Último poste da série > 7 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26470: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (4): "Meu amor, se depender de mim não morres aqui"... Palavras que me ficaram para a vida (Carlos Parente, natural de Viana do Castelo, ex-sold at inf, CCAÇ 1787)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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sábado, 15 de fevereiro de 2025
Guiné 61/74 - P26497: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (5): Em Mueda, no planalto dos Macondes, num dos piores cenários da guerra em Moçambique - Parte I (enf pqdt Maria de Lourdes Gomes)
Último poste da série > 7 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26470: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (4): "Meu amor, se depender de mim não morres aqui"... Palavras que me ficaram para a vida (Carlos Parente, natural de Viana do Castelo, ex-sold at inf, CCAÇ 1787)
terça-feira, 7 de janeiro de 2025
Guiné 61/74 - P26358: S(C)em Comentários (54): "Fui saneada em 17 de abril de 1975 do Hospital da Força Aérea que ia abrir em janeiro de 1976" (Maria Ivone Reis, ex-maj enfermeira paraquedista, 1929-2022)
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A então ten graduada enf pqdt Ivone Reis (1929-2022), em Cacine, 12/12/1968. Foto: António J. Pereira da Costa (2013) |
1. Excerto do poste P21766 (*), com parte do depoimento da Maria Ivone Reis, publicado em 2004 na "Revista Crítica de Ciências Sociais". Não tínhamos, no nosso blogue, o descritor "saneamento", vocábulo que nos ficou dos tempos ("conturbados") do pós-25 de Abril.
(...) [O 25 de Abril e as suas contradições]
(...) Vivi o 25 de Abril toda contente, a bater palmas, porque finalmente acabava a guerra. Mas, ao fim de uma semana fiquei triste, deixei de perceber o que estava a acontecer.
No dia 26 começaram a ser, não direi hostilizados, mas "mal amados"... Todos eles, incluindo as enfermeiras paraquedistas... Todos deixámos de falar da "guerra do ultramar" (que passou a ser "guerra colonial")... Todos nos esquecemos, que tínhamos participado nessa guerra, uma geração inteira !... (Má consciência, culpa, pudor, vergonha ?!... enfim, um filme que já tínhamos visto noutras "salas de cinema"!),
E algumas enfermeiras paraquedistas deverão ter tido os seus problemas por estes dias de 74/75...A Maria Ivone, por exemplo, foi "saneada" pelos seus "camaradas" da Força Aérea e só foi reintegrada, felizmente, no tempo do Ramalho Eanes... Mas a mágoa ficou...
(***) Último poste da série > 29 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26211: S(C)em Comentários (53): O drama dos felupes, que estão a perder o seu chão e a sua identidade, afetados pelas alterações climáticas (Cherno Baldé)... E que agora perderam uma grande amiga, a antropólogia Lúcia Bayan , falecida no passado dia 26
quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
Guiné 61/74 - P26260: Humor de caserna (86): O ”turra” e a boina verde da enfermeira paraquedista (Maria Arminda, ex-ten graduada enfermeira paraquedista, FAP, 1961/70)
Tancos > RCP (Regimento de Caçadores Paraquedistas) > 8 de Agosto de 1961 > Da esquerda para a direita: Maria do Céu, Maria Ivone (†) , Maria de Lurdes (Lurdinhas), Maria Zulmira (†) , Maria Arminda e o capitão pqdt Fausto Marques (Director Instrutor). Nota: Para completar o grupo das "Seis Marias", falta(va) a Maria da Nazaré (†) que torceu um pé no 4.º salto e só viria a acabar o curso alguns dias depois.
1. A Maria Arminda Santos (tenente graduada enfermeira parquedista, 1961-1970) pertence ao grupo das Seis Marias, nome pelo qual ficou conhecido o 1.º curso de Enfermeiras Paraquedistas portuguesas feito em 1961. Arminda Santos (n. 1937), nossa grã-tabanqueira nº 500 (desde 23 de maio de 2011), é agora a decana ou a matriarca das antigas enfermeiras paraquedistas: tem uma "memória de elefante" , é à sua "base de dados" que recorro sempre que tenho uma dúvida ou uma pergunta sem resposta sobre o "curriculum vitae" das suas colegas).
