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sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24956: E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) - Parte IV: Enfim, em casa!... Famalicão, a minha terra...

 


Foto nº 1 > Vila Nova de Famalicão > Edifício, emblemático,  da Câmara Municiap (1961), da autoria do arquiteto Januário Godinho.


Foto nº 2 > Vila Nova de Famalicão >   O Edifício da Lapa, antigo hospital, e posteriormente liceu da cidade, hoje sede da Universidade Lusíada.
 


Foto nº 3 > Vila Nova de Gaia > 2023 > O Joaquim Costa, num esplanada ribeirinha, com o casarinho histórico da sua amada "Invicta"  ao fundo.

Fotos (e legendas): © Joaquim Costa (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 

1. Continuação da nova série do Joaquim Costa:  "E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas"... (*)


(i) ex-fur mil at armas pesadas inf, CCAV 8351, "Tigres do Cumbijã" (Cumbijã, 1972/74);

(ii) membro da Tabanca Grande desde 30/1/2021, tem cerca de 7 dezenas de referências no blogue;

(iii) autor da série "Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74)" (de que se publicaram 28 postes, desde 3/2/2021 a 28/7/2022) , e que depois publicou em livro ("Memórias de um Tigre Azul - O Furriel Pequenina", por Joaquim Costa; Lugar da Palavra Editora, 2021, 180 pp);

(iv) tirou o curso de engenheiro técnico, no ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto;

(v) foi professor do ensino secundário, tendo-se reformado como diretor da escola secundária de Gondomar;

(vi) minhoto, de Vila Nova de Famalicão , vive em Rio Tinto, Gondomar;

(vii) tem página no Facebook.


E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) - Parte IV:  Enfim,, em casa!... Famalicão, a minha terra...


Enfim, em casa!!!

O sonho de qualquer professor é ser colocado na sua terra (Foto nº 1). Contudo, eu não aconselho.

Ser professor de filhos de colegas, de familiares, de conhecidos, etc. não é tarefa fácil. Seja em casa, no café, na rua, no jardim, na feira ("ó mãe,  olha o meu professor!"), mil olhos sempre postos em nós. Nunca podíamos pôr o pé na "poça".

Por todas estas razões estavam criadas as condições para não ser um ano fácil. E assim foi:

− Só um 4 para o Francisco!?

− Médio, Médio, Médio, Médio! Ao menos um Elevado!!

− Na reunião do conselho de turma um pouco de água benta para a Maria!

Algumas das amizades azedaram um pouco e alguns familiares deixaram de me convidar para os batizados.

Fiquei ao menos de consciência tranquila, não obstante acabar por reconhecer que alguns destes alunos acabaram por ser prejudicados porque me coloquei, algumas vezes, no papel de mulher de César: "Não basta sê-lo,  é preciso parecê-lo."

A coisa não correu bem logo no meu primeiro dia.

Apresentei-me ao diretor, que me recebeu cordialmente, pois, embora não fosse alguém das minhas relações de amizade,  conhecíamo-nos por frequentar o mesmo café. Perguntei se se encontrava na escola um colega professor, meu amigo, de longa data, de nome António.

Resposta pronta do homem:

−  Se é o que eu penso está na cadeia. 

Fiquei atónito. O António na cadeia!? Ainda há dois dias estive com ele!

Estava eu a digerir aquela bombástica notícia, com suores frios e as pernas a cederem, enquanto o homem com toda a calma do mundo e um sorriso cândido procurava o meu horário no meio de uma selva de papeis.

Com a voz trémula ainda afirmei: 

− Tem a certeza?!...

Entretanto entra no gabinete outro elemento da direção a quem o diretor pergunta:
 

 Ó Francisco, o professor António está na cadeia, não está?!

Responde a criatura,  parecendo-me com voz de compaixão:

− Ainda hoje estive lá a conversar um pouco com ele. 

Fiquei de rastos, o meu amigo António na cadeia, o que terá feito de tão grave?!

Entretanto o Diretor lá encontra a agulha no palheiro (o meu horário) e afirma com um sorriso de menino:

− E o colega também vai para a cadeia!

É então que olho para o meu horário e vejo escrito no lugar do nome da sala de aula a palavra: CADEIA.

Assim mesmo, a escola funcionava no antigo hospital (a sede) (Foto nº 2).   e na antiga cadeia, que distava 500 metros da sede. Embora eu já não residisse na cidade há vários anos,  tinha conhecimento que o antigo liceu funcionava no hospital, mas desconhecia em absoluto que também funcionava na antiga cadeia e mesmo que existia.

Aqui a sala de professores funcionava no antigo recreio dos reclusos e as salas de aula nas antigas celas. O edifício não sofreu nenhuma alteração estrutural da antiga cadeia, pelo que as salas de aulas (as celas) mantinham uma pequena abertura junto ao teto, onde entrava apenas um fio de luz. Mantinha a porta de ferro reforçada que pesava uma tonelada, que fechava só da parte de fora com uma ferragem dos anos 30.
 
Todos os professores davam aulas de porta aberta.

Eu, para além de dar as aulas de porta aberta, ficava sempre de pé junto à mesma com medo que alguém a fechasse, pois sempre sofri de claustrofobia. Era uma brincadeira frequente quer de alunos quer mesmo de professores.

Com a massificação do ensino, com muita imaginação, se encontraram soluções de recurso para acomodar tantos alunos: antigos hospitais, antigas cadeias, antigos tribunais bem como os famosos pavilhões pré-fabricados em madeira.

