1. Há dias (30 de Junho de 2005) tinha feito um desafio aos nossos homens das transmissões (Op TRMS):
"Castro, Afonso Sousa, Luís Carvalhido: Gostava de saber mais sobre o vosso trabalho que eu hoje valorizo mais do que na época… Nós, operacionais, só dávamos valor aos pessoal de transmissões em três situações: (i) quando o rádio não funcionava e entrava tudo em pânico; (ii) quando era preciso pedir apoio aéreo; (iii) quando havia uma evacuação Y… Quanto ao resto, achávamos que o furriel de transmissões , o gajo da ferrugem, o ladrão do vagomestre e o pastilhas não passavam de uns turistas em férias... Nada mais injusto. Todos eram precisos, todos fazíamos parte de uma equipa…
"Vocês devem ter estórias, mais dramáticas ou mais engraçadas, a respeito do vosso trabalho, da sorte e do azar com as transmissões… Se se lembrarem, escrevam. Um abraço, Luís.
2. Respondeu-me de imediato o Sousa de Castro:
É verdade... Éramos considerados uns gajos que não faziamos nada, não alinhávamos para o mato e que só sabiamos causar interferências na telefonia. Só se lembravam dos TRMS quando iam para operações, aí perguntavam sempre ao Castro:
- Qual é a Bateria que está em melhores condições ? - Neste aspecto confiavam só em mim. Curiosamente a especialidade de radiotelegrafista foi um trabalho que me dava muito gozo.
Quanto a estórias, lembro-me de assistir pela rádio quando Guidage sofreu um violento ataque, creio que foi em Maio 1973. Consegui sintonizar o AN-GRC9 e através do indicativo ficámos a saber onde era o ataque.
Lembro-me de o OP TRMS de Guidage a chorar, pedir apoio aéreo a Bissau e de um momento para outro ficar sem comunicações, supostamente as antenas terão sido destruídas. Mais tarde constou-se que os guerrilheiros do PAIGC levavam as nossas viaturas e nossos homens para o Senegal e por ordens do COM-CHEFE a nossa aviação, para libertar o quartel de Guidage e evitar a deslocalização para o Senegal das nossas viaturas, bombardeou a torto e a direito. Dos vinte e tal mortos que a nossa tropa sofreu não sabemos se muitos deles não teriam sido provocados pelas nossas forças.
Para além disto recordo ter detectado uma mistificação na rede que originou a mudança imediata de todos indicativos na Guiné.
Um Abraço.
Sousa de Castro.
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 9 de julho de 2005
sexta-feira, 8 de julho de 2005
Guiné 6374 - P97: Op Mar Verde (invasão de Conacri) (1) (Afonso Sousa)
1. Pergunta o Afonso Sousa (CART 2412, Bigene, Binta, Guidage, Barro, 1968/70) ao Carlos Fortunato (CCAÇ 13, Bolama, Bissorã, Encheia, Biambi, Binar, 1969/71) (que recentemente nos disse ter participado na Op Mar Verde, mas que não chegou a desembarcar em Conacri porque entretanto a operação fora abortada):
A Op Mar Verde foi abortada? Então não foi com esta operação que se conseguiu a libertação dos prisioneiros portugueses que estavam em Conacri? Até comentámos aquela foto [do álbum de fotografias do Amílcar Cabral, que foi oferecido à Fundação Mário Soares] onde são vistos alguns a jogar futebol e alguém terá lembrado que foram posteriormente libertados na Op Mar Verde.
Aliás, sobre isto, o Marque Lopes esclareceu-nos: "Sobre a fotografia de prisioneiros a jogar à bola em Conacri, é natural que algum seja da CART 1690 [Geba, 1967/69], pois eram os que estavam lá em maior número. No entanto, é difícil distingui-los nessa fotografia. Para saberem o que foi a vida deles em cativeiro leiam o livro Memórias de Um Prisioneiro de Guerra, publicado pela editora Campo das Letras em Outubro de 2003 (...). O seu autor é o ex-alferes miliciano António Júlio Rosa (agora professor de Educação Física), que foi aprisionado pelo PAIGC na zona de Tite, no dia 1 de Fevereiro de 1968. Lá esteve até ao dia da libertação da Op Mar Verde. É um relato simples, sem literatura. Vale a pena ler, sobretudo nós que compreendemos tudo aquilo".