O ”turra” e a boina verde
da enfermeira paraquedista
por Maria Arminda
(…) Quase sempre, ao aproximar-me do DO-27 ou do AL III, para iniciar uma missão, ao chegar junto dele, instintivamente, dava-lhes duas palmadas na fuselagem, em jeito de saudação. Era assim como que a dizer-lhe: “Aqui estou eu! Leva-me em segurança”.
O incidente
que passo a relatar, ocorreu num DO-27.
Eu tinha sido destacada para uma base de operações, em Cufar, em alerta para
evacuação urgente de feridos. A operação desenrolava-se no Cantanhez, conhecida
pelo “Reino do Nino”. (**)
Surgiu então
uma missão de evacuação (…).
Havia três
feridos para evacuar, todos africanos, supostamente do recrutamente local,
todos metidos dentro do DO-27. Eu fiquei próxima do único que considerava estar
em estado grave, a fim de melhor o poder socorrer durante o percurso. (O que
aquele avião nos permitia fazer!)
Daqueles três
feridos, o mais grave, e que ia junto a mim, era combatente do inimigo, um “turra”
(…). Mesmo que não me tivessem previamente
informado desse facto ainda em terra, eu
facilmente chegaria a essa conclusão pela forma pouco amistosa com que os restantes dois feridos o encaravam e, por vezes, se lhe dirigiam, verbalmente.
O voo decorria com normalidade e eu ia, evidentemente, dispensando mais cuidados ao ferido “turra” por
ser o único grave. Mss era bem visível que esta minha atitude não agradava aos
outros, embora eu não entendesse bem o que eles diziam entre si.
Aí a meio da
viagem, o sol começou a incidir sobre a cabeça
do guerrilheiro e, não tendo eu mais nada para o proteger do sol, coloquei
a minha boina verde de paraquedista na cabeça dele.
Aí os outros
não aguentaram mais! E foi a revolta! Houve quase um motim a bordo!
Indignados,
gritavam para mim que ele, o guerrilheiro, era um “bandido”, e que não merecia um bom tratamento. E muito menos que lhe pusesse
na cabeça a minha boina militar!
Lá os
acalmei como pude, gritando um pouco também, e consegui sossegá-los. Já me não
recordo de que forma, e como o consegui, mas foi com alguma dificuldade, chegando mesmo a recear que eles agredissem o
guerrilheiro.
O final do motim ainda me deu tempo, até aterrarmos em Bissalanca, para meditar sobre a importância que aqueles africanos davam à boina de um militar. Tão grande, que era indecoroso ser colocada na cabeça de um guerrilheiro.
Consegui
acalmá-los com dificuldade, dizendo-lhes
a verdade: que para as enfermeiras paraquedistas, aquele guerrilheiro era apenas
mais um ferido, a necessitar de todo o
meu saber e empenhamento. E que, como era entre todos eles o mais grave, era a ele
que tinha de dispensar mais cuidados.
Mas a eles
pouco ou mesmo nada lhes interessavam estas teorias!
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(Seleção, revisão / fixação de texto, título, introdução: LG) (**)
Coautoras (das 30 da lista, com a Rosa Serra, editora literária, 18 são Marias...):
Maria Arminda Pereira | Maria Zulmira André (†) | Maria da Nazaré Andrade (†) | Maria do Céu Policarpo | Maria Ivone Reis (†) | Maria de Lourdes Rodrigues | Maria Celeste Guerra | Eugénia Espírito Santo | Ercília Silva | Maria do Céu Pedro (†) | Maria Bernardo Teixeira | Júlia Almeida | Maria Emília Rebocho | Maria Rosa Exposto | Maria do Céu Chaves | Maria de Lourdes Cobra | Maria de La Salette Silva | Maria Cristina Silva | Mariana Gomes | Dulce Murteira | Aura Teles | Ana Maria Bermudes | Ana Gertrudes Ramalho | Maria de Lurdes Gomes | Octávia Santos | Maria Natércia Pais | Giselda Antunes (Pessoa) | Maria Natália Santos | Francis Matias | Maria de Lurdes Costa.
