Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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terça-feira, 4 de novembro de 2025
Guiné 61/74 - P27387: Facebook...ando (95): Tenente-General PilAv António Martins de Matos, ex-Tenente PilAv da BA-12 (Bissau, 1972/74): Acabo de completar 80 anos. É obra
Caros Amigos,
Acabo de completar 80 anos. É OBRA. Quero agradecer as vossas amáveis palavras, mas, a bem da verdade, há muito que deixei de comemorar os meus aniversários. Prefiro meter-me no carro, ir passar o dia a um qualquer lugar, bem longe. No ano anterior fui até Bragança, desta vez Viana do Castelo. Passo seguinte, telemóvel em OFF, um Cutty-Sark, duplo e sem gelo, tempo de recordar os meus “Fantasmas”.
Aos 2 anos, os meus pais a alugarem uma casita no Cacém, nesse tempo havia uma crise de habitação. Aos 4, o regresso a Lisboa, aos 7, a experimentar um cigarrito, aos 10, o Pedro Nunes e várias idas ao Aeroporto, ver os aviões. Aos 14, marinheiro, até Al-Faw, lá no topo do Golfo Pérsico, ida e volta, 12.000 milhas. Aos 16, baptismo de voo num Comet-4 da BOAC, até Londres, um mês, a aprender inglês… e outras coisas. Aos 18, piloto civil, o meu pai a suspirar, gostava que eu fosse para a Marinha. Aos 24, um belo Alferes Piloto-Aviador e o fim de um Projecto apenas iniciado, com passagem por vários hospitais, lágrimas e más memórias.
Aos 25, a subida ao topo da escala aeronáutica, “Falcão”. “Guerra ou Paz, Tanto me Faz”.
Aos 27, África e a Guerra Colonial. Na primavera de 73 e na Guiné, cinco pilotos abatidos por mísseis Strela. Alguns ”Falcões” de imediato a renegarem o “Lema”, a declararem-se “inoperativos”. A afrontar o inimigo apenas dois Coronéis, dois Capitães e um Tenente. Várias idas ao estrangeiro, a levar ferro do grosso, até a situação estabilizar. Essas missões valeram a Moura Pinto e Lemos Ferreira (eram os Chefes) as Medalhas de Valor Militar com Palma, Grau Prata. Os outros três, Pinto Ferreira, Bessa Azevedo e eu… esquecidos.
Regresso de África e o 25Abril. Mais uns meses e lá me atribuíram uma Medalha, a das Campanhas, igual à que foi imposta ao cozinheiro da BA-12. E apenas “Atribuída”! Tive de a ir comprar à Casa Buttuller.
O Verão Quente a chegar, época conturbada. Por termos andado a defender a Pátria fomos apelidados de “fascistas e colonialistas”, os “renegados” logo a passarem a “revolucionários”. Foi por essa altura que, em vez de um carro do tipo “proletário”, apareceu um belo Porsche. Que um homem não é de pau, também precisa de alguns miminhos. No seguimento, demasiadas aventuras e algumas muito confusas paixões…
Aos 30, um muito paciente instrutor de jovens candidatos a aviadores, ainda uma outra função, piloto de acrobacias, nos ASAS, com o meu 2414 por essa Europa, a escrevinhar autógrafos nos mais “variados locais”.
Aos 35, o passo mais importante da minha vida, nova família, uma linda mulher e dois filhos maravilhosos.
Aos 40, Gestor de um Projecto de muitos milhões, levado a bom porto, graças a uma fantástica Equipa.
Viagens foram muitas, de Trondheim a São Paulo, de LA e Vegas (onde ganhei na roleta) a Cabul (onde perdi aos matraquilhos). Molhei os pés no Pacífico. Também vivi em Bruxelas, armado em Diplomata, de fato e gravata, “Muito agradeceria a Vossa Excelência”…, e Madrid, “Olé Conho, rápido, quiero un café-solo y dos churros”.. A minha cidade preferida, Viena, andei por lá, tudo com muita calma, que o stress mata.
Uma nova medalha, já não precisei de a ir comprar, chegou via DHL, numa caixa, embrulhada em celofane.
Comandar uma Base Aérea foi uma experiência inesquecível. No final, um “Adeus e vai-te embora.”. Fui.
Foi preciso ser promovido a General para, finalmente, alguém “Importante” e em Cerimónia com alguma “Pompa e Circunstância”, me pendurar uma medalha ao pescoço. Foi o Ministro da Defesa… de Espanha.
Aos 58, Comandante do CAOC-10, Monsanto. Reuniões NATO no Funchal, demonstrar que a Madeira também é Portugal. Agradecimentos pelo General Americano Moorhead, Comandante do AIRSOUTH.
Aos 61, Comandante Logístico da Força Aérea, tempo de mudar alguns caducos conceitos e antigos vícios.
Foi já em final de carreira que se esmeraram, uma de “Serviços Distintos”. Desta vez foi mesmo a valer, o meu amigo TM a picar-me a “fatiota”. Não percebi lá muito bem a oportunidade de tal miminho, fiquei encabulado e vaidoso, muito vaidoso. Interessante como agora, nestes tempos de paz e do “faz de conta”, não há General que não ostente garbosamente uma “meia dúzia” dessas medalhas. Outros tempos…
Ainda a contemplar a medalha e logo a ser ultrapassado por um famoso arrivista, habitual “pisador de alcatifas”. Que lábia não lhe faltava. O FIM DA LINHA. Passagem imediata à Reserva e Reforma.
Uma nova fase, escrever. Publicados dois ensaios e três romances. Um mau negócio, todos a engordarem à minha custa, o Editor, o Distribuidor, o Livreiro e o Estado. Ficou apenas e só o muito gozo da coisa.
E eis-me chegado aos 80 anos. Tempo de descanso? Não. Ainda tenho algum trabalho pela frente.
Continuo à espera que a FAP se resolva a homenagear os seus 371 militares que “Morreram Voando”. Demasiados. Para quando um condigno Monumento? Nos Carvalhos e a recordar aquele triste acidente de 1955, já lá existem, um Obelisco, uma Capela, duas feias Esculturas e, com o apoio do cacique local, uma muito concorrida Romaria. Será… Oportunismo?