Joaquim Costa (Foto nº 3)

(Revisão / fixação de texto: LG)
_____________

Nota do editor:

Último poste da série > 9 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24932: E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) - Parte III: Primeiro, Santo Tirso, a seguir, Portalegre e logo... Santarém (onde fiz a minha formação pedagógica)

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24865: E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) - Parte I: Santo Tirso, o dono da "tasca"



Porto > O atual edifício do ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto. que faz parte do IPP - Instituto Politécnico do Porto. Fonte: ISEP (2023)


Santo Tirso - Fachada da atual Escola Secundária Tomaz Pelayo.
Fonte: Agrupamento de Escolas Tomaz Pelayo (2023)



1. Mensagem do Joaquim Costa:

(i) ex-fur mil at Armas Pesadas Inf, CCAV 8351, "Tigres do Cumbijã"  (Cumbijã, 1972/74);

(ii) membro da Tabanca Grande desde 30/1/2021, tem cerca de 7 dezenas de referências no blogue;

(iii) autor da série "Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74)" (de que se publicaram 28 postes, desde 3/2/2021 a 28/7/2022) (*), e que depois publicou em livro ("Memórias de um Tigre Azul - O Furriel Pequenina", por Joaquim Costa; Lugar da Palavra Editora, 2021, 180 pp);

(iv) tirou o curso de engenheiro técnico, no ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto;

(v) foi professor do ensino secundário, tendo-se reformado como diretor da escola secundária de Gondomar;

(vi) minhoto, de Vila Nova de Famalicão (**), vive em Rio Tinto, Gondomar;



Data - 24/10/2023, 10:49
Assunto - Depois da Guiné... a luta continua

Olá,  Luís,

Espero que tudo esteja bem contigo.

Envio-te a minha primeira crónica, que publico no Facebook, sobre as “Minhas Escolas”.

Esta primeira crónica faz uma pequena referência às dificuldades e peripécias sobre o regresso à escola para concluir os cursos que ficaram a meio com a nossa mobilização para a guerra.

Deixo ao teu critério o interesse na publicação do Blogue.

Um grande abraço

Joaquim Costa



2. Comentário do editor LG:

Joaquim, é indecente responder-te só agora... Para mais sendo tu um colaborador "líquido", do nosso blogue, já com 67 referências, o que é muito para quem entrou há pouco mais de dois anos e meio. Lembro que és autor de uma notável série, "Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã", com  base da qual publicaste o teu livro “Memórias de Guerra de um Tigre Azul” (Rio Tinto, Lugar da Palavra, 2021, 179 pp.), 

Como já te respondi, por mail e na sequência da nossa última conversa ao telefone, claro que vamos publicar.  É um "filão" a explorar, o teu, o nosso pós-guerra como "paisanos"... 

Não temos aqui falado tanto quanto deveríamos  das dificuldades e obstáculos que, nós, antigos combatentes,  tivemos de enfrentar e vencer depois da peluda: exorcisar os fantasmas da guerra, "esquecer a Guiné", fazer os "lutos",  acertar o relógio e o calendário, arrostar  com as "piadas de mau gosto" (quando não mesmo a hostilidade de certos indivíduos e grupos), voltar a estudar, arranjar um emprego, ou retomar o trabalho que já tínhamos antes da tropa, refazer a vida pessoal e familiar, arranjar casa, casar, contrair o primeiro empréstimo bancário (e pagar juros altíssimos!), comprar o primeiro automóvel,  ou fazer as primeiras férias com a namorada, ou a mulher e os filhos, viajar, sair pela primeira vez do país, etc.  

Tu que fostes professor toda a vida, e também passaste pela experiência da administração escolar, podes falar de cátedra do que é isso de andar com a casa às casas até conseguir um lugar efetivo do quadro, próximo da terra e da casa onde queremos viver.

Seguramente que as tuas crónicas vão motivar e ajudar outros camaradas a escrever sobre o assunto, doloroso e fascinante ao mesmo tempo.


E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) 

Parte I: Santo Tirso, o dono da "tasca"


Ainda na ressaca dos dois anos passados no inferno da Guiné e completamente alucinado com o desenvolvimento do PREC (Processo Revolucionário Em Curso, 1974/75), assistindo incrédulo ao incêndio e destruição da sede de um partido político com uma multidão em fúria, lá me desloquei à minha antiga Escola (hoje ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto) tentar retomar os estudos vencendo as cadeiras por concluir. 

Foi uma tarefa de avanços e recuos; não só pelo alvoroço de toda aquela juventude que já se tinha livrado da guerra e que,  ao que parece,  também queria mudar o mundo, sabe-se lá para onde... mas fundamentalmente por sentir que aquela já não era a escola que eu tinha deixado.

Esta miudagem olhava para estes “velhos;” tisnados pelo sol da Guiné e com aspeto de alucinados, com alguma desconfiança já que cumprimentavam com deferência os seus antigos professores, que eles queriam sanear.

Como os porcos espinho no inverno,  lá se conseguiu um espaço mais ou menos confortável para as duas gerações. Os miúdos tinham já conseguido reduzir para 3 anos a duração dos cursos, entrar na direção da escola e sanear alguns professores. Nós conseguimos manter a antiga estrutura e duração do curso, o mesmo currículo e aulas suplementares nas cadeiras estruturantes.

Lá se conseguiu concluir o curso com o mesmo espírito com que se venceram os dias de inferno na Guiné, apoiados uns nos outros, nunca deixando ninguém para trás.

Concluído o curso, enquanto esperava pela resposta aos inúmeros currículos enviados para várias empresas, com outros colegas avançámos, como profissionais liberais, na elaboração dos primeiros projetos (ou proje...tinhos) de engenharia.

Entretanto surge a minha colocação na Escola Industrial e Comercial de Santo Tirso, que aceitei uma vez que me garantia o vínculo à função pública.

Não foi fácil, pois o ensino estava a anos-luz das minhas preferências. Apresentei-me na escola num dia, e nesse mesmo dia me indicaram a sala, cheia de alunos, para iniciar as aulas. 

O que é isso de pedagogia?!... Desenrasquei-me, ensinando como fui ensinado!

Entrei pela primeira vez na sala de professores, onde se discutia aos gritos os últimos desenvolvimentos do PREC. Mesmo naquelas condições não foi uma entrada discreta, para além do silêncio de igreja que abruptamente se fez sentir, vejo, incrédulo, toda a gente a afastar-se de mim. Tinha acabado de trocar o meu Fiat 600 por uma Diane nova com os estofos de uma mistela que deixava um cheiro na roupa insuportável. Demorou um ano a sair aquele cheiro,  pelo que não foi fácil fazer... amizades.

