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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27203: Agenda cultural (900): Antestreia da série documental guineense "Martcha", do realizador e produtor Unkaff (pseudónimo de Onésio Caetano Soda, n. 1991): sexta, dia 12, 18h00, no Espaço Mbongi67, Praceta António Sérgio, nº 4, Queliuz



Cartaz da série documental "Martcha"




1. O realizador e produtor da série documental guineense "Martcha" teve a gentileza de nos mandar, já no passado dia 23 de agosto, o convite para assistir à sua antestreia. Infelizmente, não poderei estar presente (estou nas vindimas em Candoz, no Norte do País). Mas aqui vai a informação sobre a data e o local. O convite é dirigido a todos os amigos e camaradas da Guiné:

Data: 12 de setembro de 2025
Hora: 18h00
Local: Espaço Mbongi_67
Praceta António Sérgio, nº 4, Queluz
Entrada livre

2. A série documental "Martcha" dá voz a guineenses, cabo-verdianos e portugueses, reune memórias e testemunhos sobre a luta de libertação e a o papel histórico de Amílcar Cabral
.
Ao longo de três episódios — Iníciu (1950/66), Confrontu (1967/70) e Avansu (1971/74) — a série cruza arquivos históricos, resgata resistências e propõe uma narração feita de disputas, memória e humanismo.

Após a exibição, haverá uma conversa aberta com a equipa de produção e convidados especiais.


3. O realizador e produtor, Unkaff, é o pseudónimo de Onésio Caetano Soda, nascido em Bissau, Guiné-Bissau, em 8 de abril de 1991, é militar (com o posto de tenente), cineasta, escritor, ativista civico e sociólogo.

É  também-fundador e membro da Associação Kabaz Kultural, é membro da Comissão da
Recolha de Dados Históricos da Luta de Libertação Nacional do Estado-Maior General das Forças Armadas e mentor do projeto Nô Ambiente, Nô mamê.


É autor de:

  • filmes de curta-metragem: "Vozes de Mar" (2019) e "Lágrimas de SIDA" (2020);
  • ensaios:  "A Luta na Guiné:da luta pacífica à luta armada"  (2020); "A pequena Guiné e a sua grande história" (2022);
  • livro de contos: "Vidas em letras: contos de tempo nenhum em lado nenhures" (2021); 
  • artigo: "O papel do Museu Militar da Luta Libertação Nacional na formação da Consciência Histórica Guineense" (2021). 

__________________

Nota do editor LG:

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27174: Felizmente que ainda há verão em 2025 (29): Olha que não, Rosinha, olha que não... Sempre houve incêndios florestais no Portugal Mediterrânico... Mas há quem proponha que se corte as mãos aos incendiários...


edição de 9 de setembro de 1966. Reportagem de Joaquim Letria e Pedro Rafael Santos


1. Trágica efeméride: d
aqui a dias cumprem-se 59 anos sobre o incêndio que devastou 5 mil hectares (cerca de um terço da área plantada)  na Serra de Sintra e causou a morte a 25 militares do Regimento de Artilharia Antiaérea Fixa de Queluz.

Cinco mil hectares. Esta foi a área aproximada que ardeu no trágico incêndio que deflagrou na Serra de Sintra em setembro de 1966, um dos maiores e mais devastadores incêndios florestais da história da região.

O fogo, que teve início a 6 de setembro de 1966, lavrou durante vários dias, consumindo uma vasta mancha florestal, estimada em cerca de um terço da área arborizada da serra na altura. As chamas, impulsionadas por ventos fortes, alastraram rapidamente, ameaçando a vila de Sintra e marcos históricos e naturais.

Para além da imensa perda a nível de património natural, o incêndio de 1966 na Serra de Sintra ficou marcado, para sempre,  pela morte de 25 militares do Regimento de Artilharia Antiaérea Fixa de Queluz, que perderam a vida enquanto combatiam as chamas.

A tragédia teve um profundo impacto no país e levou a uma maior consciencialização sobre a necessidade de prevenção e combate a incêndios florestais em Portugal.

2. Disse o Fernando Ribeiro, em comentário ao poste P27166(*):

Antº Rosinha, em Portugal sempre existiram incêndios e sempre existirão, porque são uma forma de a Natureza se renovar. Não há volta a dar-lhe. 

O que não existia, era tantos eucaliptos e tantos pinheiros bravos, que ardem como palha, nem tanto despovoamento do interior. 

Em 1966, concretamente, morreram 25 militares no combate a um incêndio ocorrido na serra de Sintra. 

Durante as muitas caminhadas que fiz na serra de Sintra, aos fins de semana, estive mais do que uma vez no local onde eles morreram, que se situa perto do convento dos Capuchos. O local está assinalado por uma cruz e uma placa de mármore com os nomes das vítimas, e o terreno em volta estava totalmente desmatado. 