Masoquismo? Ou apenas… dois pesos e duas medidas?
E para quando um Memorial aos 45 (de Tenente-Coronel a 1.º Cabo) que “Morreram em Combate”?
A Pergunta: Por que razão a FAP vai negando a sua História? Será Esquecimento? Indiferença? Vergonha?
As “Chefias” já não são do tempo da guerra. Talvez por isso, vão permanecendo quietas e mudas, a olharem para o umbigo, à espera que o seu comprometido silêncio lhes possa valer alguma nova Mordomia. Que coleccionar medalhas tem alguns truques, saber pisar alcatifas e mostrar os dentes aos políticos é muito mais rentável (e seguro) que ir à guerra. Há quem já precise de ”reforçar as entretelas”. Isso sim, é que é OBRA!
Enquanto tiver forças e o meu amor de há 45 anos me aturar, não me calo. Para que conste!
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Notas do editor:
Vd. post de 3 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27380: Parabéns a você (2429): Tenente-General PilAv Ref António Martins de Matos, ex-Tenente PilAv da BA 12 (Bissau, 1972/74)
Último post da série de 14 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27217: Facebook...ando (94): João de Melo, ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351 (1972/74): um "Tigre de Cumbijã", de corpo e alma - Parte XI: Pescadores do rio Grande de Buba, ao amanhecer
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domingo, 28 de setembro de 2025
Guiné 61/74 - P27263: Casos: a verdade sobre... (56): Os dois militares mortos por um só tiro de metralhadora, em Bissalanca, em 2 de março de 1963, quando um mecânico da FAP procedia à manutenção de um avião (Armando Fonseca, o "Alenquer", sold cond, Pel Rec Fox 42, 1962/64)
Armando Fonseca, ex-soldado condutor, Pel Rec Fox 42, Bissau, Mansoa, Porto Gole, Buba, Bedanda, Guileje e Aldeia Formosa, 1962/64; também conhecido como o "Alenquer", integra a nossa Tabanca Grande desde 22 de setembro de 2010; tem 18 referências no nosso blogue.
1. Formulário de Contacto do Blogger
Data - sexta, 26/09/2025, 12:04
Assunto - Mortos em acidente em Bissalanca em 1963
Em tempos enviei uma mensagem de um caso que assisti no hangar do aeroporto de Bissau que nunca foi publicada, talvez por não se encontrar registado nos casos da guerra, como tantos outros, só eram registados os que lhes convinham e, por vezes, com algumas aldrabices à mistura, desde aí nunca mais teve interesse no bogue.
Cumprimentos,
Armando Faria da Fonseca | arfafon40@hotmail.com
2. Nota do editor LG:
Armando, tens razão, por lapso (ninguém é perfeito), a tua mensagem de 4/12/2011 (já vão vão quase 14 anos!) não foi publicada.
Tu, entretanto, mudaste de endereço de email. Sejas bem aparecido, fazendo prova de vida. Reproduz-se a seguir a mensagem, que ainda lá estava, na caixa de correio...
Quanto à identidade dos mortos e à data precisa em que se deu o infeliz acidente (2 de março de 1963, dizes tu, fazendo apelo à tua excelente memória), vejamos:
(i) segundo uma rápida pesquisa minha, esses infortunados camaradas deviam pertencer à FAP, os seus nomes não constam na lista dos mortos sepultados no cemitério de Bissau (a lista da CECA só inclui os mortos do Exército, tanto quanto sei);
(ii) pode ser que algum dos camaradas da FAP, e nomedamente membros do blogue Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74, nos possa dar alguma ajuda (*)
(iii) julgo que nessa altura ainda não havia a BA 12: inicialmente Bissalanca foi ativado como Aeródromo-Base n.º 2 (AB2), a 25 de maio de 1961, data da publicação da primeira Ordem de Serviço (fonte: ab4especialistas.blogspot.com); em 1965 a AB2 foi transformada formalmente em Base Aérea nº 12 da FAP.
3. Mensagem de Armando Fonseca (antigo endereço de email: armandofonsecaff@hotmail.com)
Data - domingo, 4/12/2011, 19:0
Assunto - Mortos em acidente
Caros camarigos, ao consultar o dicionário, o das minhas recordações, encontrei um caso que me parece por bem divulgar se os digníssimos editores, se assim o acharem por bem.
Aconteceu que, no dia 2 de março de 1963, salvo erro, quando um mecânico da força aérea procedia à manutenção de um avião no hangar do aeroporto de Bissalanca, fez disparar, involuntariamente, uma metralhadora que com um só tiro atingiu dois camaradas, causando-lhes morte imediata.
Os funerais realizaram-se no dia seguinte para o cemitério de Bissau.
Nesse dia eu estava de serviço no aeroporto e assisti ao acidente, mais um entre muitos do género, mas com um só tiro causar tanto mal não tenho memória, e não sei se ocorreu mais algum.
Despeço-me com um abraço amigo para toda a Tabanca e em especial para os editores da mesma que tão bom trabalho vêm realizando.
Armando Fonseca (o "Alenquer")
Nesse dia eu estava de serviço no aeroporto e assisti ao acidente, mais um entre muitos do género, mas com um só tiro causar tanto mal não tenho memória, e não sei se ocorreu mais algum.
Despeço-me com um abraço amigo para toda a Tabanca e em especial para os editores da mesma que tão bom trabalho vêm realizando.
Armando Fonseca (o "Alenquer")
4. Temos de recordar, em próximos postes, as andanças do "Alenquer" com a sua Fox, de que era condutor...
Chegou a Bissau a 28 de maio de 1962 no navio António Carlos (nunca até agora ouviram falar deste navio)...
Durante os primeiros meses em que o Pel Rex Fox 42, permaneceu em Bissau fez a segurança ao aeroporto, e uma vez uma por outra ao Pilão...
Depois veio a guerra e os seus horrores: o "Alenquer" percorreu grande parte da Guiné, de Mansoa a Porto Gole, de Bedanda a Guileje...
Para já fez prova de vida. Folgamos em saber notícias dele...
Para já fez prova de vida. Folgamos em saber notícias dele...
