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quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23699: As subunidades do Exército que estiveram no Cacheu no meu tempo (José Macedo, ex-2º ten RN, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74; natural de Cabo Verde, vive hoje nos EUA)

1. Mensagem de José Macedo (ex-2º tenente fuzileiro especial, RN, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74; nasceu na Praia, Santiago, Cabo Verde, em 1951; vive nos Estados Unidos, onde é advogado; é membro da nossa Tabanca Grande desde 13/2/2008; aqui, em 2017, em Monte Real, no XII Encontro Nacional. da Tabanca Grande)

Data - domingo, 2/10/2022, 22:08
Assunto - Companhia que substituiu a 3460 em Vila Cacheu

Saudações, camarada Luís. Corpo? Há muito que não falava 
contigo.

Não tenho estado de visita ao Blogue,  mas soube da morte do teu  cunhado. Os meus pêsames.

Li que a Companhia 3460 (do Capitão Morgado) saiu do Cacheu em 1973. Nós saímos de Cacheu em 74 para ir para Bolama, contudo, não me lembro de nenhuma outra companhia em Cacheu. Serás capaz de me dar uma achega e qual era o nome da companhia lá?

Um abraço amigo.
Zeca


Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > CCAÇ 3460 (Cacheu, 1071/73) e DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > Da esquerda para a direita:
  • alferes mil Silva (CCAÇ 3460) [1];
  • 2º Tenente, oficial imediato, Castro Centeno (DFE 21) [2];
  • furriel mil Lopes (CCAÇ 3460) [3];
  • 2º tenente  RN Macedo (DFE21)[4];
  •  e, em primeiro plano, alferes Médico Moura (CCAÇ 3460 / BCAÇ 3863) [5]-

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > Destacamento de Fuzileiros Especiais, DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O ten fuzileiro especial, Zeca Macedo, no cais da vila de Cacheu. com a sua bela motorizada, de 125 cm3 (ou 200?) , matrícula G8831 ou G681 (*)...

Fotos (e legendas): © Zeca Macedo (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


2. Resposta do editor LG:

Meu caro Zeca: É sempre bom ter notícias tuas. Obrigado, em meu nome e da minha família, pelos votos de pesar pela morte do meu cunhado Mário Rui Anastácio (1954 - 2022), natural da Lourinhã.

Eis, abaixo, os  elementos que apurei sobre as subunidades do Exército que passaram pelo Cacheu, entre 1970 e 1974. Mais concretamente, e respondendo à tua pergunta: a subunidade que, no teu tempo, foi render a CCAÇ 3460, foi a 1ª Companhia do BCAÇ 4615/73. 


Um alfabravo, Luís Graça
___________

Lista das subuniades  do Exército que passaram pelo  Cacheu, de 1970 a 1974:

(i) A CCaç 2659 / BCAÇ 2905 (Teixeira Pinto, 1970/71) seguiu em 14fev70 para Cacheu, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CCaç 2367 / BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, 1968/70).

Em 21fev70, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector de Cacheu, ficando integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão e depois directamente subordinada ao CAOP 1 (Teixeira Pinto).

(ii) Em 24nov71, foi rendida pela CCaç 3460  (Ccaheu, 1971/73) e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

A CCaç 3460, que pertencia ao BCAÇ 3863 (Teixeira Pinto, 1971/73)  seguiu em 24out71 para a região de Cacheu, a fim de efectuar o treino operacional e sobreposição com a CCaç 2659. 

Em 24Nov71, assumiu a responsabilidade do referido subsector de Cacheu, com um destacamento em Bianga, inicialmente na dependência do CAOP 1 e depois integrada no seu batalhão.

(iii) Em 23Nov73, foi rendida pela 1ª Comp/BCaç 4615/73 e recolheu a Bissau para o embarque de regresso.

A 1ª Comp seguiu em 02nov73 para Cacheu, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CCaç 3460, tendo assumido, em 23nov73, a responsabilidade do subsector de Cacheu, com um pelotão destacado em Bianga.

Após desactivação de Bianga em 26ag074, efectuou, em 02Set74, a desactivação e entrega do aquartelamento de Cacheu e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

A BCAÇ 4615/73 foi mobilizado pelo RI 16. Partida: 22/9/1973; regresso: 8/9/1974; sede: Teixeira Pinto, comandante: ten cor inf Nuno Cordeiro Simões. A 1ª C/BCAÇ 4615/73., por sua vez, esteve  sempre no Cacheu; comandantes: cap mil cav Germano de Amaral Andrade; cap mil inf António Miguel Seabra Nunes da Silva; e cap mil inf  Carlos José da Conceição Nascimento.


Fichas de unidade > Batalhão de Caçadores n." 3863

Identificação: BCaç 3863
Unidade Mob: RI 1 - Amadora

Cmdt: TCor Inf António Joaquim Correia | 2.° Cmdt: Maj Inf Joaquim Abrantes Pereira de Albuquerque | Maj Inf João José Pires
OInfOp/Adj: Maj Inf João José Pires (acumulava)

Cmdts Comp:

CCS: Cap SGE Manuel Ferreira de Amorim

CCaç 3459: Cap Mil Inf António Mendes Robalo da Silva | Cap Mil Inf Joaquim Mendes Teixeira Ribeiro

CCaç 3460: Cap Mil Inf Fernando Manuel de Araújo Lacerda Morgado

CCaç 3461: Cap Inf Abílio Dias Afonso | Cap Mil Inf Aires da Silva Gouveia

Divisa: "Honra e Glória"

Partida: Embarque em 16Set71; desembarque em 22Set71 | Regresso: Embarque em l6Dez73

Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 27set71 a 230ut71, no CIM, em Bolama, seguiu para o sector de Teixeira Pinto, em 240ut71, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com o BCaç 2905.

Em 24nov71, assumiu a responsabilidade do referido Sector 05, com sede em Teixeira Pinto e abrangendo, então, apenas o subsector de Teixeira Pinto, com subunidades instaladas com as sedes em duas áreas diferentes, em Bassarel e Teixeira Pinto. 

Em 01fev73, por transferência do CAOP 1 para outra área (Mansoa), o sector voltou a integrar os subsectores de Bachile e Cacheu. 

A partir de meados de set73, as áreas de Teixeira Pinto e Bassarel foram individualizadas e consideradas subsectores distintos. As suas subunidades mantiveram-se integradas no dispositivo e manobra do batalhão, com excepção, inicialmente, da CCaç 3460.

Desenvolveu prioritariamente uma actividade de controlo, coordenação e segurança dos trabalhos dos reordenamentos das populações e sua promoção socioeconómica, a par de constante vigilância e acções de patrulhamento e segurança de itinerários tendentes a impedir eventuais acções inimigas sobre as populações e respectivos aldeamentos.

