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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25957: Manuscrito(s) (Luís Graça) (254): Museu Nacional do Azulejo: A "caça ao leopardo" (séc. XVII), uma das peças emblemáticas...

 












1. Título: Caça ao Leopardo.
Criador: Olaria de Manuel Francisco (?)
Data de Criação: 1650/1675.
Localização física: MNAz, Museu Nacional do Azulejo, Lisboa, Portugal.
Dimensões físicas: 150 cm x 189.5 cm.
Proveniência: Quinta de Santo António da Cadriceira, Turcifal, Torres Vedras.

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2024). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


 1. O Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa, é um dos mais importantes (e visitados) museus de Portugal (*):

(i) possui uma coleção ímpar no contexto internacional (completíssima e rica amostra  do azulejo português mas também holandês: as encomendas que vinham para Portugal tinham particularidades, nomeadamente em termos temáticos);

(ii)  o azulejo é, desde há 5 séculos,  uma forma  artística altamente diferenciadora da nossa cultura;

(iii) o edifício só por si, um antigo mosteiro,  vale uma visita,

Trata-se do Mosteiro da Madre de Deus que foi fundado em 1509 pela rainha D. Leonor (1458-1525), irmã de Dom João II e mulher de Dom Manuel I, e fundadora das misericórdias portuguesas.

Em finais do século XVII, o rei D. Pedro II (1648-1706) mandou, entretanto, proceder a um restauro profundo do edifício. É hoje considerado um dos melhores conjuntos do barroco nacional.

 2. A "Caça ao Leopardo", do 3º quartel do século XVII, é  uma das peças mais emblemáticas, fascinantes, do Museu. 

Como de resto acontecia com  toda a azulejaria figurativa, foi concebido a partir de  uma ou mais gravuras sobre a caça ao leopardo por europeus, sendo um belíssimo exemplo da capacidade das nossas oficinas para adoptar e reformular modelos que vinham de fora (por exemplo, gravuras com temas exóticos associados â fauna e flora do Novo Mundo, da África ou da Ásia). Neste caso,  os caçadores são os próprios indígenas do Novo Mundo que usam como  armadilha para atrair a presa um espelho (que obviamente eles não usavam, não fabricavam, nem tinham tecnologia para tal)...
 
Segundo o especialista e investigador do Museu (e seu atual diretor interino), João Pedro Monteiro, o uso do azulejo (vocábulo que vem do espanhol azulejo, do árabe hispânico al-zuléig.) não é exclusivo de Portugal mas foi no nosso país que, ao longo de uma produção de cinco séculos,  "assumiu uma especial importância no contexto universal da criação artística», tornado-se portanto um elemento identitário da nossa cultura.

Por três razões, que ele enumera: 

(i) "uso continuado ao longo de cinco séculos"; 

(ii) "modo de aplicação, como elemento estruturante das arquitecturas, através de revestimentos, muitas vezes monumentais, no interior e exterior dos edifícios" (palácios, mosteiros, conventos, quintas);

(iii) " e enquanto suporte da renovação do gosto e de registo de imaginários".

 Não é uma "arte pobre", bem pelo contrário, o azulejo podia chegar a representar um quarto dos custos de construção de um edifício. E não é por acaso que atingiu "o seu apogeu no reinado de D. João V, quando a chegada do ouro do Brasil permitia custear os mais ricos edifícios barrocos».

Caro leitor, se és um antigo combatente, aponta aí na tua agenda uma visita (obrigatória)  a este Museu, de acesso gratuito para ti (*)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 2 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25592: Manuscrito(s) (Luís Graça) (250): A "macacaria", o azulejo polícromo, burlesco e satírico, do séc. XVII

(**) Vd. poste de Instituto Camões > Exposição O Azulejo em Portugal: Uma opção identitária. Encarte Camões no JL n.º 144 Suplemento da edição n.º 1019, de 21 de outubro a 3 de novembro de 2009, do JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias.

terça-feira, 23 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25771: Aristides de Sousa Mendes - Um dos nossos grandes que eu admiro (Carlos Silva, ex-fur mil inf, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71) - II (e última) Parte: Visita ao museu da História do Holoscausto / Yad VaShem, Israel, Jerusalém, 2017

Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

~
Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 8


Foto nº 9


1. Continuação da publicação de fotos relativas ao Aristides de Sousa Mendes (Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, 1885 - Lisboa, 1954), o cônsul de Bordéus, que, para ser fiel a Deus e à sua consciência, teve de desobedecer aos homens (neste caso, a Salazar).