Um alfabravo.
Luís Graça.
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Nota do editor LG:
(*) Último poste da série > 5 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27187: Casos: a verdade sobre... (55): Napalm, fósforo branco e outros incendiários no CTIG - Parte II: O que diz a IA / Gemini
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Nota do editor LG:
(*) Último poste da série > 5 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27187: Casos: a verdade sobre... (55): Napalm, fósforo branco e outros incendiários no CTIG - Parte II: O que diz a IA / Gemini
sexta-feira, 5 de setembro de 2025
Guiné 61/74 - P27187: Casos: a verdade sobre... (55): Napalm, fósforo branco e outros incendiários no CTIG - Parte II: O que diz a IA / Gemini
Guiné > Nova Lamego > 1 de fevereiro de 1974 > O António Martins de Matos, então ten pilav, aos comandos de um Fiat G-91. Era o nº 2, na escala hierárquica da Esquadra 121 (Fiat G-91, T-6 e D0-27, tendo 6 pilotos de Fiat, "Os Tigres", que voavam também um dos outros aviões, e mais 14 pilotos, milicianos, alferes e furriéis, que voavam indistintamente o T-6 e o DO-27).
Foto reproduzida, a preto a branco, no seu livro, "Voando sobre um ninho de Strelas", 1ª ed., Lisboa, Books Factory, 2018. pág. 245.
1. O António Martins de Matos, hoje ten gen ref, declarou, sem quaisquer complexos, que o seu Gina, o Fiat G-91, de tempos a tempos carregava duas bombas de napalm, de 300 litros e 80 litros... (*)
(...) Claro que usámos napalm, amiúde, de 80 e 300 litros.O napalm não é americano, é mundial, uma mistura, feita no momento. Portugal não produzia napalm? O napalm cozinha-se, de manhã, como no filme. O napalm era uma arma como outra qualquer, só passou a ser proibido em 1980.
As munições de fósforo também foram usadas, serviam para marcar alvos à aviação.
No meu livro, “Voando sobre um ninho de Strelas”, foto da página 311, uma napalm, já com espoleta metida, pronta a ser largada.(...) (Julgo que o AMM se refere à 2ª edição, 2020).
Referindo-se ao Gina [Fiat G.91] R-4, o autor diz, na 1ª edição, pág. 66:
(...) Algumas vezes foram utilizadas duas napalms de 300 litros e duas de 80 litros. Nunca soube o peso exato desta configuração, acho que já estaria fora do permitido, coitado do “Gina”, … arrastava-se pela pista" (...)
2. Pedido ao assistente de IA/Gemini, na sequência do poste P27179 (**):
- Qual a diferença entre a bomba de napalm e outras incendiárias (de fósforo, etc.) ?
- Compara casos de eventual uso de napalm e outras bombas incendiárias, nas guerras de Argélia, Vietname e Guiné-Bissau, nos anos 60/70.
3. Resposta do assistente de IA / Gemini:
A batalha do fogo: napalm vs. outras armas incendiárias nas guerras coloniais
No arsenal das guerras da segunda metade do século XX, as armas incendiárias ocuparam um lugar de destaque aterrador, marcando a memória de conflitos como os da Argélia, Vietname e Guiné-Bissau.
Embora frequentemente agrupadas, a bomba de napalm e outras munições incendiárias, como as de fósforo branco, possuem diferenças cruciais na sua composição, mecanismo de ação e, consequentemente, no tipo de ferimentos que infligem e no seu emprego tático.
A sua utilização nestes três teatros de guerra revela estratégias distintas e consequências devastadoras, tanto para combatentes como para civis.
I. As diferenças fundamentais: a "cola infernal" vs. a "chuva de fogo"
A principal distinção entre o napalm e o fósforo branco reside na sua natureza química e no seu comportamento após a detonação.
(i) Napalm:
O nome deriva dos seus componentes originais (ácido nafténico e palmítico); é essencialmente gasolina transformada num gel espesso e pegajoso.
Esta consistência gelatinosa é a sua característica mais mortífera ("cola infernal").
Quando uma bomba de napalm explode, não só espalha o combustível em chamas, como o faz aderir a tudo o que toca: vegetação, estruturas e, de forma mais horrível, à pele humana.
A sua combustão é prolongada e pode atingir temperaturas entre 800 a 1.200 graus Celsius, causando queimaduras de terceiro grau, profundas e extensas. A sua ação é primariamente térmica, maximizando a destruição pela aderência e pela duração do fogo.
(ii) Fósforo Branco (WP - White Phosphorus):
É um agente químico que entra em combustão espontaneamente ao contactar com o oxigénio. As munições de fósforo branco dispersam partículas incandescentes que queimam a temperaturas extremamente elevadas (cerca de 815 °C).
A sua "chuva de fogo" pode cobrir vastas áreas. Para além das queimaduras térmicas severas, o fósforo branco apresenta uma toxicidade química. As partículas podem continuar a queimar dentro da carne enquanto houver oxigénio, sendo extremamente difíceis de extinguir. Se absorvido pelo corpo, pode causar danos a múltiplos órgãos e falência sistémica.
Taticamente, o fósforo branco é também muito eficaz na criação de densas cortinas de fumo para ocultar movimentos de tropas.
| Característica | Napalm | Fósforo Branco (WP) |
| Composição | Gasolina gelificada (com sais de alumínio, etc.) | Fósforo na sua forma alotrópica branca |
| Mecanismo de Ação | Gel pegajoso que adere e queima prolongadamente | Partículas que se incendeiam em contacto com o ar |
| Temperatura | 800 - 1.200 °C | ~ 815 °C |
Efeitos Primários | Queimaduras térmicas profundas e extensas | Queimaduras térmicas e químicas; toxicidade sistémica |
Uso Tático Sec. | N/A | Criação de cortinas de fumo |
II. O uso nos TO da Argélia, Vietname e Guiné-Bissau
Nos anos 60 e 70, a utilização destas armas incendiárias refletiu as diferentes naturezas dos conflitos e os objetivos militares de quem as empregava.