Para lá se chegar, sai-se de uma encruzihada próxima dos Capuchos, onde confluem as estradas para o palácio da Pena, para o convento dos Capuchos, para o Pé da Serra e para a Peninha. Sobe-se por uma "picada" que sai dessa encruzilhada no sentido do Monge (um túmulo pré-histórico) e que acaba por desembocar perto da Peninha. 

Os pormenores do trágico incêndio podem ser lidos aqui: 


3. De facto, sempre houve fogos florestais em Portugal ao longo dos séculos, não é só um fenómeno exclusivo da atualidade... 

Só por populismo, demagogia ou ignorância histórica se pode afirmar o contrário, nomeadamente nas redes sociais,  procurando-se tirar partido, emocional e politico-partidariamente, da tragédia que são sempre, todos os anos, os incêndios em Portugal e demais países de clima mediterrânico (Espanha, Sul de França, Itália, Grécia, etc.).

Mas em breve voltaremos à barbárie: cortem-se as mãos aos incendiários, já se ouve por aí... Ou, então, acabem-se com os isqueiros e as caixas de fósforos em Portugal. E até mais: encerrem-se as gasolineiras...

A afirmação
 de que sempre houve incêndios florestais em Portugal ao longo do séc. XX acaba por ser uma realidade histórica inegável. 

O que mudou, e muito,  foi perceção pública e a escala dos incêndios  nas últimas décadas. Estamos de acordo o Fernando Ribeiro.

E depois, é bom não esquecer (!),  havia quem, até aos 25 de Abril de 1974,  decidisse por nós, cidadãos de 2ª classe,  o que podíamos ler ou não nos jornais, ouvir ou não na rádio, ver ou não na televisão...

Os registos históricos confirmam que o fogo foi um elemento recorrente e transformador das paisagens rurais e florestais portuguesas durante todo o século passado e séculos anteriores.

Uma conjugação de fatores, desde políticas de florestação a profundas alterações socioeconómicas, moldou a história dos incêndios no país.

Os incêndios florestais em Portugal têm raízes históricas profundas e são resultado tanto de processos naturais quanto de atividades humanas de gestão do território ao longo dos séculos. 

Se olharmos para registos históricos, relatos de cronistas, arquivos municipais e até estudos de paleobotânica, vemos que os incêndios rurais e florestais existiram sempre, de Norte a Sul do país, associados a vários fatores.

(i) Registos históricos de incêndios florestais

Existem indicações de uso e ocorrência de fogos florestais que remontam a milhares de anos, detetados por depósitos de carvão com mais de 11 mil  na Serra da Estrela, associados a grandes incêndios ligados à ocupação humana e gestão agropastoril.

Desde a Idade do Bronze e do Ferro, o fogo foi utilizado para desflorestação e construção de novas áreas agrícolas, o que provocava incêndios regulares.

Registos escritos de municípios portugueses já no século XIV documentam preocupações e legislação para evitar incêndios em matas, particularmente zonas de sobreiros e azinheiras.

(ii) Incêndios notáveis nos séculos XIX e XX

No Pinhal de Leiria, registaram-se grandes incêndios, como os de 1806, 1814, 1818, 1824 (cerca de 4.000 ha), 1825 (cerca de 5.000 ha) e 1875 (cerca de 300 ha).

No séc. XIX, já se encontravam em vigor portarias e legislação para proteção florestal e combate às queimadas.

Desde a década de 1960, os incêndios passaram a ser mais frequentes, intensos e recorrentes.  

Tornam-se mais comuns a partir dos anos 1970 devido a profundas transformações sociais, demográficas e económicas (guerra do ultramar, emigração, expansão de áreas florestais, sobretudo de eucalipto, abandono rural, industrialização e urbanização do país, etc.).

Repare-se nestes dados:

1930 > Censo da população > 6 825 883 habitantes (Continente e Ilhas). Só 1 em cada cinco portugueses (19%) residia em cidades (594 mil em Lisboa, 232 mil no Porto e 485 mil nas restantes);

1950 > População activa: 3.2 milhões (50% no sector primário, 24% no sector secundário e 26% no sector terciário); por outro lado, mais de quarenta anos depois da instalação, por Alfredo da Silva, das primeiras fábricas de produtos químicos nos terrenos de aluvião da Margem Sul do Tejo, o complexo químico-industrial do Barreiro ocupava então uma área de 21 hectares; o maior grupo económico português era constituído por centena e meia de empresas e 10 mil trabalhadores.

1951 > Inauguração da barragem de Castelo de Bode, uma obra emblemática do Estado Novo e elemento-chave do plano de electrificação de 1944, e da industrialização do país; inaugurada, também nesse ano,  a ponte de Vila Franca de Xira, permitindo uma mais rápida ligação Norte-Sul.

