Diáspora Lusófona (*) e, claro, a Tabanca Grande. Fica desde já convidado. 

É sempre com alegria que descobrimos mais um  camarada da Guiné espalhado pelas sete partidas do mundo. Nesta caso,  de origem madeirense, como de resto sugere o seu próprio apelido. Fez parte da CART 1742.

Deixou no passado dia 27, às 21:10, o seguinte comentário, na nossa página do Facebook

"Ponte Caium:  aqui passei os piores dias da minha comissão, ainda hoje passados 55 anos do meu regresso ainda sonho com os ruídos que vinham do mato durante a noite, Soldado Condutor Auto. CART 1742, 1967/69."

É amigo da página do Facebook da Tabanca Grande. Temos três amigos em comum,  incluindo o nosso grão-tabanqueiro Abel Santos, (ex-sold at art, CART 1742, "Os Panteras", Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69).



O Abel Santos, que está connosco desde 14/7/2012 (e te 95 referências no blogue),  e é viznho do Carlos Vinhal, já trouxe consigo mais quatro "Panteras" (*):

(i) José Rosa da Silva Neto, ex-1.º cabo radiotelegrafista;

(ii) José Horácio da Cunha Dantas, ex-1.º cabo at art, apontador de bazuca, natural de Lama, concelho de Barcelos;

(iii) Jaime da Silva Mendes, ex-sold at inf,

(iv) e o António Joaquim de Castro Oliveira, ex-1.º cabo quarteleiro.

Espero que ele nos ajude a trazer, para o blogue da Luís Graça & Camaradas da Guiné, o João E. Abreu dem que só sabemos o seguinte:

 (i) vive em Mississauga, Ontário, Canadá;

(ii) natural de São Martinho, Madeira, Portugal;

(iii) faz anos a 22 de outubro;

(iv) é casado desde 31 de agosto de 1970.

2. Com a devida vénia, selecionámos e editámos algumas das fotos do seu álbum. 

Ficamos a saber, por esta amostra (I Parte),  e para já, que o sold cond auto João E. Abreu esteve em (ou passou por) Nova Lamego, Ponte Caium, Camabajá,  Buruntuma e Madina do Boé, o que não é pouco. 

Há uma resumo da história da CART 1742 (**)

(Seleção e reedição das fotos: LG)
______________


(**) Vd. postes de:

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 – P26291: In Memoriam (529): Comandante Almada Contreiras (1941-2024), um antigo camarada que conheceu as terras da Guiné, e um dos militares do 25 de Abr (José Saúde)

 

 

Beja > Biblioteca Municipal José Saramago > 10 de dezembro de 2019 > 21h30 > Sessão de lançamento do livro do José Saúde, “Um Ranger na Guerra Colonial: Guiné-Bissau 1973/74:  Memórias de Gabu”. 

A mesa formada por (da esquerda para a direita)  dr.ª Paula Santos, diretora da Biblioteca Municipal José Saramago de Beja; Comandante de Mar e Guerra Almada Contreiras, um militar que integrou o MFA aquando a Revolução dos Cravos, 25 de Abril; Luís Godinho, diretor do Diário do Alentejo;  José Saúde, autor da obra;  e Fernando Mão de Ferro, editor da Colibri

Foto (e legenda): © José Saúde  (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil OpEsp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem.



Morreu o Comandante Almada Contreiras, um antigo camarada que conheceu as terras da Guiné


Camaradas,


Faleceu na passada quarta-feira, 18 de dezembro de 2024, o Comandante Almada Contreiras, capitão-de-mar-e-guerra, e que se encontrava na situação de aposentado. Carlos Almada Contreiras era natural de Aljustrel, distrito de Beja, nascido no ano de 1941, e foi um dos militares da Revolução do 25 de Abril de 1974, que proporcionou a queda do antigo governo.

Almada Contreiras era, pois, um homem que contribuiu para a Liberdade de um povo amordaço que ao longo de 48 anos se vira privado de múltiplos objetivos que pairavam, então, na mente de jovens que, a partir dos princípios da guerra colonial, se sentiam oprimidos face a um futuro quiçá incerto, dado ser quase certo a nossa presença na guerra de além-mar.

O Comandante ingressou na Escola Naval em 1960 e esteve presente em diversas missões militares na Guiné, Moçambique, Angola e São Tomé e Príncipe, entre 1964 e 1970. Almada Contreiras participou ativamente na Revolução de Abril e foi um dos subscritores da redação do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA).

Ao longo do processo revolucionário desempenhou vários cargos, bem como funções, nomeadamente enquanto membro da Comissão Coordenadora do MFA, do Conselho de Estado e do Conselho da Revolução, e conselheiro do Serviço Diretor e Coordenador da Informação (SDCI). Foi, também, condecorado por diversas vezes, incluindo com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

Este vosso camarada teve o privilégio de conhecer, e de com ele privar, o Comandante Almada Contreiras, dado o facto de ter sido um dos oradores do meu livro – UM RANGER NA GUERRA COLONIAL – GUINÉ-BISSAU 1973/1974 –, na Biblioteca Municipal de Beja José Saramago, aquando da apresentação da obra editada pela Colibri, sendo que este livro faz parte coleção que agora deixa: Memórias de Guerra e Revolução. Direção: Carlos de Almada Contreiras.