Guerra do Vietname (1965/75): O símbolo do napalm
O Vietname foi, sem dúvida, o conflito que gravou a imagem do napalm na consciência global. As forças americanas utilizaram-no em larga escala, com o objetivo de "limpar" vastas áreas de selva densa que serviam de cobertura para as forças do Vietname do Norte e os Vietcong.
A lógica era simples: se não se pode ver o inimigo, queima-se a sua cobertura. As bombas de napalm eram lançadas de caças-bombardeiros, criando "tempestades de fogo" que devastavam a vegetação e tornavam o terreno inóspito.
Casos de Uso: o napalm foi largamente empregue em operações como a "Rolling Thunder" e para apoiar tropas terrestres em combate, destruindo posições fortificadas e bunkers; a icónica fotografia de Phan Thị Kim Phúc, a "rapariga do napalm", em 1972, expôs ao mundo o horror indiscriminado desta arma sobre a população civil, tornando-se um poderoso símbolo do movimento antiguerra; o fósforo branco também foi utilizado, principalmente em projéteis de artilharia e morteiros, para marcar alvos, criar fumo e como arma anti-pessoal em combates mais próximos.
Guerra da Argélia (1954/62): O precursor
Embora o pico da sua notoriedade tenha sido no Vietname, o exército francês já havia utilizado o napalm de forma significativa durante a Guerra da Argélia.
Neste teatro de operações, caracterizado por uma guerrilha acirrada nas zonas montanhosas e rurais (os maquis), as forças francesas recorreram ao napalm para atingir os combatentes da Frente de Libertação Nacional (FLN) nos seus refúgios.
Casos de Uso: as bombas de napalm eram lançadas pela aviação francesa para destruir aldeias suspeitas de apoiar a guerrilha e para atacar combatentes em grutas e terrenos de difícil acesso; o objetivo era similar ao do Vietname: negar cobertura e refúgio ao inimigo; o uso de napalm na Argélia, embora menos mediatizado na época, foi um precedente importante para a sua aplicação em larga escala noutros conflitos de contra-insurreição.
Guerra colonial na Guiné-Bissau (1963/74): A guerra "secreta" com napalm
Em África, as Forças Armadas Portuguesas também recorreram ao uso de armas incendiárias na tentativa de suster os movimentos de independência.
Na Guiné-Bissau, um dos teatros de operações mais difíceis para Portugal, o uso de napalm foi documentado, embora envolto em secretismo e negação oficial.
Casos de Uso: a Força Aérea Portuguesa empregou bombas de napalm contra as bases e acampamentos do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) localizados nas densas florestas do Cantanhez e noutras regiões; o objetivo era destruir a infraestrutura logística e a cobertura vegetal que protegia a guerrilha; documentos e testemunhos, incluindo denúncias internacionais feitas pelo PAIGC, confirmam o bombardeamento de aldeias e áreas controladas pelos nacionalistas com napalm; a justificação oficial, quando admitida em círculos restritos, era a de que se tratava de um meio para contrabalançar as dificuldades do terreno, sendo o seu uso direcionado estritamente a alvos militares, uma alegação fortemente contestada pelos movimentos de libertação e por observadores internacionais, que denunciavam o seu impacto indiscriminado sobre as populações.
Em conclusão, enquanto o napalm se destacou como uma arma de destruição de área e de negação de cobertura, com um efeito psicológico devastador, o fósforo branco serviu um duplo propósito como agente incendiário e de ocultação.
Nos três conflitos, a sua utilização refletiu uma estratégia de contra-insurreição que visava eliminar não só o combatente, mas também o ambiente que o sustentava, resultando invariavelmente em consequências trágicas e duradouras para as populações civis apanhadas no meio do fogo.
4. Comentário do editor LG à resposta da IA/Gemini:
- Estás a fazer-te eco da propaganda do PAIGC... Portugal não tinha nem fabricava napalm. Diz-me quais são as tuas fontes.
Compreendo perfeitamente a tua objeção. A questão do uso de napalm pelas Forças Armadas Portuguesas durante a Guerra Colonial é, de facto, um tema complexo e historicamente sensível, envolto durante décadas em negação oficial.
A tua pergunta é pertinente e obriga a um escrutínio rigoroso das fontes, para além da propaganda de qualquer um dos lados do conflito.
A afirmação de que Portugal não tinha nem fabricava napalm foi a posição oficial do Estado Novo e das Forças Armadas durante muito tempo. No entanto, a investigação histórica das últimas décadas, baseada em fontes cruzadas, veio contrariar essa versão.
As evidências não provêm apenas do PAIGC, mas sim de um conjunto de testemunhos e estudos, incluindo de militares portugueses.
Apresento de seguida um resumo das fontes que sustentam a afirmação do uso de napalm ou de um agente incendiário muito similar por parte de Portugal:
I. Investigação histórica e académica
Historiadores militares, tanto portugueses como estrangeiros, que se debruçaram sobre o conflito, são hoje largamente consensuais quanto ao uso deste tipo de armamento. As suas conclusões baseiam-se em documentos operacionais, relatórios e entrevistas.
John P. Cann: no seu livro "Contra-insurreição em África: O Modo Português de Fazer a Guerra 1961-1974", este historiador militar americano, uma referência no estudo do exército português, confirma o uso de napalm: ele descreve-o como uma arma psicológica e de interdição de área, usada seletivamente pela Força Aérea Portuguesa.
Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes: em obras como "Guerra Colonial", estes reconhecidos historiadores militares portugueses detalham o tipo de armamento utilizado; referem a existência de bombas incendiárias e de napalm, muitas vezes de fabrico improvisado ou local, nas oficinas da Força Aérea.
José-Augusto Matos: na sua tese de doutoramento e publicações sobre a propaganda na Guerra Colonial, analisa como o tema do napalm era usado pelo PAIGC, mas também investiga a veracidade das alegações, concluindo, com base em fontes portuguesas, pela sua utilização efetiva.
II. Testemunhos de Militares Portugueses
Esta é talvez a fonte mais reveladora, pois parte de quem esteve no terreno. Vários ex-militares, incluindo pilotos da Força Aérea, quebraram o silêncio em livros de memórias, entrevistas e documentários.