São fotos do álbum d0o  Carlos Silva, ex-fur mil arm pes inf, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879 (Jumbembem, 1969/71), advogado, natural de Gondomar, régulo da Tabanca dos Melros, com 145 referências no nosso blogue, para o qual entrou em 20/7/2007.(*)

Nesta segunda parte mostram-se imagens da sua visita (em companhia da esposa e de uma irmã, fotos nº 4 e 5), ao Museu de História do Holocausto, em Jerusalém, em 2017. (Em hebraico, Yad VaShem, criado em 1953, foto nº 6).

A foto nº 7, no interior do museu é o "hall dos nomes das vítimas do Holocausto, de origem judia" (há mais de um milhão ainda por identificar).  

Na foto nº 8, a legenda diz (em inglês e hebraico): "Um envelope postal e um selo, emitidos em memória de Sousa Mendes, em Portugal, 1995. Na parte inferior do selo pode ler-se: 'Lisboa, a porta para a liberdade- com a sua assinatura salvou milhares de vidas' ".

Na foto nº 9, pode ler-se: "Aristitides de Sousa Mendes, Portugal: por sua iniciativa própria, emitiu vistos de entrada em Portugal a milhares de refugiados judeus em França". 

A entrada no museu é gratuita, mas sujeita a inscrição prévia "on line". Três portugueses figuram aqui com o titulo de "justos entre as nações": além de Aristides de Sousa Mendes (nº 264,  entrado em 1996), Carlos Sampaio Garrido (nº 11758 /2010) e Joaquim Carreira (nº 12893 /2014).

Fotos (e legendas): © Carlos Silva (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Nota do editort:

Último poste da série > 21 de julho de  2024 > Guiné 61/74 - P25768: Aristides de Sousa Mendes - Um dos nossos grandes que eu admiro (Carlos Silva, ex-fur mil inf, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71) - Parte I: Casa do Passal (Cabanas de Viriato), Museu do Holocausto (Jerusalém) e capas de livros

domingo, 2 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25592: Manuscrito(s) (Luís Graça) (250): A "macacaria", o azulejo polícromo, burlesco e satírico, do séc. XVII










Lisboa > Museu Nacional do Azulejo "Macacaria. Casamento da Galinha" > Olaria. Manuel Francisco (?) . c. 1660/67. Faiança polícroma. Proveniência: Quinta da Cadriceira, Turcifal, Torres Vedras. Doação: Celeste e Vitor Cinatti Batalha Reis. MNAz Inv 400 az

Fotos: Luís Graça (2024).


1. Sou fã do azulejo. Do nosso azulejo. Ainda há dias percorri, extasiado, o Mosteiro de São Vicente de Fora, e nomeadamente os claustros revestidos de azulejos barrocos. Andava há anos para conhecer as 38 fábulas de La Fontaine, contadas em azulejo. Revestiam os claustros, os painéis foram retirados, restaurados e colocados em exposição. 

O azulejo português tem uma história, fascinante,  de cinco séculos. (A palavra vem do árabe.) E nada como visitar o Museu Nacional do Azulejo, instalado no antigo convento da Madre de Deus (séc. XVI). Os antigos combatentes tem acesso gratuito ao Museu. (O seu sítio está em remodelação neste momento; para saber mais sobre o Museu ver a entrada na Wikipedia.)

Ver ou rever, entretanto, na RTP Play, a Visita Guiada - Convento da Madre Deus, Lisboa.

De tempos a tempos passo por lá. Hoje destaco um peça, muito curiosa e rara, de que reproduzo alguns detalalhes acima. É uma painel do séc. XVII (c. 1660/67), que veio de uma quinta da região do Oeste Estremenho, a Quinta da Cadriceira, em Turcifal, Torres Vedras.

Lê-se, com a devida vénia, no sítio da Time Out, em artigo de Helena Galvão Soares (12 de maio de 2019):


(...) "O painel chama-se 'O Casamento da Galinha' e é uma 'singerie' (macacaria), um estilo em que os protagonistas são macacos (sim, daí o nome) em trajos e actividades humanas, com intenção geralmente satírica.

