1. Em mensagem do dia 24 de Julho de 2019, o nosso camarada José Nascimento (ex-Fur Mil Art, CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) fala-nos do "Reguila", o 1.º Cabo Cordeiro do 3. Pelotão da 2520.
"O Reguila"
Esta é uma pequena história dedicada a um dos elementos do 3.º Pelotão da CART 2520 que me acompanharam nos quartéis e destacamentos por onde eu andei na Guiné, de seu nome completo:
- José Manuel Vitória Cordeiro
-
Posto: 1.º Cabo
- Especialidade: Apontador de morteiro
- "O Reguila" - alcunha adquirida durante a instrução de combate em Torres Novas.
"O Reguila" também viria a ser o seu nome de guerra durante a sua comissão na Guiné.
De estatura mediana, mais rijo do que o próprio aço do morteiro 60, que manejava com destreza, colocava uma granada com precisão em qualquer alvo que estivesse à vista.
Não sabia o que era o medo, não voltava a cara à luta e dizia-se preparado para combater em qualquer lugar da Guiné.
Desde sempre integrado no 3.º Grupo de Combate da CART 2520, esteve no Xime e Mansambo durante o treino operacional, Enxalé, João Landim e Biombo.
Para o futebol também tinha alguma habilidade e no Biombo entrava nas peladinhas que habitualmente se disputavam no "relvado" existente mesmo ali em frente do destacamento.
Numa certa tarde a partida de futebol foi disputada com uma equipa do 2.º Pelotão que havia sido convidada para um jogo amigável, a contar para o campeonato do nada.
Integrado na equipa visitante vinha o "Boxeur", nome de guerra de um dos elementos do 2.º Pelotão, mas que de pugilista pouco tinha a não ser o seu ar de rufia.
A assistência muito reduzida era composta por vários militares e por alguns nativos que passavam e atiravam um olhar para o "relvado".
Por motivos de força maior o encontro não foi transmitido pela televisão, nem sequer teve direito a ser difundido pela rádio.
Como perder era proibido, o encontro foi disputado com garra, o que originou a que a luta pela posse de bola entre o "Reguila" e o "Boxeur" descambasse para alguma violência, até que se envolveram fisicamente.
Do jogo de futebol, num ápice passou-se para outra modalidade, a de pugilismo, apesar de não haver ringue de boxe.
No frente a frente o "Reguila" puxa a culatra atrás, melhor dizendo, o seu punho esquerdo cerrado e lá vai disto, acertando em cheio no queixo do adversário que com a força do murro, mais forte que coice de cavalo selvagem, foi projectado ao chão.
Reagindo, o "Boxeur" agarra as pernas do "Reguila" atirando-o ao solo. Com os dois deitados no relvado, ou melhor no pelado, o "Boxeur" atirou um ou dois murros ao "Reguila", mas sem lhe causar qualquer efeito. Foi nesse momento que o Furriel Nascimento que também gostava de dar uns pontapés no esférico e fazia parte da equipa da casa, mas devido às circunstâncias do momento, feito árbitro, interrompeu a cena de pugilato e também a jogatana de futebol.
O embate entre pelotões terminou empatado com um nulo, mas o mini combate de boxe terminou com "um justo vencedor aos pontos" que neste caso foi ...
"O REGUILA".
Para todos os amigos tabanqueiros um grande abraço.
José Nascimento
O "Reguila" em Santa Margarida. É o primeiro à esquerda.
O "Reguila" no Biombo. É primeiro da direita, de pé.
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Nota do editor
Último poste da série de 1 de junho de 2019 >
Guiné 61/74 - P19847: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (13): ingenuidade ou inexperiência do cap mil Maltez