Passei dois anos nesta Escola, bem perto de casa (que era em Famalicão), mas não foram propriamente os melhores anos da minha vida. Contudo gostei muito dos alunos com quem mantive uma boa relação.

Também ajudou a algum desconforto o facto de ser o responsável pelo bar da escola, tarefa que ninguém queria, já que se estava sujeito a todo o tipo de piropos sobre a qualidade dos produtos e a quantidade do queijo e fiambre no pão. Chegaram a insinuar que eu estava a meter dinheiro ao bolso. Era brincadeira, mas... aleijava!

Até os amigos das jogatanas de futebol de salão me tratavam por... “tasqueiro”!

Sim, é mesmo verdade! Imaginem o meu espanto quando a Diretora me entrega o horário com duas horas da “disciplina” de Bar. Argumentei que a minha formação era em engenharia eletromecânica pelo que nada sabia sobre restauração. Dizia ela, com um sorriso nos lábios: "não dá trabalho nenhum, é só comprar os produtos e vendê-los ao preço de custo. No final do ano entregas um relatório com a diferença do deve e haver a zeros!"...

Ficou, ao menos,  uma grande amizade com o funcionário do bar, o meu braço direito...e esquerdo.

Não foram propriamente dois anos fáceis, principalmente na "cadeira" de Bar...

Joaquim Costa

_____________

Notas do editor

(*) Último poste da série > 28 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23465: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XXVIII: Em 1976, uma viagem pela velha Europa para esquecer a guerra e espairecer do PREC

(**) Vd. postes de:

18 de dezembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23891: Origens do Tigre Azul: Nado e criado entre Famalicão e o Porto (Joaquim Costa, ex-fur mil, CCAV 8351, Cumbijã, 1972/74) - Parte I: A pomada milagrosa

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24438: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (101): Pedido de apoio para a obtenção de antigos manuais escolares do PAIGG (com destaque para o livro da 4ª classe). editados na Suécia, em Upsala, impressos na Wretmans Boktryckeri AB (Jorge Luís Mendes, Primeiro-Conselheiro da Embaixada da República da Guiné-Bissau no Brasil)


Capa de "O Nosso Livro, 3ª Classe", PAIGC, s/d (Cortesia de Jorge Luís Mendes)



Foto do histórico fundador, secretário geral e líder do PAIGC, Amílcar Cabral (1924-1973), incluída em O Nosso Livro de Leitura da 2ª Classe, editado pelos Serviços de Instrução do PAIGC - Regiões Libertadas da Guiné (sic). Tem o seguinte copyright: © 1970 PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Sede: Bissau (sic)...

A primeira edição teve uma tiragem de 25 mil exemplares, tendo sido impressa em Östervåla, Uppsala, Suécia, em 1970, na tipografia Tofters / Wretmans Boktryckeri AB.


1. Mensagem do nosso leitor Jorge Luis Mendes:

Data . 26/06/2023, 16:48

Assunto . Pedido de apoio para a obtenção de livros antigos do PAIGC

Caros amigos, Camaradas da Guiné, com a devida permissão!

Senhor Luís Graça,

Com os meus melhores cumprimentos e, tenho a honra de solicitar, se possível, o obséquio de seguinte livro: 

PAIGC. O nosso livro 4 ª classe. Uppsala: Wretmans Boytryckeri AB, n.d.

Destarte, os Manuais Escolares do PAIGC foram criados coletivamente por professores e outros militantes e impressos em Uppsala, na Suécia, pela tipografia (?)-

O motivo do meu pedido, relaciona-se com a coleta seletiva de livros antigos, isto é, Livros Escolares, do PAIGC, Editados na Uppsaka, na Suécia, de nível de 1ª Classe, 2ª Classe, 3ª Classe e 4ª Classe, que haviam sido distribuídos nas regiões libertadas, no período de 1963 – 1974. O uso desses Livros foi extensivo como materiais didáticos até 1985.

Pois, estou escrevendo Memória: o Lugar/engajamento da Família Farã Mendes, Deputado do PAIGC e Comité do Partido, Irmãos, Primos e Filhos, durante a Luta Armada de Libertação Nacional.

Estou ensaiando, demonstrar o empenho, ou seja, a dedicação em que toda minha família estava engajado para que a Guiné-Bissau fosse independente.

Por isso, gostaria de obter esses livros tão importantes na vida da minha família e da Guiné-Bissau, para aproveitar algumas fotografias em que minhas irmãs, irmãos e primos fazem parte no Livro de 4ª Classe do PAIGC, intitulado o Nosso Livro de Leitura.

Eis, o título do Livro que estou escrevendo:

Contributo, Memória e História em Memória da Família Farã Mendes durante a Luta Armada para a Edificação do Estado da Guiné-Bissau.

Farã Mendes foi do Comité do PAIGC e Deputado da 1ª Legislatura para a Região de Cubisseco-de-Baixo, Tombali, Sul da Guiné-Bissau.

Alta Consideração
Jorge Luís Mendes
Primeiro-Conselheiro
Embaixada da República da Guiné-Bissau no Brasil
email: jorlui.mendes@gmail.com



Capa do Livro da 1ª Classe do PAIGC... Exemplar capturado pelo nosso camarada Manuel Maia no Cantanhez, possivelmente em finais de 1972 ou princípios de 1973. Vê-se que esse exemplar tinha uso. A capa teve de ser reforçada com uns improvisados adesivos (aparentemente autocolantes, que acompanhavam embalagens de apoio humanitário, vindas do exterior).  Sabe-se que foram feitos, na Suécia, 20.000 exemplares deste livro,  numa primeira edição. "Neste mesmo dia apanhei ainda duas cartas, uma escrita em árabe e outra em crioulo", diz.nos o nosso camarada Manuel Maia, ex-fur mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine (1972/74).

Foto (e legenda): © Manuel Maia (2009).  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa e contracapa de "O Nosso Livro, 2ª classe", PAIGC (1970). Cortesia de Paulo Santiago (que vive em Águeda e foi alf mil, comandante do Pel Caç Nat 53, Saltinho , 1970/72). A impressão já foi feita (em que ano ?)  pela empresa dos irmãos Tofters,   sediada em Östervåla, que, em 1973,  ficaram com o que restou da Wretmans Boktryckeri AB. (Östervåla é uma localidade situada no município de Heby, condado de Uppsala, Suécia com c. 1600 habitantes em 2010.)

2. Comentário do editor Luís Graça:

Caro senhor  Jorge Luís Mendes, primeiro-conselheiro da Embaixada da República da Guiné-Bissau no Brasil: obrigado, antes de mais, pelo contacto, e pelo pedido de ajuda.

Já aqui apresentámos a capa e a contracapa de O Nosso Primeiro Livro, o manual escolar usado nas escolas do PAIGC, editado em 1966, pelo Departamento Secretariado, Informação, Cultura e Formação de Quadros do Comité Central do PAIGC... Algumas imagens digitalizadas do livro chegaram-nos pela mão de diveros camaradas  nossos (*) 

 Também apresentámos imagens (digitalizadasw) do manual escolar do PAIGC, O Nosso Livro - 2ª Classe.  O livro foi "elaboradao e editado pelos Serviços de Instrução do PAIGC - Regiões Libertadas da Guiné" (sic). Tem o seguinte copyright: 1970 PAIGC - Partido Afrucano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Sede: Bissau (sic)... A primeira edição teve uma tiragem de 25 mil exemplares. Também foi mpresso em Upsala, Suécia, em 1970, por Wretmans Boktryckeri AB.

 Infelizmente não temos informação sobre os livros de leitura da 3ª e 4ª classes, também impressos na Suécia, na mesma gráfica,  Contrariamente aos livros da 1ª E 2 classe, os da 3ª e 4ª classe deveriam ser mais raros no mato (nas "regiões libertadas") e daí não terem ainda aparecido antigos combatentes portuguesas com exemplares apreendidos.

Recorde-se que era a Lilica Boal (Maria da Luz Boal) quem dirigia a Escola Piloto do PAIGC em Conacri (criada em 1965, para acolher os filhos dos combatentes e os órfãos de guerra), sendo também ela a responsável pelos conteúdos nos manuais escolares, publicados na Suécia. 

A Lilica Boal era mulher do dr. Manuel Boal, outro natural de Angola, que saiu em 1961 para se juntar aos movimentos nacionalistas. A Lilica Boal nasceu em Tarrafal, Santiago, Cabo Verde, em 1934. Não confundi-la com a "Maria Turra", a Amélia Araújo, que deu  voz à "Voz da Libertação", do PAIGC (estação de rádio inaugurada em 1967).

Lamentavelmente nenhum destes quatro livros parece constar da PORBASE - Base Nacional de Dados Bibliográficos, numa pesquisa rápida que fizemos (e em que são listadas apenas 50 referèncias bibliográficas com o descritor PAIGC). Também não sabemos se há algum exemplar destes livros no Arquivo Histórico-Militar ou outros arquivos nacionais. Prometemos procurar com mais tempo e vagar. Mas para já pedimos a preciosa ajuda dos nossos leitores. (***)

Vamos tentar também, pelos nossos contactos na Suécia (na época um parceiro estratégico do PAIGC) (****),  localizar, nalguma biblioteca pública,  um exemplar do livro da 4ª classe, para pelo menos podermos digitalizar a capa e as fotografias pretendidas pelo Jorge Luís Mendes. Tal como em Portugal, na Suécia deveria ser obrigatório, na época,  o "depósito legal" de uns tantos exemplares dos livros impressos no país.

Sabemos que os manuais foram todos (?)  impressos na Wretmans Boktryckeri AB; um tipografia ou oficina gráfica fundada em 1889, por Harald Wretmans, tipógrafo com formação alemã, e que faliu em 1973, depois de ter passado por várias mãos, e de ter 40 funcionários na década de 1940. Tinha fama de apresentar boas encadernações. Em 1973 foi adquirifa, a massa falida, pela gráfica dos Tofters, em Östervåla.(****ª)
_____________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

23 de fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3928: PAIGC: O Nosso Livro da 1ª Classe (Manuel Maia, 2ª CCAÇ / BCAÇ 4610, Cafal Balanta / Cafine, 1972/74)

27 de outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2221: PAIGC: O Nosso Livro da 2ª Classe (1): Bandêra di Strela Negro (Luís Graça / Paulo Santiago)

29 de junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1899: PAIGC: O Nosso Primeiro Livro de Leitura (A. Marques Lopes / António Pimentel) (1): O português...na luta de libertação

1 de kulho de 2007 > Guiné 63/74 - P1907: PAIGC: O Nosso Primeiro Livro de Leitura (2): A libertação da Ilha do Como (A. Marques Lopes / António Pimentel)

4 de julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1920: PAIGC: O Nosso Primeiro Livro de Leitura (A. Marques Lopes / António Pimentel) (3): O mítico Morés

9 de julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1938: PAIGC: O Nosso Primeiro Livro de Leitura (A. Marques Lopes / António Pimentel) (4): Catunco

(**) Vd também postes relativos ao livro da 2ª classe, uma edição sueca, e obedecendo à mesma linha estética do livro da 1ª classe:

27 de iutubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2221: PAIGC: O Nosso Livro da 2ª Classe (1): Bandêra di Strela Negro (Luís Graça / Paulo Santiago)

31 de iutubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2232: PAIGC: O Nosso Livro da 2ª Classe (2): O Morés e os amigos da Europa do Norte (Luís Graça / Paulo Santiago)

(***) Último poste da série > 14 de outubro de  2022 > Guiné 61/74 - P23710: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (100): O Arquivo da Defesa Nacional disponibiliza acesso a documentação entretanto desclassificada relativa à guerra colonial (Beja Santos / Carlos Vinhal)

(****)  Sobre a ajuda sueca ao PAIGC e depois à Guiné-Bissau, vd. postes de:


4 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13847: Da Suécia com saudade (41): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte II)... Um apoio estritamente civil, humanitário, não-militar, apesar das pressões a que estavam sujeitos os sociais-democratas, então no poder (José Belo)

5 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13849: Da Suécia com saudade (42): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte III)... Pragmatismos de Amílcar Cabral e do Governo Sueco, de Olaf Palme, que só reconheceu a Guiné-Bissau em 9 de agosto de 1974 (José Belo)

7 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13859: Da Suécia com saudade (44): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte V): Quando se discutia, item a item, o que era ou não era ajuda humanitária: catanas, canetas, latas de sardinha de conserva... (José Belo)

(*****) Vd. Uppsala industriminnesforening [Associação para a Memória Industrial de Uppsala ]

https://www.uppsalaindustriminnesforening.se/wretmans-boktryckeri-ab/

 Resumo  (da responsabilidade de LG):

Upsalla (hoje com mais de 160 mil habitantes), situada no centro leste do país, é conhecida pela sua universidade (a mais velha da Escandinávia), e ainda pela sua imponente catedral luterana. Desde o séc. XII, também o centro religioso da Suécia.

Upsalla, desde a década de 1860 até a década de 1970,  era "uma animada cidade industrial", com diversas empresas na área da indústria transformadora. Possuia também duas grandes gráficas, Almqvist & Wiksell e Appelbergs,  mas também tipografias de menor dimensão, como a  Wretmans Boktryckeri AB  ou a Akademitryckeriet. 

Wretmans Boktryckeri foi fundada em 1889 por Harald Wretman, que  fora tipógrafo na Alemanha.   Tornou.se um reputado impressor na cidade.  Depois de várias localizações, a tipografia mudou-se  para Östra Ågatan 33, onde permaneceu até a liquidação em 1973. 

Após a morte de Wretman,  a empresa mudou de mãos, e em 1925, Emil Sjögren transformou empresa em sociedade anônima.  A Wretmans Boktryckeri permaneceu na posse da família Sjögren até 1973, quando a gráfica foi fechada. 

Além de livros, a Wretmans também imprimia jornais, revistas,  impressos publicitários, etc.. O equipamento mecânico era completamente moderno para a época. No entantorante muito  tempo, a gráfica não tinha encadernação própria, até meados da década de 1960. 

Em meados da década de 1940, Wretmans tinha cerca de 40 funcionários, que foram depois  diminuíndo  gradualmente. Em 1973, ano da sua  liquidação, restavam apenas nove funcionários..

Após o fechamento em 1973, as máquinas e acessórios foram adquiridos pela gráfica dos Tofters em Östervåla.

sábado, 30 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23475: Ser solidário (248): Pedido de apoio para a instalação de painéis solares na Escola Humberto Braima Sambu e angariação de fundos com o objetivo de construir um pavilhão multiusos (Marta Alegre)

1. Mensagem de Marta Alegre, voluntária na Guiné-Bissau, enviada ao nosso Blogue em 16 de Junho de 2022:

Caros Amigos e Camaradas da Guiné,
O meu nome é Marta Alegre, tenho 27 anos e estou neste momento em Bissau, em missão de voluntariado numa Escola no Bairro Militar. Sigo o vosso blogue desde que cheguei a Bissau em Abril, por indicação do amigo Patrício Ribeiro.

A minha primeira visita à Guiné-Bissau foi em 2018, em contexto de trabalho, quando vim organizar uma conferência internacional sobre energias renováveis. Fiquei apenas uma semana e apaixonei-me pela Guiné, pelas pessoas, pela energia, pelo calor. E desde aí que ficou o bichinho de voltar.
Decidi este ano que para voltar teria de ser por um período mais alongado para que tivesse tempo de conhecer e me envolver melhor com a comunidade. Descobri a associação portuguesa “Para Onde?” que apoia vários projetos comunitários em todo o mundo e vim fazer voluntariado para a Escola Humberto Braima Sambu, por um período de 3 meses.

Cheguei no início de Abril e desde então tenho estado, em conjunto com outros voluntários, a desenvolver atividades diversas com as crianças da escola, a lecionar aulas de apoio escolar para alunos que têm notas mais baixas, e a ajudar a Direção da Escola com algumas tarefas administrativas. Vejo todos os dias o esforço dos alunos que procuram na escola um futuro melhor, dos professores que apesar de terem salários em atraso e de as condições da escola não serem ideais, trabalham e incentivam os alunos a não desistir. E vejo o esforço do Professor Humberto e de toda a Direção da Escola que querem fazer mais e melhor todos os dias, pelo futuro destas mais de 1.000 crianças.

Estou a contactar-vos porque tenho em mãos dois projetos que gostaria de partilhar convosco e, se vos parecer adequado, pedir a partilha no vosso blogue.

O primeiro é um pedido de apoio para a instalação de painéis solares, para colmatar algumas necessidades da Escola. Envio o projeto em anexo onde podem ver todas as informações, incluindo o orçamento e planta da escola. Talvez conheçam alguma entidade que possa financiar este projeto, ou onde me devo dirigir para solicitar esse apoio.

O segundo projeto é uma angariação de fundos com o objetivo de construir um pavilhão multiusos, que será muito útil para algumas atividades da Escola e também para diversificar as fontes de rendimento.
Deixo o link onde podem doar diretamente e saber mais sobre o projeto: https://gofund.me/5ac8da64.

Agradeço desde já a V. atenção e coloco-me à disposição para esclarecer qualquer dúvida que surja. Deixo o meu contacto: +351 961 491 467 (Whatsapp).
Aguardo a V. resposta.

Com os melhores cumprimentos,
Marta Alegre
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de Julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23469: Ser solidário (247): Pedido de apoio para o transporte de 150 carteiras escolares de Lisboa para Bissau, destinadas à Escola Privada Humberto Braima Sambu

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22314: Ser solidário (238): Ainda é possível fazer, até ao fim do mês, a consignação do IRS a favor da ONGD "Ajuda Amiga", NIPC 508617910, de que é presidente da direção o nosso camarada e amigo Carlos Fortunato, ajudando assim a finalizar a contrução da escola de Nhenque, Bissorã, que deve entrar em funcionamento no ano lectivo de 2021/22


 Guiné-Bissau > Região do Oio > Bissorã > Nhenque > 31 de março de 2019 > Esta e outras  crianças contam com a solidariedade dos amigos e camaradas da Guiné...

Foto (e legenda): © Carlos Fortunato (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Caros/as leitores/as, amigos/as e camaradas:  

Aqueles que ainda não entregaram a declaração modelo 3 do IRS, ainda podem (e devem...) fazê-lo até ao fim do corrente mês. E na altura podem (e devem) pensar nas crianças de Nhenque, em Bissorã, região do Oio, Guiné-Bissau, que estão ansiosas por ver a sua escolinha inaugurada, e pronta a funcionar já no início do ano lectivo de 2021/22.

O projecto é da ONGD portugesa "Ajuda Amiga", fundada e dirigida por camaradas nossos.
Uma das suas caras mais conhecidas  é  o Carlos Fortunato (, ex-.fur mil arm pes inf, CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71; por erro sistemático no nosso blogue, tem passado estes anos todos por furriel de transmissões;  como ele nos corrigiu amavelmente,  sempre foi, no CTIG um operacional da G3...
). 



Em 2021 ficará construída uma sala polivalente, com uma pequena arrecadação que servirá de secretaria, biblioteca, sala de reuniões, etc., duas salas de aulas e duas latrinas, uma para as meninas, outra para os meninos.

Amigo/a, camarada: se quiseres (e puderes) ajudar, basta, no preenchimento da folha de rosto, da declarção modelo 3 de IRS,  no Quadro 11 (Consignação de 0,5% do IRS), pôr uma cruzinha no campo 1101 (Instituições particulares de solidariedade social) , e escrever o NIF da Ajuda Amiga, 508617910, assinalando a seguir a consignação   que pretendes fazer (IRS e/ou IVA)




2. Podes também ajudar a "Ajuda Amiga" (e mais concretamente este projeto da Escola de Nhenque), fazendo uma transferência, em dinheiro,  para a Conta da Ajuda Amiga:

NIB 0036 0133 99100025138 26

IBAN PT50 0036 0133 99100025138 26

BIC MPIOPTP


Para saber mais, vê aqui o sítio da ONGD Ajuda Amiga: 


A Ajuda  Amiga tem cerca de 4 dezenas de referências no nosso blogue.


3. Recorde-se aqui o apelo desta portuguesíssima ONGD:


(...) As crianças têm que atravessar uma bolanha com mais de um quilometro com crocodilos para irem à escola


O Complexo Escolar está a ser construído por módulos à medida que se conseguirem os recursos necessários.

O primeiro módulo está a decorrer e será finalizado em 2021, é constituído por duas salas de aulas, uma sala polivalente (biblioteca, sala de reuniões) com um pequeno armazém para guardar material escolar, duas latrinas (uma para meninas, outra para meninos), dois depósitos de 10.000 litros cada para água e colocação de um contentor para armazenagem de materiais de construção, isto irá permitir dar aulas até à 4ª classe e assim os mais pequeninos não terão que atravessar a bolanha com crocodilos, para irem à escola.

Esta escola irá resolver uma uma situação dramática, pois as crianças têm que atravessar uma bolanha com mais de um quilometro com crocodilos para irem à escola de Bera que fica do outro lado, devido à falta de escolas nesta zona. As crianças para conseguirem passar pelos crocodilos atravessam acompanhadas por familiares mais velhos, que levam paus para afastarem os crocodilos e as defenderem dos seus ataques.  (...)

Os membros da Ajuda Amiga que se deslocam para apoiar os nossos projetos suportam eles próprios as suas despesas, e as despesas de funcionamento da Ajuda Amiga são pagas com as quotas dos sócios.(...) 


A Ajuda Amiga também tem página no Facebook. Aqui pode ver-se melhor os progressos feitos na construção da Escola, que está em fase de acabamentos.

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Nota do editor:


terça-feira, 19 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19602: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXV: Memórias do Gabu (V)


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Janeiro / fevereiro de 1968 > Foto nº 13A > A Escola Primária do Gabu. o professor e os alunos. Uma imagem que vale por mil palavras, num sítio daqueles também se ensinava a ler a Língua de Camões.



Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) >  Janeiro / fevereiro de 1968 >  Foto nº 13


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) >  Janeiro de 1968 >  Foto nº10 >  Mulher guineense de etnia Fula com o seu filho.  Na porta da sua tabanca esta mulher deixou-se fotografar com o seu filho todo nu, como já era hábito nas gentes locais.  


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) >  4º  trimestre de 1967 >  Foto nº 7 > Junto a um ribeiro, ou a Fonte de Nova Lamego, local das lavadeiras.  Alguns miúdos, mas já crescidos, estão a tomar banho de sabão num local que me parece ser o sítio onde as lavadeiras trabalhavam. Junto a mim, o então ainda Aspirante Mesquita, das Transmissões. 


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) >  1º  trimestre de 1968 >  Foto nº 1 > Bajudas Mandingas com vestes de passeio dominical.  São 3 raparigas solteiras – bajudas – com os seus vestidos de domingo ou de festas.  Fico com uma falsa sensação, pois a do meio não tem sequer chinelos, está descalça.  Não se pode identificar as cores, mas serão certamente cores fortes e garridas. 


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Outubro de  1967 >  Foto nº 2 >  Um grupo de camaradas junto às sombras das Palmeiras.  Foto tirada possivelmente numa tarde de Sábado ou Domingo, com alguns militares à civil, dos quais não consigo identificar nenhum pelo nome. É uma das primeiras fotos do Gabu. 

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Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > 4º trimestre de  1967 >  Foto nº 5 > Vista geral de algumas ‘Tabancas’ no mato nos arredores do Gabu. Uma das primeiras rondas pela zona, e uma das primeiras fotos pelas tabancas do Gabu e da nossa Guiné. Tudo era novo para os ‘periquitos’.


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Outubro de  1967 >  Foto nº 14 > Momento de repouso à sombra do nosso fotógrafao de uma bananeira. Numa deslocação de Nova Lamego a Bafatá, foi preciso parar no caminho, e assim se aproveitou o momento para descansar na sombra de uma bananeira, pertencente a este homem, fula, dono da plantação. Não me lembro se ele nos ofereceu uma banana ou não, mas elas parecem ainda um pouco verdes.


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Outubro de  1967 >  Foto nº 17 > Edifício do Posto de Comando e Conselho Administrativo  do Batalhão. Localizado no centro da Vila, este edifício tipo colonial era a sede e instalações do Comando do Batalhão e do Conselho Administrativo, onde eu exercia funções. Daquele varandim do 1º piso, poderia apreciar-se grande parte do povoado, a Casa Caeiro em frente, os CTT da outra esquina e outro estabelecimento que não sei o que era. Junto a mim, debruçados, estou eu, o Furriel Pinto e o 1º cabo Seixas


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Dezembro de  1967 >  Foto nº 12 >  Chegada e recepção da esposa do 2º comandante, Major Américo Correia. Por alturas do mês de Natal de 67, a esposa do nosso 2º Comandante e Presidente do Conselho Administrativo foi visitar o marido a Nova Lamego. A sua chegada a terras de Gabu foi muito acompanhada, e foi bem recebida. Chegou num avião militar DAKOTA da FAP, vinda de Bissau, onde chegou da metrópole num avião, civil ou militar, não sei. Estas visitas não eram normais, por razões de segurança. Junto a ela, está o marido fardado e de boné, estou eu de quico, e o militar de camuflado pertencia aos quadros da Força Aérea.


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Janeiro / fevereiro de   1968 >  Foto nº 15 > Numa Tabanca dos arredores, com uma criança mestiça. Como andava muitas vezes pelas tabancas, tinha muitas amizades com a população, dava alguma coisa, tirava fotos com as bajudas e mulheres, depois levava uma cópia para eles, eu dava-me bem naquele ambiente sem medo, sem stress. Esta criança logo se vê que é filho de mãe preta e pai branco, não sei os pormenores, eram assuntos naquela altura muito tabus, perguntar estas coisas. Deve estar um homem, espero que não tenha ido para a guerrilha!

 Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); é economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde. (*)

CTIG/Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:

T063 – MEMÓRIAS DO GABU – PARTE V

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quarta-feira, 6 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19554: Voluntário em Bissau, na Escola Privada Humberto Braima Sambu - Crónicas de Luís Oliveira (1): a ansiedade da partida e o calor humano da chegada, em 2 de março de 2019

Luís Oliveira
1. Texto do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro nº 730, que foi alf mil inf, de rendição individual, na açoriana CCAÇ 4740 (Cufar, 1973, até agosto) e, no resto da comissão, o último comandante do Pel Caç Nat 52 (Setor L1 , Bambadinca, Mato Cão e Missirá, 1973/74): é bancário reformado, foi praticante e treinador de andebol; vai estar 3 meses como voluntário na Guiné-Bissau, na Escola Privada Humberto Braima Sambuno âmbito de um projeto da associação sem fins lucrativos ParaOnde, que promove o voluntariado em Portugal e no resto do Mundo. (*)

Esta é a primeira crónica que ele nos prometeu escrever para o blogue da Tabanca Grande, e que nos acaba de chegar... 


2. Voluntário em Bissau, na Escola Privada Humberto Braima Sambu - Crónicas de Luís Oliveira (1): a ansiedade da partida e o calor humano da chegada, em 2 de março de 2019


A partida para Bissau, marcada desde Dezembro, parecia nunca mais chegar. Detesto as longas esperas, sobretudo quando a caminhada é uma incógnita e fértil em surpresas que até poderão não ser as melhores.

Depois as conversas com os amigos:

­‑ Tás é tótó, agora o velhadas quer ir para a Guiné! Pensas que tens vinte anos...isso era dantes, agora estás lixado, vais levar com os mosquitos, com a lagartada, pensas que tens a EPAL, estás f…! Tem mas é juizo e passa o bilhete a outro, os guineenses já nem falam português, nem te percebem!

E os dias foram passando lentamente, a ansiedade aumentando até que, tal como há quarenta e cinco anos atrás, chegou aquela tranquilidade que me protege nas alturas mais complicadas, passei a dormir melhor, a obsessão do embarque ficou distante e a partida, e tudo o que surgiu a seguir, passou a ser uma data de calendário com uma nota em agenda: “!Voo TAP TP1479, 17.40 do dia 2 de Março”.

E lá estava eu no aeroporto, convencido a ficar fechado naquele contentor voador durante quatro horas, sem direito a soltura, sujeito ao ar forçado e à simpatia das hospedeiras. Nem quero falar do que chamaram “jantar”, porque por sinal tratou-se apenas de um pormenor. O “pormaior” foi o assalto que a companhia de bandeira nacional fez a todos os passageiros cujas malas de cabine não cabiam na reduzida forma que criaram com o fim sacar cento e cinco Euros a todos os desprevenidos.

A minha mala de cabine que voou para Londres, Barcelona, Madrid, Roma, Milão nunca pagou um Euro e apresentava a medida certa, desta vez ou dilatou com o calor ou a TAP temia a sua dilatação no espaço aéreo Guineense e cobrou a quem podia e a quem não o podia fazer. Passageiros houve que deixaram a bagagem para que a mala apresentasse a elegância exigida pela bitola TAP.


Escola Privada Humberto Braima Sambu >  O novo uniforme dos alunos. 
Cortesia da Página do Facebook da Escola.  21 de novembro de 2018


Chegados a Bissau, digo chegados porque a Silvia Barny, voluntária do ParaOnde, também viajou neste voo e, após recolhidas as bagagens, tivemos a emotiva surpresa da recepção. Além do director da escola, o professor Humberto Braima Sambu e alguns professores, um numeroso grupo de alunos com o uniforme da escola cantaram as boas vindas e proporcionaram um acolhimento extraordinário.