"Embora estas figuras já apareçam como apontamentos nas iluminuras medievais, o estilo surge em força na pintura flamenga do século XVI e XVII e espalha-se pela Europa nos séculos seguintes em frescos, mobiliário, cerâmica, serviços de louça... Em Portugal, como não podia deixar de ser, surge em azulejo.

"A nobreza que acabara de sair vitoriosa da Guerra da Restauração (1640-1668) investiu na construção de novas quintas de recreio e encomendava painéis de azulejo para o revestimento de casas e jardins. Foi em duas dessas quintas que surgiram os painéis de macacarias que chegaram até hoje." (...)


Esta nova nobreza (que apostou no cavalo certo, a causa da Casa de Bragança) tem o gosto do exótico~, do excêntrico e do burlesco: veja-se, além dos macacos, a representação de outros animais como o elefante  mas também o leão (ou o o leopardo, noutro painel ao lado).

Por outro lado, sabe-se que o macaco está sempre associado à crítica satírica mas é também um símbolo de liberdade: uma leitura possível deste painel é a sátira à antiga nobreza que se aliou ao poder filipino (vivendo inclusive em Madrid, de costas voltadas para a sua Pátria) e que  representava, portanto, o partido dos vencidos, com a restauração do reino... (As campanhas da Guerra da Restauração foram bem mais longas que a guerra colonial: 1640-1668).

A outra quinta, com painéis de "macacarias" (mas estas "in su situ" ) é a do Palácio de Fronteira, em São Domingos de Benfica, que merece uma visita demorada (estive também lá há dias nos jardins). 
Vd.  em RTP Play a Visita Guiada aos Jardins do Palácio Fronteira, em Lisboa| Ep. 222 set. 2014 |

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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25150: Blogues da Nossa Blogosfera (187): "Des Gens Intéréssants", de João Schwarz da Silva (Bruxelas, nosso grão-tabanqueiro n.º 768, desde 30/3/2018) - II ( e última) Parte


Música Klezmer na casa de Clara Schwarz da Silva em São Martinho do Porto, por João Graça (violino). 7 de agosto de 2007. A mãe da Clara era russa, de Odessa, hoje Ucrânia. A Clara também formação musical superior, tocava violino. O João tocou o "Bulgar de Odessa", um tema "klezmer" clássico que a emocionou...(Tinha então 92 anos, morreria em 2016, com 101.) (LG)

Vídeo (1' 41'') / You Tube > Luís Graça 




I. Este e outros são alguns dos recursos, em suporte audiovisual, que estão disponíveis  no fabuloso blogue do nosso amigo João Schwarz da Silva (*), irmão do nosso Pepito (Bissau, 1949-Lisboa, 2012), filho de Clara Schwarz (Lisboa, 1915  - Oeiras, 2017) e de Artur Augusto Silva (Ilha Brava, 1912- Bissau, 1983.    

A sua antiga página sobre histórias de vida de gente "interessante" (seus familiares, uns mais próximos, outros mais afastados)  passou a ter um novo endereço:

https://des-gens-interessants.blogspot.com

Eis,  a seguir, mais  alguns vídeos (em geral, em português, alguns em francês), que podem interessar os nossos leitores. Recorde-se que, em vida do Pepito e da Clara Schwarz, havia um dia de agosto em que a casa do Facho, na Praia de São Martinho do Porto, se transformava em Tabanca de São Marinho do Porto...
 
Alguns de nós tivemos o privilégio de conhecer um pouco melhor o Pepito e a sua família, na inbtimidade,    a começar pela matriarca, a dra. Clara Schwarz da Silva (durante vários anos, até à sua morte, aos 101 anos, em 2016, foi a "decana da Tabanca Grande").

Estamoa falar da famosa "casa do Cruzeiro", em São Martinho do Porto, no sítio do Facho, uma casa que o pai da Clara (e avô do Pepito), o engenheiro de minas Samuel Schwarz (1880-1953), judeu de origem polaca, lhe comprara quando ainda solteira, antes da II Guerra Mundial...