______________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 23 de maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8314: Tabanca Grande (286): Maria Arminda Lopes Pereira dos Santos, ex-Ten Grad Enf.ª Pára-quedista, 1961-1970
(**) Vd. poste de 29 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6487: As Nossas Queridas Enfermeiras Pára-quedistas (14): As primeiras mulheres portuguesas equiparadas a militares (2): Maria Arminda (Rosa Serra)
quinta-feira, 5 de dezembro de 2024
Guiné 61/74 - P26237: Humor de caserna (84): Para mais sendo mulher, eu tive medo de ser capturada e pedi ao piloto que me desse... um tiro! (Maria Celeste Guerra, ex-alferes graduada enfermeira paraquedista, FAP, 1962/65)
Maria Celeste [Guerra, ex-alferes graduada enfermeira paraquedista]: é do 2º curso (1962), para o qual entrou aos 19 anos. É oriunda da Escola de Enfermagem Franciscanas Missionárias de Maria. Esteve na FAP de 1963 a 1965. Cumpriu uma missão de serviço em Moçambique e duas na Guiné.
Foto: "Nós, as enfermeiras paraquedistas" (2014), pág. 389 (com devida vénia).
A Maria Celeste devia ser uma jovem encantadora e com grande sentido de humor...Já aqui foi publicado um pequeno excerto de uma das cenas "divertidas" que ela guardou da sua experiência como enfermeira paraquedista (*).
(...) Em outra ocasião fui fazer uma evacuação de feridos, num dia com muito nevoeiro.O piloto ainda não conhecia bem o terreno e, às tantas, tivemos de aterrar num local desconhecido!
Sabíamos que era perigoso, mas não havia alternativa...
Como mulher, eu tinha medo de cair em mãos erradas, por isso pedi ao piloto que se, ao aterrar, visse que haveria problemas, me desse um tiro...
Aterrámos... O motor do helicóptero foi parado... Só se ouvia 'silêncio' em nosso redor!. Nós nem falávamos, apenas sussurrávamos, de um para o outro! Havia um silêncio total...
Daí a alguns minutos, ouvimos vozes a dar ordens, que não eram percetíveis para nós e que pareciam ser de indígenas. Senti medo de ser capturada!
— Afonso, por favor, faça o que lhe pedi mal eles apareçam! — disse-lhe eu.
~
— Deus do céu, dê cá isso que eu trato do assunto !
Fiquei com a arma na mão à espera, fria que nem gelo... Nisto começámos a ouvir o barulho de gente a aproximar-se, gente apressada a pisar as folhas e ainda tenho nos ouvidos aquele restolhar!
— São nossos! — grita o Afonso, hilariante.
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— Ai são ?! — respondo eu... e caio "redondinha" no chão!
A valentia tinha-me fugido a sete pés!... E, durante muito tempo, fui amigavelmente "gozada"... (**)
Fonte: Excertos de Maria Celeste - "Cenas do quotidiano, na guerra". In: "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014), pág. 342/343 (com a devida vénia)(Imagem à esquerda: Capa do livro)
________________
(*) Vd. poste de 21 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26066: Humor de caserna (79): O soldado que foge, apavorado, do bloco operatório ao ver "tantas tesouras e faquinhas"... (Maria Celeste Guerra, ex-alferes graduada enfermeira paraquedista, FAP, 1962/65)
(**) Último poste da série > 2 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26223: Humor de caserna (83): "Oh, senhora enfermeira, deixe-me pôr os olhos... em cima de si!" (Natércia Neves)
terça-feira, 3 de dezembro de 2024
Guiné 61/74 - P26228: Operação Grande Empresa, a reocupação do Cantanhez e a criação do COP 4, a partir de 12 de dezembro de 1972 - Parte I: O que diz a CECA
Fotos (e legenda): © Victor Tavares (2022).Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Victor Tavares (ex-1º cabo pqdt, apontador de HK21 CCP 121/ BCP 12, BA 12, Bissalanca, 1972/74; natural de Águeda, é membro da Tabanca Grande desde 6/10/2006) |
de milhares de jovens combatentes de ambos os lados, das dezenas de milhares de mulheres, crianças e velhos da população civil, afinal as grandes vítimas do conflito...