Pilotos de Combate: existem numerosos relatos de pilotos que descrevem as missões em que largaram "bombas incendiárias" ou "bidões de gasolina gelatinosa"; descrevem o seu fabrico artesanal nas bases aéreas, como a Base Aérea 12 em Bissau, onde se misturava gasolina com outros componentes (como aparas de borracha ou sabão) para criar um composto gelatinoso com as mesmas propriedades adesivas e de combustão prolongada do napalm; o objetivo era precisamente o mesmo: limpar áreas de vegetação densa e atacar acampamentos.
Livro "Adeus, Camaradas", de Leonor de Sousa Bastos: este livro, que recolhe testemunhos de vários militares, contém descrições do uso de napalm improvisado.
III. A Questão da fabricação: "Não era napalm oficial"
A nuance que muitas vezes se perde é a diferença entre uma produção industrial em larga escala (como a dos EUA para o Vietname) e uma produção local e mais improvisada.
Portugal não era um grande produtor ou importador oficial de "Napalm-B" (a fórmula americana). No entanto, as evidências apontam inequivocamente para o fabrico local, nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA) ou diretamente nos teatros de operações, de um agente incendiário com as mesmíssimas características do napalm.
Para o soldado no terreno ou para o civil atingido, a distinção entre uma fórmula oficial e uma mistura local com o mesmo efeito devastador era inexistente.
IV. Relatórios e Denúncias Internacionais
As denúncias do PAIGC, liderado por Amílcar Cabral, na Organização das Nações Unidas (ONU) e noutros fóruns internacionais, são uma fonte histórica importante. Embora tivessem um claro objetivo de propaganda de guerra para isolar Portugal diplomaticamente, a sua consistência e os relatos de jornalistas e observadores internacionais que visitaram as "zonas libertadas" deram-lhes credibilidade.
Estas denúncias levaram a investigações e a uma crescente pressão internacional sobre Portugal.
Conclusão:
A posição de que Portugal não usou napalm, sustenta-se apenas se nos limitarmos a uma definição estrita de "não importação ou fabrico industrial da fórmula química norte-americana patenteada".
No entanto, o consenso esmagador entre historiadores e os testemunhos de militares portugueses confirmam que a Força Aérea Portuguesa fabricava (e utilizava, embora em escala reduzida), um agente incendiário gelatinoso com as características e os efeitos do napalm, principalmente no teatro de guerra da Guiné-Bissau.
A minha resposta anterior procurou refletir este consenso histórico, que reconhece a complexidade da situação, incluindo a negação oficial da época e a natureza muitas vezes improvisada deste armamento. Não se trata de fazer eco da propaganda de um dos lados, mas de apresentar o estado atual do conhecimento histórico sobre o assunto.
(Pesquisa: LG | Assistente de IA / Gemini)
(Revisão/fixação de texto: LG)
________________Notas do editor LG:
(`*) Vd. poste de 4 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27184: S(C)em Comentários (76): Que disparate!... Claro que usámos napalm, bombas de 300 l e 80 l (António Martins de Matos, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74; hoje ten gen ref)
(**) Último poste da série > 3 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27179: Casos: a verdade sobre... (54): Napalm, fósforo branco e outros incendiários no CTIG - Parte I: O que diz a IA / ChatGP
(**) Último poste da série > 3 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27179: Casos: a verdade sobre... (54): Napalm, fósforo branco e outros incendiários no CTIG - Parte I: O que diz a IA / ChatGP
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quinta-feira, 4 de setembro de 2025
Guiné 61/74 - P27184: S(C)em Comentários (76): Que disparate!... Claro que usámos napalm, bombas de 300 litros e 80 litros (António Martins de Matos, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74; hoje ten gen ref)
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Tem 122 referências no blogue; membro da Tabanca Grande desde 14/1/2009 |
1. Comentário de António Martins Matos, ex-ten pilav, BA12, Bisslanca, 1972/74, ao poste P27179 (*):
Que poste mais disparatado!
Claro que usámos napalm, amiúde, de 80 e 300 litros,
O napalm não é americano, é mundial, uma mistura, feita no momento;
Portugal não produzia napalm? O napalm cozinha-se, de manhã, como no filme; O napalm era uma arma como outra qualquer, só passou a ser proibido em 1980.
As munições de fósforo também foram usadas, serviam para marcar alvos à aviação.
No meu livro, “Voando sobre um ninho de Strelas”, foto da página 311, uma napalm,
já com espoleta metida, pronta a ser largada.
Quanto ao ChatGPT, uma merda.
Cumprimentos
AMM
quarta-feira, 3 de setembro de 2025 às 16:56:37 WEST

Cumprimentos
AMM
quarta-feira, 3 de setembro de 2025 às 16:56:37 WEST

Capa da 2ª edição, "Voando sobre um ninho de Strelas"
(Lisboa, Edições Ex-Libris, 2020, 458 pp, il.)´
2. Comentário da Tabanca Grande Luís Graça (*):
Alguns excertos do livro “Voando sobre um ninho de Strelas” (1ª ed. Lisboa: BooksFactory,
2018, 375 pp. ), do nosso amigo e camarada, ten gen pilav António Martins Matos, que sempre nos habituou a falar de maneira franca e frontal (**):
(…) Em resumo, lá tivemos que nos aguentar com o GINA [Fiat G.91] R-4 [armado com 4 metralhadoras 12.7](…), tinha-nos dado mais jeito o R-3 dos canhões [,de 30 mm,] para, no Ultramar, não termos de andar a brincar às guerras (p. 62).
Algumas vezes foram utilizadas duas napalms de 300 litros e duas de 80 litros. Nunca soube o peso exato desta configuração, acho que já estaria fora do permitido, coitado do “Gina”, … arrastava-se pela pista (p.66).
O avião era abastecido com 3600 libras (1800 litros). (…) Numa missão normal para a zona Sul ou Norte, normalmente conseguíamos estar até cerca de uns quinze minutos na área. No ponto mais afastado da Base (região de Buruntuma) e sem depósitos exteriores, o tempo que se podia estar sobre o objetivo era… zero (p. 67).