(iii) O fogo como fenómeno mediterrânico natural

O fogo é considerado um fenómeno natural nos países do Mediterrâneo, tendo papel importante na dinâmica ecológica e na sucessão de algumas espécies vegetais. Factos a destacar:
  • o uso tradicional do fogo para renovação de pastagens e controle de vegetação sempre esteve presente na paisagem portuguesa e mediterrânica;
  • os pastores eram recorrentemente acusados de "incendiários";
  • clima mediterrânico. verões longos, quentes e secos,  favorecem a propagação do fogo;
  • práticas agrícolas tradicionais, como as queimadas para renovação de pastagens ou limpeza de terrenos, que muitas vezes saía fora de controlo;
  • trovoadas secas (factor a não negligenciar como causador de incêndios, tal como na Guiné);
  • descuidos e acidentes: desde tempos medievais há relatos de incêndios ligados a fogueiras,  produção de carvão, cal, forjas, etc. ou até relâmpagos;
  • estrutura da vegetação: matos, pinhais, sobreirais, giestais e eucaliptais (mais recentes) sempre foram combustíveis disponíveis; todavia, o coberto mediterrânico, com sobreiros, azinheiras e castanheiros é mais resistente ao fiogo.
Refira-se que o eucalipto foi introduzido em Portugal em meados do séc. XIX:  os  primeiros exemplares plantados em jardins e hortos botânicos destinavam-se a  fins... terapêuticos e científicos.

 Planta exótica, acabou por se tornar uma praga:  as plantações comerciais iniciaram na década de 1880, invadindo propriedades privadas e Matas Nacionais. 

 O Eucalyptus globulus tornou-se a espécie dominante (devido à sua boa adaptação ao nosso clima e ao seu rápido crescimento). (Passemos por cima do seu peso na economia portuguesa, na estrutura do emprego, etc.)

A diferença em relação ao passado, e no que diz respeito aos incêndios florestais,  é a escala, a frequência e o impacto socioeconómico:

  • antes, os fogos eram mais localizados, porque a floresta estava mais fragmentada entre campos agrícolas, baldios e áreas de pastoreio;
  • nos nossos dias, com o abandono rural, a continuidade de matos e florestas densas e a expansão do eucalipto e do pinheiro, o fogo alastra de forma muito mais rápida e devastadora.

Portanto, dizer que "só há incêndios hoje" é, de facto, uma mistificação histórica. O que mudou foi o contexto social, económico e ambiental, que faz com que os fogos atuais sejam mais extensos e difíceis de combater.
 
Aqui vão alguns exemplos documentados que ajudam a perceber que os incêndios florestais fazem parte da história de Portugal muito antes do século XX:

 
(iv) Portugal a ferro e fogo... Da Idade Média à Época Moderna

Séc. XIV

Nas Ordenações Afonsinas já aparecem normas para punir quem fizesse queimadas descuidadas que levassem a incêndios em montes e matos.

Séc. XV-XVI 

Há registos em cronistas e câmaras municipais de incêndios em pinhais e matos, sobretudo ligados à preparação de terras para agricultura ou pastoreio.

Pinhais de Leiria (plantados desde o reinado de D. Afonso III e expandidos por D. Dinis) sofreram incêndios várias vezes nos séculos XVI e XVII; há referências a fogo “que ardeu muitos pinheiros” e necessidade de reflorestação.

Séc. XVIII

O Terramoto de 1755 originou também incêndios urbanos e rurais que se estenderam a zonas florestais próximas de Lisboa e outras zonas atingidas.

Em 1792, um alvará régio regulava o uso do fogo em baldios e pastagens, por causa dos “grandes danos dos fogos desmandados que frequentemente incendeiam os matos e arvoredos”.

Séc. XIX

Há várias notícias em jornais da época sobre incêndios em pinhais, matas e serras. Por exemplo:

1824: referência a incêndios no Pinhal de Leiria; criação da AGMR (Administração Geral das Matas do Reino).

1843: notícia no Diário do Governo sobre fogos em matas nacionais.

1853: grandes incêndios em Trás-os-Montes e Beiras são relatados como “desgraças repetidas”;

1876: grandes incêndios no Alentejo;
 
1882/83:  grandes incêndios na Mata do Buçaco.

Desde o início do século XIX, existiam preocupações institucionais e técnicas sobre a gestão florestal e a prevenção de incêndios, especialmente com a criação em 1824 da AGMR e os trabalhos de campo e científicos de silvicultores como:

  • José Bonifácio de Andrada e Silva (fim do século XVIII / início do XIX); 
  • Bernardino António de Barros Gomes (1839–1910);
  • Adolfo Möller (formado na Alemanha, responsável pela arborização de margens do rio Mondego, na década de 1860).

Em resumo: podemos afirmar com segurança que os incêndios florestais sempre existiram em Portugal. 

O que acontece nos séc. XX e XXI é que, com o êxodo rural, a continuidade do coberto vegetal e a monocultura florestal (eucalipto), os fogos passaram a ser mais extensos e mais frequentes. E as preocupações com a sua prevenção já são não de agora.

 
(v) Incêndios florestais: uma constante na paisagem portuguesa do Séc. XX 

Embora a sistematização de dados sobre áreas ardidas só se tenha tornado mais rigorosa a partir da década de 1980, é possível delinear uma cronologia de eventos significativos que marcaram o século XX.