Deixo-vos a foto do acontecimento e o meu pesar pela morte do Comandante Almada Contreiras, assim como os sentimentos à família enlutada.

Abraços, camaradas
José Saúde
Fur Mil OpEsp/RANGER da CCS do BART 6523

___________

Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 


27 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26200: In Memoriam (518): Lúcia Bayan († 26 de Novembro de 2024): Doutorada em Estudos Africanos e colaboradora do nosso Blogue em assuntos do Chão Felupe (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26249: Notas de leitura (1753): A Guiné Que Conhecemos: as histórias sobre unidades do BCAV 2867 (3) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Agosto de 2023:

Queridos amigos,
Reiterando a muita admiração por quem coordenou este impressionante repositório de testemunhos e acervo fotográfico, convém recordar que a presente obra vem na sequência de uma anterior intitulada História das "Boinas Negras", focada na comissão da CCAV 2482, edição de 2018, as restantes unidades do batalhão bateram o pé e apresentam-se agora em A Guiné Que Conhecemos, ficamos pois com a fotografia um tanto detalhada do setor 1 da região do Quínara ao tempo da presença do BCAV 2867, com falcões, cavaleiros e dragões, e os boinas negras voltam ao palco. Para todos aqueles que ainda não possuem história da sua unidade, está aqui uma boa matriz, é preciso encontrar um coordenador que saiba trombetear colaborações, testemunhos, imagens, lembranças espúrias, é dessa conjugação de esforços e trabalho de equipa que se põe mais um tijolo do nosso relicário do dever de memória.

Um abraço do
Mário



A Guiné Que Conhecemos: as histórias sobre unidades do BCAV 2867 (3)

Mário Beja Santos

O livro Histórias dos “Boinas Negras”, referente à comissão da CCAV 2482 foi o rastilho de pólvora para que as restantes unidades do BCAV 2867 se pusessem em movimento. Conforme refere o coordenador, Jorge Martins Barbosa, antigos combatentes dos “Falcões” da CCS, dos “Cavaleiros de Nova Sintra” da CCAV 2483 e dos “Dragões de Jabadá”, da CCAV 2484 aderiram com os seus testemunhos, assim surgiu este extenso documento que é um misto de história e de literatura memorial.

Não tenho qualquer rebuço em manifestar o meu profundo apreço pela lavra a que se entregou o coordenador Jorge Martins Barbosa, já impulsionador da História dos “Boinas Negras”, esta centrada na comissão da CCAV 2482, as outras unidades do BCAV 2867 não quiseram ficar de fora, e por isso aqui têm desfilado os “Falcões da CCS”, os “Cavaleiros de Nova Sintra”, demos seguidamente a palavra aos “Dragões de Jabadá” e vamos finalizar com os “Boinas Negras”, versão retocada e aumentada. Cuidadoso, Jorge Martins Barbosa entende contextualizar um pouco a história da Guiné. Aproveito a oportunidade para observar que com frequência fala-se da guerra da Guiné-Bissau, o que é um erro tremendo, a Guiné-Bissau é o nome de um Estado proclamado unilateralmente pelo PAIGC em setembro de 1973, logo reconhecido por largas centenas de países, mas a colónia ou província chamava-se Guiné portuguesa, foi aqui que combatemos, dela saímos em outubro de 1974 e na capital entraram dirigentes e militares do PAIGC, então na República da Guiné-Bissau.

É impressionante as colaborações que o autor agregou de todas estas unidades militares, bom seria que ele viesse aderir à nossa confraria e permitisse, bem como todos os seus camaradas de batalhão que um número impressionante de imagens aqui ficasse depositado.

Que significado têm as boinas negras? Este nome de guerra aparecia associado à cor negra do agasalho de cabeça reservado pelo regulamento para os militares de arma de cavalaria. Foram para a Guiné todos de boina castanha e por despacho do governador, de 28 de maio de 1970, foram autorizados a fardar com boina negra no teatro de operações da Guiné. De março a junho passaram em Tite (com exceção de um pelotão que foi para a intervenção em Nova Lamego), população predominantemente Balanta, mas não faltavam outras etnias, havia conivências inescapáveis entre gente à sombra da bandeira portuguesa e a guerrilha, e dá-se um exemplo: “Um dos chefes da base IN de Gã Formoso – de seu nome Vicente – era irmão da mulher de Djamil, comerciante na povoação de Tite, e recebia da irmão com alguma frequência uns macitos de tabaco Malboro e sabonetes Lux. Isto foi afiançado com orgulho, por Vicente, a António Júlio Rosa, quando este ex-alferes miliciano de artilharia (falecido em meados de 2020) passou, cativo, a norte de Fulacunda, de onde depois desceu, saindo pela fronteira junto a Guileje, a caminho de Kindia, na Guiné-Conacri, por ter sido aprisionado em Bissássema na madrugada de 3 de fevereiro de 1968.”