Alguns excertos do livro “Voando sobre um ninho de Strelas” (1ª ed. Lisboa: BooksFactory,
2018, 375 pp. ), do nosso amigo e camarada, ten gen pilav António Martins Matos, que sempre nos habituou a falar de maneira franca e frontal (**):
(…) Em resumo, lá tivemos que nos aguentar com o GINA [Fiat G.91] R-4 [armado com 4 metralhadoras 12.7](…), tinha-nos dado mais jeito o R-3 dos canhões [,de 30 mm,] para, no Ultramar, não termos de andar a brincar às guerras (p. 62).
Algumas vezes foram utilizadas duas napalms de 300 litros e duas de 80 litros. Nunca soube o peso exato desta configuração, acho que já estaria fora do permitido, coitado do “Gina”, … arrastava-se pela pista (p.66).
O avião era abastecido com 3600 libras (1800 litros). (…) Numa missão normal para a zona Sul ou Norte, normalmente conseguíamos estar até cerca de uns quinze minutos na área. No ponto mais afastado da Base (região de Buruntuma) e sem depósitos exteriores, o tempo que se podia estar sobre o objetivo era… zero (p. 67).
quarta-feira, 3 de setembro de 2025 às 18:51:40 WEST
(Revisão / ficação de texto: LG)
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Notas do editor LG:
quarta-feira, 3 de setembro de 2025
Guiné 61/74 - P27179: Casos: a verdade sobre... (54): Napalm, fósforo branco e outros incendiários no CTIG - Parte I: O que diz a IA / ChatGPT
Guiné (? ) > 1969 > Uma das célebres fotos de István Bara (1942-2025) o fotojornalista húngaro, da agência estatal MTI (Magyar Távirati Iroda), que esteve alegadamenmte embebbed com forças do PAIGC, no mato, em 1969/70, em "áreas libertadas".
Nesta imagem, da sua fotogaleria, mostram-se "os efeitos do napalm"... Pelo menos, a legenda (em húngaro) é isso que diz explicitamente: " István Bara: Napalm áldozata. Guinea-Bissau, 1969" (em português: "István Bara: vítima de napalm. Guiné-Bissau, 1969").
O fotojornalista (?) não diz onde foi exatamente tirada a foto (podia ter sido na Guiné-Conacri). E julgamos tratar-se de uma imagem copyleft, isto é, do domínio público... (A sua página foi descontinuada, e entretanto capturada pelo Arquivo.pt; o fotógrafo morreu recentemente aos 83 anos.)
Numa análise mais atenta e detalhada da imagem, com a ajuda da IA, concluimos que estamos perante um caso aparentemente de má fé, manipulação ou grosseira ignorância (clínica): tudo indica que se trataria de um caso de vitiligo (perda de pigmento, comum em pessoas de pele escura, deixando manchas brancas), confundida intencionalmente ou não com queimaduras por napalm (que em geral atingem também outras partes do corpo, com o peito, o pescoço, a cara, o coro cabeludo...) e não apenas as mãos... E deixam marcas profundas...
A ser assim, estaríamos perante uma descarada manipulação ou encenação fotográfica para efeitos de propaganda "anticolonialista"... Não há almoços grátis, camaradas...
Foto: Foto Bara (com a devida vénia...)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados. Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Mata do Cantanhez > Acampamento ("Barraca") Osvaldo Vieira (reconstruído), nas proximidades de Madina do Cantanhez, na picada entre Iemberém e Cabedu > Simpósio Internacional de Guiledje > Domingo, de manhã, 2 de março de 2008 > Visita guiada e animada por antigos guerrilheiros e população local, ao Acampamento ("Barraca") Osvaldo Vieira >
Foto: Foto Bara (com a devida vénia...)
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Acampamento Osvaldo Vieira (reconstruído) > 2 de Março de 2008 > Pretensos restos de bombas de napalm, largadas pelas NT no Cantanhez, e expostos, toscamente, no topo de um baga-baga.
Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados. Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Mata do Cantanhez > Acampamento ("Barraca") Osvaldo Vieira (reconstruído), nas proximidades de Madina do Cantanhez, na picada entre Iemberém e Cabedu > Simpósio Internacional de Guiledje > Domingo, de manhã, 2 de março de 2008 > Visita guiada e animada por antigos guerrilheiros e população local, ao Acampamento ("Barraca") Osvaldo Vieira >
Foto do cor art ref Nuno Rubim, mostrando em mais pormenor os restos de bombas (de napalm ?) da nossa Força Aérea. Nem eu nem o saudoso Nuno Rubim (1938-2023) nos deixámos convencer pela encenação...
(...) "Há outro mistério que ficou sem resposta. No meio da clareira do acampamento estavam os restos de duas bombas de Napalm (ver foto). Podiam, naturalmente, ter sido trazidos de outro local, e colocados nos montes de baga-baga, mas eu procedi a uma pequena escavação e notei que parte delas estava parcialmente embebida no terreno. Mas isto também pode ser um sinal dos tempos, numa zona onde há grande precipitação. O facto é que, se as bombas caíram lá (ou onde quer que fosse), os estragos teriam sido consideráveis. Também não tive tempo de aclarar o assunto" (...) (*)
1. O uso do napalm na Guiné-Bissau durante a guerra colonial não está devidamente documentado... Julga-se o seu uso era irregular, ocasional, pontual. (Por exempplo, no princípio da guerra, 1963/64, ou então em grandes operações, como a Op Tridente, ilha do Coko, jan-março de 1964.)
Foto (e legenda): © Nuno Rubim (2008). Todos os direitos reservados. Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.
Portugal não fabricava napalm... Nem podia dar-se ao luxo de praticar, no CTIG, uma "política de terra queimada"...
Fotos alegadamente de vítimas de napalm são uma manipulação fotográfica, como a do fotógrafo húngaro Bara István (que analisaremos em próximo poste), que intencionalmente, por má fé, ou por ingorância, terá confundido, em 1969, numa "área libertada" do PAIGC, um caso de vitiligo (perda de pigmento, comum em pessoas de pele escura, deixando manchas brancas) com queimaduras (profundas) por napalm.