Desculpem a ignorância, mas o Carlos Fortunato poderia deixar algum esclarecimento sobre isto. Afonso Sousa
2. Resposta do Carlos Fortunato:
A Operação Mar Verde foi uma invasão de um país [Guiné-Conacri]com o objectivo de tomar o poder, que não foi levada até ao fim. A primeira fase da invasão não foi bem sucedida, apesar de se terem atingido alguns dos objectivos, como a libertação de prisioneiros.
O que eu referi é que a minha companhia [CCAÇ 13 - Os Leões Negros] fazia parte da segunda onda de assalto, que não chegou a avançar, e que esta história ainda tem muito para contar, e eu não a conheço totalmente, mas gostaria de conhecer, pois penso que foi a missão mais espetacular realizada.
O pouco que sei sobre itso está sucintamente descrito no site da companhia, que foi elaborado por mim, e que fala do assunto, quando se refere à nossa permanência em Bissau.
Se quiserem dar uma vista de olhos, cliquem:
CCAÇ 13 - Os Leões Negros
Carlos Fortunato
3. Se quiserem saber mais sobre a Op Mar Verde, há aqui uma sugestão do Jorge Santos:
Associação Nacional de Cruzeiros (ANC) > Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa > Conakry, 22 de Novembro de 1970
A Op Mar Verde foi abortada? Então não foi com esta operação que se conseguiu a libertação dos prisioneiros portugueses que estavam em Conacri? Até comentámos aquela foto [do álbum de fotografias do Amílcar Cabral, que foi oferecido à Fundação Mário Soares] onde são vistos alguns a jogar futebol e alguém terá lembrado que foram posteriormente libertados na Op Mar Verde.
Aliás, sobre isto, o Marque Lopes esclareceu-nos: "Sobre a fotografia de prisioneiros a jogar à bola em Conacri, é natural que algum seja da CART 1690 [Geba, 1967/69], pois eram os que estavam lá em maior número. No entanto, é difícil distingui-los nessa fotografia. Para saberem o que foi a vida deles em cativeiro leiam o livro Memórias de Um Prisioneiro de Guerra, publicado pela editora Campo das Letras em Outubro de 2003 (...). O seu autor é o ex-alferes miliciano António Júlio Rosa (agora professor de Educação Física), que foi aprisionado pelo PAIGC na zona de Tite, no dia 1 de Fevereiro de 1968. Lá esteve até ao dia da libertação da Op Mar Verde. É um relato simples, sem literatura. Vale a pena ler, sobretudo nós que compreendemos tudo aquilo".
Desculpem a ignorância, mas o Carlos Fortunato poderia deixar algum esclarecimento sobre isto. Afonso Sousa
2. Resposta do Carlos Fortunato:
A Operação Mar Verde foi uma invasão de um país [Guiné-Conacri]com o objectivo de tomar o poder, que não foi levada até ao fim. A primeira fase da invasão não foi bem sucedida, apesar de se terem atingido alguns dos objectivos, como a libertação de prisioneiros.
O que eu referi é que a minha companhia [CCAÇ 13 - Os Leões Negros] fazia parte da segunda onda de assalto, que não chegou a avançar, e que esta história ainda tem muito para contar, e eu não a conheço totalmente, mas gostaria de conhecer, pois penso que foi a missão mais espetacular realizada.
O pouco que sei sobre itso está sucintamente descrito no site da companhia, que foi elaborado por mim, e que fala do assunto, quando se refere à nossa permanência em Bissau.
Se quiserem dar uma vista de olhos, cliquem:
CCAÇ 13 - Os Leões Negros
Carlos Fortunato
3. Se quiserem saber mais sobre a Op Mar Verde, há aqui uma sugestão do Jorge Santos:
Associação Nacional de Cruzeiros (ANC) > Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa > Conakry, 22 de Novembro de 1970
quinta-feira, 7 de julho de 2005
Guiné 63/74 - P96: Salgueiro Maia, director de jornal de caserna (Jorge Santos)
1. Texto do Jorge Santos(ex-Fuzileiro Naval em Moçambique, em 1969/71, estudioso da guerra colonial e autor da excelente página Guerra Colonial Portuguesa):
Esta relação [de jornais militares da Guiné] já tinha enviado para o Sousa de Castro.