Dentre o material capturado mais significativo, refere-se 1 morteiro e 1 espingarda.

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002,. pág. 157

terça-feira, 9 de março de 2021

Guiné 63/74 – P21987: Estórias avulsas (103): Enfermeiro por uma noite (Joaquim Ascenção, ex-Fur Mil Armas Pesadas de Infantaria)

1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Ascenção (ex-Fur Mil de Armas Pesadas de Infantaria da CCAÇ 3460/BCAÇ 3863, Cacheu, 1971/73), com data de 21 de Fevereiro de 2021:

Boa tarde camarada
Mais uma estória da minha vida.
Se achares que tenha interesse, podes publicar.
Se achares que algo deve ser corrigido, tens a liberdade para o fazer.

Um abraço
Joaquim Ascenção



Enfermeiro por uma noite

Decorria o fim de Dezembro de 1970.

No final do CSM um momento de grande ansiedade para todos era saber qual a especialidade.
Estávamos nós na semana de campo debaixo de chuva e um frio terrível a dormir em tendas miseráveis, cansados e mal alimentados quando toca a formar durante a noite para comunicar a especialidade que nos tinha sido atribuída, a mim calhou-me nada mais nada menos, enfermeiro, considerada uma boa especialidade.

Houve festa e tristezas porque os que sonhavam em escriturário iam para sapadores, tudo ao contrário do sonhado... pura psico.

A mim pareceu-me estranho, tendo o curso de Serralheiro Mecânico e a frequentar o 3.º ano do ISEP [, Instituto Superior de Engenharia do Porto,] quando fui chamado para a tropa, o lógico seria engenharia, artilharia, manutenção auto ou afins, procurei descansar e aguardar.

Na tropa normalmente a lógica não era seguida.

Ao toque de alvorada havia uns tristes, outros assim assim.

Segue-se o toque para o pequeno-almoço e nova formatura para comunicar as especialidades.
Foi-me atribuída Armas Pesadas de Infantaria, morteiros médios e grandes, canhões sem recuo 5,7; 7,5; 10,6 e metralhadoras pesadas, especialidade normalmente de retaguarda e apoio a grandes operações.

Uma especialidade de risco moderado, de grande rigor porque o tiro era regulado na base de um mapa em que o erro do azimute podia ser fatal. Mapa, bússola, transferidor de tiro em grados e tabelas de tiro eram as ferramentas principais, não havia GPS.
O CSR M40 10,6 cm colocado num Jipe. Buruntuma 1973

Foto: Com a devida vénia ao camarada Luís Dias - HISTÓRIAS DA GUINÉ 71-74 - A C.CAC 3491-DULOMBI


Assim passou a noite que não me via ser enfermeiro.

Cumprimentos
Joaquim Ascenção

____________

Nota do editor

Último poste da série de 23 de fevereiro de 2021 > Guiné 63/74 – P21938: Estórias avulsas (102): Um frango que voou depois de morto (Joaquim Ascenção, ex-Fur Mil Armas Pesadas de Infantaria)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Guiné 63/74 – P21938: Estórias avulsas (102): Um frango que voou depois de morto (Joaquim Ascenção, ex-Fur Mil Armas Pesadas de Infantaria)



1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Ascenção (ex-Fur Mil de Armas Pesadas de Infantaria da CCAÇ 3460/BCAÇ 3863, Cacheu, 1971/73), com data de 21 de Fevereiro de 2021:


Um frango que voou depois de morto

Esta história passou-se em dezembro de 1970.

Finda a cerimónia de Juramento de Bandeira nas Caldas da Rainha eu o meu amigo José Alves Martins, natural de Almeida, apanhámos o comboio para o Porto.
Este meu amigo e colega já do tempo de estudante no ISEP teve a assistir à cerimónia de juramento de bandeira um irmão que no fim lhe deu um frango e uma garrafa de vinho, muito bem acondicionado, que seria um óptimo almoço.

Entrámos no comboio e ao arrumar a nossa bagagem na bagageira por cima das nossas cabeças, no momento que o meu amigo procurava arrumar o precioso almoço, o comboio ao passar nas agulhas de acesso à linha começou a oscilar violentamente provocando o desequilíbrio do meu amigo, por azar a janela estava aberta, resultando que o frango voou pela janela direitinho para a berma da linha.
Lá foi o almoço que iríamos partilhar!

Passámos uma fome de rato até sairmos para mudar da Linha do Oeste para a Linha do Norte, o dinheiro era pouco mas lá nos safamos enquanto esperávamos por novo comboio.

Nunca mais vi este meu amigo, sei que foi para a Escola de Oficiais e posteriormente para Moçambique.
Gostava muito de lhe dar um abraço, tem conta no Facebook mas parece-me que não visita a página.

Os meus cumprimentos.
Joaquim Ascenção

____________

Nota do editor

Último poste da série de 18 de janeiro de 2021 > Guiné 63/74 – P21780: Estórias avulsas (101): Um petisco indegesto para o jantar (Acácio Mares, ex-Fur Mil Inf)

terça-feira, 7 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21148: O que é feito de ti, camarada? (13): Pessoal da CCAÇ 3460 / BCAÇ 3863, Cacheu, 1971/73



Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > Da esquerda para a direita:

Alferes Silva (CCAÇ 3460) [1];
2º Tenente, oficial imediato, Castro Centeno (DFE 21) [2];
Furriel Lopes (CCAÇ 3460) [3];
2º Tenente Macedo (DFE21)[4];
 e, em primeiro plano, Alferes Médico Moura (CCAÇ 3460 / BCAÇ 3863) [5], de quem não se sabe nada atualmente, tal como de resto não se sabe dos restantes, com exeção do dono da foto...  (*)

[O 2TEN FZE RN Manuel Maria Peralta de Castro Centeno, 19.º CFORN, ingressou nos QP; o 2TEN FZE RN José Joaquim Caldeira Marques Monteiro de Macedo era do 21.º CFORNm e vive os EUA.  Fonte: Reserva Naval, blogue do nosso amogo e camarada Manuel Lema Santos]

Foto (e legenda): © Zeca Macedo (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


1. Sobre o Cacheu e esta CCAÇ 3460 (1971/73) (**), contemporânea, em parte,  do DFE 21 (1972/74),  temos relativamente poucas referências, e apenas um camarada inscrito na Tabanca Grande, o Joaquim Ascensão, natural da Maia.