Por seu turno, o pai do Pepito, Artur Augusto Silva (1912-1983) tinha sido advogado em Alcobaça e em Porto de Mós no pós-guerra. O casal viveu em Alcobaça entre 1945 e 1949, antes de partir para a Guiné (ele, em finais de 1948 e o resto da família em 1949). Foram amigos pessoais e visitas de casa do pintor Luciano Santos (Setúbal, 1911-Lisboa, 2006), que vivia então em Alcobaça. (**)
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  • Apresentação do livro “La Découverte des Marranes”, Musée d’Art et d'Histoire du Judaïsme de Paris, 18 de fevereiro de 2016 (em francês)

https://www.mahj.org/fr/media/quand-le-portugal-redecouvre-ses-marranes

  • Entrevista de Clara Schwarz, José Melo e Antonieta Garcia sobre a vida e obra de Samuel Schwarz. Filme realizado pela Comunidade Israelita de Lisboa em 2004

Entrevista de Clara Schwarz por Jose Melo e Antonieta Garcia

  • A comunidade marrana de Belmonte em Portugal, por João Schwarz (em francês):

https://www.youtube.com/watch?v=xCJWe8ZPjfM&t=1s

  • Entrevista de João Schwarz sobre a doação da familia ao Tikva Museu Judaico de Lisboa

Entrevista de João Schwarz para o Museu Judaico de Lisboa

  • A cidade de Tomar, a sua sinagoga e a sua história, por Samuel e João Schwarz. Filme de Livia Parnes (em francês)

https://www.youtube.com/watch?v=UnqmXYvRiJk&t=7s

sábado, 4 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24822: Os nossos seres, saberes e lazeres (599): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (127): No Museu de Lisboa, um olhar sobre o património azulejar dedicado à capital antes do terramoto… e algo mais (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 1 de Agosto de 2023:

Queridos amigos,
O que é belo é sempre para rever, esteja onde estiver. Vivo a curta distância do Museu de Lisboa, de que conservo gratas memórias, aqui conversei com Irisalva Moita, uma estudiosa de Lisboa como há poucas, e fui vendo os progressos museológicos e museográficos, a dignificação dos jardins, a extensão dos espaços e altíssima qualidade das exposições. Uma parte significativa do museu está a ser alvo de intervenção, mas há primores indiscutíveis ao nível do rés-do-chão, para quem gosta de um deambular cronológico começa-se na pré-História até à cidade Quinhentista, fecha-se uma porta e abre-se outra e entramos numa área espetacular de azulejaria que só encontro rival com o que está patente no Museu Nacional do Azulejo. E há depois os registos do santos, em que Lisboa é imbatível, a pintura contemporânea, onde não falta Carlos Botelho e Eduardo Viana e um núcleo admirável de Lisboa, Cidade de Cerâmica, de que aqui se presta homenagem a uma ceramista que deixou uma obra sobre Alfama, trabalho da Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego. Aos lisboetas e passantes, votos de uma magnífica visita.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (127):
No Museu de Lisboa, um olhar sobre o património azulejar dedicado à capital antes do terramoto… e algo mais


Mário Beja Santos

Não é a primeira vez que aqui se fala do Palácio Pimenta, palácio de veraneio da 1ª metade do século XVIII, adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa em 1962 para, após a requalificação do edifício e jardins, aqui instalar o então Museu da Cidade, a funcionar no Palácio da Mitra desde 1942. O primeiro projeto de adaptação, datado de 1968, foi da autoria do arquiteto Raúl Lino. No entanto, foi graças à intervenção do arquiteto Duarte Nuno Simões, com programa museológico da olisipógrafa Irisalva Moita, que o novo museu foi inaugurado em 1979. O museu está instalado em dois andares, sendo que o 1º está presentemente sujeito a obras, podendo o visitante na multiplicidade das salas do rés-do-chão visitar obras de arte que vão da Idade do Bronze à contemporaneidade, marcas de sucessivas épocas, é uma exposição de longa duração intitulada “Viagem ao Interior da Cidade”. Viagem em que o azulejo é a prima-dona absoluta, há ali três obras magníficas do 1º quartel do século XVIII que permitem conhecer e identificar o que era o Terreiro do Paço, o Hospital de Todos-os-Santos e o Mercado da Ribeira antes do terramoto. Far-se-á também uma referência aos belos registos de santos, de que Lisboa possui um património de incontestável valor, e despedimo-nos com uma lembrança de Lisboa como cidade da cerâmica. Na verdade, dos centros oleiros da Mouraria e de Santos-o-Velho as grandes fábricas Lusitânia, Desterro, Viúva Lamego ou Sant’Anna, passando pela Real Fábrica de Louça do Rato, é toda uma outra história da cidade que o museu revela, em diálogo com obras de artistas do século XX. Desejamos a todos uma boa visita, há também oportunidade para visitar a magnífica maqueta de Lisboa anterior ao terramoto de 1755 e bela pintura contemporânea.
Terreiro do Paço, azulejaria do 1º quartel do século XVIII
Mercado da Ribeira Velha e Casa dos Bicos, 1º quarte do século XVIII.
Era um painel de azulejos que estava na Estrada de Benfica no n.º 385.
Hospital Real de Todos-os-Santos.