Para mim, tem bastante interesse, pois já na altura havia pessoal que arriscava na escrita, e mesmo lá [no teatro de operações da GUiné] sempre liguei aos Jornais de Caserna.
Alguns podem ser consultados no Arquivo Geral do Exército. E pode ser que apareça alguém com alguma informação de um jornal que não conste na lista.
Ao fim e ao cabo é algo que também faz parte das nossas vidas e das nossas memórias. Depois envio capa de jornais com indicação das unidades.
2. Comentário de L.G.: Participei, durante a minha instrução de especialidade de Apontador de Armas Pesadas, em Tavira, na elaboração de um jornal de caserna, em 1968. Havia uma pequena equipa redactorial. O comandante da unidade zelava pela orientação editorial do jornal. Recordo-me de um belo dia ele obrigar-nos a mandar para o lixo uma edição dedicada à II Guerra Mundial e ao nazifascismo. O argumento do censor-mor era de peso:
- Para guerra, já basta a nossa, a do Ultramar!
Das três capas (ou folhas de rosto) de jornais de caserna enviadas pelo Jorge Santos (Manga de Ronco, Os Progressistas, Zoé) seleccionei Os Progressistas, por uma razão particular, histórica e até afectiva: (i) era um quinzenário de "divulgação, cultura e recreio" da Companhia de Cavalaria 3420, que esteve em Bula, no ano de 1971; (ii) o director era o respectivo comandante, o capitão de cavalaria Fernando J. Salgueiro Maia, o Salgueiro Maia (1944-1992) de quem Carlos Loures escreveu, no sítio Vidas Lusófonas, o seguinte:
"Salgueiro Maia, soldado português que à frente de 240 homens e com dez carros de combate da EPC avançou em 25 de Abril de 1974 sobre Lisboa, ocupou o Terreiro do Paço levando os ministros de um regime ditatorial de quase 50 anos a fugir como coelhos assustados, cercou o Quartel do Carmo obrigando Marcelo Caetano a render-se e a demitir-se. Atingiu o posto de tenente-coronel, recusou cargos de poder. É o mais puro símbolo da coragem e da generosidade dos capitães de Abril".
© Jorge Santos (2005)
Salgueiro Maia foi, além disso, meu colega, no ano lectivo de 1975/76, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCPS), embora eu pouco ou quase nada privasse com ele, porque eramos de cursos diferentes (eu, de ciências sociais; ele, de antroplogia), com o estatuto de trabalhadores-estudantes. Íamos às aulas à noite e a algumas Reuniões Gerais de Alunos (RGA), numa altura em que o ISCSP passava por um período de vida muito conturbado (saneamento de praticamente todos os docentes com assento no Conselho Científico...), o que levou no final do ano lectivo de 1975/76 (ou nas férias...) ao seu encerramento, por ordem do então Ministro da Educação Sottomayor Cardia e ao consequente início de um duro processo de luta estudantil contra a tutela e o regresso das múmias (como, depreciativamente, eram então chamados os professores, alvo de saneamentos selvagens, de natureza claramente político-ideológica).
3. Não me lembro na Guiné, no meu tempo de comissão (1969/71), de ter visto (e muito menos participado na elaboração de) jornais de caserna. A CCAÇ 12 não tinha caserna, éramos uma unidade de intervenção, composta por soldados africanos e quadros metropolitanos, vivendo em casa emprestada (os nossos soldados africanos, desarranchados, dormiam na tabanca de Bambadinca e não dentro do perímetro do aquartelamento)... Diferente era a situação das unidades de quadrícula (por exemplo, no Xime, Mansambo, Xitole). O jornal de caserna podia ser uma forma interessante de manter alto o moral das tropas e fazer a ligação com a Metrópole.
De qualquer modo, esta faceta do Salgueiro Maia, como director de um jornal de caserna chamado Os Progressistas( CCAV 3420, Bula, 1971), é capaz de ser um aspecto menos conhecido do seu currículo. Fico com curiosidade em saber, um dia, o que se dizia e não dizia nesse quinzenário, muito provavelmente em formato A4 e feito a stencil...
4. Já em tempos eu tinha comunicado com o Jorge Santos, felicitando-o pelo cancioneiro do Niassa, inserido na página dele (só por isso, pelo trabalho de recolha e de divulgação das canções proibidas da guerra colonial em Moçambique, ele merecia uma estátua!) e pedir-lhe autorização para reproduzir alguns dos versos dessas cantigas de caserna no meu blogue... (Vd. meu post, de 11 de Maio de 2004: Blogantologia(s) - XI: Guerra Colonial: Cancioneiro do Niassa)
Voltei, entretanto, a dar-lhe os parabéns pela sua página (que é uma referência e um sítio obrigatório, para todos nós) e já pus o seu nome na nossa tertúlia... Mesmo sendo moçambicano, ele será bem acolhido por todos nós, guinéus.
Esta relação [de jornais militares da Guiné] já tinha enviado para o Sousa de Castro.
Para mim, tem bastante interesse, pois já na altura havia pessoal que arriscava na escrita, e mesmo lá [no teatro de operações da GUiné] sempre liguei aos Jornais de Caserna.
Alguns podem ser consultados no Arquivo Geral do Exército. E pode ser que apareça alguém com alguma informação de um jornal que não conste na lista.
Ao fim e ao cabo é algo que também faz parte das nossas vidas e das nossas memórias. Depois envio capa de jornais com indicação das unidades.
2. Comentário de L.G.: Participei, durante a minha instrução de especialidade de Apontador de Armas Pesadas, em Tavira, na elaboração de um jornal de caserna, em 1968. Havia uma pequena equipa redactorial. O comandante da unidade zelava pela orientação editorial do jornal. Recordo-me de um belo dia ele obrigar-nos a mandar para o lixo uma edição dedicada à II Guerra Mundial e ao nazifascismo. O argumento do censor-mor era de peso:
- Para guerra, já basta a nossa, a do Ultramar!
Das três capas (ou folhas de rosto) de jornais de caserna enviadas pelo Jorge Santos (Manga de Ronco, Os Progressistas, Zoé) seleccionei Os Progressistas, por uma razão particular, histórica e até afectiva: (i) era um quinzenário de "divulgação, cultura e recreio" da Companhia de Cavalaria 3420, que esteve em Bula, no ano de 1971; (ii) o director era o respectivo comandante, o capitão de cavalaria Fernando J. Salgueiro Maia, o Salgueiro Maia (1944-1992) de quem Carlos Loures escreveu, no sítio Vidas Lusófonas, o seguinte:
"Salgueiro Maia, soldado português que à frente de 240 homens e com dez carros de combate da EPC avançou em 25 de Abril de 1974 sobre Lisboa, ocupou o Terreiro do Paço levando os ministros de um regime ditatorial de quase 50 anos a fugir como coelhos assustados, cercou o Quartel do Carmo obrigando Marcelo Caetano a render-se e a demitir-se. Atingiu o posto de tenente-coronel, recusou cargos de poder. É o mais puro símbolo da coragem e da generosidade dos capitães de Abril".
© Jorge Santos (2005)
Salgueiro Maia foi, além disso, meu colega, no ano lectivo de 1975/76, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCPS), embora eu pouco ou quase nada privasse com ele, porque eramos de cursos diferentes (eu, de ciências sociais; ele, de antroplogia), com o estatuto de trabalhadores-estudantes. Íamos às aulas à noite e a algumas Reuniões Gerais de Alunos (RGA), numa altura em que o ISCSP passava por um período de vida muito conturbado (saneamento de praticamente todos os docentes com assento no Conselho Científico...), o que levou no final do ano lectivo de 1975/76 (ou nas férias...) ao seu encerramento, por ordem do então Ministro da Educação Sottomayor Cardia e ao consequente início de um duro processo de luta estudantil contra a tutela e o regresso das múmias (como, depreciativamente, eram então chamados os professores, alvo de saneamentos selvagens, de natureza claramente político-ideológica).
3. Não me lembro na Guiné, no meu tempo de comissão (1969/71), de ter visto (e muito menos participado na elaboração de) jornais de caserna. A CCAÇ 12 não tinha caserna, éramos uma unidade de intervenção, composta por soldados africanos e quadros metropolitanos, vivendo em casa emprestada (os nossos soldados africanos, desarranchados, dormiam na tabanca de Bambadinca e não dentro do perímetro do aquartelamento)... Diferente era a situação das unidades de quadrícula (por exemplo, no Xime, Mansambo, Xitole). O jornal de caserna podia ser uma forma interessante de manter alto o moral das tropas e fazer a ligação com a Metrópole.
De qualquer modo, esta faceta do Salgueiro Maia, como director de um jornal de caserna chamado Os Progressistas( CCAV 3420, Bula, 1971), é capaz de ser um aspecto menos conhecido do seu currículo. Fico com curiosidade em saber, um dia, o que se dizia e não dizia nesse quinzenário, muito provavelmente em formato A4 e feito a stencil...
4. Já em tempos eu tinha comunicado com o Jorge Santos, felicitando-o pelo cancioneiro do Niassa, inserido na página dele (só por isso, pelo trabalho de recolha e de divulgação das canções proibidas da guerra colonial em Moçambique, ele merecia uma estátua!) e pedir-lhe autorização para reproduzir alguns dos versos dessas cantigas de caserna no meu blogue... (Vd. meu post, de 11 de Maio de 2004: Blogantologia(s) - XI: Guerra Colonial: Cancioneiro do Niassa)
Voltei, entretanto, a dar-lhe os parabéns pela sua página (que é uma referência e um sítio obrigatório, para todos nós) e já pus o seu nome na nossa tertúlia... Mesmo sendo moçambicano, ele será bem acolhido por todos nós, guinéus.
domingo, 3 de julho de 2005
Guiné 63/74 - P95: Blogpoesia: No muito somos irmãos, no pouco... outra bandeira!
Eis a mensagem que recebi, há dias, de um dos camaradas da nossa tertúlia de ex-combatentes da Guiné. Pediu-me para não ser identificado, no caso de decidir publicá-la no blogue.
Usa o pseudónimo literário de Marame. Assim seja:
"Salve para Todos, Cruzados do Leste! Cá o passeador do RACAL envia este improviso poético ou palavras em castelo. O texto simboliza uma conversa na companhia de uma bazuca que eu gostaria de ter bebido com todos vós, à sombra de uma laranjeira. Igual àquela que existia no meu Condomínio Fechado.
Um Alfa Bravo para Todos e Boas Férias".
Sentido
Largados na latitude do inferno,
Levando a Alma no bornal
Cujo corpo pede o Materno
Porque ainda não era Portugal.
Os pés cheiram o Chão
Mas a Mina é mostrengo,
Vive no solo, sente a Exaustão
Do guerreiro que ainda é Tenro.
Que leu Camões, dançou a chula
E só em Cristo tinha a luz,
Aconchega o Mandinga ou o Fula
Porque o respeito o Bem produz.
Seja no Mamadu, na bajuda ou no Zé
E assim no regresso o navio deixou Esteira
Para não se perder o elo para a Terra vermelha da Guiné
Porque no muito somos Irmãos – no pouco outra bandeira!
Marame (2005)
Usa o pseudónimo literário de Marame. Assim seja:
"Salve para Todos, Cruzados do Leste! Cá o passeador do RACAL envia este improviso poético ou palavras em castelo. O texto simboliza uma conversa na companhia de uma bazuca que eu gostaria de ter bebido com todos vós, à sombra de uma laranjeira. Igual àquela que existia no meu Condomínio Fechado.
Um Alfa Bravo para Todos e Boas Férias".
Sentido
Largados na latitude do inferno,
Levando a Alma no bornal
Cujo corpo pede o Materno
Porque ainda não era Portugal.
Os pés cheiram o Chão
Mas a Mina é mostrengo,
Vive no solo, sente a Exaustão
Do guerreiro que ainda é Tenro.
Que leu Camões, dançou a chula
E só em Cristo tinha a luz,
Aconchega o Mandinga ou o Fula
Porque o respeito o Bem produz.
Seja no Mamadu, na bajuda ou no Zé
E assim no regresso o navio deixou Esteira
Para não se perder o elo para a Terra vermelha da Guiné
Porque no muito somos Irmãos – no pouco outra bandeira!
Marame (2005)
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