Sobre esta subunidade do BCAÇ 3863 (, Comando e CCS, sediados em Teixeira Pinto), escreveu o António Graça de Abreu o seguinte, no seu Diário da Guiné (Canchungo, 30 de Setembro de 1972):

(...) O capitão Morgado veio do Cacheu até cá [, a Teixeira Pinto, sede do CAOP1] , o que sucede com alguma frequência, para tratar de pequenas operações com o meu coronel [ Cor Cav Pára Rafael Durão. que ele nunca identifica, a não ser pela incial do apelido, D.] de outros assuntos com o seu comandante de batalhão [, o BCAÇ 3863, ten cor inf António Joaquim Correia].

O Morgado é miliciano e comandante da Companhia 3460, a que pertenci. Sempre mantivemos um bom relacionamento, é boa pessoa, afável no trato e nas ideias. Hoje dizia-me: 
- Você não sabe o que perdeu em não vir para a minha Companhia, aquilo lá no Cacheu é uma estância de férias formidável. 

E ria, ria. Não lhe falei nos fuzileiros mortos, recordei-lhe apenas a perna desfeita do alferes Potra, meu substituto. Já não riu, não me falou mais nas delícias do Cacheu.

Mas é verdade que o lugar, uma das vilas mais antigas da Guiné, vive em paz, não é atacada. O problema é a Caboiana e Jopá, as zonas libertadas do PAIGC perto do Cacheu e de Canchungo. A companhia 3460 não vai lá, por isso vivem tranquilos.

Sinal de paz e boa vida, o capitão trouxe-nos uns quilos de camarão cozido, fabuloso, grande, gostoso, pescado nas águas do rio Cacheu. (...)


2. Comentário de José Pardete Ferreira, ex-alf mil médico, CAOP1, Teixeira Pinto; HM 241, Bissau, 1969/71

(...) Linda terra! Em 1969, não havia lá FZE, só uma CCaç de açoreanos e outra de madeirenses bem como uma pequena lancha da Marinha, com um 2,5 à proa. Por acaso num dos dias em que lá estive, passou por lá o Capelão da Base Naval. Não me lembro do nome, só me recordo que era gordinho, baixote, louro e que usava óculos com aros castanhos.


3. Comentário Lacasta, ex-fur mil, 1º Gr Comb, CCAÇ 3460 (Cacheu, 1971/73) (*):


(...) Pertenci à CCaç 3460, tal como o Siva (2º grupo de combate ) e o Lopes (fur mil de informações e operações) [Vd. foto acima]

O Capitão Morgado era,  sem dúvida,  um optimista. Contudo,  tanto o Cacheu como Bianga eram, do ponto de vista militar, bastante pacatos, embora ainda hoje eu carregue no braço um estilhaço de um RPG 7, resultado de uma emboscada na curva de Capo,  em 19 Abril 1973.

Já o Gabriel Horta, condutor da Berliet, perdeu a vida nesse dia.

O Morgado era uma figura sui-generis, obcecado pela "lerpa", alheio dos seus homens, profícuo em "papaias",  sempre dado ao auto-elogio, o "maior",  como se intitulava.

Foi, para mim, um suplemento de dificuldades. O Potra, o Sousa, o Rodrigues, o Dias também lhe tirariam a vontade de rir. É que chamar àquilo "estância de férias",  não lembra ao diabo. Ou melhor, só lembra mesmo ao diabo.

Fui Furriel na CCaç 3460, 1º Grupo de combate, Lacasta. (...)

4. Esclarecimento do António Graça de Abreu (***):

(,,,) A minha companhia 3460 foi parar ao Cacheu, mas eu não parti para a Guiné juntamente com estes homens.

Uma operação a uma velha luxação crómio-clavicular no ombro direito, resultado de uma cena de pancadaria em que fui o personagem principal quando tinha dezassete anos, devidamente explorada, possibilitou-me a passagem aos serviços auxiliares. Fui reclassificado com a especialidade de Secretariado e desmobilizado. (...)


5. Comentário de Camilo Santos (*)

(...) Caros camaradas:
Sou o Camilo Santos, ex-1º cabo  da CCAÇ 3460 / BCAÇ 3863. 

Só há pouco soube deste blogue, tendo estado a  ler a crónica do AGA  [António Graça de Abreu], sobre a minha (e dele) companhia. Sobre o alf.Potra,  ele foi o comandante do meu grupo até ir para uma companhia  africana,  tendo vindo a ficar sem uma perna como descrito. Quanto ao capitão Morgado, esse,  já faleceu há  4 anos. Tenho ido aõs almoços do batalhão e até jé me revi em algumas fotos. 

Aqui.vai um abraço. camilosantos50@sapo.pt (...)

5 de março de 2013 às 17:54 


6.  Apresentação de Joaquim dos Santos Ascenção, ex-Fur Mil AP Inf da CCAÇ 3460/BCAÇ 3863 (Cacheu, 1971/73) (****)

(...) Tenho adiado este momento muitas vezes. Não me é fácil mexer na caixa de recordações, mas eis que chegou o dia. 

(...) Assentei tropa no dia 7 de outubro de 1970, embarquei para a Guiné em 16 de Setembro de 1971 e regressei a 22 de Dezembro de 1973. Estive em Bolama a fazer o IAO e depois fui para Cacheu. Pertenci ao Batalhão de Caçadores 3863 e Companhia de Caçadores 3460. Fui Furriel Miliciano com a especialidade de Armas Pesadas de Infantaria. (...)

7. Apresentação do  Luciano Vital, natural de Valpaços, Trás-os-Montes, ex-fur mil, de rendição individual, que andou pelas CCAV 3463 (Mareué), CCAÇ 3460 (Cacheu) e Adidos (Bissau), 1973/74

(...) Foi por acaso que encontrei esta página. Também eu pertenci à CCAÇ 3460,  sob o comando do capitão Morgado, aonde cheguei em rendição individual em1973 para ajudar o furriel Lacasta a comandar o pelotão que ele comandava sozinho até à minha chegada.

Outros nomes de que me lembro: Furriéis Canha, Bravo, Pacheco, Pinto.

Antes de ir para o Cacheu, estive 14 meses na CCAV 3463 em Mareué, batalhão de Pirada, Capitão Touças, Furriéis Santos, Peres, Freitas, Ivo, Luís, Malhoa, etc. (...)

_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 14 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12292: Facebook..ando (31): Memórias da histórica vila de Cacheu, ao tempo do Destacamento de Fuzileiros Especiais Africanos, DFE 21 (Zeca Macedo, 2º tenente fuzileiro especial, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74, a viver agora nos EUA)

(**) Último poste da série > 1 dr abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20797: O que é feito de ti, camarada? (12): Virgílio Teixeira, "aquarentenado" em Vila do Conde...
(****) Vd. poste de 9 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15094: Tabanca Grande (474): Joaquim dos Santos Ascenção, ex-Fur Mil AP Inf da CCAÇ 3460/BCAÇ 3863 (Cacheu, 1971/73)

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15094: Tabanca Grande (474): Joaquim dos Santos Ascenção, ex-Fur Mil AP Inf da CCAÇ 3460/BCAÇ 3863 (Cacheu, 1971/73)

1. Mensagem do nosso camarada, e novo tertuliano, Joaquim dos Santos Ascenção (ex-Fur Mil de Armas Pesadas de Infantaria da CCAÇ 3460/BCAÇ 3863, Cacheu, 1971/73), com data de 16 de Agosto de 2015:

Amigo Luís:
Tenho adiado este momento muitas vezes. Não me é fácil mexer na caixa de recordações, mas eis que chegou o dia.

Aqui partilho os meus dados para ser mais um elemento da tabanca.

Eu de nome Joaquim dos Santos Ascenção, nascido em 19 de outubro de 1949, natural da Freguesia de S. Pedro Fins, Concelho da Maia, também estive na Guiné.

Assentei tropa no dia 7 de outubro de 1970, embarquei para a Guiné em 16 de Setembro de 1971 e regressei a 22 de Dezembro de 1973.

Estive em Bolama a fazer o IAO e depois fui para Cacheu.
Pertenci ao Batalhão de Caçadores 3863 e Companhia de Caçadores 3460.
Fui Furriel Miliciano com a especialidade de Armas Pesadas de Infantaria.

Não vou falar do inferno que era a Guiné porque este assunto já está amplamente divulgado. Das melhores recordações que tenho são o grande espírito de solidariedade e amizade que tínhamos para ir vivendo um dia de cada vez e profundas amizades que perduram há mais de 40 anos nos 4 cantos do mundo.

Seguem em anexo 1 foto actual e 3 do tempo da Guiné.

Um abraço
Joaquim Ascenção




2. Comentário do editor

Amigo e camarada Ascenção, muito bem-vindo à nossa tertúlia.
É forçoso que comece por te pedir desculpa pela demora na tua apresentação, mas se pensarmos que em Agosto estamos todos a meio gás, Setembro até nem é pior mês para a apresentação de novos camaradas.

Pelo que pude constatar consultando o Blogue, não temos nenhum representante da 3460 na tertúlia, logo, ficas com a responsabilidade de nos dar a conhecer a actividade da tua Companhia no Cacheu. Foste, pela certa, operacional, pelo que terás participado em muitas operações, colunas e outras acções.
Quando nos mandares os teus textos acompanhados de fotos, por favor manda as legendas já que nem sempre as fotos são "falantes". Datas, locais e fotografados são importantes conhecer.

Ficamos desde já ao teu dispor para qualquer esclarecimento adicional.

Antes de terminar, não posso esquecer de te endereçar o tradicional abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
____________

Nota do editor

Último poste da série de 7 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15082: Tabanca Grande (473): José Vargues, ex-1.º Cabo Escriturário da CCS/BART 733 (Bissau e Farim, 1964/66), tertuliano 702

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13209: Camaradas da diáspora (8): Alô, Lisboa, daqui Vancouver, Canadá... Luciano Vital, natural de Valpaços, Trás-os-Montes, ex-fur mil, de rendição individual, que andou pelas CCAV 3463 (Mareué), CCAÇ 3460 (Cacheu) e Adidos (Bissau), 1973/74

1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) Luciano Vital:


Data: 26 de Maio de 2014 às 01:25
Assunto: Guine 72-74

Foi por acaso que encontrei esta página. Também eu pertenci à CCAÇ 3460 sob o comando do capitão Morgado, aonde cheguei em rendição individual em1973 para ajudar o furriel Lacasta comandar o pelotão que ele comandava sozinho até à minha chegada.

Outros nomes de que me lembro: Furriéis Canha, Bravo, Pacheco, Pinto.

Antes de ir para o Cacheu,  estive 14 meses na CCAV 3463 em Mareué, batalhão de Pirada, Capitão Touças, Furriéis Santos, Peres, Freitas, Ivo, Luís, Malhoa, etc.

Depois da CCAÇ 3460 voltar para Portugal, passei os últimos 6 meses nos Adidos em Bissau aonde tinha sido colocado quando cheguei de Portugal. Ai conheci os furriéis Palmeiro, Nunes, Buiça etc.

Gostaria de entrar em contacto com estes velhos amigos.

Luciano Vital, Fur Mil natural de Valpaços, Trás os Montes e residente em Vancouver, Canada
contacto; louvital@gmail.com.

Obrigado

2. Comentário do editor Luís Graça:

Caro Luciano: Como a gente aqui diz, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!... Chamamos tabanca à comunidade virtual que se reúne à volta do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Somos 658 membros registados, e tu podes ser o 659, se nos mandares, na volta do correio, um pedido para te sentares à sombra do nosso poilão, e mandares as duas fotos  da praxe (uma atual e outra do teu tempo de Guiné), mais uma pequena história ou episódio de que te lembres...  

Um em cada cinco dos nossos visitantes vive fora de Portugal (desde o Brasil, EUA, etc., até à Austrália). E uma boa parte deles devem ser camaradas como tu que procuram camaradas do seu tempo de Guiné, e querem, matar saudades... Este é um lugar de partilha e de afetos, e naturalmente um local de (re)encontros. 

Tens aqui algumas  referências à CCAÇ 3460 que pertencia ao BCAÇ 3863, curiosamente a companhia a que pertenceu originalmente o nosso camarada e amigo, conhecido especialista em história e cultura da China, o António Graça de Abreu. Mas não chegou a partir para a Guiné com os camaradas (que foram para o Cacheu)... Tem sido ele, o António Graça de Abreu, a falar da CCAÇ 3460, do capitão Morgado, e do infeliz alf Mil Potra que ficou sem uma perna... Tu, sendo de rendição individual, não o deves ter conhecido.

Em contrapartida, da CCAV 3463, não temos nenhuma referência ou simples notícia...