Os painéis de azulejos expostos, com vistas da Lisboa pré-Terramoto, encontravam-se num muro de suporte do jardim de uma casa na Estrada de Benfica. Documentos iconográficos fundamentais para o conhecimento de alguns dos principais edifícios e quotidianos da cidade anterior à catástrofe.


O Museu de Lisboa possui um belo acervo de registos de santos em azulejo. São painéis devocionais conhecidos por registos de santos, testemunhos da religiosidade popular. Inicialmente confinados no interior de igrejas, os registos passaram para o exterior, possivelmente durante o século XVII. Estes registos irão multiplicar-se a partir de meados do século XVIII. Aplicados nas fachadas, geralmente sobre as portas de entrada, ou nos átrios das casas, podiam ser acompanhados por flores e luminárias. Em consequência de catástrofes naturais, surtos epidémicos, incêndios e outras calamidades, entendidas como resultado de justiça divina, os registos pretenderam ser um poderoso auxílio para, através da intercessão de Virgem Maria ou de santos da particular devoção, promover a proteção do lar onde estavam colocados e a saúde dos que nele habitavam. Lisboa concentra a maior quantidade de registos de santos conhecida no país.
Registo revivalista com o Milagre da Aparição do Menino Jesus.

A devoção e a necessidade de proteção expressam-se em diversos registos de azulejos com função comemorativa de efemérides da vida de figuras sacras ou de episódios aos quais estas se encontram associadas. Destaca-se este painel de 1895, referente à comemoração do 7º centenário do nascimento de Santo António.
São Marçal
Registo rococó com Nossa Senhora da Nazaré, atribuído a Francisco Jorge da Costa, século XVIII.

Uma devoção com relativa representatividade nos azulejos é a de Nossa Senhora da Nazaré. A sua presença tem subjacente um leque muito diversificado de motivações, desde pedidos de proteção contra as tentações do demónio, passando pelos perigos do mar. O painel representa o mítico cavaleiro medieval, D. Fuas Roupinho, alcaide do Castelo de Porto de Mós, trajado à maneira de Setecentos, numa caçada durante a qual é atraído para o abismo por um veado, personificação do diabo, sendo salvo pela aparição da Virgem.
Registo da Sagrada Família na sua fuga para o Egito
Registo com São João Baptista.

São João Baptista desempenha um relevante papel como elo simbólico da transição do Antigo para o Novo Testamento, por ser o último profeta da Antiga Lei e o primeiro mártir da cristandade. Habitualmente surge descalço, tendo como indumentária uma pequena túnica e uma pele presa ao ombro.
Um pormenor da cozinha do Palácio Pimenta, atenda-se à riqueza azulejar e à magnífica ornamentação dada pelos cobres.
Dois exemplares de azulejaria com belos enquadramentos de chão marmoreado e muito boa pedra.
Placa comemorativa com uma vista do Bairro de Alfama, Manuela Ribeiro Soares (1921-2000), Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, 1959
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Nota do editor

Último poste da série de 28 DE OUTUBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24802: Os nossos seres, saberes e lazeres (598): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (126): Nos jardins do Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24234: Armamento do PAIGC (3): peça de artilharia 130 mm M-46, cedida pelo Sekou Turé para os ataques, a partir do território da Guiné-Conacri, contra Guileje e Gadamael, em maio/junho de 1973


Peça de artilharia 130 mm M-46, de fabrico soviético (ano de introdução: 1954). Este tipo de armamento foi usado pelo PAIGC contra Guileje em maio de 1973, a partir do território da Guiné-Conacri. O seu alcance (máximo) é de 22,5 km.

Fonte: Wikipedia (em finlandês) (2007) (com a devida vénia...)