- como forças de intervenção, três CCP/BCP 12 e o DFE 1 (Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 1), depois substituído pelo DFE 12;
- como forças de quadrícula, três Companhias de Infantaria, uma de Cavalaria, três Pelotões de Artilharia e uma Companhia de Engenharia;
- como força de apoio atuou um CFT (Cmd de Força Tarefa/Marinha), com duas LDG (Lancha de Desembarque Grande), quatro LDM (Lancha de Desembarque Média), uma LFG (Lancha de Fiscalização Grande), duas LFP (Lancha de Fiscalização Pequena) e, a pedido do Cmdt da operação à FAP, os indispensáveis e disponíveis meios aéreos.
A Directiva n" 19/72 de 29Nov do Comandante-Chefe tem de assunto a "Criação do COP 4".
"1. No quadro da manobra de contra-subversão a conduzir de acordo com a Directiva para a época seca de 1972-73, a execução de reordenamentos nas áreas de Caboxanque, Cadique e Cafine, para recuperação das populações da região do Cantanhez, é uma das concretizações de maior alcance do esforço da manobra socioeconómica que se pretende desenvolver no Sul da Província.
- que o lN pode vir a empenhar elevado potencial na região do Cantanhez, para obstar à execução daqueles reordenamentos;
- que o Sector S3 não tem capacidade de exercício de comando para o cumprimento desta missão específica, face à missão que atualmente já lhe está cometida;
determino a criação do COP 4 sob o comando do tenente-coronel Pqdt Sílvio Araújo e Sá, apoiado pelo Cmd/BCP 12.
3. O COP 4 fica na dependência directa do CCFAG, sendo-lhe atribuída a seguinte missão, meios e ZA:
a. Missão
- implanta destacamentos militares nas áreas de Caboxanque, Cadique e Cafine e desenvolve imediatamente e com a maior intensidade os trabalhos de construção de reordenamentos nas referidas áreas;
- recupera as populações sob controlo do lN e cria as condições psicológicas que permitam a aceitação voluntária dos reordenamentos;
- desenvolve adequada actividade militar em ordem a garantir a segurança das populações, trabalhos de reordenamento e meios materiais;
- limita a iniciativa militar ln na região de Cantanhez por actuação sobre os seus dispositivo militar, aparelho militar de controlo e segurança das populações e infraestrutura político-administrativa existentes na área;
- desenvolve permanente ação psicológica sobre as populações de modo a que aceitem a presença das NF, colaborem na construção dos reordenamentos e, progressivamente, adiram ao programa de promoção socioeconómica em curso na Província.
b. Meios
- 2 CCP do BCP 12
- 2 DFE (1 Destacamento a atribuir posteriormente)
- CCaç 6
- CCaç 4540/72
- CCaç 4541/72
- CCav 8352/72
- Destacamento de Cabedú
- 1 Pel Art 14 cm (T) a 2 Sec BP.
c.ZA
- Foz do R. Cumbijã, curso do R. Cumbijã até Guileje 3 A5-I5,
- R. Demba Chiudo, Guileje 2 G3-45, Guileje 2 F7-23, R. Dideregabi,
- R. Cacine até à foz.
4. Atribuo alta prioridade à missão do COP 4. Consequentemente, impõe-se desde já iniciar com maior intensidade os trabalhos que permitam a instalação dos destacamentos e a execução dos reordenamentos de Caboxanque, Cadique e Cafine que, em linhas gerais, se deverá processar nas seguintes fases:
a. 1ª Fase - Preparação (desde já e até 08Dez72)
(1) Realização de ações ou operações na região do Cantanhez ou de Catió com a finalidade de aniquilar o ln e criar condições psicológicas que facilitem a aceitação por parte das populações dos futuros reordenamentos.
(2) Preparação das Unidades (pessoal e material) para a execução da 2ª. fase e transporte para Cufar dos materiais considerados indispensáveis.
b. 2ª Fase - Implantação (de 08 a 16Dez72)
(1) Transporte e desembarque das forças responsáveis pela implantação dos destacamentos e do material necessário, atendendo ao seguinte:
- Os destacamentos de Cadique e Caboxanque devem ser estabelecidos simultaneamente ou então apenas com um dia de intervalo, mas neste caso o de Cadique tem prioridade.
- Não devem concentrar-se simultaneamente em Cufar efetivos superiores a 1 Comp, além dos atualmente lá existentes.
(2) Desenvolvimento da atividade militar que garanta a necessária segurança à implantação dos destacamentos e à recuperação das populações.
c. 3ª Fase - Consolidação ( a partir de 16Dez72)
(1) Consolidação da ocupação militar e desenvolvimento dos trabalhos de reordenamento.
(2) Desenvolvimento de actividade operacional em proveito da segurança dos destacamentos e populações recuperadas. [... ]"
• Para cumprimento da Directiva n° 19/72, o COP 4, com sede em Cufar, integrando o subsector de Bedanda e a área do Destacamento de Cabedú, ambos transferidos do BCaç 4510/72, teve início em 12Dez72 e a extinção em 02Ju173 .
• Para concretizar a missão, foi decidido executar a Operação "Grande Empresa" de cujo Plano de Operações, elaborado pelo Comandante do COP 4 e datado de 01Dez72, se reproduzem as "Situação", "Missão" e "Execução".
1. Situação
a. Forças Inimigas
Anexo B (Informações) (omitida)
b. Forças Amigas
(1) CDMG
- Realiza os transportes de pessoal e abastecimentos necessários, em coordenação com o CTIG, em ordem ao cumprimento da missão.
- Atribui permanentemente 1 LDM para transportes de material e pessoal.
- Garante o apoio administrativo - logístico às suas Unidades.
(2) CZACVG
- Atribui diariamente
- 1 "DO-27" (DCON- TMAN) ,
- 2 "T-6" (ATAP)
- e 1 "ALL III" (TMAN/TEVC)
- Atribui os meios aéreos necessários à execução de operações, com:
- "FIAT G-91" ATAP
- "T-6" ATAP
- "ALL III" TMAN/TASS
- "ALL III" ATAP
- "DO-27" DCON
- Executa e atribui meios aéreos para intenso reconhecimento da ZA, em ordem à execução do esforço e transporte de manobra em exploração imediata de informações.
- Garante o apoio administrativo-logístico das CCP.
(3) CTIG
- Fornece os meios e serviços necessários ao apoio administrativo- logístico das Unidades do Exército, à implantação dos destacamentos, e à construção dos reordenamentos.
- Liga-se com o CDMG para efeito de transporte dos meios e serviços necessários.
(4) QG/CCFAG
- Fornece uma equipa que assegura diretamente e em permanência o suporte psicológico do cumprimento da missão, considerando como finalidade primordial desta missão a recuperação das populações do Cantanhez.
- Garante o apoio de caráter técnico e logístico aos trabalhos de construção dos reordenamentos, dentro da sua esfera de ação.
(5) BCAÇ 4510/72
- Fornece ao COP4 todo o apoio, em especial em Cufar, no que respeita a instalações de pessoal e material, e ao exercício do Comando.
- Garante a segurança dos meios aéreos e do pessoal e material desembarcado em Cufar.
- Garante o apoio administrativo-logístico do destacamento de Cabedú.
(6) COE
- Colabora na interdição das zonas de passagem mais frequentes do ln, lançando campos de minas quando tal lhe for solicitado pelo comando do COP 4.
2. Missão
- Implantar destacamentos militares nas áreas de Caboxanque, Cadique e Cafine e desenvolver imediatamente e maior intensidade, os trabalhos de construção de reordenamentos nas referidas áreas.
- Recuperar as populações sob controlo do ln e cria as condições psicológicas que permitam a aceitação voluntária dos reordenamentos.
- Desenvolver adequada atividade militar em ordem a garantir a segurança das populações, trabalhos de reordenação e meios materiais.
- Limitar a iniciativa militar lN na região do Cantanhez por atuação sobre o dispositivo militar, aparelho militar de controlo e segurança das populações e infraestrutura político-administrativa existente na área.
- Desenvolver permanente acção psicológica sobre as populações, de modo a que aceitem a presença das NT, colaborem na construção dos reordenamentos, e, progressivamente, adiram ao programa de promoção socioeconómica em curso na Província.
3. Execução
a. Conceito da Operação
- Construir quatro Agrupamentos, com a missão específica e particular:
- Agrupamento de Forças de Intervenção (Agrup I) - Assegurar a proteção afastada dos reordenamentos, executando ações ofensivas sobre áreas fulcrais, e interdizer ao ln as "cambanças" tradicionais.
- Agrupamentos de Reordenamento (Agrup A, B e C) - Efetuam os reordenamentos em ordem ao cumprimento da missão, e as- . seguram a sua protecção imediata e próxima.
- Atribuir aos Agrupamentos de reordenamento, a organização e funcionamento das missões específicas relativas a:
- Segurança imediata e próxima dos trabalhos de cada reordenamento.
- Organização e controlo do trabalho de cada reordenamento.
- Instalação e segurança do pessoal e dos estacionamentos temporários.
- Exercer intensa ação psicológica, procurando recuperar a população da ZA.
- Atribuir a cada Agrupamento de reordenamento, um sector de responsabilidade
para manutenção da actividade normal de rotina, em ordem a garantir uma ação efetiva e contínua na segurança próxima dos trabalhos de reordenamento, ou a ela ligada.
- Atribuir à CCaç 6 um sector de responsabilidade para manutenção da atividade normal de rotina, em ordem a contribuir para a segurança afastada dos trabalhos de reordenamento.
- Com o Agrup das Forças de Intervenção, executar ações por helitransporte ou por desembarque em meios navais, nas Zonas que possam afetar a segurança dos trabalhos de reordenamento.
- Prever a alteração das Zonas de ação dos Agrupamentos, assim como a articulação das forças, de acordo com a evolução e adiantamento dos trabalhos, e a situação na ZA.
- Anexo C (Zona de acção dos Agrupamentos) (omitido)
b. Agrupamento das Forças de Intervenção
(1) CCP 122
- Articula-se a 2 Agrupamentos a 2 Grupos de Combate.
- Após helicolocação em D-l, de um dos seus Agrupamentos na Zona x e do outro na Zona y, garante a segurança afastada das Zonas ALFA e BRAVO.
- Em D+ 1 é helirecuperada para Cufar, onde fica à ordem do Comandante do COP 4 para intervenção.
- Após helicolocação em D+4 na Zona 2, garante a seguranç afastada da Zona CHARLIE.
- Em D+5 é helirecuperada para Cufar.
- A partir de D+5 fica à ordem do Comando do COP 4 para o desempenho de missões de intervenção na sua ZA.
(2) DFE 1 (-)
- A partir de D+4 faz a interdição, em permanência, da "cambança" tradicional do ln entre Darsalame e a Ilha do Como.
c. Agrupamentos de Reordenamento
(1) Agrupamento ALFA
(a) 2 GComb/CCP 121 (-)
- Após ser helicolocada em D, em Caboxanque, contacta e controla a população, e garante a segurança imediata do desembarque da CCaç 4541/72.