No início do século, os incêndios eram frequentes, mas muitas vezes de menor dimensão e mais ligados a práticas agrícolas e pastoris. 

A gestão do fogo fazia parte do quotidiano rural, sendo utilizado para a renovação de pastagens e limpeza de terrenos. No entanto, a falta de controlo resultava frequentemente em incêndios de maior escala.

A partir da década de 1960, a frequência e a dimensão dos grandes incêndios florestais começaram a aumentar de forma notória.

 Eventos como os incêndios em Vale do Rio/Figueiró dos Vinhos e Viana do Castelo (1961), na Serra de Sintra (1966) (que resultou na morte trágica de 25 militares) e na Serra de Monchique (1966), evidenciaram uma nova e mais perigosa realidade.

As décadas seguintes foram marcadas por uma escalada no número de ocorrências e na área ardida. 

O ano de 1986 assinala um marco sombrio, com o primeiro incêndio a ultrapassar os 10 mil  hectares. 

A partir daí, os "mega-incêndios" tornaram-se uma preocupação crescente, culminando em anos de extrema severidade já no final do séc. XX e no início do séc. XXI.


(vi) As Raízes do problema: causas e consequências

A omnipresença dos incêndios florestais em Portugal no séc. XX pode ser atribuída a um complexo de causas interligadas:
  • Políticas de Florestação: 
No Estado Novo nacionalizou baldios e implementou uma vasta campanha de florestação, com o objetivo de combater a erosão dos solos e aumentar a riqueza florestal do país. 

No entanto, a aposta em monoculturas de espécies de rápido crescimento e elevada inflamabilidade, como o pinheiro-bravo e, mais tarde, o eucalipto, criou vastas áreas contínuas de combustível, propícias à propagação de grandes incêndios.

  • O Êxodo rural e o abandono de terras: 
A partir de meados do século, a intensificação do êxodo rural para os centros urbanos e para o estrangeiro provocou uma profunda alteração na paisagem e na estrutura social do interior do país. 

O abandono de terras agrícolas e de práticas tradicionais de gestão do território levou à acumulação de matos e outro material combustível, tornando as florestas mais densas e perigosas.

  • Declínio da agricultura e pastorícia tradicionais: 
A diminuição da pastorícia extensiva (incluindo a transumância)  e da agricultura de subsistência, que anteriormente garantiam a limpeza de vastas áreas de mato, contribuiu significativamente para o aumento da carga de combustível nas florestas.

  • Fatores humanos: 
A esmagadora maioria das ignições teve origem humana, seja por negligência (queimadas mal controladas, fogueiras, foguetes lançados em festas e romarias, etc.) ou por ação intencional (fogo posto, piromaníacos, incendiários). 

A falta de sensibilização e de fiscalização foram fatores que potenciaram este problema ao longo de décadas.


(vii) A evolução (lenta) da prevenção e do combate

A resposta do Estado, das empresas e da sociedade aos incêndios florestais evoluiu de forma lenta e reativa ao longo do século XX.

Nas primeiras décadas, o combate aos incêndios era rudimentar, dependendo largamente da mobilização de populares, com meios escassos e pouco eficazes. 

A estrutura de bombeiros voluntários, embora fundamental, debatia-se com a falta de formação e de equipamentos adequados para fazer face a grandes incêndios florestais.

A tragédia da Serra de Sintra em 1966 foi um ponto de viragem que expôs as fragilidades do sistema de combate e alertou para  a necessidade de uma estrutura mais bem organizada. 

No entanto, só nas últimas décadas do século se assistiu a uma aposta mais significativa na:

  • profissionalização dos bombeiros;
  • criação de corpos especializados;
  • aquisição de meios terrestres e aéreos mais sofisticados.

As políticas de prevenção também tardaram em ser implementadas de forma eficaz. A aposta centrou-se durante muito tempo no combate, em detrimento de uma gestão florestal integrada que promovesse a descontinuidade dos combustíveis e a criação de mosaicos agrícolas e florestais mais resilientes ao fogo.

Em suma, a história dos incêndios florestais em Portugal no século XX é a crónica de uma paisagem em transformação, marcada por decisões políticas, mudanças sociais profundas e uma crescente vulnerabilidade ao fogo, agravadas pelas alterações climáticas. 

A afirmação de que "sempre houve incêndios" é, portanto, um ponto de partida para a compreensão de um problema complexo e multifacetado que continua a desafiar o país no presente e no futuro imediato. (**)


(Pesquisa: LG | Assistente de IA / ChatGPT, Gemini, Perplexity)

(Revisão / fixação de texto, negritos e itálicos: LG)
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Notas do editor LG:

(*) Vd. poste de 30 de agosto de 2025 Guiné 61/74 - P27166: Os 50 anos da independência de Cabo Verde (9): Secas e fomes levaram ao longo do séc. XX à morte de mais de 100 mil pessoas

sábado, 11 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23343: Os nossos seres, saberes e lazeres (507): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (54): Os jardins esplendentes do Palácio Nacional de Queluz - 3 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Março de 2022:

Queridos amigos,
Se é facto que o Palácio Nacional de Queluz tem em si muito para ver, lá fora estão os jardins, elaborados para cenário de festas da Família Real, qualquer coisa como 20 hectares da antiga Quinta Nacional de Queluz, circundando o palácio fica-nos o assombro de constatar como estes jardins formam unidade com o edifício, não foi por acaso que as fachadas palatinas se prolongam em jardins de aparato, e assim podemos ir ao antigo jardim botânico, passar pelo jogo da pela, deambular pela Cascata Grande, o Lago das Conchas, o Jardim de Neptuno, o Lago da Nereida, passar pelo Pórtico da Fama, descer ao Canal dos Azulejos, daqui contemplar as Escadaria dos Leões e o Pavilhão Robillion, enfim, então pode dizer-se que a visita ficou quase completa, e diz-se quase porque ainda não se visitou o palácio, fica feita a promessa que em breve acontecerá.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (54):
Os jardins esplendentes do Palácio Nacional de Queluz – 3


Mário Beja Santos

Não há visita ao Palácio Nacional de Queluz que não culmine por passear pelos belos jardins, aliás ao percorrermos a Sala do Trono, a Sala de Música ou a Sala dos Embaixadores, é inevitável não darmos uma espiada sobre o Jardim de Malta, as estátuas de John Cheere, a magnificência dos jardins superiores, descer ao Canal de Azulejos, visitar a Alameda do Lago das Medalhas, passar pelo Pórtico da Fama e a Cascata Grande. É, o que de certo modo, e com muita satisfação, se pretende mostrar ao leitor.
Pan com a sua flauta e o seu especial sorriso malicioso
Quem percorre a região das estufas, todas elas recuperadas, contempla uma bela azulejaria onde se acolhem canteiros, o que há de mais surpreendente é que o motivo é sempre igual e nunca cansa, tal a festividade do colorido.
A estufa de ananases

Já se observou que esta Quinta Real de Queluz tinha três tipos de espaços verdes: a zona agrícola, o parque e os jardins superiores, funcionando como prolongamento dos salões do palácio. Depois do Jardim da Malta, temos os Jardim Pênsil ou Neptuno. Descendo, à esquerda e ao fundo podemos ir visitar as estufas e a Cascata Grande. Por ora queremos mostrar o Canal de Azulejos, uma das obras mais notáveis do Palácio Nacional de Queluz. Foi construído por volta de 1756, tinha por objetivo canalizar o curso da ribeira do Jamor, mas foi preciso recorrer à abertura de minas e à construção de aquedutos e reservatórios. Montou-se um sistema de comportas de ferro, a água era represada, durante o verão, de modo a encher todo o canal formando um extenso lado artificial que permitia aos membros da Família Real aqui andarem de barco. Interiormente o canal era revestido de azulejos azuis e brancos. Como iremos ver, os temas tratados são diversos: torres, castelos, galeões e bergantins, portos de mar, paisagens. No exterior, as paredes estão recobertas de painéis azuis solares, policromados, basta ver a imagem seguinte, os temas decorativos agora são diferentes: cenas galantes, palacianas e de caça.
Exemplos do revestimento azulejar exterior do Canal de Azulejos
Exemplos do revestimento interior do Canal de Azulejos. No início do século XX, o rei D. Carlos ou a rainha D. Amélia incumbiram dois artífices de restaurar os azulejos do canal. Por essa altura foram colocados ao longo do canal vasos de faiança azul e branca e que são réplicas dos que se encontram no Jardim Pênsil. Ao longo do percurso da ribeira do Jamor foram plantadas amoreiras. O aproveitamento lúdico do canal e dos espaços envolventes levou a que existisse na parte central do canal uma casa de música.
Antes de percorrer a Alameda do Lago das Medalhas temos este elegantíssimo lago e a estátua de Caim matando Abel
Segundo se crê, esta alameda constituiria o eixo central a partir do qual teriam sido estruturados os jardins da casa de campo dos marqueses de Castelo Rodrigo, herdeiros de Cristóvão de Moura, o primeiro proprietário da Quinta de Queluz. É a alameda mais extensa destes jardins, tendo o seu arranque no largo onde se encontra o conjunto escultórico, que vimos na imagem anterior, da autoria de John Cheere, Caim matando Abel. É um percurso que termina no Tanque do Curro, antes passasse pelo Lagos das Medalhas e pela Fonte de Neptuno
Andando pelo Canal dos Azulejos temos em frente a Escadaria dos Leões e o Pavilhão Robillion. Por aqui se fazia o acesso principal ao Palácio de Queluz, sendo os visitantes conduzidos depois à Sala dos Embaixadores. Não deixa de surpreender a forte componente cenográfica, é uma escadaria de três lances divergentes, forma como Robillion encontrou solução para resolver o problema do desnível de cotas entre o palácio e a parte baixa do jardim, atenda-se à grande elegância da escadaria, à decoração com vasos de flores e estátuas de pedra.

Assim se põe termo a este percurso um tanto à la minuta pelos jardins, não se visitaram as hortas nem se contemplou a Cascata Grande nem se entrou no Pavilhão de D. Maria, hoje residência dos chefes de Estado estrangeiros em visita oficial a Portugal (foi no passado a residência de verão de Marcello Caetano). Fica para a próxima, ainda não se visitou, com o desvelo necessário, o interior do palácio, é um itinerário que já está em agenda.

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Nota do editor

Último poste da serie de 4 DE JUNHO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23324: Os nossos seres, saberes e lazeres (506): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (53): Os jardins esplendentes do Palácio Nacional de Queluz - 2 (Mário Beja Santos)

sábado, 4 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23324: Os nossos seres, saberes e lazeres (506): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (53): Os jardins esplendentes do Palácio Nacional de Queluz - 2 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Março de 2022:

Queridos amigos,
Deambulando nos jardins superiores, nas estufas, nos lagos, no Canal dos Azulejos, sente-se em permanência a perfeita articulação entre o palácio e estas soberbas áreas de lazer, que adquiriram uma atmosfera cenográfica incomparável, é uma envolvência perfeita, aliás os arquitetos conceberam uma ligação entre as janelas dos diferentes edifícios e o esplêndido parque. É esse o percurso que vamos fazer, nos diferentes níveis dos jardins que nos tempos do primeiro proprietário, Cristóvão de Moura, ajuntara à Quinta imensas hortas, tudo somado cerca de 30 hectares. E visita-se com satisfação estes jardins onde houve sábias intervenções, as estátuas de John Cheere foram restauradas e aos poucos o Canal dos Azulejos vai sendo recuperado, e as estufas são uma beleza.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (53):
Os jardins esplendentes do Palácio Nacional de Queluz – 2


Mário Beja Santos

Quando se iniciou a visita aos jardins do Palácio Nacional de Queluz, adiantou-se de que o edifício é um dos exemplos mais notáveis da arquitetura portuguesa de Setecentos, havia aqui a quinta e a casa de Queluz, fora propriedade de Cristóvão de Moura, com a Restauração passou para a posse do 1.º Senhor do Infantado, o Infante D. Pedro, subirá ao trono anos mais tarde, daí as transformações e remodelação que se iniciou em 1747, sob a direção do arquiteto Mateus Vicente de Oliveira. Bisbilhotou-se o Palácio, a Sala do Trono e a Sala de Música, o nosso fito eram os jardins, que têm felizmente conhecido uma boa requalificação, houve intervenções nas estufas, no Canal de Azulejos, temos hoje magníficos jardins de aparato, que era o cenário de festas e passatempos da Família Real. Tempos virão para percorrer mais demoradamente o interior do Palácio, há para ali aposentos deslumbrantes, como a Sala dos Embaixadores e o Quarto de D. Quixote ou a Sala das Merendas. Antes de passar para os jardins superiores veja-se o Pavilhão da Rainha D. Maria I, mais tarde foi a residência oficial de verão de Marcello Caetano.

Escultura de John Cheere, Vertumno e Pomona (Deus dos Jardins e a Deusa da Abundância dos Frutos)

Já se fez menção ao magnífico acervo das estátuas de John Cheere, foram executadas na oficina deste escultor inglês em Hyde Park Corner, estatuária de chumbo. Escreve-se no livro de Margarida de Magalhães Ramalho: “Muito utilizado em Inglaterra para decorações de exterior, quer de fachadas quer de jardins, este tipo de estátuas tinha larga vantagem sobre as de bronze e/ou de pedra. Eram de fácil reprodução, tinham acabamentos excelentes e eram muito mais baratas. Tendo em conta que os jardins à francesa, tão utilizados nesta época, exigiam uma decoração rica em estatuária, é fácil imaginar o sucesso que estas peças em chumbo acabaram por ter, tanto mais que podiam ser pintadas de modo a imitar materiais mais nobres, como o mármore ou o bronze.” Há igualmente estatuária em pedra, com temas mitológicos ou clássicos: Vénus e Adónis, Eneias e Anquises, Baco e Ariadne, é uma estatuária que tem sido recuperada como recuperado o sistema hidráulico do tanque da cascata, tudo obra dos então Instituto dos Museus e da Conservação e do Instituto Português do Património Arquitetónico.

Temos aqui uma vista dos jardins superiores, tudo impecavelmente restaurado.
Uma das imagens do Pórtico da Fama, a Fama montando o seu cavalo Pégaso, já estamos no Jardim Pênsil.
Estamos agora a caminho do Jardim Pênsil, desceu-se a Escadaria dos Leões, passámos pelos grupos escultóricos de John Cheere e temos mais adiante o Canal de Azulejos, passou-se o Pórtico da Fama, entra-se nos jardins superiores, nesta alameda temos uma boa perspetiva do Pavilhão Robillion.
Pormenor do jardim
Em tempos idos, a visita aos Jardins de Queluz compreendia o Lago de Neptuno, o Lago das Conchas, a Cascata Grande, o Jardim do Labirinto e algo mais, antes de chegarmos ao Canal dos Azulejos e regressar pelo Pavilhão Robillion. Entretanto foram recuperadas as belas estufas, são visitáveis, ali se podem admirar ananases, num espaço ajardinado com muito bom gosto.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 28 DE MAIO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23304: Os nossos seres, saberes e lazeres (505): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (52): Os jardins esplendentes do Palácio Nacional de Queluz - 1 (Mário Beja Santos)

sábado, 28 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23304: Os nossos seres, saberes e lazeres (505): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (52): Os jardins esplendentes do Palácio Nacional de Queluz - 1 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 5 de Março de 2022:

Queridos amigos,
Desta feita incursão é aos jardins do Palácio Nacional de Queluz, os restauros e as intervenções neste espaço merecem calorosas salvas de palma, sustiveram-se escandalosas ruínas nos azulejos, era uma degradação deplorável, atentatória de um espaço inserido num monumento nacional, os jardins reavivam-se, tal como as estufas, mas ainda há muito para fazer. Aproveita-se a oportunidade para uma referência de apresentação daquele que é o mais importante exemplar de arquitetura palaciana portuguesa associado à vida cortesã, que marcou a segunda metade do século XVIII. Só se vai bisbilhotar a Sala do Trono e Sala da Música, a visita ao palácio fica para mais tarde, é uma magnificência que merece ser vista com bastante cuidado, basta pensar na Sala dos Embaixadores, na Sala das Merendas, no Quarto D.Quixote, nos aposentos régios, inclusive no Pavilhão D. Maria. Por ora, confina-se a viagem aos jardins superiores, as surpresas sucedem-se em catadupa.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (52):
Os jardins esplendentes do Palácio Nacional de Queluz - 1

Mário Beja Santos

Para chegar aos belos jardins de Queluz, há que entrar em espaço palatino, um bilhete de apresentação não vem a despropósito. Palácio e jardins estão situados a 12 km de Lisboa e a 15 do centro histórico de Sintra, o edifício é um exemplo notável da arquitetura portuguesa de Setecentos, aqui viveu a Corte, sobretudo no período estival, nenhum visitante ficará insensível às salas de aparato do que foi uma residência real. Aqui se pode ficar com uma bela perspetiva sobre a coleção de artes decorativas portuguesas e europeias. E saindo do edifício é nos jardins que encontramos um cenário entre o fantasioso e o sofisticado, aqui se realizaram festas e passatempos com um enquadramento fora de série, marcado pela Fachada de Cerimónias, a Cascata Grande, o Pavilhão Robillion e o Canal de Azulejos. Como escreve Isabel Cordeiro num livro de divulgação sobre este palácio, da autoria de Margarida de Magalhães Ramalho, “Passeando nos jardins de aparato, ou por entre as alamedas de buxo e bosquetes, encontramos temas galantes e da mitologia clássica que a estatuária italiana e as esculturas de John Cheere retratam; o Canal de Azulejos remete-nos para um passeio por paisagens campestres e portos de mar; os lagos e fontes surpreendem-nos com a delicada harmonia dos jogos de água”. Entra-se, pois, no palácio, percorremos algumas divisões de acolhimento onde não faltam frescos magníficos e chega-se à Sala do Trono, merece contemplação demorada.


De todas as salas do palácio, é a de maior aparato, mesmo desprovida de mobiliário. Foi concebida para o casamento de D. Pedro com a futura rainha D. Maria I, é um amplo salão que abre diretamente sobre os jardins, tudo desenhos de Jean-Baptiste Robillion, espelha a imponente sala o gosto regência-rococó, que se desenvolveu em França nos reinados de Luís XIV e Luís XV. Deve-se esta magnificência aos aspetos decorativos, ali prepondera a talha dourada. Há logo a perceção de que a decoração é leve, desenvolvendo-se delicadamente ao longo das paredes, portas e pilastras. Nos quatro cantos, elegantes Atlantes dourados como que suportam o teto. O teto é de fundo branco com pinturas e harmoniosos desenhos em dourado.
Aqui já se espreita a Sala de Música, uma das que se manteve praticamente inalterada até hoje. A dinastia dos Bragança teve melómanos exigentes, e até músicos e compositores, caso de D. João IV e D. Luís. A sala é decorada a talha dourada com motivos alusivos à função, é também conhecida por Sala das Serenatas, já que aqui se realizavam, quando a Corte estava presente, concertos e serões musicais.
Estamos agora nos jardins superiores, e vale a pena tecer alguns comentários. A Quinta Real de Queluz tinha três tipos de espaços verdes: a zona agrícola, o parque e os jardins superiores. É o que estamos a ver logo na primeira imagem. Foram desenhados por Jean-Baptiste Robillion e funcionaram como prolongamento dos salões do palácio. Foram palco de inúmeras festas, de danças, teatros, concertos, jogos e espetáculos de pirotécnica. São dois os jardins superiores, o de Malta e o Pênsil. Também conhecido por jardim Neptuno, este último desenvolve-se a partir da Fachada de Cerimónias.
Os jardins do Palácio Nacional de Queluz possuem o maior acervo de estátuas de John Cheere (1709-1787) fora de Inglaterra. Entre 1755 e 1756 o futuro rei D. Pedro III encomendou ao escultor inglês estatuária de chumbo para decorar os jardins do seu palácio. Muito utilizado em Inglaterra para decorações de exterior, quer de fachadas quer de jardins, este tipo de estátuas tinha larga vantagem sobre as de bronze e/ou de pedra. Eram de fácil reprodução, tinham acabamentos excelentes e eram muito mais baratas. A escolha do futuro monarca irá refletir o gosto da época: um melting pot onde se podiam encontrar figuras da mitologia clássica, animais exóticos, figuras da Commedia dell’Arte e personagens do quotidiano real. As figuras mitológicas eram pintadas a branco imitando ou mármore ou o dourado. Em 2003, por iniciativa do World Monuments Fund, uma organização internacional vocacionada para a preservação do património a nível mundial, concretizou-se o restauro das esculturas de John Cheere.
Lago de Neptuno, no Jardim Pênsil

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE MAIO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23281: Os nossos seres, saberes e lazeres (505): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (51): A região de Sintra numa exposição de Alfredo Keil (Mário Beja Santos)

terça-feira, 19 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23181: Efemérides (365): Passaram 97 anos da Revolta de 18 de Abril de 1925, em que participou o meu pai (Carlos Pinheiro, ex-1.º Cabo TRMS/QG/CTIG)


1. Em mensagem de 18 de Abril de 2022, o nosso camarada Carlos Pinheiro (ex-1.º Cabo TRMS Op MSG, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70), conta-nos que o seu pai, Joaquim Branco Pinheiro, há 97 anos, participou na Revolta de 18 de Abril de 1925, também conhecida como Golpe dos Generais:


Faz hoje 97 anos que o meu pai andava metido na Revolução do 18 de Abril de 1925.

Era militar no Grupo de Baterias de Artilharia a Cavalo, de Queluz, cujo Comandante era um Botelho Moniz.
Saíram para a rua, juntamente com outras Unidades, mas foram derrotados e o golpe falhou.
Foram todos presos para o Castelo de S. Jorge e depois, presos, ainda, foram para Vendas Novas onde juraram bandeira pela segunda vez.

A cena repetiu-se no 28 de Maio de 1926, perderam a revolução, foram presos para o Castelo de S. Jorge novamente e foram também para Vendas Novas onde juraram Bandeira mais uma vez.

Em anexo vai uma foto da equipa junto da peça de artilharia.
O meu pai, Joaquim Branco Pinheiro, nascido em Alcanena em 8 de Maio de 1904, é o terceiro na foto a contar da esquerda.

Era o tempo daquele tempo.

Carlos Pinheiro

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Nota do editor

Último poste da série de 17 DE ABRIL DE 2022 > Guiné 61/74 - P23176: Efemérides (364): Tempo de recordar - Guerra Colonial, O Calvário de Uma Geração - 50 anos decorridos sobre a tragédia de Quirafo, 17 de Abril de 1972 (Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf)

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15975: O meu álbum de fotografias (António Bastos, ex-1.º Cabo do Pelotão de Caçadores 953, Cacheu, Bissau, Farim, Canjambari e Jumbembem, 1964/66) - Parte II: Juramento de bandeira, Queluz, 1964


Foto nº  9A  > O Bastos no dia do juramento de bandeira, Queluz, 1964


Foto nº  5 > O Bastos nas provas finais na Fonte da Telha,  princípios de 1964


Foto nº 7A > Tropas em desfile, Queluz 1964


Foto nº 9 >  Dia de juramento de bandeira, Queluz, 1964


Foto nº 8 > Desfile das tropas no dia do juramento de bandeira, Queluz, 1964


Foto nº 7 >  Desfile de tropas, no dia do juramento de bandeira, Queluz 1964

Fotos (e legendas): © António Bastos (2016). Todos os direitos reservados.


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do António Bastos  [ex-1º Cabo do Pelotão de Caçadores 953, Cacheu, Bissau, Farim, Canjambari e Jumbembem, 1964/66] (*)

Recorde-se que o Bastos assentou praça no RAAF de Queluz, em 12 de janeiro 1964, sendo depois "transferido para uma Bateria que existia em Porto Btandão",onde fez a recruta. Jurou bandeira em Queluz. As fotos que publicamos são alusivas a esse dia (exceto a nº 5).