Também se conta o que o pelotão andou a fazer por Nova Lamego, com intervenções em Cabuca e Canjadude, é interessante como o autor põe em comparação relatórios portugueses com documentação subscrita por Amílcar Cabral, estabelecendo diretrizes para intensificar a guerrilha na região Leste. Não são esquecidas as edificações quer em Tite quer em Fulacunda, esta foi a segunda etapa dos “Boinas Negras”, o acervo de imagens é de um muitíssimo interesse, e de novo são invocados documentos do PAIGC referentes a esta região do Quínara, está aqui um bom suporte de trabalho para investigadores do futuro.

O relato acolhe episódio e testemunhos de militares, desde operações e segurança a aquartelamentos, situações passadas em patrulhamentos e escoltas, é lembrado que os “Boinas Negras” foram rendidos pelos “Capicuas” da CART 2772, também desta unidade se recolhe um depoimento de Armando Oliveira que tem voltado à Guiné para oferecer solidariedade. Aspeto curioso é o acervo fotográfico relacionado com Fulacunda das diferentes unidades que por ali passaram e imagens da povoação bem como de Tite até à atualidade.

E a obra finaliza com o elenco de convívios realizados com imensa regularidade desde 1996, o ponto culminante é o testemunho do coronel José Ferreira Durão sobre as atividades dos “Boinas Negras”, é uma peça tocante onde não se esquece o jornal publicado semanalmente, e sem falhar; bem como o testemunho do coronel Joaquim Correia Bernardo sobre os “Cavaleiros de Nova Sintra” e para encerrar o coronel Henrique de Carvalho Morais sobre os “Boinas Negras”.

Um belo trabalho, um acervo fotográfico com grande significado, um esforço coletivo que é um exemplo para muita gente.

Imagem de Tite do tempo do BART 1914 (1967-69), retirada do respetivo blogue, com a devida vénia
Fulacunda, imagem dos “Capicuas” (CART 2772), com a devida vénia
Tite, 19 de janeiro de 1973, o que restou da fuselagem do foguetão presentado pelo IN. Imagem de Joaquim Pereira da Silva do BART 6520/72, com a devida vénia
Chéché, Gabu, na atualidade, imagem retirada da página Society for the Promotion of Guinea Bissau, com a devida vénia
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Notas do editor

Vd. post anterior de 2 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26226: Notas de leitura (1751): A Guiné Que Conhecemos: as histórias sobre unidades do BCAV 2867 (2) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 6 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26240: Notas de leitura (1752): O Arquivo Histórico Ultramarino em contraponto ao Boletim Official, até ao virar do século (5) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Guiné 61/74 – P26146: (Ex)citações (430): Habitações palacianas de Gabu (José Saúde)

 


1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil OpEsp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem.

Camaradas,

Tenho lido textos no nosso blogue – Luís Graça & Camaradas da Guiné - de camaradas que visam literalmente a antiga Nova Lamego, atual Gabu. Digo-o, sem o mínimo de uma dúvida que porventura me suscitava hesitações, pois eles são tão claros que não retiro uma vírgula aos escritos aqui lançados pelos seus signatários, que Gabu tem, naturalmente, a sua própria história existencial.

Quando lancei o livro – “UM RANGER NA GUERRA COLONIAL – GUINÉ-BISSAU 2973/1974 – MEMÓRIAS DE GABU” – ocorreu-me em procurar a razão de como tudo terá acontecido. Ou seja, a razão da sua existência e de que como tudo terá evoluído até ao presente.

É óbvio que pelo meio ficou a nossa presença aquando da guerra colonial, mas ficarão também imagens que jamais esqueceremos. Por isso, aqui vos deixo a história de Gabu e dos então peiriquitos que ousaram explorar os recantos da então Nova Lamego.

Habitações palacianas de Gabu

Denominada como Nova Lamego, sobretudo ao longo da guerra colonial, Gabu é uma região cujas fronteiras confinam a norte com o Senegal, a Leste e a Sul com as regiões de Tombali e a Oeste com Bafatá.

Recorrendo a dados históricos contemplados na Wikipédia, enciclopédia livre, Gabu foi a capital do Império Kaabu, um reino Mandinga que existiu entre os anos de 1537 e 1867 e que se chamava Senegâmbia. Antes, tinha sido uma província do Império Mali. No século XIX a etnia fula impôs a sua supremacia na região e colocou ponto final no domínio de Kaabu.

Gabu é, igualmente, a pátria do chão fula (79,6%), existindo ainda a etnia mandiga (14,2%) que se espalha por toda a zona, mas numa menor escala. Foi-me dado a oportunidade em conhecer alguns dos princípios éticos de uma população que prima pela honra de uma herança que assumem como um indeclinável direito.