Estava na Guiné das minhas memórias, o mesmo povo, a mesma simpatia daqueles que nunca deixarão de ser irmãos.

Bissau, 5 de Março 2019


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Nota do editor;

(*) Vd. poste de 8 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19482: Ser solidário (222): O nosso camarada Luís Mourato Oliveira parte dia 2 de março para Bissau, para fazer voluntariado durante 3 meses, através da organização sem fins lucrativos "ParaOnde"... E qualquer ajuda humanitária adicional pode ser encaminhada para (e seguir por conta de) a loja "Paris em Lisboa", no Chiado

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P19041: Notas de leitura (1103): “Ku Mininos Di Nô Terra, Ideias para a educação pré-escolar”, trabalho coordenado por Carlos Lopes e Olívia Mendes, para o Departamento de Educação Pré-escolar, edição patrocinada pelo Ministério da Educação Nacional da Guiné-Bissau e pelo Instituto Universitário de Estudos do Desenvolvimento, Genebra, edição DEDILD – Departamento de Edição, Difusão do Livro e do Disco, Bissau; 1982 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 12 de Julho de 2016:

Queridos amigos,
Folheando demoradamente esta obra de encantar, ia pensando nos castelos de sonhos daqueles primeiros anos, nas pessoas de bem que queriam construir pessoas diferentes no contexto extraordinário de um movimento de libertação que por conta própria resgatara a independência do território e prometia construir um Estado. Tinha todo o sentido o ideal nesta educação pré-escolar, em prometer o acesso sem descriminação, em criar condições para a compreensão do português num país marcado pelo crioulo e pelas línguas étnicas. Oxalá que a solidariedade internacional não tenha desmerecido nesta dimensão do ensino, reconheça-se o que Carlos Lopes averba na apresentação do que deve ser um manual do educador infantil quando diz que nesta idade o desenvolvimento é das capacidades intelectuais, da formação das qualidades morais e da formação das vontades da criança que irá avançar para o homem.

Um abraço do
Mário



Ku Mininos Di Nô Terra

Beja Santos

Numa visita que fiz às Edições 70, a mexericar em livros exclusivamente da casa, completamente esgotados, dei com esta surpresa: “Ku Mininos Di Nô Terra, Ideias para a educação pré-escolar”, trabalho coordenado por Carlos Lopes e Olívia Mendes, para o Departamento de Educação Pré-escolar, edição patrocinada pelo Ministério da Educação Nacional da Guiné-Bissau e pelo Instituto Universitário de Estudos do Desenvolvimento, Genebra, edição DEDILD – Departamento de Edição, Difusão do Livro e do Disco, Bissau, 1982. Uma grande ternura! Na apresentação da obra, Maria Dulce Almeida Borges, Diretora-Geral do Ensino refere que a familiarização com a língua oficial, o português, ocupa o lugar correspondente à preparação para o ingresso na primeira classe do ensino básico. Esperava-se com a publicação desta recolha de textos, nomeadamente do jardim infantil “Nhima Sanhá”, obter-se uma visão dos condicionamentos, avanços e recuos de uma experiência de educação pré-escolar no período pós-independência. Importa esclarecer que à data da publicação havia seis jardins-de-infância em Bissau (Nhima Sanhá, Escola Nacional de Música José Carlos Schwartz, Néné Costa, Pefiné, Teresa Badinca e 14 de Novembro), em Bolama o Jardim Infantil Josina Machel e em Fulacunda o Jardim Infantil de Tite.

Carlos Lopes e Olívia Mendes desdobram-se em explicações sobre a transcendência deste período da infância, dizendo mesmo que é a opinião de muitos psicólogos de que a criança vive, nos primeiros anos de idade, a terça parte da sua vida, o que quer dizer que – devido à plasticidade do seu sistema nervoso – as aquisições feitas nesta fase são extraordinárias. E alegam que os jardins infantis se devem transformar no primeiro degrau do sistema educativo, ao garantir uma iniciação e uma melhoria progressiva no uso e compreensão da língua oficial de ensino. Chamou à atenção que este ensino não deve descurar o contexto urbano e o meio da tabanca.

O Jardim Infantil Nhima Sanhá, de Bissau, surgiu no ano letivo de 1976/77, colocado em meio difícil, muito perto do Hospital Simão Mendes e quase à entrada do Bissau Velho, houve que recrutar educadores e outro pessoal especializado, procurar crianças com famílias bem diferenciadas e procurar levar por diante, com algum grau de exigência atividades centrais próprias das classes pré-escolares: jogo, brincadeiras, linguagem, expressão plástica, expressão através do movimento, educação física, expressão dramática, iniciação musical. No ano de 1978/79 abriram dois novos jardins infantis, Teresa Badinca, situada no bairro popular da Tchada e o Jardim Infantil do Bairro da Ajuda.

No comentário às experiências ocorridas, os autores também recordam que a pesquisa orientada na observação das crianças nas suas principais atividades é o caminho mais seguro e apropriado para a libertação da dependência no campo de estudo e compreensão da formação da personalidade das crianças.

O livro descreve uma experiência urbana de educação pré-escolar. Dois capítulos são consagrados à formação pedagógica. Trata-se de um texto sobre o desenvolvimento de conceitos na criança e de um manual do educador infantil. Nesse contexto, Carlos Lopes disserta sobre as teorias de Jean Piaget, inserindo mesmo uma curta antologia de textos essenciais, insistindo que na idade pré-escolar se produz um desenvolvimento intensivo da criança, tanto das suas capacidades intelectuais como na formação das suas qualidades morais e na formação da sua vontade.

Graças à disponibilidade das Edições 70, é possível mostrar a capa e a contracapa desse livro raro, uma fotografia, um desenho de criança e frases avulsas. Enquanto lia toda esta beleza, dava comigo a pensar por onde andam estes jardins-de-infância, o que farão hoje as crianças que escreveram aqueles ditos, que recursos são alocados ao ensino pré-escolar.


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Nota do editor

Último poste da série de 21 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19033: Notas de leitura (1102): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (52) (Mário Beja Santos)