Vai tu dando notícias e divulga o nosso blogue pelo teu círculo de conhecidos e amigos, aí no Canadá. Vamos realizar, em Monte Real, Leiria, no dia 14 de junho próximo, o IX Encontro Nacional da Tabanca Grande, o mesmo é dizer que estão convidados  todos os camaradas e amigos da Guiné que queiram aparecer... LG
____________

Nota do editor:

Último poste da série > 26 de dezembro de  2011 > Guiné 63/74 - P9269: Camaradas da diáspora (8): José Freitas, ex-Fur Mil, CART/CCAÇ 11, "Os Lacraus de Paunca", Nov 70/Set 72: vive hoje em Sydney, Austrália

Postes anteriores:

14 de novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9043: Camaradas da diáspora (7): José Marçal Wang de Ferraz de Carvalho, Fur Mil Op Esp, da 16ª CCmds e da CART 1746 (Xime, 1968/69): vive hoje em Austin, Texas, EUA

15 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8779: Camaradas da diáspora (6): O nova-iorquino João Crisóstomo, português, cidadão do mundo, em Lisboa, no aeroporto a caminho de Paris... com vontade de conhecer mais camaradas da Tabanca Grande

20 de janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7646: Camaradas da diáspora (5): José Oliveira Marques, condutor de White, ERC 2640 (Bafatá e Piche, 1969/71), a viver em Estrasburgo, França

17 de Janeiro de 2011> Guiné 63/74 - P7626: Camaradas na diáspora (4): José (ou Joe) Ribeiro, natural de Leiria, a viver em Toronto, Canadá, há mais de 35 anos: Sold Inf , 4º Gr Comb, CCAÇ 3307/BCAÇ 3833 (Pelundo, Jolmete, Ilha de Jete, 1970/72)

22 de dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7488: Camaradas na diáspora (3): O luso-americano Franklin Galina, aliás, ex-Fur Mil Franklin, Pel Mort 4575 (Bambadinca, Julho de 1972 / Agosto de 1974)

29 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6659: Camaradas na diáspora (2): Na morte do Luís Zagallo, (João Crisóstomo, Nova Iorque)

18 de Março de 2010 > Guiné 63/74: P6013: Camaradas na diáspora (1): João Crisóstomo, ex-Alf Mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67), militante de causas nobres, a viver em Nova Iorque

domingo, 5 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12545: O segredo de... (14): António Graça de Abreu (,ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74): Também fiz o curso de Minas e Armadilhas, em Tancos, ainda em 1971... E até sonhei um dia em ser... bombista!

1. Comentário, com data de ontem,  de António Graça de Abreu [, ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74, ] ao poste P12540 (*):

Também fiz o curso de Minas e Armadilhas, em Tancos, ainda em 1971. (**)

Encartado, licenciado,  nunca mais esqueço uma barras de trotil, amarelinhas, cilíndricas que roubei e escondi na cozinha da minha casa, em Benfica, com uns detonadores e cordão lento guardados no outro lado, na sala, à espera de fazer umas bombas para ajudar a rebentar com o regime. 

Santa e perigosa ingenuidade! Depois do 25 de Abril, o trotil, os detonadores, o cordão lento foram metidos em dois sacos diferentes, com umas pedras de lastro, e lançados por mim para o fundo das águas do Tejo, num barco, a meio do rio, na carreira Belém/Trafaria. 

Nunca contei isto em parte nenhuma. Vai agora. As coisas que um homem faz, ou não faz, na vida!... Abraço, António Graça de Abreu 

 2. Comentário de L.G.:

Vai fazer, em abril próximo, quatro anos que esta série (***) tem estado parada... Publicaram-se até então 13 postes, com pequenos/grandes segredos que camaradas nossos quiseram partilhar connosco... Um deles, o Luís Faria (1948-2013) infelizmente já não está entre nós... Ontem por acaso, tropecei neste pequeno/grande segredo que o nosso camarada António Graça de Abreu quis divulgar... "Nunca contei isto em parte nenhuma. Vai agora. As coisas que um homem faz, ou não faz, na vida!"... O propósito deste série é esse mesmo: ser uma espécie de confessionário (ou de livro aberto) onde se vem, em primeira mão, revelar "coisas" do nosso tempo de vida militar que, até então, por uma razão ou outra, guardámos só para nós... 

É esperado que os nossos leitores não façam nenhum comentário crítico, e nomeadamente condenatório, em relação às "revelações" aqui feitas, mesmo que  esses factos pudessem eventualmente, à luz da época,  constituir matéria do foro do direito penal, militar ou civil, infringir a disciplina ou  ética militar, etc. ...Saibamos ouvir sem julgar.

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 4 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12540: Recordações de um "Zorba" (Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68) (5): Sou do famigerado XX Curso de Explosivos de Minas e Armadilhas, iniciado a 8 e terminado 17 de Setembro de 1966, na Escola Prática de Engenharia (EPE), em Tancos

(**) Vd. poste de 16 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10809: Excertos do Diário de António Graça de Abreu (CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74) (20): Notícias da minha antiga companhia, a CCAÇ 3460/BCAÇ 3863, e do meu substituto, o alf mil Potra

(...) Canchungo, 18 de Setembro de 1972

Entrei para a tropa em Outubro de 1970. Durante seis meses em Mafra, com a recruta e especialidade, fizeram de mim um pequeno aspirante a oficial miliciano atirador de Infantaria. Fui colocado no Batalhão de Caçadores 5, em Lisboa, onde dei instrução a soldados durante um curto espaço de tempo.

Segui para Tancos, para a Escola Prática de Engenharia e em dois meses tirei um curso de Minas e Armadilhas. Fui mobilizado para a Guiné e colocado no Regimento de Infantaria 1 na Amadora, para formar Batalhão, exactamente este Batalhão 3863 que veio para o chão manjaco. A minha companhia 3460 foi parar ao Cacheu, mas eu não parti para a Guiné juntamente com estes homens.

Uma operação a uma velha luxação crómio-clavicular no ombro direito, resultado de uma cena de pancadaria em que fui o personagem principal quando tinha dezassete anos, devidamente explorada, possibilitou-me a passagem aos serviços auxiliares. Fui reclassificado com a especialidade de Secretariado e desmobilizado. (...)

(***) Vd. postes anteriores desta série O Segredo de...

30 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3543: O segredo de ... (1): Mário Dias: Xitole, 1965, o encontro de dois amigos inimigos que não constou do relatório de operações

(..) Estando com o meu grupo de comandos no Xitole, sensivelmente em meados de 1965, fomos fazer uma patrulha de reconhecimento pois o inimigo há muito mostrava sinais de intensificar a sua actividade na região. Porém, as informações eram escassas. Desconhecia-se com precisão por onde andavam os guerrilheiros e as possíveis localizações dos acampamentos. Por tal facto, foi-nos dada a missão de efectuar um reconhecimento ofensivo, tentando localizar o destruir o inimigo. (...)
30 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3544: O segredo de... (2): Santos Oliveira: Encontros imediatos de III grau com o IN

(...) Tinha acabado de receber notícias trágicas acerca da morte dos meus dois amigos de infância.Isolava-me e chorava e este sentimento de perda prolongou-se por alguns dias.O poiso escolhido era o topo da paliçada, onde fingia estar a fazer a vigilância habitual, embora perfeitamente exposto. Apetecia-me morrer. Foi terrível. P3143: Blogoterapia (62): A minha vida morreu; morreram os meus amigos (Santos Oliveira) (...) 