 Guiné-Bissau > Bissau > Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional > A peça do lado direito não pode ser  o famigerado "canhão de 130 mm", de origem russa, fornecido pela Guiné-Conacri ao PAIGC nos ataques a Guileje e a Gadamael, em maio e junho de 1973... A peça de artilharia 130 mm, M-46, tinha/ tem  um cano ou tubo de mais de 7 metros de comprimento...  O da foto é muito mais curto... 

Não era armamento do PAIGC,  deve ter sido cedida pelo Sekou Touré, exigia uma equipagem de 8 elementos, além de viatura para a rebocar,   e disparava do outro lado da fronteira... Pesava 7,7 toneladas,,,  Nunca deve ter entrado sequer em território da antiga Guiné portuguesa (*).... 

Por outro lado, também deveria ser difícil distinguir, no final da guerra,  depois da morte de Amílcar Cabral,  e com o crescente ascendente de Sékou Touré (e dos soviéticos) sobre o aparelho político-militar do PAIGC, o que era do PAIGG e o que era dos seus anfitriões ou "patrões"...

Angola foi um dos países lusófonos que dispunha desta temível arma, durante a chamada guerra da segunda independência.

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


1. Nuno Rubim, coronel de artilharia na reforma, e especialista de renome. nacional e internacional, em história da artilharia, que colavora  com a ONG AD-Acção para o Desenvolvimento no Projecto Guiledje, no tempo do nosso saudoso Pepito (Bissau, 1949-Lisboa, 2014), confirmou-nos o emprego desta arma em 1973:

 

Excerto de mensagem do Nuno Rubim, membro da nossa Tabanca Grande, poste P1434 (*):

 (...) O Pepito foi a Cabo Verde e falou com os Cmdts Julinho de Carvalho e Osvaldo Lopes da Silva, os responsáveis operacionais no ataque a Guildeje, em Maio 1973. Colocou-lhes várias perguntas que eu sugeri, além daquelas que ele entendeu por bem e as respostas são muito satisfatórias, pese embora o tempo decorrido.

Agora vou estudar em detalhe essas informações e o ciclo continuará ...

Realmente a peça utilizada pelo PAIGC era o 130 mm M-46. O reconhecimento dos objectivos foi executado visualmente! (...)

2. Recorde-se o que já aqui escrevemos sobre o assunto (**):

(...) A artilharia 130 mm foi usada pela primeira vez contra Guileje em maio de 1973. E com crescente precisão. De origem soviética, com quase todo o armamento do PAIGC, operava a partir do território da Guiné-Conacri e tinha sido cedida pelo regime de Sékou Touré.

Entre 18 e 21 de maio de 1973 por exemplo, foram lançadas sobre Guileje cerca de sete centenas de granadas, de vários tipos (incluindo RPG 7). Média diária (4 dias): 171,25 granadas.
Entre 31 de maio e 11 de junho, Gadamael Porto foi flagelada com 1468 granadas: média diária (em 12 dias), 122,3 granadas; máximo 620 granadas (em 1 de junho), mínimo 4 granadas (em 10 de junho) (...)

3. Informação recolhida na Web > abcdef.wiki

Canhão de campo rebocado de 130 mm M1954 (M-46) - 130 mm towed field gun M1954 (M-46) - abcdef.wiki

(...) O canhão de campanha  rebocado ("towed field gun", em inglês),   de 130 mm M-46 (russo : 130-мм пушка M-46 ) é uma peça de artilharia rebocada de 130 mm, de carga manual , fabricada na União Soviética na década de 1950. 

Foi observado pela primeira vez pelo Oeste em 1954. Por muitos anos, o M-46 foi um dos sistemas de artilharia de maior alcance ao redor, com um alcance de mais de 27 km (...)


Especificações técnicas::

Massa:  7,7 t 
Comprimento; 11,73 m
Comprimento do cano: Furo: 7,15 m

Para saber mais: Canhão de campo rebocado de 130 mm M1954 (M-46)


(***) Último poste da série > 13 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24220: Armamento do PAIGC (2): Ainda as viaturas blindadas BRDM-2: em finais de 1973/princípios de 1974, o PAIGC teria apenas 2 viaturas blindadas...

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24200: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (34): Visita ao "Museu Militar da Luta de Libertação Nacional", na fortaleza da Amura

Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Bissau >Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional > "Viatura blindada de fabrico russo que terá sido usado pelo PAIGC em 1974 contra Bedanda e Copá"... o que etsá por confirmar, de fonte independente.


Foto nº 1A > Guiné-Bissau > Bissau >Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional > Viatura blindada (pormenor). Parece-nos ser a uma BRDM-2 (informção sujeita a confirmação).


Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Bissau >Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional > Artilharia portuguesa: se não erramos, uma peça 11.4 e um obus 14.


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Bissau >Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional >  Posto emissor que foi usado em Conacri, nas emissões da "Rádio Libertação"


Foto nº 3A > Guiné-Bissau > Bissau >Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional >  Estação emissora >Em 16 de julho de 1967, tiveram início as emissões da "Rádio Libertação", a partir de Conacri... Os nossos soldados chamavam "Maria Turra" à locutora de serviço,  a Amélia Araújo, natural de Angola, casada com o cabo-verdiano José Araújo. (Parece que ainda está viva, a viver em Cabo Verde.)


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Bissau >Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional > O setor das armas pesadas


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Bissau > Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional > A peça do lado direito não pode ser  o famigerado "canhão de 130 mm", de origem russa, fornecido pela Guiné-Conacri ao PAIGC nos ataques a Guileje e a Gadamael... A peça de artilhar 130 mm, M-46, tinha/ tem  um cano ou tubo de mais de 7 metros de comprimento...  Não era armamento do PAIGC,  deve ter sido cedida pelo Sekou Touré, exigia uma equipagem de 8 elementos e disparava do outro lado da fronteira... Angola foi um dos países lusófonos que dispunna desta temível arma, durante a chamada guerra da segunda independência.

Também não vemos aqui o "Grad", o lança-foguete 122 mm, o "jacto do povo", na gíria do PAIGC... Nem o Strela, o míssil terra-ar SA-7, a coqueluche do Manecas dos Santos...


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Bissau >Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional > Uma antiaérea ZPU -1Havia as quádruplas, ZPU-4...


Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Bissau >Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional > Uma metralhadora pesada, um canhão sem recuo e um morteiro 82 (de que só se vê o prato)... A metralhadora será umantiaérea Degtyarev de 12.7 mm?


Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Bissau >Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional > Canhão s/r (B2 B-10?)


Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Bissau >Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional >  O célebre "carocha" do Amílcar Cabral (que esteve muitos anos abandonado na casa de Bafatá, onde o líder histórico do PAIGCnasceu em 1924)


Foto nº 9A > Guiné-Bissau > Bissau >Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional >  O célebre "carocha" do Amílcar Cabral (pormenor)


Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Bissau >Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional > Vista exterior da Amura... Ao fundo, o estuário do rio Geba e a ilha de Rei e, à esquerda, o antigo edifício da Alfândega, do tempo colonial.

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


1. Mensagem do Patrício Ribeiro (nosso correspondente em Bissau, colaborador permanente da Tabanca Grande para as questões do ambiente, economia e geografia da Guiné-Bissau, onde vive desde 1984, e onde é empresário, fundador e diretor técnico da Impar Lda; tem mais de 130 referências no blogue: autor da série, entre outras, "Bom dia desde Bssau" (*):

Data(s) - 1/04/2023, 11:21 e 2/04/2023, 12:39

Assunto - Bom dia desde Bissau: visita ao museu da Amura,

Vou enviar diversas fotos.

Luis, para vosso conhecimento

1ª Parte

Em visita ao Museu da Amura, a convite da Cooperação Portuguesa para assistir a uma peça de teatro sobre a vida do Amílcar Cabral.

Tivemos a possibilidade de ver o Museu Militar, construído dentro da fortaleza da Amura.

Envio algumas fotos, das armas pesadas, que podemos encontrar no exterior. Para os comentários dos nossos especialistas do Blog.

Na 2ª parte, as tiradas no interior do museu. Existem algumas salas novas, onde nas paredes podemos observar dentro de expositores as armas ligeiras.

O Museu Militar da Luta de Libertação Nacional, inaugurado em 2017, pode ser visitado todos os dias, das 8 até 16 horas, sem marcação.

Diretor do museu, Tenente-coronel Quintino Napoleão dos Reis | WTS 00245 95 63556340 | tel. 95 595 90554 – 96663 2756.

Abraço. 
Patrício Ribeiro