- Findo o desembarque da CCaç 4541/72, passa a garantir a segurança próxima do Agrupamento em íntima coordenação com aquela.
(b) CCaç 4541/72
- Após o seu desembarque em D, em Caboxanque, procede à segurança imediata do ponto de desembarque, e colabora no desembarque do material transportado. Monta a segurança imediata do estacionamento provisório, em coordenação com a CCP 121 (-).
- Com apoio do COE, coloca em D, um campo de minas na região de Bedanda C 1; em data a indicar.
- Procede aos trabalhos de consolidação da sua defesa imediata, e instalação e segurança do pessoal e dos estacionamentos temporários.
- Procede à organização e controlo dos trabalhos de reordenamento.
- Recupera a população da sua ZA, mantendo com a mesma as melhores relações; apoia-a na medida do possível, e desenvolve adequada acção psicológica em conformidade com as instruções que lhe forem dadas.
- Mantém íntima ligação com a CCP 121 (-).
(2) Agrupamento BRAVO
(a) CCP 121 (-)
- Após ser helicolocada em D em Cadique, contacta e controla a população e garante a segurança imediata do desembarque da CCaç 4540/72.
- Findo o desembarque da CCaç 4540/72, passa a garantir a segurança próxima do Agrupamento em íntima coordenação com aquela.
(b) CCaç 4540/72
- Após o seu desembarque em D, em Cadique, procede à segurança imediata do seu estacionamento provisório, em coordenação com a CCP 121 (-).
- Procede aos trabalhos de consolidação da sua defesa imediata, e instalação e segurança do pessoal e dos estacionamentos temporários.
- Procede à organização e controlo dos trabalhos de reordenamento.
- Recupera a população da sua ZA, mantendo com a mesma as melhores relações; apoia-a na medida do possível, e desenvolve adequada acção psicológica em conformidade com as instruções especiais que forem dadas.
- Mantém íntima ligação com a CCP 121 (-).
(3) Agrupamento CHARLIE
(a) DFE 1 (-)
- Após ser helicolocado em D+4 em Cafine, contacta e controla a população e garante a segurança imediata do desembarque da CCav 8352/72, após o que colabora com esta na defesa imediata do estacionamento, em íntima coordenação
com aquela companhia.
(b) CCav 8352/72
- Após o seu desembarque em D+4 em Cafine, procede à segurança imediata do ponto de desembarque, e colabora no desembarque do material transportado. Monta a segurança imediata do estacionamento provisório, em coordenação
com o DFE 1 (-).
- Procede aos trabalhos de consolidação da sua defesa imediata, e instalação e segurança do pessoal em estacionamento temporários.
- Procede à organização e controlo dos trabalhos de reordenamento.
- Recupera a população da sua ZA, mantendo com ela as melhores relações; apoia-a na medida do possível, e desenvolve adequada acção psicológica em conformidade
com as instruções especiais que lhe forem dadas.
- Mantém íntima ligação com o DFE 1 (-).
d. CCaç 6
- De D-l a D+ 1 bate a região de Cura- Braia em ordem a contribuir para a segurança afastada da Zona ALFA.
- A partir de D+ 1 efectua patrulhamentos da sua ZA, em ordem a prosseguir a mesma finalidade.
- Apoia o 17° Pel Art.
- Desempenhará missões indicadas pelo comando do COP 4 em ordem ao cumprimento de missão.
e. Destacamento de CABEDÚ
- Mantém apoio de comunicações, e logístico quando ordenado pelo Comando do COP 4.
- Apoia o 5° Pel Art.
f. Artilharia
(1) 17° PelArt (14 cm)
- Executa AID à ordem do Comando do COP 4, do PCV, ou a pedido das forças empenhadas, em operações dentro da sua ZA.
- Executa fogos noturnos de flagelação na sua ZA, à ordem do comando do COP 4.
(2) Pel Art (Eventual-Cufar) (14 cm)
- Executa AlD à ordem do Comando COP 4, do PCV, ou a pedido das forças empenhadas, em operações dentro da sua ZA.
- Executa fogos nocturnos de flagelação na sua ZA, à ordem do Comando do COP 4.
(3) 5° Pel Art
- ExecutaAID à ordem do Comando COP 4, do PCV, ou a pedido das forças empenhadas, em operações dentro da sua ZA.
- Executa fogos nocturnos de flagelação na sua ZA, à ordem do Comando do COP4. [... ]"
•A instalação no terreno teve início em 12Dez através de uma operação [1] .
A missão atribuída ao Cmdt do COP4 pelo Cmdt-Chefe através da Directiva n.º 19/72 de 22 de Nov foi concretizada conforme se comprova:
"As Companhias de Caçadores e de Cavalaria construíam os seus aquartelamentos em Cadique, Caboxanque, Cafal Balanta (e em Jemberém, mais tarde), cuja segurança imediata e próxima garantiam. Controlavam e apoiavam a população. Apoiavam e protegiam a execução dos reordenamentos e faziam a protecção imediata e próxima à construção da estrada.
As três Companhias de Pára-quedistas e o Destacamento de Fuzileiros
Especiais actuavam ofensivamente sobre os grupos armados inimigos onde
eles fossem detectados, garantindo a segurança em toda a área a fim de permitirem a recuperação das populações e o seu reordenamento, bem como a construção da estrada Cadique-Jemberém. ,
A CMI- Companhia de Material e Infraestruturas do BCP 12 faria o apoio logístico imediato a todo o COP 4.
O Destacamento de Engenharia construiria a estrada Cadique-Jemberém
e apoiaria todas as restantes obras a realizar na Zona de Acção.
A Marinha asseguraria os transportes de pessoal e os reabastecimentos por via marítima e fluvial. Para este efeito, em 07 de Dezembro de 1972, o Comando da Defesa Marítima da Guiné criou uma Força Tarefa exclusivamente
para esta operação, o CTG6.
A Força Aérea asseguraria os reconhecimentos visuais, os transportes de manobra, as evacuações sanitárias e os apoios de fogo aéreos.
Em Janeiro, após as bem sucedidas instalações das Unidades que iam ocupar os novos aquartelamentos no Cantanhez, o dispositivo militar português na região ficou como segue:
- Em Caboxanque [2] , a CCaç 4541/72 e a CCav 8352/72 ocupando as instalações e a CCP 122 fazendo a segurança afastada. O Agrupamento era comandado pelo Capitão de Artilharia Nelson de Matos.
- Em Cadique [2] , a CCaç 4540/72 ocupando as instalações e a CCP 121 fazendo a segurança afastada. O Agrupamento era comandado pelo Major de Infantaria Carlos Gordalina.
- Em Cafal [3], a CCaç 3565 ocupando as instalações e o DFE 1 fazendo a segurança afastada.
Começaram então as difíceis, melindrosas e persistentes acções de captação da confiança das populações, numa região que não via tropas portuguesas há anos e onde o PAIGC se instalara em força, controlando todos os aspectos do quotidiano das ditas populações.
• Integradas na "Grande Empresa" foram realizadas subsequentes operações
destacando-se entre outras:
[2] Subsectores criados em 12Dez72.
[5] CALHEIROS, José de Moura, A Última Missão, Editora Caminhos Romanos, Porto, 2010, p.336
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Nota do editor:
sexta-feira, 18 de outubro de 2024
Guiné 61/74 - P26056: Tabanca Grande (564): António Galinha Dias, ex-fur mil pil, BA 12 (Bissalanca, 1968/70): natural de Torres Novas, senta-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 894
Quem é o António Dias Galinha Dias, para além de ter estado seis anos, como voluntário na FAP ?E mais conhecido por Galinha, apelido materno. Voltou a terra natal, depois de se reformar: foi durante anos sócio-gerente da firma Agroar - Trabalhos Aéreos Lda, com sede em Évora. É um homem calmo, discreto, mas afável.
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