6 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3578: O segredo de... (3): Luís Faria: A minha faca de mato

(...) Tinha-a comprado no Porto. Era equilibrada adaptava-se muito bem à minha mão, éramos inseparáveis e até dez passos o lançamento não falhava o alvo. Levantou 1032 minas, mas nunca chegou a ser usada em/contra alguém. Um dia, numa operação na zona de P. Matar, embrulhei (amos) forte e feio. (,,,)


11 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3598: O segredo de... (4): José Colaço: Carcereiro por uma noite

(...) Numa das saídas das explorações que nos eram confiadas, foi apanhado um guerrilheiro e feito prisioneiro. Quando o pessoal chegou, já era noite. Não eram horas de entregar o prisioneiro à PIDE. Então o capitão lembra-se da brilhante ideia, como o Colaço está de serviço permanente ao posto rádio, fica a guardar o prisioneiro. Ordens são ordens e não há que contestar. (...)


4 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4461: O segredo de... (5): Luís Cabral, os comandos africanos, o blogue Tantas Vidas... (Virgínio Briote)

(---) Das nossas lides bloguísticas eu sabia, talvez há mais de dois anos, que o meu amigo e camarada Virgínio Briote acalentava a secreta esperança de um dia poder entrevistar (ou ter uma conversa franca com) o Luís Cabral... Fez várias tentativas. Em vão. Até que a morte do histórico dirigente do PAIGC, ocorrida há dias em Lisboa, veio fechar-lhe a última porta (...) 

11 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4936: O segredo de... (6): Amílcar Ventura: a bomba de gasóleo do PAIGC em Bajocunda...

(...) Amigos e Camaradas Editores, há muito que quero contar um facto real que se passou comigo e o grupo do PAIGC da minha zona de guerra que era Bajocunda, mas como é um facto que pode ser sensível a alguns Camaradas de blogue. (...)

(...) Apesar de me terem advertido para a eventual polémica a propósito da revelação da entrega de gasóleo ao PAIGC , surpreendeu-me a quantidade e agressividade dos comentários produzidos. Vou tentar clarificar as coisas. (...)


(...) Eu era um simples Aspirante a Oficial. Não tinha culpa de levar a sério a minha posição. Já tinha estado no RII 19 no Funchal nos meus primeiros meses de activo depois do curso de Oficiais Milicianos em Mafra. Destacado para Évora para preparação da Companhia que me iria levar para o Ultramar, eu levava as minhas responsabilidades muito a sério. Se era para ser Oficial de Dia ao Batalhão, era mesmo Oficial de Dia.(...) 


(...) O meu irmão, José dos Santos Moreira, [Fur Mil,] fez parte da CCAV 2483, Cavaleiros de Nova Sintra, BCAV 2867 [, Comando e CCS em Tite]. Em 1969 feriu a tiro de G3 o Cap Médico do batalhão.Regressou a Portugal em 28 de Dezembro de 1969. Teve baixa de serviço por incapacidade física em Março de 1970. Foi julgado no Tribunal Militar Territorial do Porto, em Novembro de 1973. Libertado depois do 25/4/74. (...)


(...) Desde há algum tempo tenho vindo a pensar que nem sempre éramos correctos no nosso relacionamento com os civis e que essa faceta raramente ou nunca tem sido aqui objecto de qualquer relato. Parecendo-me que esta perspectiva da nossa (con)vivência com a população também faz falta à verdadeira história da guerra do ultramar ou colonial, eis-me aqui a falar de mim, falando dos meus pecados (...)



(...) Vou contar a história real dum ataque a Bissau feito em 1971. Um dia, eu e o meu amigo Julião Pais dos Santos (o Django), pensámos em atacar Bissau... Dito e feito. Mas faltava a estratégia. Depois de alguns dias a pensar na estratégia, finalmente chegou a luz ao fundo do túnel. (...)

27 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6257: O segredo de... (12): O meu sobrinho Malan Djaló, aliás, Malan Nanque, o rapazito de 8 ou 9 anos anos, apanhado pelo Grupo Fantasmas, do Alf Mil Comando Saraiva, em 11 de Novembro de 1964, em Gundagué Beafada, Xime... (Amadú Djaló)

(...) Uma das primeiras operações (a segunda, depois de uma ida ao Óio) que o Amadú fez, integrado no Grupo Fantasmas, do Alf Saraiva, foi no meu conhecido Buruntoni, no Xime, em 11 de Novembro de 1964. Na véspera, o grupo deslocara-se de barco, de Bissau até ao Xime. A 11, andaram toda a noite, a corta-mato, com um guia local. Como era quase inevitável, nas matas do Xime, o guia perdeu-se. O objectivo era um acampamento da guerrilha. Chegaram ao Buruntoni por volta das 7h00, quando o sol já ia alto… Deparam-se, entretanto, com um “rapazito de 8 ou 9 anos” (...)

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12292: Facebook..ando (31): Memórias da histórica vila de Cacheu, ao tempo do Destacamento de Fuzileiros Especiais Africanos, DFE 21 (Zeca Macedo, 2º tenente fuzileiro especial, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74, a viiver agora nos EUA)



Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Cacheu > Antigo Forte do Cacheu, de finais do séc. XVI. "O Forte de Cacheu, também conhecido como Fortim de Cacheu ou Reduto de Cacheu, localiza-se junto à foz do rio Cacheu, na cidade de Cacheu, região de Cacheu, no Noroeste da Guiné-Bissau". A sua contrução remonta a 1588 e tinha por função a "defesa da primeira feitoria fundada na região. Além de assegurar a presença militar Portuguesa, constituía-se em importante apoio ao comércio de tecidos manufaturados, marfim e escravos." (...)

(...) "O forte, de pequenas dimensões, apresenta planta na forma de um rectângulo, com 26 metros de comprimento por 24 metros de largura, com pequenos baluartes nos vértices. As muralhas, em pedra argamassada, apresentam cerca de quatro metros de altura por um de espessura. Encontrava-se artilhado com dezasseis peças. O Portão de Armas, com mais de um metro e meio de largura, é o seu único acesso.

(...) "Os trabalhos de recuperação do antigo forte colonial foram desenvolvidos de Janeiro a Março de 2004, com recursos da ordem de cem mil Euros, disponibilizados pela União das Cidades Capitais de Língua Oficial Portuguesa (UCCLA). Visando assegurar a sua utilização como área de lazer e cultura, além de promoção do turismo, foram promovidas a reurbanização de seu interior, onde foram instalados diversos equipamentos de lazer e recolocadas as estátuas dos navegadores portugueses Gonçalves Zarco e Nuno Tristão, os primeiros eurupeus a atingir as costas da Guiné, no século XV. Nas antigas edificações de serviço foram instaladas uma biblioteca e salas de convívio." (Fonte: Wikipédia > Forte de Cacheu).

Foto: © Tina Kramer (2011). Todos os direitos reservados.

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu &g > Mapa de São Domingos (1953) > Escala 1/50 mil > Posição relativa da vila de Cacheu, na margem esquerda do Rio Cacheu. Na foz do Rio Cacheu, desembocam os Rios Grande e Pequeno de São Domingos. No seu ponto mais largo, o rio tem cerca de 2,5 km.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013).

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O Ten Fuzileiro Especial, Zeca Macedo,  frente ao quartel do DFE 21, com o seu amiguinho, o Pedro Silva Horta, filho do imediato 1º TN QP José Maria Silva Horta. Vestidos à maneira tradicional fula.

Foto: © Pedro Silva Horta (2013). Todos os direitos reservados. (Reproduzida com a devida vénia...)


Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O Ten Fuzileiro Especial, Zeca Macedo, em 1973, com o  Pedro Silva Horta, à mesa do café... Voltaram-se a encontrar 39 anos depois, em Almada...

Foto: © Pedro Silva Horta (2013). Todos os direitos reservados. (Reproduzida com a devida vénia...)

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O  jovem Pedro Silva Horta,  de camuflado (, parece que o costureiro foi o Zeca Macedo), batento a pala com a mão esquerda. (Vd. aqui hoje a sua página no Facebook...)

Foto: © Pedro Silva Horta (2013). Todos os direitos reservados. (Reproduzida com a devida vénia...)


Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O Ten Fuzileiro Especial, Zeca Macedo, com a sua bela moto, no cais da vila de Cacheu...

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O Ten Fuzileiro Especial, Zeca Macedo, com a sua Honda (?)...

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O Ten Fuzileiro Especial, Zeca Macedo com putos locais.

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O Ten Fuzileiro Especial, Zeca Macedo, com o cabo fuzileiro Adjuquite, seu guarda costas, em frente ao quartel do DFE 21.

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > " Da esquerda para a direita:  "Alferes Silva (CCAÇ 3460), Tenente Castro Centeno (DFE 21), Furriel Lopes (CCAÇ 3460), Tenente Macedo (DFE21) e, em primeiro plano, Alferes Médico Moura (CCAÇ 3460 / BCAÇ 3863) no Quartel do DFE 21 em Vila Cacheu" (ZM). O Zeca também tem uma outra foto do dr. Moura, no rio Cacheu... Não temos ninguém, no blogue, a representar esta companhia.

Sobre o Cacheu e esta CCAÇ 3460, escreveu o António Graça de Abreu o seguinte, no seu Diário da Guiné (Canchungo, 30 de Setembro de 1972):

(...) "O capitão Morgado veio do Cacheu até cá, o que sucede com alguma frequência, para tratar de pequenas operações com o meu coronel ou de outros assuntos com o seu comandante de batalhão. O Morgado é miliciano e comandante da Companhia 3460, a que pertenci. Sempre mantivemos um bom relacionamento, é boa pessoa, afável no trato e nas ideias. Hoje dizia-me: 
- Você não sabe o que perdeu em não vir para a minha Companhia, aquilo lá no Cacheu é uma estância de férias formidável. -  E ria, ria. Não lhe falei nos fuzileiros mortos, recordei-lhe apenas a perna desfeita do alferes Potra, meu substituto. Já não riu, não me falou mais nas delícias do Cacheu.

"Mas é verdade que o lugar, uma das vilas mais antigas da Guiné, vive em paz, não é atacada. O problema é a Caboiana e Jopá, as zonas libertadas do PAIGC perto do Cacheu e de Canchungo. A companhia 3460 não vai lá, por isso vivem tranquilos.

"Sinal de paz e boa vida, o capitão trouxe-nos uns quilos de camarão cozido, fabuloso, grande, gostoso, pescado nas águas do rio Cacheu." (...)


Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > 1973 > O Zeca Macedo "esquiando  ao lado de uma canoa nhominca, nas águas do Rio Cacheu. Essas canoas vinham da Gâmbia com vários produtos que depois eram vendidos em Vila Cacheu pelos comerciantes Manjacos (...). Em Cacheu não havia Libaneses. Os Manjacos eram os principais comerciantes de roupas usadas (fukandjai), que vendiam na feira de Cacheu. (...) No meu tempo a casa Gouveia e a Ultramarina tinham Cabo-verdianos como gerentes.

Fotos: © Zeca Macedo  (2013). Todos os direitos reservados. (Reproduzidas com a devida vénia...)


2.º TEN FZE RN José Joaquim Caldeira Marques Monteiro de Macedo, 21.º CFORN  [, foto à esquerda,
quando jovem cadete da Escola Naval].

[Zeca Macedo: foi 2º tenente fuzileiro especial, DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74); nasceu na Praia, Santiago, Cabo Verde, em 1951; vive nos Estados Unidos, onde é advogado; é membro da nossa Tabanca Grande desde 13/2/2008].

1. O Zeca Macedo tem vindo a publicar na sua página do Facebook e na página do Facebook da Tabanca Grande algumas fotos do seu álbum, com memórias do Chacheu, onde esteve aquartelado o DFE 21, em 1973.

Com a devida vénia, e com um abraço (longo) ao nosso camarada, reproduzimos aqui algumas dessas fotos.

Temos esperança que ele ou algum camarada dele tenha fotos do centro histórico de Cacheu, incluindo o edifício da Casa Gouveia dessa época (1973/74), que terá funcionado, como passado, como "casa dos escravos".

Sobre a atividade operacional do DFE 21 (como dos DFE 22 e DFE 23, os três destacamentos de fuzileiros especiais africanos), ver o excelente dossiê disponível na página do nosso camarada Manuel Lema Santos, Reserva Naval.

O Manuel Lema Santos publica aqui a composição completa do DFE 21, o primeiro dos três a ser ativado (21/4/1970 - 24/8/1974).
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Nota do editor:

domingo, 16 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10809: Excertos do Diário de António Graça de Abreu (CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74) (20): Notícias da minha antiga companhia, a CCAÇ 3460/BCAÇ 3863, e do meu substituto, o alf mil Potra


   1. No Diário da Guiné, do António Graça de Abreu (AGA), há apenas duas ou três referências à sua antiga companhia, ao seu substituto, o alf mil Potra, e ao comandante, o cap mil Morgado...  .. Aqui se reproduz alguns excertos  do Diário do AGA, com a devida vénia... Procuramos assim colmar a ausência de referências, no nosso blogue,  à CCAÇ 3460, esperando que outros leitores possam trazer informação complementar sobre essa subunidade (que andou por Bolama, Cacheu, Bianga e Bissau... (LG):   
                                 
(...) Canchungo, 18 de Setembro de 1972

Entrei para a tropa em Outubro de 1970. Durante seis meses em Mafra, com a recruta e especialidade, fizeram de mim um pequeno aspirante a oficial miliciano atirador de Infantaria. Fui colocado no Batalhão de Caçadores 5, em Lisboa, onde dei instrução a soldados durante um curto espaço de tempo. 

Segui para Tancos, para a Escola Prática de Engenharia e em dois meses tirei um curso de Minas e Armadilhas. Fui mobilizado para a Guiné e colocado no Regimento de Infantaria 1 na Amadora, para formar Batalhão, exactamente este Batalhão 3863 que veio para o chão manjaco. A minha companhia 3460 foi parar ao Cacheu, mas eu não parti para a Guiné juntamente com estes homens.[1] 

Uma operação a uma velha luxação crómio-clavicular no ombro direito, resultado de uma cena de pancadaria em que fui o personagem principal quando tinha dezassete anos, devidamente explorada, possibilitou-me a passagem aos serviços auxiliares. Fui reclassificado com a especialidade de Secretariado e desmobilizado. 

Fiquei no R I. 1, como simples alferes amanuense no batalhão de Mobilização. Permaneci na Amadora durante um ano e já estava convencido de que o Ultramar não seria o meu destino. Até que fui novamente mobilizado para a Guiné, destinado a este CAOP. Quando deixei de pertencer ao Batalhão 3863 e à sua companhia 3460 [2], fui substituído no lugar de comandante de um pelotão de trinta homens, todos operacionais, pelo alferes miliciano Potra. Vi-os partir, reencontrei-os agora aqui, conheço quase toda a gente do Batalhão.

O Potra, o alferes nomeado em minha substituição na companhia 3460, devia encontrar-se no Cacheu, onde praticamente não há guerra. Está em Bissau, no hospital militar, sem a perna direita, desfeita pelo rebentamento de uma mina anti-pessoal. O Rocha, o alferes meu amigo que comanda um pelotão no Bachile é que me deu a notícia, no bar de oficiais do CAOP. Foi como se tivesse recebido um soco no estômago, caí como um pedregulho numa das cadeira de lona e lá permaneci um pedaço, sem mexer. Quantos homens sem pernas, quantos mortos, mas eu não os conheço e a vida continua!… Desta vez foi o Potra, podia ter sido eu. Que mal fez o rapaz para merecer tal sorte?

Ele permaneceu apenas durante dois meses no Cacheu. Como tinham militares a mais na vila, o Potra foi transferido para uma companhia de africanos em Mansabá, uma zona de muita porrada. Numa das saídas para o mato, pisou a mina anti-pessoal que lhe levou a perna.
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[1] Quando o batalhão 3863 deixou a Amadora e viajou para a Guiné, metamorfoseei a cantiga “Partindo-se” de João Roiz de Castelo-Branco, escrita no século XIV, assim:


Partem tão tristes os tristes,
Tão tristes de levar guerra
Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns nesta terra.
Tão tristes, amargurados,
Tão doentes nesta vida,
Tão doídos, revoltados,
Em tempo de despedida.
Partem tão tristes, chorosos,
Tão longe de esperar bem,
Tão perdidos, tão saudosos
“Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém”.

[2] Para a história resumida do Batalhão de Caçadores 3863 e da “minha” companhia 3460, ver Resenha, 7º. vol., tomo II, pag. 157-158.
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(...) Canchungo, 25 de Setembro de 1972

No início de Outubro vou a Bissau, tratar da minha primeira viagem de férias a Portugal e comprar uma máquina fotográfica. Vai-me fazer bem sair daqui, mudar de ares. Como é que vou para Bissau? De avião, a passarola pode cair, de coluna, por estrada, estamos sujeitos a ser emboscados. Mas estas coisas são tão raras que nem se podem ter em conta. A morte não espreita atrás de cada palmeira. É verdade que todos os dias acontecem desgraças - o Potra ficou sem uma perna, -  mas é preciso não mistificar, nem mitificar a situação militar. Eu não sou um operacional, sei onde me meto.

Ultimamente isto tem andado num virote, a guerra A, B, C, tantas letras até ao fim do alfabeto! (...)

(...) Canchungo, 30 de Setembro de 1972

O capitão Morgado veio do Cacheu até cá, o que sucede com alguma frequência, para tratar de pequenas operações com o meu coronel ou de outros assuntos com o seu comandante de batalhão. O Morgado é miliciano e comandante da Companhia 3460, a que pertenci. Sempre mantivemos um bom relacionamento, é boa pessoa, afável no trato e nas ideias. Hoje dizia-me: “Você não sabe o que perdeu em não vir para a minha Companhia, aquilo lá no Cacheu é uma estância de férias formidável:” E ria, ria. Não lhe falei nos fuzileiros mortos, recordei-lhe apenas a perna desfeita do alferes Potra, meu substituto. Já não riu, não me falou mais nas delícias do Cacheu.

Mas é verdade que o lugar, uma das vilas mais antigas da Guiné, vive em paz, não é atacada. O problema é a Caboiana e Jopá, as zonas libertadas do PAIGC perto do Cacheu e de Canchungo. A companhia 3460 não vai lá, por isso vivem tranquilos.

Sinal de paz e boa vida, o capitão trouxe-nos uns quilos de camarão cozido, fabuloso, grande, gostoso, pescado nas águas do rio Cacheu.

(...) Mansoa, 15 de Maio de 1973


Não há evacuações de helicóptero directamente do mato por isso os rapazes de Mansabá chegaram aqui ontem, os corpos sujos, as caras cobertas de pó, os olhos cheios de lágrimas, com um soldado que tinha uma perna desfeita por uma mina. O médico fez o que pôde e depois o infeliz foi levado para o hospital de Bissau. Lembrei-me do alferes Potra, meu substituto, que também ficou sem perna em Mansabá. Compreender estes homens, o porquê disto tudo. Sem literaturas. Eu, quase sem reacção, o coração ainda dói mas a cabeça esfria.

[, Foto à esquerda:  o AGA, em Cufar, 1973]

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Nota do editor:

Último poste da série > 30 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10597: Excertos do Diário de António Graça de Abreu (CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74) (19): A pobreza em chão manjaco