Conclusão provisória:
Comecemos por saber a diferença entre o napalm e outras bombas incendiárias (de fósforo, etc.). E façamos um comparação entre eventual uso de napalm e outras bombas incendiárias, nas guerras de Argélia, Vietname e Guiné-Bissau, nos anos 60/70.
O assistente de IA (o ChatGPT) respondeu à pergunta, organizando a resposta em três partes: (i) diferenças técnicas, (ii) casos de uso, e (iii) perceção pública/política. Veremos, depois, noutros postes a abordagem do problema feita por outros assistentes de IA (Gemini, Perplexity, Deep Seek).
O uso do napalm durante a guerra colonial é um tema delicado e ainda hoje com contornos pouco claros. Foi, e tende ainda a ser, um arma de arremesso político (do PAIGC contra Portugal, ou entre nós, nos debates sobre a guerra colonial / guerra do ultramar). A arma, de qualquer modo, só passou a ser "proibida" a partir de 1980...
Confesso que, em 1969/71, quando estive no TO da Guiné, não vi devastações feitas por napalm, na bacia hidrográfica dos rios Geba e Corubal. Embora se falasse do uso de napalm nas ZLIFA (Zonas Livres de Intervenção da Força Aérea). Quando estive em Sare Gana, em agosto de1969, "ouvi" os Fiat G-91 bombardearem a "barraca" de Sinchã Jpbel... M´~ao me chegou ao nariz o cheiro de napalm pela manhã...
Não creuo que o general Spínola recorresse a essa arma de maneira sistemática... Poderia ter condenado o PAIGC e as populações sob o seu controlo à fome, queimando todos os campos de arroz (as "bolanhas"). O que não fez, era incompatível, de facto, com a sua política "Por uma Guiné Melhor". A verdade acima de tudo (**).
No caso da Guiné, pouco ou nada se tem falado do tema no nosso blogue. Temos uma escassa dúzia de referências a este marcador, "napalm". E nem sempre o termo "napalm" quer dizer "napalm", sendo facilmente usado como sinónimo de outras bombas incendiárias. Temos, pois, que ser cautelosos quando os "infantes" fala(va)m do que não sabem (sabiam)...
Eis, entretanto, o que se sabe (recorrendo a fontes na Net), neste caso o ChatGPT (considerado o melhor assistente de IA):
1. Portugal e o Napalm:
Portugal não produzia napalm;
as suas forças armadas dependiam de material fornecido sobretudo pelos EUA até ao início da guerra colonial (1961), e depois pela França, Alemanha Ocidental e África do Sul, através de canais indiretos;
o napalm era de fabrico norte-americano; foi usado em larga escala no Vietname, mas a sua exportação era controlada;
a FAP podia eventualmente recorrer oa fabrico de um sucedâneo de napalm (que, no fundo, é gasolina, ou um outro combustível altamente inflamavável, combinado com um espessante...).
2. Na Guiné-Bissau:
há testemunhos de militares portugueses (incluindo pilotos da FAP) e de dirigentes do PAIGC (com destaque para o seu líder, Amílcar Cabral) que referem o uso de bombas incendiárias (algumas descritas como “napalm” ou “bombas de fósforo”, facilmente confundíveis);
contudo, parece que o seu uso foi muito mais limitado do que no Vietname; pontual, não sistemático;
Em termos documentais:
o PAIGC denunciou repetidamente em fóruns internacionais (ONU, OUA) e na imprensa europeia o uso de "napalm" contra populações civis indefesas, nas "áreas libertadas";
em Portugal, há relatos dispersos em memórias de militares, mas poucos documentos oficiais, possivelmente porque se tratava de armamento sensível e politicamente embaraçoso;
alguns investigadores (como o João Paulo Borges Coelho, Carlos Matos Gomes, John Cain) admitem que possa ter havido emprego de napalm e/ou bombas incendiárias fornecidas por aliados ocidentais, mas sem prova de fornecimento regular de napalm.
3. Possível confusão:
muitas vezes, as tropas no terreno chamavam “napalm” a qualquer bomba incendiária (por exemplo, bombas de fósforo branco ou de gasolina gelatinizada artesanal);
o PAIGC, por sua vez, tinha todo o interesse em maximizar o impacto propagandístico, denunciando o uso de “napalm” à opinião pública internacional e associando, deste modo, Portugal às práticas mais condenadas da guerra do Vietname; e, com isso, conseguia maior ajuda humanitária dos "amigos suecos" e outros;
o tema estava, infelizmente, na moda: o horror dos bombardeamentos com napalm no Vietname entrava-nos pelas casas adentro através da televisão
4. Comparação com outros teatros:
em Angola e Moçambique, há também relatos de uso de fósforo branco e e bombas incendiárias, nomeadamente no início da guerra (em Angola, em 1961) mas não há indícios fortes de fornecimento sistemático de "napalm" (que ninguém sabia exatamente o que era);
a Guiné-Bissau, pela sua dimensão reduzida, pelas florestas-galeria e pela intensidade da guerra, seria o lugar mais provável para uso experimental ou ocasional de "napalm", em áreas de maior implantação do PAIGC (bacia hidrográfica do rio Corubal, Cantanhez, Oio, Boé...);
mas, nomeadamente durante o consulado de Spínola (meados de 1968 / meados de 1973), o uso de "napalm" seria contra-producente, contrário à política "Por uma Guiné Melhor".
Está documentado em testemunhos e denúncias, mas não há provas inequívocas de fornecimento regular de "napalm" a Portugal por parte dos EUA.
O mais provável é que o seu uso tenha sido ocasional e talvez até confundido com outras bombas incendiárias (fósforo, gasolina, termite).
Na versão oficial, Portugal nunca teria usado o napalm.
O uso de armas incendiárias contra populações civis passou a ser proibido pelo Protocolo III da Convenção sobre Certas Armas Convencionais de 1980.
O uso contra alvos militares é ainda, todavia, uma área controversa do direito internacional humanitário.
Entre as armas incendiárias as duas mais conhecidas são o napalm e o fósforo branco. Mas há outras: termite (ou termita), ligas de magnésio, líquidos inflamáveis espessados (diferentes do napalm).
Vamos perguntar aos nossos leitores se tiveram conhecimento do uso de algumas destas armas no CTIG, no seu tempo, antes, durante e depois do "consulado de Spínola"...
No meu tempo (maio de 1969/março der 1971), não me lembro de ver grandes extensões de terreno, vítimas de bombardeamento por napalm ou outras incendiárias. No Sector L1 (Leste 1, Bambadinca)...
Tenho ideia que as NT (a infantaria e a artilharia) dispunham de granadas incendiárias (inlcuindo fósforo branco)... Nuna usámos (a CCAÇ 12) "lança-chamas", nem sei se os haviua no CTIG no meu tempo... Mas os infantes não sabiam o que se passava na FAP nem tinham acesso â BA 12 (Bissalanca)... "Nunca vi" a nossa aviação largar bombas incendiárias... (o que também era difícil, porque os alvos IN não estavam propriamente em cima de nós ou ao alcance da nossa vista...)
Estava na moda falar-se do napalm, sobretudo por causa da guerra do Vietname. Mas Portugal, em princípio, não fabricava napalm nem podia importar grandes quantidades. Portanto, o seu uso, na Guiné, a ter ocorrido, foi pontual e datado. Ou não ?
O assistente de IA (o ChatGPT) respondeu à pergunta, organizando a resposta em três partes: (i) diferenças técnicas, (ii) casos de uso, e (iii) perceção pública/política. Veremos, depois, noutros postes a abordagem do problema feita por outros assistentes de IA (Gemini, Perplexity, Deep Seek).
O napalm e outros incendiários nas guerras dos anos 60/70 (Vietname, Argélia, Guiné-Bissau)
1. Diferenças: napalm vs. fósforo branco e outras incendiárias
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Napalm
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é uma mistura de gasolina (ou querosene) com espessantes (sabões de ácidos nafténicos e palmíticos, daí o nome "napalm"),;
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cria um gel combustível que adere a superfícies (corpos, vegetação, edifícios);
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queima lentamente, a temperaturas de 800–1200 ºC;
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o efeito é prolongado e praticamente impossível de apagar com água;
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Usada sobretudo em bombardeamentos aéreos (bombas de napalm lançadas por caças-bombardeiros).
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Fósforo branco
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Substância química que inflama espontaneamente em contacto com o oxigénio.
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Arde a temperaturas muito altas (até 1300 ºC).
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Produz denso fumo branco (usado para criar cortinas de fumo e marcação de alvos).
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Tem efeito incendiário e tóxico, com queimaduras químicas profundas.
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Usado tanto em granadas, morteiros e projéteis de artilharia como em bombas aéreas.
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Outros incendiários (ex.: termite (oiu termita), bombas incendiárias de magnésio)
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Geram temperaturas elevadíssimas (até 2500 º C), sobretudo para destruir material e infraestruturas (ex., aviões, veículos, depósitos).
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Não eram tão usados contra pessoas em combate irregular, mas sim contra alvos materiais.
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Resumindo:
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Napalm → arma sobretudo aérea, efeito prolongado, terror psicológico.
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Fósforo → mais versátil (artilharia, granadas, bombas), com uso misto tático (fumo/iluminação) e ofensivo.
Outras armas incendiárias → destruição de material e infraestruturas.
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Argélia (1954/62)
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A França foi acusada de usar napalm em bombardeamentos contra posições da FLN - Frente de Libertação Nacional (criafa em 1954) sobretudo em zonas montanhosas da Cabilia e Aurès.
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O governo francês inicialmente negou, depois admitiu "experiências limitadas".
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Também se usou fósforo branco em apoio de artilharia.
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O napalm tornou-se símbolo da violência colonial francesa, denunciado na ONU e pela imprensa internacional.
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Vietname (1961/75)
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É o caso mais conhecido e documentado.
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Os EUA usaram napalm em larga escala em ataques a aldeias suspeitas de apoiar o Viet Cong e para limpar vegetação (juntamente com desfolhantes como o “Agent Orange”).
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Uso extensivo de fósforo branco também, para marcar alvos e provocar incêndios.
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A imagem da menina Kim Phúc, vítima de napalm (1972), tornou-se ícone mundial contra a guerra.
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Guiné Portuguesa (1963/74)
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A FAP (Força Aérea Portuguesa) não dispunha oficialmente de napalm em larga escala, ao contrário dos EUA; a industrial militar portuguesa estava em condições de fabricar um sucedánio do napalm.
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Há testemunhos contraditórios: (i) Alguns veteranos e dirigentes do PAIGC (como Amílcar Cabral) denunciaram o uso de napalm pela aviação portuguesa, sobretudo em zonas de mato denso (Tite, Boé, sul da Guiné); (ii) Portugal admitia o uso de bombas incendiárias (fósforo e napalm improvisado em pequena escala, adaptado em depósitos lançados por T-6 ou Fiat G-91).
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Mais consensual: o uso de fósforo branco em morteiros e granadas pela tropa portuguesa, como em outras frentes coloniais (Angola, Moçambique).
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Mesmo que o uso de napalm tenha sido limitado, a acusação tinha forte peso
político internacional, reforçando o isolamento de Lisboa.
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O napalm tornou-se um símbolo do terror aéreo, sobretudo porque: (i) era usado contra populações civis; (ii( causava queimaduras horríveis; (iii) era difícil negar ou esconder; (iv) por isso, teve maior repercussão mediática (Argélia, Vietname).
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Fósforo branco, apesar de igualmente devastador, tinha a "cobertura" do uso legítimo como gerador de fumo ou sinalização, o que facilitava a defesa oficial dos governos.
Comparação em 3 teatros de operações (1950/70)
Nos casos da Argélia, Vietname, Guiné-Bissau), as denúncias internacionais visavam mostrar a brutalidade das potências coloniais ou imperialistas, e as armas incendiárias eram vistas como instrumentos de guerra desproporcionada contra povos em luta de guerrilha.
Aqui está um resumo comparativa das bombas incendiárias (napalm, fósforo, etc.) nos três teatros de guerra (Argélia, Vietname e Guiné-Bissau, anos 50/70).
(Por razões que não nos foram reveladas, o Blogger não nos autoriza a publicar este resumo. Presumimos que viole a sua política de contreúdos.)
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