No plano territorial Gabu possui uma área de 9.150 kms2 e tinha no ano de 2004 uma população que se estimava em 178.318 almas, sendo, por isso, considerada uma das maiores, senão a maior, das regiões do país.

Introduzo como credível uma nota de rodapé que após a independência do país Gabu recuperou o seu nome tradicional existindo, atualmente, um pequeno núcleo urbano de inspiração colonial.

Detentora de clima tropical, quente e húmido, a região de Gabu é composta por uma população em que a doutrina praticada aponta como alvo principal a religião muçulmana (77,1%).

As temperaturas rondam, normalmente, os 30/33 graus durante o dia e os 18/23 à noite. As estações anuais definem-se como as das chuvas que vai de maio a novembro e a de seca de dezembro a abril. Dezembro e janeiro são considerados os mais frescos. Por outro lado, a economia assenta no comércio, agricultura e pecuária.

Os usos e costumes das gentes de Gabu derrapam para primórdios éticos onde é visível uma hierarquia humana que não abdica do erário tribal transmitido de gerações para gerações.

Redijo este tema sobre um “estágio” obrigatório nessa zona e na qual me foi proporcionado observar algo mais ao longo da minha comissão em solo guineense, embora encurtada devido à Revolução de Abril de 1974, uma vez que fui um dos cerca de 45 mil militares dos três ramos das Forças Armadas – Exército, Força Aérea e Marinha – quando por lá prestava serviço. Conheci, portanto, a guerra e a paz e um pouco das vivências tradicionais das suas gentes. 

Uma rua

Aliás, num trivial conhecimento com os nativos que muito me estimulou, pessoas simples que viviam no interior de um adensado mato e entre as duas frentes da guerra, usufrui da possibilidade em conhecer alguns dos seus expeditos hábitos, assim como as memórias que nós combatentes incessantemente recordaremos.

Vamos, pois, ao encontro de conteúdos passados em pleno palco da guerrilha. 

A população em movimento 

    
Periquitos exploram o centro de Nova Lamego 

Passeio na “5.ª Avenida”

Suavizavam o ar com o odor de uma “penugem” que os então pe9riquitos, nome usado pela tropa mais velha para identificar os recém-chegados a solo guineense, lançavam para o infinito de um horizonte inimaginável e onde surgiam quadros pesarosos pintados pelo negro de uma incerteza. Porém, a incubação nos ovos chegava ao fim. Tínhamos avezinhas. Um esticão de asas, um apalpar no escuro, uma vertigem dos mais fracos, o vociferar dos conteúdos da guerra, o trocar opiniões sobre os estratagemas do inimigo, as emboscadas, as minas, os ataques noturnos aos quartéis, entre tantos outros motes aflorados, davam azo a uma conversa sempre indeterminada entre o grupo acabado de chegar ao Leste da Guiné.

Cenário: a “5.ª Avenida” de Nova Lamego, quais turistas a passearem-se pelas ruas chiques das grandes metrópoles americanas! Ao fundo da dita cuja (“5ª Avenida”), eis o grupo a abancar no bar da Pensão Mar e a refrescar-se com as aprazíveis sagres. Era o princípio de uma jornada por terras de além-mar. Outras fainas se seguiriam!

 A Guiné parecia apenas um sonho. Aliás, jamais me tinha ocorrido à ideia de que o meu futuro militar me reservasse, como virtual conjetura, conhecer um dia a realidade da guerrilha no terreno guineense e as suas famosas bolanhas.

Falava-se da Guiné como o diabo foge da cruz. A guerra naquela província do Ultramar era terrível. Traçavam-se cenários mórbidos. A rapaziada comentava e a mensagem passava de boca em boca. Mas o destino contemplou-me e eu, tal como grande parte dos rapazes desses tempos, não fugi a esse fim. Fui e voltei tal como parti, restando resquícios de histórias que contemporizam o meu calendário de vida.

Camaradas houve, e foram muitos, que já não usufruem, infelizmente, do prazer de partilhar momentos de convívio e narrar as suas histórias de vida. Uns, morreram em combate na densidade de um mato cerrado; outros, faleceram numa emboscada; outros, encontraram a morte em ataques aos quartéis; outros, fecharam definitivamente os olhos em famigerados rebentamentos de minas anticarro e antipessoal e, ainda, há aqueles que morreram em momentos de pura infelicidade. Desastres com viaturas militares ou armas de fogo, carimbaram o seu derradeiro fim.

Convivi com situações que me deixavam apreensivo quando em causa esteve a razão do último adeus. Momentos fatídicos, mórbidos, de camaradas que ousaram abusar do facilitismo e se deixaram cair, inadvertidamente, em fatídicos fins proibidos. Exemplifico o infeliz que encontrou a morte a limpar a arma esquecendo, entretanto, que tinha deixado uma bala na câmara e outros em estúpidos acidentes com viaturas militares, todos, ou quase todos, temos histórias desta estirpe para contar.

Olho, atentamente, para duas fotos do meu álbum – Guiné - e revejo um passeio pela “avenida” principal de Nova Lamego, nos primeiros dias em que ali “ancorámos”. O clique foi justamente dado em frente a uma casa onde residiam duas irmãs cabo-verdianas que eram professoras primárias na escola local.

Vivendo momentos de uma juventude no seu auge, alguns furriéis e alferes, andavam doidos com as meninas que, por sinal, eram boas como o milho. Recordo que a malta andava mesmo vidrada com aquele duo de airosas donzelas mestiças. Parceiros? Não lhes conheci. Passemos à frente…

O grupo de turistas, todos janotas, embevecidos com a beleza natural que os rodeava e o cheiro a África a inalar as nossas narinas, eis o grupo de periquitos, à civil, sentados a uma mesa do bar da Pensão Mar. Um nome que nada tinha a ver com a realidade deparada. O mais indicado, na nossa conceção, seria substituir Mar por Bolanha. O mar, lá longe, nem vê-lo. A bolanha era, isso sim, o afrodisíaco mosaico constatado em terrenos circundantes, bem como em quase todo o território guineense. Mas aceitava-se a decisão do seu mentor.

África é sumptuosa no consumo de bebidas, principalmente cerveja. O calor afirma-se como um aditivo determinante pelo prazer de consulares gargantas ressarcidas. Num convívio saudável ficou uma tarde de passeio na apelidada “5ª Avenida”, o alforge recheado de cervejas bebidas e um conhecimento mais profícuo de uma urbe onde as bajudas passeavam os seus corpos embrulhados em pedaços de panos garridos que torneavam a preceito os seus joviais e esbeltos físicos. O militar – periquito – apreciava e… imaginava cenários quiçá inexequíveis de alcançar. Coisas de uma juventude irreverente.

Refastelados à volta de uma mesa o grupo de furriéis ressarciam-se com as cervejolas fresquinhas

Periquitos desbravavam o ambiente da “avenida”. Da esquerda para a direita: o Cardoso, Operações Especiais/Ranger, Eu, o Santos, Minas e Armadilhas, Freitas e o Rui, Operações Especiais/Ranger

Abraços camaradas e um até breve.
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523
___________

Nota de M.R.:

Vd. últimos postes desta série em:

20 de abril de 2024 > Guiné 61/74 – P25415: Os 50 anos do 25 de Abril (10): Até sempre, Nova Lamego! (José Saúde, ex-fur mil op esp/ranger, CCS / BART 6523, 1973/74)

sábado, 9 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26133: As nossas geografias emocionais (31): Nova Lamego, região de Gabu, em jan / fev 1967 (Manuel Coelho, ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68)



Foto nº 1 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > A rua principal de Nova Lamego... Do lado esquerdo vê-se a Casa Caeiro e o edifício que era o comando dos batalhões que passaram  por aqui ao longo da guerra (já era protegido por bidões cheios de terra).

No outro lado da rua, no lado direito da foto, um edifício não identificado (parece-nos ser o Cine-Clube local) e depois a estação dos CTT (Correios, Telégrafos e Telefones)...



Foto nº 2 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > Outra das artérias  da vila, com a estação dos CTT à esquerda, e o Cine-Clube (?) à direita, do outro lado (vd. foto nº 9, em que este edifício não aparece).



Foto nº 3 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > Um DC-3 em na pista de aviação


Foto nº 4 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > Um a rua em rebuliço, a do comando do batalhão, com a colocação de bidões cheios de arame como proteção em caso de ataque ou flagelação do IN


Foto nº 5 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > > Vista aérea da tabanca


Foto nº 6 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 >  Tabanca


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > > Tabanca (a avaliar pelos animais, porcos, à direita da foto, seria um tabanca de gente não-muçulmana)


Foto nº 7 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > > O ferreiro


Foto nº 8 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > Tecelão

Fotos do álbum de Manuel Caldeira Coelho (ex- fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894,
"Os Tufas") (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68) (*)


Fotos (e legendas): © Manuel Caldeira Coelho (2011). Todos os direitos reservados, [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné ]



Foto nº  9 > Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > s/d > Foto aérea  (pormenor) > Povoação e quartel velho de Nova Lamego (hoje Gabu). Alguns edifícios civis de referência, Compare-se com as fotos acima, nºs 1 e 2.

Legenda: (1) Loja dos irmãos Libaneses (depois ocupada pelos comandos dos batalhões que passaram por esta vila); 
(2) Casas civis (para alugar) | Casa Caeiro (eata seria rua principal);
(3) Estação dos CTT (civil) (e a seguir deveria ser o Cine-Clube, no prolongamento da rua, que ia dar ao edifício da administração, mais tarde, com a independèncai,  sede do Governo Regional); 
(4) Parque de jogos.... (Do lado esquerdo da foto original, aparecia uma parte da tabanca, que cortámos, tal como a parte superior, ao fundo da vila, redimensionando a foto).

Foto (e legendas): © Roseira Coelho / Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > Carta (1957) (Escala 1/50 mil) > A vila de Nova Lamego tinha uma malha urbana ortogonal. A noroeste ficava o aeródromo e a(s) tabanca(s) (Gabu-Sara) mais a norte. De Nova Lamego partia-se para: (i) Bafatá (a oeste); (ii) Sonaco (a noroeste); (iii) Bajocunda, Pirada, Senegal (a nor-nordeste); (iv) Piche, Buruntuma, Guiné-Conacri (a és-nordeste); (v) Canjadude, Cheche, Madina do Boé, Guine-Conacri (a sul); (vi) Cabuca (a sudeste).


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)




1. São fotos de Nova Lamego e seus arredores (tabancas e pista de aviação). 

O Manuel Coelho (ou Manuel Caldeira Coelho) é o nosso melhor fotógrafo de Madina do Boé. 

Quando entrou para o o nosso blogue, em 12/7/2011, disponibilizou cerca de 90 fotos do seu álbum. A maioria relativa (c.40) são dos sítios onde a CCAÇ 1589 passou mais tempo, ou seja, na região do Boé.(**)

Alentejano de Reguengos de Monsaraz, com 45 dezenas de referências no nosso blogue, vive em Paço d' Arcos, Oeiras.

2. Sobre a CCAÇ 1589, recorde-se aqui 
sumariamente a o seu percurso pelo CTIG:

(i) chegada em 4/8/1966, foi inicialmente colocada em serviço na guarnição de Bissau na dependência do BCaç 1876, em substituição da CCaç 728, com vista a garantir a segurança das instalações e das populações da área;

(ii) em 16dez66, passou a ser subunidade de intervenção e reserva à disposição do Comando-Chefe orientada para a zona Leste, instalando-se em Fá Mandinga e tendo tomado parte em diversas operações realizadas nas regiões de Xime, Sarauol, Nova Lamego, Madina do Boé e Enxalé.

(iii) de 28jan67 a 7fev67, esteve colocada em Nova Lamego como subunidade de reserva do Agr24, colmatando a saída da CCaç 1625 até à chegada da CCav 1662;

(iv) voltou para Fá Mandinga, onde assegurou a responsabilidade do respectivo subsector durante a adaptação operacional da CArt 1661;

(v) após a marcha de um pelotão em 25mar67 para Béli, foi deslocada em 7abr67 para Madina do Boé, a fim de substituir a CCaç 1416,

(vi) em 10abr67, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector, com o pelotão já instalado em Béli, ficando então integrada no dispositivo e manobra do BCaç 1856 e depois sucessivamente do BCav 1915 e do BCaç 1933;

(vii) em 20jan68, foi rendida em Madina do Boé pela CCaç 1790 e em 12Fev68 no destacamento de Béli, tendo ambos os aquartelamentos sofrido fortes flagelações no periodo de jun a dez67;

(viii) em 31jan68, foi colocada em Bissau na dependência do BCaç 2834, para serviço de guarnição até ao seu embarque de regresso (em 9/5/1968), colmatando anterior saída da CCaç 1547 e sendo depois substituída em Bissau pela CCav 1617;

(ix) Cmdt: Cap Inf Henrique Vitor Guimarães Peres Brandão.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26120: S(C)em Comentários (51): Que pena tenho eu não estar em Nova Lamego, em 1972/74, para ver as libanesas, porque em 1969/70 tínhamos que ir a Bafatá ver os seus olhos verdes (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 1969/70)



Valdemar Queiroz

1. Excerto do poste P13607 (*):


Que pena tenho eu de não estar em Nova Lamego, em 1972/74, para ver as libanesas, porque em 1969/70 tinhamos que ir a Bafatá ver os seus olhos verdes.

Ó Marcelino Martins, tens toda a razão e eu, em 1969/70, também não me lembro de estabelecimentos de libaneses, no Gabu. Havia a casa do sr. Caeiro. Vendia tudo, pomada prós calos, ventoinhas, frigoríficos a petróleo, e até material militar (facas de mato) pra algum 'piriquito' despassarado.

Também havia, no Gabu, outro português, que fazia uns frangos de churrasco, de caír pró lado. Era na saída, para Bafatá e lembro-me que o empregado, um africano, tinha hora de saída. E o patrão dizia: “Vocês é que são os culpados, destes gajos terem horário de saída”…. O que nós fomos 'arranjar'.

Mas, José Marcelino Martins,  nunca vi nenhuma libanesa em Nova Lamego e eu não era cego. Lembro-me da filha do Sr. Caeiro, aparecia poucas vezes, era de cair pró lado, boa como o milho, rapariga prós vinte e poucos anos, sempre à espera dum capitão. Mas, ver as libanesas, de olhos verdes, raparigas bonitas, tinhamos que ir a Bafatá.

Quem me dera, estar em Bafatá naquele tempo, tinha vinte e poucos anos. (**)


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terça-feira, 5 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26118: As nossas geografias emocionais (29): A antiga Nova Lamego ou Gabu Sara, em set 67/fev 68, ao tempo do Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)



Foto nº 1 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) >  O ex-alf mil SAM, junto a uma placa com as distâncias quilométricas, a partior de Gabu Sara: a povoação mais longe era Buruntuma, na fronteira com a Guiné-Conacri (67 km), a nordeste. Bafatá, a sudoeste, ficava a 53 km. E Madina do Boé, a sul, distava 65 km.



Foto nº 2 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > 4º trimestre de 1967 > Edifício do comando e do Conselho Administrativo, de estilo colonial, tal como o encontrámos, com paliçadas e bidões de protecção, ruas esburacadas e em terra batida, com pó ou lama. Foto tirada a partir do edifício dos CTT,  na outra esquina. 
 

Foto nº 3  > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Dezembro de 1967 > Junto ao Posto de Transmissões, com a mascote deles, um pequeno macaco.cão. Foto tirada na porta de acesso do serviço de  tansmissões, do qual era responsável o meu amigo alferes Mesquita.  


Foto nº 4 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) >  Janeiro de 1968  > O Posto de abastecimento da velhinha ‘SACOR’. Sendo uma vila  já importante [cidade só era Bissau, e mais tarde, já em 1970, Bafatá]  tinha a bomba de gasolina.  Devo ter abastecido lá a minha motorizada.


Foto nº 5 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > 4º trimestre de 1967 > >  Rua Principal da vila
 cheia de gente, mas sem carros. Verifica-se um movimento de pessoas locais e não só, com as suas bicicletas, a maioria a pé, com os seus bebés às costas, e não se vê aqui no centro, mulheres com os seios à mostra.


 Foto nº 6 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Novembro de 1967 > Uma das ruas principais, com casas modernas de habitação. A rua ainda era de terra batida, mas notava-se já um movimento de construção nova, quer para residência das populações locais, ou para arrendamento como cheguei a ouvir.


Foto nº 7 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Dezembro de 1967 >  A ‘Porta de Armas’ das instalações do Quartel. Junto ao local de entrada, uma legenda da BCAÇ 1856 (Nova Lamego, mar 1966/abr 67). Junto de mim (estava eu de oficial de dia), o alf mil inf Carneiro.


Foto nº 8  Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) >  c. Janeiro / fevereiro de 1968  > A 
 cerimónia,  cheia de significado,  da continência à Bandeira Nacional. Trata-se do hastear da bandeira, pela manhã. O  arrear era às 18 horas, já quase noite. Em Bissau, por exemplo, toda a gente ficava em sentido, até na estrada principal, paravam os carros e saiam as pessoas com destino ou vindas de Bissau, a passar em Brá.



Foto nº 9 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) >  Novembro de 1967 > Na entrada da Escola Primária do Gabu: uma visita à escola, na companhia do meu camarada o alf mil trms Mesquita.


Foto nº 10 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) >  4º trimestre de 1967 > Um passeio de bicicleta, a um domingo, numa rua bem arranjada. São pequenas vivendas, moranças,  para a população local, numa época em que era preciso  criar melhores condições de vida e habitação.


Fot6o nº 11 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Janeiro de 1968 >  Uma casa nova e moderna com cobertura de telha.  Sendo uma vila  em desenvolvimento, as casas faziam-se a bom ritmo.


Foto nº 12 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Novembro de 1967 > Passeio de bicicleta com a malta, numa tarde de Domingo:

(i) eu, em segundo plano, apoiado na árvore;  

(ii) a seguir o furriel Carvalho – que ficou ferido num dedo e mais tarde passou a fazer parte da ADFA no Porto;

(iii) a seguir o furriel enfermeiro – Carlos Veiga, com camisa aos quadrados, e que foi mais tarde, já na peluda, médico, entretanto já falecido infelizmente;

(iv)  depois outro furriel que não me lembro do nome;

(v)  um homem à vil civil, talvez militar, guineense;

(vi)  sentado o alferes Figueiredo, natural da Guiné, onde tinha já mulher e filhos, bem como os pais e o seu negócio de família.

 Este edifício pertencia naturalmente às instalações da tropa, mas não estou certo.



Foto nº 13 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) >  > Outubro de 1967 > Um passatempo nos primeiros tempos, a frequència do Clube do Gabu. Talvez numa tarde de domingo, no café do cllube,  com os meus amanuenses; os primeiros cabos Seixas (ao meio) e Horta (à esquerda), eu à direita.


Foto nº 14 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Setembro / outubro de 1967 > A melhor casa comercial, a Casa Caeiro. Foto tirada do 1º andar das instalações do Conselho Administrativo do batalhão (que esteve ali, de setembro de 67 a fevereiro de 68(.



Foto nº 15 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) >  21 Fevereiro de 68 > O comerciante, sr. Caeiro, e a sua filha, na sala de cinema do Gabu, nas últimas filas.   A família era portuguesa da metrópole. (Detalhe: a filha do sr.  Caeiro  ostenta, na foto, a capa de uma revista humorística brasileira, popular na época, "Vamos Rir!", de periodicidade mensal, da "Rádio Editora Lda.)


Foto nº 16 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) >  4º trimestre de 1967 > 
Vista aérea da cidade e quartel de Nova Lamego.  O avião – Dakota – a fazer-se à pista à sua frente, não se conseguem ver bem os contornos nem da cidade nem das ruas, nem casas nem quartel, só a pista.


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. O nosso amigo e camarada Virgílio Teixeira, natural do Porto, a viver em Vila do Conde, refiormado (foi economista e gestor de empresas) é, dos nossos tabanqueiros,  quem tem mais fotos de Nova Lamego: cerca de 300. (*)

Esteve lá, em Nova Lamego,  entre setembro de 1967 e fevereiro de 1968. Era alf mil SAM,  presidente do Conselho Administrativo do comando do BCAÇ 1933. Esta unidade irá depois para São Domingos, na região do Cacheu, no final de fevereiro de 1968, sendo rendida pelo BCAÇ 2835,

Eis como descreve a Nova Lamego que conheceu no curto período de 5 meses (**):

(...) Também conhecida por Gabu, era uma vila de porte médio, sede de circunscrição, com vártios equipamentos sociais  correios, escola, cinema, igreja,  café, bar), algumas casas de comidas e bebidas, bem como, algumas lojas de comércio.

O concelho do Gabu era governado por um administrador de Circunscrição, com sede na vila,  e um administrador de posto com sede em Piche.

De todas as lojas, a que mais se destacava era a famosa Casa Caeiro, mesmo no centro da cidade. Ali vendia-se de tudo o que precisávamos e mais o que não era preciso para nada.

O Senhor Caeiro, dono da referida casa comercial, tinha uma bela filha, branca. (Fico na dúvida se a família era de origem libanesa, mas não, já me confirmaram que era portuguesa.)  

A Casa Caeiro localizava-se mesmo do outro lado da rua, frente a frente, onde estava o gabinete do Conselho Administrativo, e do respectivo Comando do Batalhão.

Era um edifício tipo colonial, e ficávamos no 1º andar desse edifício, e logo se poderia ver todo o andamento e movimento da loja, a Casa Caeiro, que não era nada pequena, e que era frequentada pelas variadas etnias locais.

De tal modo que era um passatempo, vir para o varandim, e ver as pessoas, locais e outras pessoas,  europeias ou não, com os seus negócios, e acima de tudo, quando a filha do Caeiro saia à rua, logo éramos  alertado por alguém com 'o grito do Ipiranga0, para irmos todos ver a beldade de mulher a sair à rua, com o seu corpo,  formoso para aquelas paragens.

Posto isto, a Casa Caeiro era visitada quase diariamente pela malta nem que fosse para comprar uma caixa de fósforos, ou um abano para o calor.

Era gente simpática, que enas se dedicava ao comércio, não alinhava nem de um lado nem de outro, eram independentes, o que já não era uma tarefa difícil numa zona de guerra, como aquela.

Quanto à filha do Caeiro, apenas falei com ela na loja, cruzávamo-nos na rua, no café ou no pequeno cinema semanal. Não sabia a vida que eles levavam fora das horas de serviço. (...)

(Seleção, revisão / fixação de texto, reedição e numeração das fotos: LG)

2. Em mail que os enviou, em 02/11/2024, 16:27,  o nosso camarada Virgílio Teixeira dá a seguinte lista  de "militares  que viveram com a família fora de Bissau", incluindo Nova Lamego (NL) e São Domingos (SD),  no seu tempo:

  • Capitão médico António Cortez, esteve com a mulher sempre, quer em NL, Bissau, e SD.
  • Capitão Cardoso, comandante da CCS, casou e foi com a noiva viver com o nosso Batalhão em SD, substituindo o antigo que foi para o QG de Bissau;
  • 2º Sargento do quadro, não sei o nome, que esteve em Nova Lamego no Pel Rec Daimler 1143;:
  • Alferes Figueiredo do Pelotão Informações e Operalões etc, que manteve a mulher por vários períodos não seguidos, quer em NL e SD.
  • Major Américo Correia, 2º Comandante do BCAÇ 1933, que esteve com a mulher em períodos curtos, em NL e SD.
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Notas do editor

(*) Último poste da série >4 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26115: As nossas geografias emocionais (28): Gabu, antiga Nova Lamego (Valdemar Queiroz, ex-fur mil at inf, CART 11, 1969/70)

(**) Vd. postes de: