sábado, 23 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4404: Convívios (136): CCS do BART 2917: a emoção do reencontro, 38 anos depois (Arsénio Puim)

1. Mensagem que me chega hoje, enviada pelo Arsénio Puim, ex-Alf Mil Capelão, CCS/ BART 2917, e que esteve em Bambadinca entre Maio de 1970 e Maio de 1971


UM REENCONTRO QUE ACONTECEU 38 ANOS DEPOIS
por Arsénio Puim


Foi com emoção que participei no 3.º Encontro da CCS do Bart 2917, de Bambadinca, realizado a 16 de Maio de 2009 na bela cidade de Viana do Castelo (*), precisamente no dia e no lugar donde há 39 anos esta Unidade partira, com destino a Lisboa, para embarcar no dia seguinte, no Carvalho Araújo, para as terras da Guiné, onde aportámos no dia 25 de Maio às 14 horas.

Eu era o capelão militar do Batalhão, mandatado pela Cúria Castrense, sem qualquer consulta prévia, para, em nome da Igreja Católica, acompanhar e prestar assistência religiosa àqueles 700 homens que iam cumprir uma comissão de serviço, de certo muito dura e cheia de riscos, numa guerra já então, para muitos, controversa e sem perspectivas de solução militar.

Nesse dia 16, do Encontro, cheguei muito cedo a Viana, que percorri a pé quando a cidade começava a despertar. Deslumbrei-me, de novo, com o seu Centro Histórico, tão rico e belo, e a sua agradável zona ribeirinha. Depois, procurei a Pensão Arezes, no Largo de S. Domingos, a qual pertencia a umas velhinhas muito queridas, já falecidas, e hoje não existe mais. Ali tinha ficado hospedado aqueles quase três meses do IAO, juntamente com o alferes miliciano Mendes, de Lamego, que faleceu na Guiné e que eu recordei com muito pesar.

E, logo ao lado, visitei a histórica igreja de S. Domingos, onde celebrei a Missa de despedida do Batalhão, no dia 6 de Maio. Na homilia que proferi na ocasião ao Batalhão inteiro – recordo-o - acentuei, por um lado, o sentido de comunidade que nos deveria unir naquela pequena terra africana onde iríamos viver juntos uma nova e difícil experiência e, por outro, o espírito de serviço aos outros e à África Negra que nos deveria informar, de acordo com os altos princípios dos Exércitos, que não a guerra, que essa nunca poderá ser um ideal ou valor em si.

Depois, foi a concentração na Fortaleza de São Jorge da Barra e o almoço de confraternização em Meadela. Volvidos 38 anos desde que voltei aos Açores, nunca mais vira aqueles jovens de 20 e poucos anos de idade que eu conhecera e que continuavam a desfilar nas minhas recordações como se o tempo não tivesse passado.

As horas correram rápidas e não deu tempo para ouvir e dizer tanto a tantos, nem sequer pude conversar com um pouco de calma com o grande Machadinho, como projectara. Haverá outras oportunidades, se Deus quiser. Eu, até, sugiro e alimento a ideia de que um dos próximos Encontros seja nos Açores. Porventura em São Miguel, e mesmo em Vila Franca do Campo?

Aproveito a oportunidade para expressar aos companheiros da CCS e das outras Companhias do Batalhão 2917 a mesma grande simpatia de que sempre me rodearam, e lembrar, com respeito e saudade, os que caíram na guerra da Guiné, assim como os que faleceram já depois do regresso a Portugal.

Arsénio Chaves Puim

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Nota de L.G.:

(*) Vd. postes de:

18 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4372: Convívios (131): CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), com o Arsénio Puim e os filhos do Carlos Rebelo (Benjamim Durães)

19 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4378: Arsénio Puim, o regresso do 'Nosso Capelão' (Benjamim Durães, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72)

Guiné 63/74 - P4403: FAP (28): Manga de vento ... ou não ? ! (Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74)

Uma manga de vento: Foto: Cortesia de FlyTech, loja on line

FAP > MANGA DE VENTO!... OU NÃO?!

Para além das informações de direcção e intensidade do vento fornecidas pelas torres de controlo, via rádio, muitas vezes o aviador tem que se socorrer de outros meios quando essa informação não está disponível. Por isso todos os aeroportos e aeródromos dispõem de mangas de vento, que permitem ao piloto ter uma ideia aproximada de onde sopra o vento e com que intensidade. Os automobilistas podem também observar estas mangas de vento nas auto-estradas, em zonas mais batidas pelo vento.

Basicamente a manga de vento é um aparelho constituído por um cone de tecido com duas aberturas, sendo uma delas, a maior, ligada a um aro de metal. Esse aro, preso a um poste de um modo que permita liberdade de rotação, faz com que o cone esteja aberto, entrando o vento por este lado e saindo pelo lado mais estreito.

A manga fica assim enfiada com o vento, dando uma indicação visual da sua direcção.
Olhando para uma manga, podem observar-se as diversas listas que a constituem, alternadamente vermelhas e brancas. Quem pensa que essa decoração serve apenas para a manga se poder ver melhor, está ligeiramente enganado. Na verdade as mangas podem ser calibradas de modo a darem uma indicação da intensidade do vento. Por norma cada lista representa cerca de 5 km/h de velocidade do vento, Assim, se as duas primeiras listas estão enfunadas e as seguintes descaídas, podemos considerar que o vento sopra com uma velocidade aproximada de 2x5=10 km/h.

O pessoal que passou pelos aquartelamentos com pista de aterragem pôde observar essas mangas colocadas a uma distância de segurança da pista, infelizmente muitas vezes em mau estado de conservação. Isso devia-se em parte à dificuldade em se conservar a manga em bom estado, por falta de material de substituição, mas também à pouca sensibilidade do pessoal do quartel para o interesse que essa informação representava para o piloto.

Sucedeu a um piloto da nossa praça que, tendo demandado um aeródromo algures na Guiné, ali chegado tivesse experimentado sérias dificuldades em manter o controlo do avião na aterragem, devido a um forte vento cruzado que se fazia sentir. Acontece que o estado da manga de vento era deplorável e, consequentemente, a informação do vento inexistente, não tendo alertado o aviador para aquelas condições desfavoráveis.
Furioso, o piloto saiu do avião e dirigiu-se ao Maior do aquartelamento, manifestando-lhe o seu desagrado e ameaçando não voltar a aterrar ali se a situação se mantivesse.

Quis o destino que, passado pouco tempo, o mesmo aviador fosse incumbido de uma nova missão para aquele aeródromo, tendo verificado satisfeito, quando preparava a aterragem, que uma nova manga brilhava no respectivo poste. O piloto preparou a aterragem com todo o cuidado pois pelas indicações da manga o vento soprava forte, cruzado de 90º com a pista. Qual não foi o seu espanto quando, depois de tocar o solo, o avião guinou bruscamente, apontando ao vento (totalmente diferente do que ele esperava); só com grande perícia ele conseguiu evitar a saída da pista e os consequentes danos no avião.

Mais uma vez foi ter, furioso, com o Maior do quartel, perguntando-lhe que raio se passava com a porcaria da manga, que o tinha induzido em erro. Enfiado, o outro respondeu-lhe que tinham resolvido meter um pau por dentro, para ficar esticada e se poder ver melhor do ar...

A falta de sensibilidade para as necessidades, limitações e problemas dos outros é habitual em sociedade. No caso da Guiné, e naquela época, por vezes os pilotos não compreendiam as necessidades da tropa no terreno e esta, por sua vez, não se apercebia das limitações e necessidades dos aviadores. Mas não foi por isso que, dentro das suas capacidades, os pilotos da Força Aérea deixaram de garantir o seu apoio a este e aos outros aquartelamentos.

Miguel Pessoa

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Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste desta série > 28 de Abril de 2009 >Guiné 63/74 - P4258: FAP (27): Miguel, já não poderás apertar a mão ao homem do Strela que te quis matar... O Caba Fati morreu em 1998 (Luís Graça)

Vd. restantes postes da série, doze dos quais foram escritos pelo Miguel Pessoa, Cor Pilav Ref:

26 de Abril de 2009 >Guiné 63/74 - P4251: FAP (26): Em louvor dos sargentos pára-quedistas do BCP 12 (Manuel Peredo, ex-Fur Mil CCP 122, 1972/74)

21 de Abril de 2009 >Guiné 63/74 - P4226: FAP (25): Encontros quase imediatos ou como a pista de Cacine se tornou curta (Miguel Pessoa)

19 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4217: FAP (24): Afinal quem foi o camarada artilheiro do PAIGC que me 'strelou' em 25 de Março de 1973 ? Caba Fati ? (Miguel Pessoa)

16 de Abril de 2009 >Guiné 63/74 - P4197: FAP (23): O poder aéreo no CTIG, 'case study' numa tese de doutoramento nos EUA (Matt Hurley / Luís Graça)

14 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4184: FAP (22): Entrega do meu pára-quedas ao Museu dos Pára-quedistas, na Base Escola de Tancos (Miguel Pessoa)

1 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4119: FAP (21): Os meus sentimentos contraditórios no 'verão quente' de 1973 ... (Miguel Pessoa)

28 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4088: FAP (20): Efemérides: 36 anos após a morte do Ten Cor Pilav Almeida Brito, abatido por um Strela em Madina do Boé (Miguel Pessoa)

25 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4077: FAP (19): Efeméride: há 36 anos sob os céus de Guileje 'Batata' procura e localiza 'Kurika' (António Martins de Matos)

19 de Março de 2009 Guiné 63/74 - P4051: FAP (18): Kurika da Mata (Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74)

13 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4028: FAP (17): Do Colégio Militar a Canjadude: O meu amigo Tartaruga, o João Arantes e Oliveira (Pacífico dos Reis)

13 de Março de 2009 >Guiné 63/74 - P4024: FAP (16): O reencontro, 22 anos depois, de Kurika da Mata com o Marcelino da Mata (Miguel Pessoa)

11 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4010: FAP (15): Correio com antenas... (António Martins de Matos, ex-Ten Pilav, BA12, Bissalanca, 1972/74)

27 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3948: FAP (14): Um dia rotineiro na Base Aérea nº 12, em Bissalanca (Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav, 1972/74)

16 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3904: FAP (13): Nha Bolanha, o Ramos, o Jorge Caiano, o Manso, o corta-fogo do AL III, Bissalanca... (Jorge Félix)

14 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3892: FAP (12): O Fur Mil Pil Mota, e as Enf páras Giselda e Natália, caídos no Como em 1973 e salvos pelos fuzos (Miguel Pessoa)

14 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3891: FAP (11): Jorge Caiano, ex-Melec/AV, BA12, 1969/70, reconhecido por Augusto Ferreira~

13 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3885: FAP (10): Obrigado, Tenente Piloto Aviador Pessoa (J. Casimiro Carvalho, CCAV 88350, Piratas de Guileje)

12 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3879: FAP (9): Jorge Caiano, ex- 1º Cabo Esp Melec, BA12, 1969/70, no Canadá desde 1974

11 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3875: FAP (8): O meu saudoso amigo e camarada Francisco Lopes Manso (Miguel Pessoa, Cor Pilav Ref)

10 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3866: FAP (7): Troca de lugar no ALL III salvou-me a vida, em 25 de Julho de 1970 (Jorge Caiano, mecânico do Alf Pilav Manso)

9 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3859: FAP (6): A introdução do míssil russo SAM-7 Strela no CTIG ( J. Pinto Ferreira / Miguel Pessoa)

5 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3844: FAP (5): Reflexões sobre o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (João Carlos Silva)

4 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3839: FAP (4): Drama, humor e... propaganda sob os céus de Tombali (Miguel Pessoa, Cor Pilav Ref)

1 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3826: FAP (3): A entrada em acção dos Strella, vista do CAOP1, Mansoa, Março-Maio de 1973 (António Graça de Abreu)

31 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3825: FAP (2): Em cerca de 60 Strellas disparados houve 5 baixas (António Martins de Matos)

23 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P3783: FAP (1): A diferença entre o desastre e a segurança das tropas terrestres (António Martins de Matos, Ten Gen Pilav Res)

Guiné 63/74 - P4402: Convívios (135): BCAÇ 2879 e Outras Unidades (Farim, 1969/71), convivem em Castelo Branco, 30 de Maio (Carlos Silva)



Almoço de Confraternização

Oficiais, Sargentos, Praças e Familiares

38º Aniversário da Chegada – 22º Encontro

Unidades Sector de Farim - Guiné 1969/71

Bat. Caç. nº 2879 e Outras Unidades

30 de Maio de 2009

Restaurante: Sª de Mércoles – Santuário Nossa Senhora de Mércoles – 6000 Castelo Branco

Telefones: 272 331 273 ou 965 087 612 – Sr Abílio


PROGRAMA


Hora de chegada - Concentração e cavaqueira no parque do Restaurante.
10h00 – Passagem de fotos e filmes da viagem à Guiné, caso se arranje vídeo e projector.
12h 30 - Serão servidos os aperitivos no espaço apropriado.
13h 30m - Almoço.


EMENTA


ENTRADAS: Salgados, queijo, enchidos e presunto, martin, vinho, águas, sumos.
PRATOS: 1 Bacalhau à Braga – 2 Cachaço assado com ananás.
SOBREMESA: Salada de frutas e tigelada.
BEBIDAS: Vinho Tinto, Branco, águas, sumos, digestivo, café.
FINAL: Bolo do Batalhão acompanhado de espumante.

Preço por pessoa: 22,00 € - crianças dos 6 aos 10 anos € 10,00


CONFIRMAÇÕES ATÉ AO DIA 26 DE MAIO DE 2008


Agradecemos uma rápida resposta, (...) com vale postal ou cheque, para qualquer dos camaradas indicados no verso, uma vez que temos de confirmar as presenças no restaurante com a devida antecedência e....! porque a rapaziada da organização também quer conviver.


NB: A confirmação é obrigatória até à data indicada, devido à característica da ementa.

Quem aparecer de “ pára-quedas “ no próprio dia, sujeita-se às consequências.


CONTACTOS:


Manuel Augusto da Silva Mota [ C.C.S ]
Rua Júlio Dinis, 36 1º Esqº
3700 S. João da Madeira
Telef: 256 831 341 casa 256 828 777 escritório
Telem. 917 784 037 - 917 184 836
___________________________________________
Jorge Pinheiro Silva Fernandes [ C.Caç. 2547 ]
R. D. Bernardo Holstein Beck, 1
2925 Vila Nogueira de Azeitão
Telef. 210 803 314 / 916 054 415
_________________________________________

Carlos José Pereira da Silva [ C. Caç. 2548 ]
Rua de Timor, 2 R/c Dto - 1170-372 Lisboa
Telef: 21 815 2897; Fax: 21 815 3470, escritório
Telem. 966 651 820
e-mail: carsilva.advogado@sapo.pt
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David Gonçalves de Oliveira [ C. Caç. 2549 ]
Urb. Portela, Lt. 65, 9º Dto.
2685 Sacavém
Telem. 914 107 731


OBS: O Santuário e Restaurante ficam na direcção da Estação da CP e da Escola Agrícola.



NOTA: A convocatória está no SITE.



sexta-feira, 22 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4401: Quartel de Tite: Levantamento documental (Santos Oliveira)


Quartel de TITE 

O nosso Camarada Fernando Santos Oliveira, que foi 2.º Sarg. Milº de Armas Pesadas de Inf.ª, esteve em Como, Cufar e Tite entre 1964/66, enviou-nos para publicação um completo estudo documental sobre o aquartelamento de Tite, constituído por uma planta e várias fotografias, que aqui apresentamos.  

O Santos Oliveira está em crer, que o levantamento apresentado na planta do quartel, é da autoria do Furriel Mil.º SAM José Soares, da CCS do BCaç 1860, que foi comandado pelo Ten. Cor. Costa Almeida. 



Planta do quartel de Tite onde se pode ver a evolução das novas construções (ABR65 a ABR66) 


Quartel de Tite (Vista do Google) 


Tite -Vila e Quartel (Vista do Google) 

Tite - Vila, Quartel, Pista de aviação, Estrada para o Enxudé e Canal do Enxudé 
(Vista do Google) 

Tite - Foia - Enxudé - Jabadá - etc. (Vista do Google) 

Tite - Vista aérea 1 

Tite - Vista aérea 2 

Estrada do Enxudé 

Nativos do Enxudé 

(Fotos: © Santos Oliveira (23 de Maio de 2009) Direitos reservados.) 

(Santos Oliveira) 


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Nota de MR: 

(*) Vd. último poste do autor em: 

Guiné 63/74 - P4400: História de Vida (22): Refazendo a vida correndo o mundo (José Eduardo Alves)

1. Mensagem de José Eduardo Alves (*), Soldado Condutor Auto da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74, com data de 20 de Maio de 2009:

Boa noite camarada Luís Graça
Peço desculpa por roubar um pouco de tempo, mas vou ser breve.

Eu sou leitor assíduo do vosso blogue. Faz já três anos que o divulguei no nosso convívio anual, mas o pessoal ainda estava a aprender a trabalhar com o computador. Digitalizar ainda foi mais difícil, mas com o tempo lá foram aparecendo, como eu agora.

Falando de mim, concluí o ensino obrigatório em 1962, em Cabeceiras de Basto, com distinção, entrando logo para a universidade.

Quando assentei praça já tinha dez anos de trabalho, daí achar que em alguns casos, o amarelo não ficava bem sobre o verde. Éramos todos novos, carne para canhão, mas quem não se lembra da frase: quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão? O Estado Novo mandava essa gente nova, sem experiência para a guerra, que não era nossa, pelo menos minha não era que fui sempre pacífico.

Agradeço por me pôr à vontade para nos tratarmos por camaradas, mas pela vida que levei até hoje, pelo carinho que tenho recebido de muita gente, confesso que me é difícil tratar as pessoas por tu. Mas com o tempo... as minhas desculpas.

Voltando a falar de mim, depois de 1974, agarrei-me ao trabalho. Fiz, pós-laboral, vários cursos de soldadura e de desenho de serralharia.
Em 1978 fui para Angola, voltando no ano seguinte.
Em 1980 fui para a Costa do Marfim, em 1982 fui para a República do Congo Brazaville, em 1983 fui para a Venezuela, em 1984 Congo novamente, em 1985 Angola de novo até 1987 e em 1988 fui para a Suíça, de onde regressei há oito anos.
Hoje tenho uma empresa de serralharia e tubagem industrial, mas costumo dizer que sou serralheiro, a palavra empresário cai-me mal;

A minha escrita não é por aí além, mas é o que se pode arranjar.

Última pergunta. Para ir ao convívio, em Ortigosa é preciso pertencer ao blogue ou seja à tertúlia?

Os meus agradecimentos pela resposta.

Em Leça da Palmeira ou em Cabeceiras de Basto, freguesia de Cavez, tem uma casa ao seu dispôr.

Por hoje é tudo
Um grande abraço e bem haja


2. Comentário de CV:

Caro Eduardo
Este teu texto está a ser publicado na série "História de Vida", porque tiveste a humildade de contares um pouco de ti, de uma forma desassombrada, sem enfeites literários, tão rectilínea como a tua maneira de estar na sociedade.

És um exemplo da força de vontade para vencer na vida, não estando à sombra, à espera que o Estado resolvesse o teu problema de subsistência. Hoje és tu que à frente da tua empresa olhas pelo teu destino e quiçá do de mais alguém.

Se entraste para a universidade da vida tão novo, tens a respectiva licenciatura. Diria que já és Doutor Honoris Causa do Trabalho.

Conheces parte do Mundo a teu modo, onde deixaste o teu suor, horas de solidão e saudade da família. Hoje, mais confortavelmente instalado na vida, não sabendo ainda o que é descanso, tens pelo menos a alegria de teres os teus, todos os dias à tua mesa.

Respondendo à tua pergunta. Não é necessário ser tertuliano do Blogue para participar no nosso Encontro. Condição importante é ser ex-combatente da Guiné. Por outro lado temos tertulianos que felizmente, para eles, não foram combatentes na Guiné nem em lado nenhum, mas que se querem juntar-se a nós. Também eles são bem recebidos.

Eduardo, escreve sempre que queiras, não te preocupes com a escrita, como referes, pois nós damos um jeitinho. O importante é que, cada um a seu modo, possa dizer o que lhe vai na alma e, por que não, ensinar algo aos demais.

Não te esqueças das fotos da praxe.

Para ti um abraço do Luís e dos restantes camaradas.
Carlos Vinhal

OBS:- Não repares por não ser o Luís a dar-te resposta, mas as relações públicas são do meu pelouro.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 21 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4393: Tabanca Grande (146): Eduardo Alves, ex-Soldado Condutor Auto da CART 6250 (Mampatá, 1972/74)

Vd. último poste da série de 11 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3724: História de Vida (13): 2ª Parte do Diário do Cmdt da 4ª CCAÇ: Bedanda, Março de 1963 (George Freire)

Guiné 63/74 - P4399: Em busca de... (74): O caboverdiano Leão Lopes, meu antigo camarada de Bambadinca, BENG 447, 1970/72 (Benjamim Durães)


Guiné > Zona Leste > Bafatá > "Foto tirada no dia 30 de Março de 1971 em Bafatá, onde o grupo foi jantar, para celeberar os meus 24 anos. Na foto, e da esquerda para a direita temos: Leão e ex-esposa Lucília; Durães, Fernando Cunha (Soldado condutor), Rogério Ribeiro (1º Cabo Enfermeiro), Braga Gonçalves e ex-esposa Cecília; Isabel e o marido José Coelho (Furriel Enfermeiro), e o 1º Cabo Condutor José Brás".

Foto (e legenda): © Benjamim Durães (2009). Direitos reservados

1. Mensagem que o Benjamim Durães (ex-Fur Mil, Pel Rec Inf, CCS/BART 2917, 1970/72) mandou, em 19/05/2009, ao seu antigo camarada de Bambadinca, o ex-Fur Mil, BENG 447, Leão Lopes:

Boas Tardes,

Leão Lopes, não sei como te devo tratar, se por Excelentíssimo Ex-Ministro da Cultura de Cabo Verde, Pintor, Cineasta, Presidente da OGN Atelier Mar, Professor Universitário, Engenheiro, etc, etc., ou simplesmente por ex-Camarada de Bambadinca.

Desde 2006 que andava à tua procura e só este ano, no 3º Encontro-Convívio da CCS do BART 2917, que se realizou em Viana do Castelo no passado dia 16 de Maio (*), me disseram que te encontravas em Cabo Verde e que havias sido Ministro da Cultura, pelo que através a Internet lá te consegui localizar.

O nosso próximo encontro será em Coruche, no dia 27 de Março de 2010.

Tanto eu, com os ex-camaradas de Bambadinca, Isaías Rocha (Fur Sapador), José Coelho (Fur Enfermeiro), Braga Gonçalves (Alf Cav), Fernando Cunha (Soldado Condutor do Comandante do BART 2917), José Brás (1º Cabo Condutor do 2º Cmdt), gostaríamos de saber notícias tuas e saber se te deslocas com frequência a Portugal.

Para te recordares dos elementos que acima cito, junto uma fotografia tirada em Bafatá no dia 30 de Março de 1971, num jantar de aniversário dos meus 24 anos, que passo a identificar: da esquerda para a direita, Leão, Durães, Fernando Cunha, 1º Cabo Enfermeiro Rogério Ribeiro, Braga Gonçalves, José Coelho e José Brás.

Eu tenho um quadro pintado por ti em 1971, em Bambadinca.

Aconselho-te a consultar no Internet no site do Luís Graça & Camaradas da Guiné no Blog http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/ , onde podes ver muitas imagens e histórias passadas em Bambadinca.

O Luís Graça, na encarnação de Bambadinca, era conhecido por Henriques (hoje, Luís Graça), era Furriel da CCAÇ 12 (1969/71).

Um Abraço
BENJAMIM DURÃES

2. Resposta do Leão Lopes:

Caro Durães,

Ainda me visto de Leão Lopes, apenas isso. Mas o ex-camarada de Bambadinca envaidece-me e é uma grande honra responder por ele.

Não imaginas a emoção que ainda sinto por este reencontro. Já ninguém poderá duvidar que eu também lá estive. Vocês existem e a memória colectiva também. Eu próprio duvidei por vezes desta parte da minha história, quando alguns episódios vividos se confundiam com uma projecção ficcional não tendo por perto quem mos pudesse reavivar, corrigir, confirmar.

Imagina que eu me lembro sempre do nosso capelão Arsénio Puim, do dia em que a PIDE o levou, da minha / nossa revolta. E como eu gostaria de o reencontrar para lhe dar o abraço que não pude dar-lhe nesse dia. A PIDE tinha-me levado antes o Joãozinho e mais outros dos melhores operários nativos que eu tive no destacamento de engenharia. Destes nunca mais soube.

Há alguns anos estive em Bambadinca e, nas ruínas do que foi nosso quartel, encontrei Mariana, a nossa lavadeira, que me avivou na memória muita coisa difusa e talvez esquecida. Por exemplo, que eu pintei o retrato de um camarada. Quem seria?

Sim, lembro-me de alguns de vocês. De ti, do Braga Gonçalves, do Coelho, do Brás. Lembro-me do Vinagre, de Coruche (?) com quem fiz algumas traquinices inventando coisas para driblar o tempo. Chegamos a ser sócios numa moto e nunca contei a ninguém que por um triz teriam hoje que me juntar aos homenageados no minuto de silêncio dos vossos encontros. Sabem dele?

Ainda canto Zeca Afonso e as músicas popularizadas por Adriano Correia de Oliveira que nos ajudavam a resistir e a manter a moral acima de tudo.

As minhas condolências pelo Rebelo.

Parabéns a Luís Graça pelo blog. Um belíssima iniciativa, um belo slogan, um esforço de trabalho imenso.

Um dia destes, numa das minhas passagens por Portugal, tentarei abraçar-vos.

Muito obrigado pela fotografia e por me teres procurado e achado.

Até breve,

Leão Lopes

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Espectacular vista aérea do aquartelamento, tirada no sentido leste-oeste, ou seja, do lado da grande bolanha de Bambadinca (vd. mapa da região .

Do lado esquerdo da imagem, para oeste, era a pista de aviação (1) e o cruzamento das estradas para Nhabijões (a oeste), o
Xime (a sudoeste) e Mansambo e Xitole (a sudeste). Vê-se ainda uma nesga do heliporto (2) e o campo de futebol (3).

A CCAÇ 12 começou também a construir um campo de futebol de salão (4), com cimento roubado à engenharia (à tua engenharia, Leão!), nas colunas logísticas para o Xitole.De acordo com a fotografia, em frente, pode ver-se o conjunto de edifícios em U: constituía o complexo do comando do batalhão (5) e as instalações de oficiais (6) e sargentos (8), para além da messe e bar dos oficiais (8) e dos sargentos (9).

Apesar do apartheid (leia-se: segregação sócio-espacial) que vigorava, não só na sede dos batalhões, como em muitas unidades de quadrícula, uns e outros, oficiais e sargentos, tinham uma cozinha comum (19).

Do lado direito, ao fundo, a menos de um quilómetro corria o Rio Geba, o chamado Geba Estreito, entre o Xime e Bafatá. O aquartelamento de Bambadinca situava-se numa pequena elevação de terreno, sobranceira a uma extensa bolanha (a leste). São visíveis as valas de protecção (22), abertas ao longo do perímetro do aquartelamento que era todo, ele, cercado de arame farpado e de holofotes (24). A luz eléctrica era produzida por gerador... Junto ao arame farpado, ficavam vários abrigos (26), o espaldão de morteiro (23), o abrigo da metralhadora pesada Browning (25). Em 1969/71, na altura em que lá estivemos, ainda não havia artilharia (obuses 14).

A caserna das praças da CCS (11) ficava do lado oeste, junto ao campo de futebol (3). Julgava-se que o pessoal do pelotão de morteiros e/ou do pelotão Daimler ficava instalado no edifício (12), que ficava do outro lado da parada, em frente ao edifício em U. Mais à direita, situava-se a capela (13) e a secretaria da CCAÇ 12 (14). Creio que por detrás ficava o refeitório das praças.

Em frente havia um complexo de edifícios de que é possível identificar o depósito de engenharia (15) e as oficinas auto (16); à esquerda da secretaria, eram as oficinas de rádio (17).

Do lado leste do aquartelamento, tínhamos o armazém de víveres (20), a parada e os memoriais (18), a escola primária antiga (19) e depósito da água (de que se vê apenas uma nesga).

Ainda mais para esquerda, o edifício dos correios, a casa do administrador de posto, e outras instalações que chegaram a ser utilizadas por camaradas nossos que trouxeram as esposas para Bambadinca (foi o caso, por exemplo, do Alf Mil Carlão, nosso camarada da CCAÇ 12, e mais tarde, o major BB, o Fur Mil Leão Lopes, do BENG 447, o Fur Mil Enf Coelho, da CCS/BART 2917).

Esta reconstituição foi feita pelo Humberto Reis, completada por mim (LG).

Foto do arquivo de Humberto Reis (ex-Fur Mil Op Esp, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados.


3. Comentário de L.G.:


Meus caros Benjamim Durães e Leão Lopes:

Estou aqui em pulgas para ver a foto que o Benjamim não me chegou a mandar ontem e onde estás tu, Leão. Queria ver se te reconhecia, pela pinta. Tenho uma ideia tua, mas não juro... (Decepção: A imagem chegou-me agora, de manhã, mas estás de costas, de perfil).

Saí de Bambadinca em Março de 1971. Se vieste com a CCS do BART 2917, em Maio de 1970, devemos ter convivido cerca de 9/10 meses... Eu pertencia à CCAÇ 12, independente, subunidade de intervenção, com soldados do recrutamento local, oriundos do chão fula (Badora, Corubal, Cossé)...

Independentemente das partidas que o tempo, inexorável, e a (des)memória nos pregam, é um prazer muito grande reencontrar, mesmo que através da blogosfera, um camarada de Bambadinca, da bela Bambadinca daqueles bons velhos tempos (... apesar de tudo, tínhamos 23/24 anos, tínhamos sonhos, tínhamos o mundo à nossa frente, eramos inconformistas e inconformados, generosos, rebeldes, queríamos viver e respirar em liberdade...).

Sei que hoje és uma figura incontornável da cultura da tua terra, Cabo Verde, a que me ligam amizades de hoje e afectos do passado... Prometo procurar-te quando um dia destes for ao mítico Mindelo, onde o meu pai foi militar, expedicionário, entre 1941 e 1943... Até lá convido-te a partilhar a nossa Tabanca Grande, onde não há portas nem janelas nem muito menos arame farpado... (O termo Tabanca Grande é uma dupla homenagem a Cabo Verde e à Guiné-Bissau, e deve-te ser familiar: ao escolhê-lo, fui também traído por um dos célebres temas - Tabanka - do ex-Gupo Musical de Cabo Verde, Os Tubarões, nas décadas de 1970/80, de que eu era fã).

Benjamim, desculpa o abuso, mas o recado para o Leão Lopes fica dado. Morabeza. Mantenhas. Uma Alfa Bravo para os dois. Luís

PS - Leão: Pede-me, adicionalmente, o Durães (, o grande Durães, que tem sido o motor, o cimento, o pivô, o elo de ligação da malta de Bambadinca daquela época), que lhe remetas uma fotografia actual e que lhe indiques o teu telefone fixo e o teu telemóvel, além da morada completa para que passes a constar da listagem, para futuras convocatórias dos encontros anuais da CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72).

Se decidires tornar-te tabanqueiro, manda-me também duas fotos tuas, uma antiga e outra actual, além de uma história/estória passada ou actual, como mandam as boas regras do nosso blogue...

Quanto ao Puim, o nosso capelão, estive há dias a falar com ele, ao telefone (durante mais de um hora), e convenci-o a juntar-se a nós... Para surpresa minha, ele esteve em Bambadinca até Maio de 1971 (perfezum ano de Guiné!), não tendo sido preso em 1 de Janeiro de 1971, pela PIDE/DGS, como eu julgava e está escrito nos nossos postes...

Foram os majores do BART 2917, o BB e o AC (sendo então comandante o Ten Cor Polidoro Monteiro, já falecido) que lhe comunicaram, de papel na mão, que ele era uma personna non grata em Bambadinca e no CTIG e que tinha meia hora para fazer a mala e apresentar-se em Bissau... A ordem vinha de Bissau (sabe-se lá de quem...da PIDE/DGS ? do Com-Chefe ?).

O nosso capelão, sob o olhar dorido do sacristão e do Alferes Machado, lá foi sozinho, sem se poder despedir de ninguém, expulso como um cão, a caminho do helicóptero que estava à espera dele, e que o levou até Bissau... Ele, o piloto e o mecânico, sem qualquer escolta...

É uma história ainda mais triste e deprimente do que eu imaginava: nem sequer foi preso directamente pela PIDE/DGS, em flagrante delito,no exercício do seu múnus espiritual... Um dia destes eu conto o resto, e ele confirma.

________

Nota de L.G.:

(*) V. postes de 18 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4372: Convívios (131): CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), com o Arsénio Puim e os filhos do Carlos Rebelo (Benjamim Durães)

19 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4378: Arsénio Puim, o regresso do 'Nosso Capelão' (Benjamim Durães, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72)

Vd. último poste da série de 16 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4358: Em busca de... (73): BAC1, CART 1692, CART 1427, 1966/68 (Tony Grilo)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4398: História do BCAÇ 4612/72 (Jorge Canhão) (3): Área de intervenção do Comando Chefe


História do BCAÇ 4612/72

(2) TERRENO
(a) Definição da ZA

A DOP "VONTADE ENÉRGICA" de 15AG072, do CCFAG, fixou os seguintes limites ao sector 04 MANSOA 6 C6.49-Lim Administrativo - MANSOA 9 E3.66 - BINTA 7 D8.20- BINTA 7 G6.50 BINTA 7 H6.70 bolanha a O de BISSANCAGE- FARIM 2 B4.34- FARIM 2 E2.52 - RMANJAMPOTO-RIONFARIM --FOZ RIONFARIM RCANJABARI - FOZ RCAMBAJU - BANJARA 2 D0.60 Lim Administrativo-RGAMBIEL-BAMBADINCA 3 H2.47 RMANCURRE – Lim. Administrativo - MAMBONCÓ 9 A9 -34- MAMBONCÓ 8 G.45 Lim. Administrativo-MAMBONCÓ 8C2.25- MAMBONCÓ 7 C1.88 - RBARADOULO RGEBA - TITE 6 C5.20 - Lim. Administrativo - RMANSOA-MANSOA 1 H5. 90 - Lim Administrativo - MANSOA 6 C6.49.
Área de intervenção do Comando Chefe

MORÉS (SECTOR 04) 

BINTA 7F6.34-Estrada BISSORÃ/MANSABÁ-BIGINE-CAI-MAMBONCÓ 3C1.83-MANSOA 919.75-TAMBATO-MANSOA 9G8.27-MANSOA 8D4.94--MANSOA 8D5.85-MANSOA 8B3.90-MANSOA 516.98-MANSOA 6H4.19--MANSOA 6G7.46-Lim Administrativo -MANSOA 9E3.64-BINTA 7F6. 34. 

SARA (SECTOR 04) 

FOZ RFARACUNDA-RCANJAMBI-RCAMBAJU-BANJARA 2D0.60-Lim Administrativo - RGAMBIEL RPASSA-RQUEBA-JILÃ-MAMBONCÓ 8G4. 45-Lim Administrativo -MAMBONCÓ 8C2.25- CÃ MAMADU - CACUMA--MAMBONCÓ 1I6.62-MAMBONCÓ 1E7.67-MAMBONCÓ 2B6.55-ROLOM--RSUARCUNDA-CÃ CUMBA-MANTIDA (DELTA) -FARIM 8D5.58-FARIM 8D5.76-RFARACUNDA-FOZ RFARACUNDA. 

As Áreas de intervenção do Comando Chefe, indicadas anteriormente es¬tão conformem com a circular nº 10.033/C, do despacho de S. Ex.ª o General Comandante-chefe datado de 10DEZ72. 

(b) Relevo e hidrografia 


Relevo: 

Não é grande e significativo em todo o Sector.  Notam-se no entanto as maiores cotas (38 metros) nas regiões de SANSANTO e CUTIA, sobre a estrada de MANSOA - MANSABÁ. 

Hidrografia 

Rio GEBA É limite Sul do Sector, atingindo a largura de 09km. Importante via de comunicação para o interior da Província. Rio MANSOA Com uma orientação geral Leste.  

Oeste, sofre a influência das marés até a sua confluência com o Rio OLOM. É navegável por LDM até MANSOA, aproveitando a maré. 

Rio OLOM Afluente do rio MANSOA, desagua neste um pouco a leste da vila de Mansoa. 

É pouco afectado pelas marés. 

Rio BRAIA Afluente do rio MANSOA, desagua neste um pouco a oeste da vila de Mansoa. 

Desde a sua Foz até BRAIA (povoação) tem uma orientarão sensivel¬mente S-N e sofre a influência das marés a partir de BRAIA (povoação) para jusante tem uma orientação geral SW-NE.Rio UENQUEM - Desagua no rio MANSOA, tem uma orientação geral N-S e é limite Oeste do Sector. 

Rio BARÁ - BELUNJA e BARADOULO são afluentes do rio GEBA e têm uma orientação geral N-S. Nos cursos inferiores sofrem a influência das marés. 

(c) Vegetação 

A vegetação de um modo geral é constituída por mata baixa, aberta, sendo mais densa e com árvores de maior porte, ao longo das margens dos rios, sobretudo das do rio MANSOA, e ainda nas regiões do CUBONGE, 010, LOCHER - CHANGALANA e numa faixa, Entre-Os-Rios OLOM e BRAIA, entre CUTIA e MANSOA. 


Existem ainda zonas de palmeiral, em que a progressão é muito difícil e morosa, nas regiões que se estendem para Oeste do rio OLOM, a saber: CUBONGEA N das antigas tabancas do CUBONGE e DAKE. 

Numa faixa, não contigua, que partindo da região a Este de BISSORÃ se estende ao longo de 010, numa direcção sensivelmente O-E, até atingir a região de MANHAU, marginando e envolvendo sobretudo as zonas onde existem bolanhas. 

