1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Carlos Alberto Rodrigues Cruz, ex-Fur Mil da CCAÇ 617/BCAÇ 619, Catió e Cachil, 1964/66, com data de 8 de Janeiro de 2014:
Caro Luís Graça,
Permita-me que nesta data particularmente relevante para mim pessoalmente, bem como para todo o pessoal que fez parte do BC 619, CC 616, CC 617 e CC 618, ou seja, a comemoração dos 50 anos da partida destas unidades para a Guiné (08.01.1964), lhe venha manifestar a minha vontade de fazer parte da denominada Tabanca Grande, pelo que envio as duas fotos da praxe bem como 3 fotos (a preto e branco como era habitual na altura) e que foram tiradas naquele frio janeiro do ano de 1964, no cais de Alcântara, onde embarcámos no velho navio "Quanza", rangendo por tudo quanto era chapa e que se fez ao mar para nos levar até aquelas paragens.
As fotos que junto a estas representam, pela ordem em que são apresentadas:
Foto da despedida oficial
Os últimos acenos de despedida já a bordo
O nascimento do pilar norte da ponte sobre o rio Tejo que estava emergindo das águas.
Mas agora passemos a factos:
- Quem sou eu?
Sou o ex-Furriel Miliciano Atirador de Infª (vulgo Caçador) Carlos Alberto Rodrigues Cruz, tenho 72 anos de idade feitos em 26 de Maio de 2013, sou casado há quase 47 anos, tenho dois filhos, um rapaz com 45 e uma filha com 43.
Como disse anteriormente era comandante de secção do 1.º Pelotão da Companhia de Caçadores 617 (companhia operacional) tendo estado, primeiramente, em Catió e nos últimos 4 a 5 meses de comissão na
ilha de Como, por troca com a CC 728 (os Palmeirins de Catió) onde conheci o malogrado Alferes Mário Sasso (que vim a saber mais tarde ter sido morto no decorrer de uma operação.
Conheci e participei em imensas operações onde o famoso João Bacar Djaló era o comandante dos milícias fulas, homem por quem tinha e tenho grande admiração e posso garantir ter sido para nós uma verdadeira bênção pois sem a sua sábia orientação a minha companhia teria tido grandes complicações, pois como deve saber a mata do Cantanhez não é para brincadeiras e na altura para irmos de Catió para Cufar era um "Deus nos acuda".
Por isso todos os 10 de Junho não dispenso ir até à sua lápide rezar uma breve oração pelo seu descanso eterno.
Quero também dizer que sou amigo do já tabanqueiro João Gabriel Sacôto Martins Fernandes, ex-Alferes Miliciano da minha Companhia, que me tem incentivado a escrever para o Blogue e com quem quero partilhar um próximo convívio com os Tabanqueiros da Linha, tendo já solicitado ao José Manuel Matos Dinis a devida autorização para nos juntarmos no próximo 16 de Janeiro em Alcabideche.
Gostaria, pois, que me fosse permitido juntar-me ao pessoal da grande família da Tabanca Grande, independentemente de poder vir igualmente a fazer parte da Tabanca da Linha.
Quanto ao relato de uma pequena história no decorrer da minha comissão (como nos é sugerido) penso que terá que ficar adiada para mais tarde, porquanto tenho de rebobinar velhas lembranças que os meus quase 73 já não ajudam muito a concretizar e até porque esta mensagem já vai longa talvez pela nostalgia que nos assalta quando nos damos conta da passagem de 50 anos sobre as nossas vidas.
Camarada Luís, vou ficar-me por aqui agora visto o relambório já ir longo e não pretender monopolizar a sua atenção para o meu caso já que deve ter muitos mais afazeres.
Despeço-me, pois, com amizade e se tiver o prazer de o encontrar no convívio da Tabanca da Linha no próximo dia 16, ficarei encantado e poder-lhe-ei então dar um abraço do tamanho do Cumbidjã.
2. Comentário do editor:
Caro camarada e amigo Carlos Alberto Cruz, bem-vindo à tertúlia da Tabanca Grande, mãe das muitas Tabancas de ex-combatentes da Guiné que proliferam de norte a sul do país, exemplo da Tabanca da Linha, que referes.
Os fundadores destas Tabancas "pequenas" são tertulianos do Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné e não pretendem de modo nenhum concorrer, se o termo é aqui permitido, com a Tabanca Mãe.
O nosso Blogue, ou Tabanca Grande, tem como missão principal o registo de memórias escritas e fotográficas, fruto da contribuição da tertúlia, enquanto que as mais "Pequenas" visam essencialmente o são convívio entre camaradas da Guiné, a nível regional, havendo o caso emblemático da
"Tabanca Pequena" de Matosinhos que se transformou em ONGD, visando ajudar o povo da Guiné-Bissau.
Temos um caso inverso, de uma ONG que se dedica também a ajudar a Guiné-Bissau, que se transformou numa Tabanca, a
"Ajuda Amiga".
É saudável o convívio e a catarse que se pode fazer ao escrever memórias, trocar impressões, desfazer equívocos, recordar acontecimentos já esquecidos, etc.
A Tabanca Grande serve para tudo isto e ainda promove o Convívio Anual, onde se podem encontrar todos os ex-combatentes da Guiné de norte a sul de Portugal, independentemente de pertencerem ou não formalmente à tertúlia.
Caro Carlos, falta só realçar a particularidade de o nosso relacionamento ser o mais informal possível, começando pelo tratamento por tu, independentemente da idade, antigo (ou actual) posto militar, formação académica, etc. Somos camaradas de armas, passamos pelas mesmas dificuldades, calcorreamos aqueles chãos, umas vezes alagados outras secos como pólvora, deixámos o nosso suor, alguns até o sangue naquele pequeno pais que nos marcou para sempre.
Antes de terminar, deixo-te o tradicional abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores.
Pessoalmente fico ao teu dispor para qualquer dúvida que te possa surgir.
O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Nota do editor
Último poste da série de 29 DE DEZEMBRO DE 2013 >
Guiné 63/74 - P12519: Tabanca Grande (417): Joaquim Luís Fernandes (ex-Alf Mil da CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973 e Depósito de Adidos, Brá, 1974) (2): Informações complementares