República Popular da China > Pequim > s/d (c. 1977/83) > O António Graça de Abreu
na praça Tianamen [ou Praça da Paz Celestial]
Foto (e legenda): © António Graça de Abreu (2008 ). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné]
1. Excertos do "meu diário secreto, ainda inédito, escrito na China, entre 1977 e 1983" (António Graça de Abreu, ex-alf mil, CAOP1, Teixeira Pinto / Canchungo, Mansoa e Cufar, junho de 1972/abril de 1974; sinólogo, escritor, poeta, tradutor; tem mais dde 375 referências no blogue; texto enviado em 26 de julho de 2025, 18:12)
Pequim, 20 de Maio de 1981 > Visita de um delegação militar portuguesa
por António Graça de Abreu
Está cá uma delegação de militares portugueses. Visitam a China e uns tantos aquartelamentos modelo a convite do Exército Popular chinês.
Entre os nossos, vem um tenente-coronel da Fábrica Militar de Braço de Prata com um dossiê na busca de contactos e negócios da China. Mais militares portugueses, no fundo das malas trazem catálogos sobre venda de armamento made in Portugal.
Tenho sérias dúvidas de que se consiga vender uma só munição aos chineses que estão entre os maiores fabricantes de armas do mundo. Este convite terá talvez mais a ver com a intenção chinesa de conhecer o que se faz em Portugal e de serem eles a vender-nos armas, e não a comprar.
Hoje fui ao Hotel Pequim almoçar com os nossos oito militares. Conversa entusiasmante e inteligente, até meteu as Guerras do Ultramar, em que todos participámos, eu como alferes na Guiné- Bissau, 1972/74.
Hoje fui ao Hotel Pequim almoçar com os nossos oito militares. Conversa entusiasmante e inteligente, até meteu as Guerras do Ultramar, em que todos participámos, eu como alferes na Guiné- Bissau, 1972/74.
Fiquei sentado ao lado do general Conceição e Silva [1933-2021], da Força Aérea echefe da delegação militar portuguesa.
Rodeando a nossa mesa redonda com nove lugares, as empregadas de mesa desdobravam-se em cuidados para nos servir. Traziam travessas de comida fragrante e colorida, rodopiavam, enchiam delicadamente os copos. Pedi uma garrafa de Maotai [ou Moutai], a aguardente de sorgo mais famosa da China que do alto dos seus 53 graus de álcool inebria e faz flutuar qualquer simples mortal.
Alguns dos militares lusitanos deglutiam em pequenos sorvos o Maotai e bebiam com os olhos as moçoilas chinesas, entrapadas numas rígidas fardetas brancas.
Disse ao general Conceição e Silva:
− Ah, estas mulheres são lindas! Bem vestidinhas, eram uma maravilha!
O general, que não estava interessado em roupas e adereços, respondeu de imediato:
− Bem vestidinhas?... Bem despidinhas, meu caro amigo!.
(Revisão / fixação de texto, título, parênteses retos, negritos, links: LG)
Nota do editor:
Último poste da série > 31 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P27075: Os nossos seres, saberes e lazeres (692): Excertos do "meu diário secreto, ainda inédito, escrito na China, entre 1977 e 1983" (António Graça de Abreu) - Parte XII: Gegen Tala, Mongólia Interior, 11 de maio de 1981
Último poste da série > 31 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P27075: Os nossos seres, saberes e lazeres (692): Excertos do "meu diário secreto, ainda inédito, escrito na China, entre 1977 e 1983" (António Graça de Abreu) - Parte XII: Gegen Tala, Mongólia Interior, 11 de maio de 1981