Na região de CUTIA Entre-os-rios OLOM e BRAIA. 

Na região entre as antigas tabancas de UALIA e TENTO. 

(d) Natureza do solo 

O solo é de um modo geral de natureza pouco permeável, resultando desse facto um alagamento fácil das bolanhas na época das chuvas. Ao longo dos rios, a lama é negra, e de fraca consistência dificultando em qualquer altura do ano a transposição dos cursos de água. 

(e) Alterações resultantes da acção do homem 

Comunicações Rodoviárias: 

BISSAU-MANSOA-MANSABÁ-FARIM, estrada asfaltada. 

MANSOA-BISSORÃ, asfaltada até à região do NAMEDÃO, e em trabalhos de asfaltagem de BISSORÃ para o NAMEDÃO. 

- JUGUDUL-BINDORO, de terra batida, de difícil trânsito na época das chuvas. 

- JUGUDUL-PORTO GOLE, actualmente intransitável a partir do cruzamento do CUSSANJA. 

- ROSSUM-ENCHUGAL, de terra batida. 

- MANSABÁ-BISSORÃ, actualmente intransitável, não sendo utilizada.MANSABÁ-MANHAU-BANJARA, de terra batida, só utilizada até MANTIDA. 

1. Pontes 

Todas as pontes e pontões do Sector, são de caracter definitivo. Por ordem sobre a estrada MANSOA-BISSORÃ: 

- Ponte de BRAIA, sobre o Rio do mesmo nome e ainda em construção. 

2. Pistas de aterragem 

Para avião tipo DO-27 existem pistas, de terra batida, em MANSOA, MANSABÁ e PORTO GOLE. A pista de MANSOA, pode eventualmente ser utilizada por avião tipo DAKOTA e T6. 

Para helicóptero, existem pistas em MANSOA, MANSABÁ, CUTIA, INFANDRE, BRAIA, JUGUDUL, UAQUE, ROSSUM, BINDORO, BISSÁ e PORTO GOLE. Todos os heliportos são revestidos a cimento com excepção do de MANSOA que se encontra asfaltado. 

No que respeita a facilidades em carburantes, só MANSOA MANSABÁ e PORTO GOLE possuem combustíveis para DO-27 e helicóptero. 

3. Povoações 

As principais povoações do Sector são MANSOA e MANSABA. 

4. Portos 


O único porto que existe no Sector, encontra-se em PORTO GOLE sobre o Rio GEBA, ainda em construção muito embora em fase de acabamento.O destacamento de BISSÁ, tem um local de abicagem destinado as LDM e às embarcações civis, que o servem, sempre que há necessidade de o reabastecer ou remuniciar. 

(3) Conclusões 

(a) Pontes ou zonas importantes 

Região do NAMEDÃO : ligação e passagem IN do MORÉS para o QUERÉ. 

Região da bolanha do LORÉ ponto de passagem e base de fogos para as flagelações IN a INFANDRE e BRAIA, ou para acções na estrada BRAIA-INFANDRE. 

Região do BENIFO, local de possíveis cambanças do rio BRAIA, e base de fogos para possíveis flagelações a BRAIA ou MANSOA.Região de SANSANTO, que aproveita a cambança do FALÃ sobre o rio BRAIA, e de onde podem partir acções sobre CUTIA ou MANSOA e emboscadas sobre a estrada entre as duas povoações. 


- Região da ANHA, base de fogos para acções IN contra MANSOA e CUSSANÁ. 

- Região LOCHER-QUIBIR-DANA, corredor de infiltração do IN pa¬ra acções sobre MANSOA ou JUGUDUL. 

- Região POLIBAQUE-QUIBIR-DANA, corredor de infiltração do IN do SARA para acções sobre o ROSSUM e UAQUE e servindo ainda para as infiltrações destinadas a acções no Sector do COP 8 e ILHA de BISSAU. 

- Região de BIRONQUE, continuação do corredor de passagem do LAMEL para o MORÉS. 

- Região de MANHAU-MANTIDA, continuação do corredor de passagem do SITATO, para a região do SARA. 

- Região de MAMBONCÓ, corredor de passagem entre as regiões do SARA E OIO. 

(b) Observação

A observação é difícil em toda a ZA, em virtude da densidade, da vegetação. Apenas se consegue uma razoável observação, utilizando os meios aéreos. As características próprias da massa¬ combatente do IN que conhece bem o terreno em que actua, os objectivos bem definidos que os aquartelamentos OU as colunas auto da NT representam, conferem ao IN nítida vantagem no campo da observação.

(c) Obstáculos 

São os seguintes obstáculos dentro do Sector: 


Rio GEBA, em qualquer altura do ano. 

Rio MANSOA, em qualquer altura do ano, a jusante da ponte do CUSSANÁ. 

- Rio BRAIA e OLOM, em qualquer altura do ano, com excepção dos meses de FEVEREIRO a JULHO. 

- Restantes rios e bolanhas, só na época das chuvas entre os meses de AGOSTO e NOVEMBRO. 

(d) Cobertos e abrigos 

Toda a zona arborizada, confere apreciável cobertura, favorecendo o IN. 

(Fotos de Augusto Borges & Magalhães Ribeiro) 

(Foto 1 - Quartel de Mansoa), (Foto 2 -  Ponte sobre o Rio Mansoa), (Foto 3 - Heliporto),  (Foto 4 - Oficinas Mecânicas) e (Foto 5 - Instalações dos Comandantes 1º e 2º) 

(Enviado por Jorge Canhão – Ex-Fur. Milº da 3ª Cia do BCAÇ 4612/72) 

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Nota de M.R.: 

(*) Vd. poste anterior desta série em: